Após um dia exaustivo no trabalho, Cristina busca refúgio no bar de Jeremy. Lá, ela conhece Cillian, um cavalheiro que a defende de um homem inconveniente e machista. O encontro inesperado culmina em um beijo inebriante, e, movida pela química irresistível, Cristina o convida para um próximo destino. No entanto, o que parecia ser o início de algo especial se torna o pior fora que ela poderia levar na vida, quando Cillian foge abruptamente, deixando-a confusa e desapontada. Porém, o destino age mostrando todo o seu poder. De maneira inesperada, ela descobre na manhã seguinte que Cillian é o seu novo professor e mentor do mestrado em psicologia. Após a surpresa, ambos negam a atração que sentem, mas a proximidade se torna inevitável quando ele decide ser gentil outra vez e levá-la para casa no feriado.
Ler maisCillian Mais alguns dias se foram. E com eles, a esperança de poder me aproximar da Cristina novamente. Quanto mais noites se iam, mais eu começava a crer que de fato estava tudo acabado. Às vezes, me questionava se importaria ou mudaria algo eu conseguir contar a ela sobre mim e explicar a minha mentira. — Não tem mais nada que eu pudesse fazer para que ela fale comigo, para que me ouça — disse para o meu terapeuta. — Meu número está bloqueado, não sei onde ela está trabalhando agora, na sua casa não sou recebido e no campus ela é como fumaça, desaparece fácil. — E como você entende isso? — Que está na hora de desistir? Ela está machucada e eu também estou. Talvez, está na hora apenas de nos curarmos. Mas não sei se sou capaz de me curar sem uma última conversa. — Certo. Digamos que ela não esteja aberta a um último diálogo. Como pretende se curar? — Evitá-la o máximo que puder e deixar Nova Iorque quando acabar o ano letivo. — Por quê, Cillian? — Encarou-me curioso. — Nov
Cillian O táxi estacionou em frente ao prédio. Desci após pagar pela corrida e subi os degraus que levavam até a porta. Estava frio, muito frio. Nevaria a qualquer momento, mas eu só sairia dali após falar com ela. Toquei o botão do seu apartamento e logo alguém atendeu: — Quem é? — A voz se parecia com a da Anna. — É o Cillian. — O que está fazendo aqui? — Quero falar com ela. — Mas ela não quer falar com você! — Por favor. A gente precisa conversar, eu não aguento mais isso! — Fui persistente. — Vá para casa, Cillian. A Cris está mesmo tentando esquecer você. Seria bom se ajudasse com isso. — Diz para ela que eu só saio daqui depois que a gente conversar, mesmo que eu congele aqui fora. O silêncio foi a minha resposta. — Alô?! Anna! — O silêncio perdurou. Apertei novamente o interfone e ninguém atendeu. Apertei de novo, determinado a só retirar o meu dedo dali, quando Cristina falasse comigo. Através do vidro da porta, eu vi uma silhueta feminina se aproximar. Eu me
CillianO fim de semana em Pasadena estava sendo mais longo do que eu conseguia suportar. A casa estava cheia de pessoas com olhares críticos, fofoquinhas ao pé do ouvido e sorrisos forçados para mim. Entornei em um só gole uma dose de uísque e entrei na casa, escondendo-me no corredor que levava para o escritório. Caroline apareceu e escorou-se no outro lado do corredor, diante de mim. Ela sorriu e chutou a ponta do meu sapato com o bico do seu. — Como me achou aqui? — perguntei. — Me lembro da gente se esconder aqui quando os nossos pais brigavam. Não tem briga agora. Por que está se escondendo? — Essa gente toda é irritante. — Você parece triste. — É porque estou. — O que aconteceu? — Levei um pé na bunda. — Ah, droga! Outra vez por aquele mesmo motivo? — Não. Dessa vez, porque fui um babaca. — O que você fez? — Menti dizendo estar indo a um congresso, quando, na verdade, estaria bem aqui. — Nossa! — Ela riu. — Você foi mesmo um babaca. — É. E não quero falar disso.
