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A pior decisão

MIKAELA

Tomar uma decisão é uma grande responsabilidade. Uma decisão errada pode mudar tudo na sua vida, para melhor e para pior. Quando muda as coisas para melhor é um alívio, você é elogiado, é acolhido e reconhecido, é o auge da sua vida, mas quando você escolhe a opção errada, esteja preparado porque as consequências dessas escolhas cobram um preço muito alto.

Querer ter uma vida boa e com conforto é muito bom, isso faz as pessoas trabalharem mais, serem melhores e buscar melhorias para si e para os seus, mas quando a pessoa quer muito, quer demais isso não é nada bom, porque a ganância leva à perdição.

Você deve se perguntar o porquê eu estou falando essas coisas, eu vou te dizer. Meu nome é Mikaela Morais, eu tenho trinta e três anos, moro em um quartinho dos fundos de uma loja de conveniência, moro de favor. Eu poderia ter tudo hoje, amor, dinheiro e ser a estilista famosa que eu sempre sonhei, mas eu decidi pular as etapas e saltar logo para o último degrau da escada.

Quinze anos atrás eu tomei a pior decisão da minha vida, eu larguei o homem que eu amo, o grande amor da minha vida, por viagens internacionais, roupas de grife, jóias verdadeiras e muito, muito caras. O mais engraçado é que se eu tivesse continuado com o amor da minha vida eu teria tudo isso e mais o amor de um homem lindo.

Eu ainda lembro de cada palavra que ele me falou naquela manhã, não me esqueci de nenhuma.

–Quinze anos atrás–

Eu amo o Bruno, amo muito, desde sempre eu amo só ele. Nós somos vizinhos, os pais dele tem um sítio vizinho ao nosso e nós crescemos juntos. Ele não é rico, aliás não tem nada além do sítio e cinco vacas, mas ele é muito bonito, faz o maior sucesso com as mulheres, desde os doze anos é o campeão do concurso de mister na cidade.

Nós começamos a namorar com quatorze anos e aos dezoito resolvemos nos casar. Meus pais amaram a idéia, estão comemorando desde o dia do noivado, já a mãe do Bruno, não gostou nada, ela não gosta de mim, ou melhor, me detesta. Aquela velha não me suporta.

Eu não quero continuar aqui na cidade, eu quero algo mais, quero muito mais que essa vida medíocre, nessa cidade medíocre. Eu quero conhecer o mundo, mas pelo jeito o Bruno pensa diferente, ele não tem tanta expectativa quanto eu, para ele, isso aqui é bom , essa vidinha aqui é boa, e isso me deixa muito frustrada.

Eu recebi uma proposta para ir embora daqui. Um fazendeiro rico, que eu conheci no festival anual, se encantou comigo, ele até me deu presentes. Ele quer me levar para a França com ele, na semana da moda em Paris, acredita? Eu estou numa dúvida cruel, me casar com o amor da minha vida, ou realizar os meus sonhos?

—Você não vai começar a se arrumar, Mika? A cerimônia é às dezenove horas, você sabe que o padre não gosta de atrasos — minha mãe entra no quarto.

Ela estranha quando não me vê arrumando para o casamento, a verdade é que eu não estou tão empolgada como eu pensei que estaria.

—Eu vou pegar o vestido e já vou até a casa da Nora, mãe, vou me arrumar lá, ela vai me maquiar e fazer o penteado.

—Tudo bem. Eu vi o Bruno saindo daqui, vocês dois estão tomando todas as precauções, né! Afinal você ainda está fazendo faculdade e o Bruno também. — Ela pergunta, preocupada.

—É mãe, nós dois somos responsáveis — respondi.

—Mika, eu sei que você tem seus sonhos de ser estilista e tudo mais, mas o Bruno é um ótimo garoto, ele é muito empenhado e vai conseguir ajudar você a realizar seus desejos, ele já faz tudo que você quer, não é mesmo?

—Eu sei mãe, eu conheço o Bruno, mas também conheço a mãe dele, aquela velha bruxa me odeia. —falo com raiva.

—Ela será sua sogra e você tem que respeitar, Mika. Você com essa mania de grandeza também não ajuda. Você acha que é melhor que todos nessa cidade, destrata a maioria. Você tem sorte que o Bruno ama muito você, porque se não ele também não ia querer sua companhia.

— Mãe, é errado querer algo melhor por acaso? —Eu pergunto com raiva.

A maioria das pessoas daqui dessa cidade não gostam de mim, eles me chamam de chata , metida, arrogante e etc... A lista dos adjetivos é enorme e nenhum deles é elogio.

—Mika querer algo melhor é uma coisa, agora ser soberba e arrogante é outra —eu dou uma risada.

Até minha mãe pensa como eles. No final o único que gosta de mim e não vê defeitos é o Bruno. Eu pego o vestido e saio do quarto com raiva. Quando chego na porta da casa da Nora, um carro esportivo caro pára do meu lado.

—Oi! —O homem lá dentro, fala com aquela voz sexy.

—Oi! — abro meu melhor sorriso.

Nós começamos uma conversa e ele mais uma vez me fala sobre a oportunidade de viajar para a França.

—Eu estou precisando de uma companhia para me acompanhar em uma viagem. —ele me mostra as passagens.

Eu sinto meu corpo inteiro tremer de ansiedade, vontade e medo, eu quero ir, mas, também não quero perder o Bruno. Hoje é o nosso casamento, é daqui à algumas horas o nosso sim...

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