CillianQuando o sol iluminou o quarto, eu saí da cama. Não havia dormido e não conseguiria. Estava sentido uma enorme pressão dentro de mim. Parecia que eu explodiria a qualquer instante. Precisava sair. Caminhei para o closet e, ao entrar, logo vi ao canto algumas roupas dela, dobradas na prateleira. Tentei ignorar a dor que isso me causou e vesti-me apressadamente. Desci pelo elevador social direto para a recepção. Na calçada, marquei o tempo no relógio do punho, coloquei os fones de ouvido e atravessei a rua para o Central Park. Alonguei-me rapidamente e então comecei a correr. Correria até a exaustão se isso fosse tirar essa pressão de dentro do meu peito. Foram quarenta e três minutos de corrida sem interrupções. Em casa, ao entrar, a minha mãe preparava o café da manhã. — Fiz panquecas! — cantarolou. — Sem fome! — Foi tudo o que disse indo para o quarto. Entrei no banheiro e tranquei a porta. Tirei os tênis, o relógio, os fones e comecei a me despir. Observei as tatuagens
CillianColoquei a taça sobre a mesa de centro e caminhei até a porta. Mas ao abri-la, não estava preparado que quem eu veria. Cristina olhou para mim com olhos brilhantes e sorriso vibrante. — Eu pedi demissão! — disse ela com imensa empolgação. O meu corpo inteiro tensionou. Eu não estava preparado para ela naquela hora. Não estava pronto para apresentá-la a minha mãe. Uma porção de desespero preencheu-me subitamente, enrijecendo o meu corpo. — Isso… Isso é ótimo. — Tentei sorrir para disfarçar o meu nervosismo, mesmo sabendo que ela ainda notaria. O sorriso no seu rosto e a felicidade estampada no olhar se foram de repente, e eu me senti péssimo, culpado. — Está tudo bem? — perguntou em um tom baixo. — Só não é uma boa hora. — Ah! Okay. — Seu cenho franziu com um pouco de constrangimento. Esse apartamento estava se tornando mais dela do que o meu nos últimos dias. Era péssimo não poder deixá-la entrar. — Desculpe vir sem avisar. — Eu te ligo mais tarde. — Engoli em seco, pe
Parte DoisUma Verdade Difícil Cillian“Eu te amo” Essas palavras não paravam de ecoar na minha mente. Foi a primeira vez que um interesse amoroso as dissera para mim. Eu também a amava, mas tinha medo de dizer. Aliás, medo é algo que sinto desde aquela noite no bar, onde beijei Cristina pela primeira vez. A todo instante, mesmo nos momentos mais felizes, eu tinha a sensação de que tudo entre nós não era tão real ou sólido quanto parecia ser. Eu sabia que assim que contasse a ela, Cristina iria embora. Todas iam. A volta para casa demorou mais do que outro dia qualquer. O trânsito infernal de Nova Iorque foi o que me fez reconsiderar inúmeras vezes a minha vinda para cá. Eu estava em Londres há tanto tempo e acostumado aquele lugar, que, às vezes, tudo aqui é estressante demais para mim. Entrei na garagem subterrânea e estacionei o carro. Ao desligar o motor, relaxei o corpo no banco e respirei fundo, sentindo a minha cabeça doer de maneira quase insuportável. — Ela me ama — suss
Cristina— Ou! Olá — disse uma mulher sorridente, parada perto da entrada. Eu a reconheci imediatamente. Era a mãe dele. Por que ele mentiu para esconder a mãe? — Você deve ser a Cristina. Eu ouvi falar muito de você. — Ela surpreendeu-me com um abraço rápido. — Sou a Sheryl, mãe do Cillian. Muito prazer. — O prazer é meu. Ainda me sentia confusa com tudo aquilo, também um pouco envergonhada. Cillian entrou e fechou a porta. — Venha. — Puxou-me pela mão. — Vou colocar mais um prato à mesa. Pedimos comida mexicana. Eu adoro! — falou com empolgação. Olhei para ele, que estava de pé ao nosso lado. Cillian olhava para a mãe, muito nervoso, nem sequer piscava. Senti que eu não era bem-vinda ali naquele momento. — Acho melhor não. Tenho que ir para casa. — Ah, é uma pena. Eu queria poder conhecer melhor você. — Talvez outro dia. — Forcei um sorriso. — Por que não no fim de semana? — Mãe! — Cillian tentou chamar a sua atenção. — Fim de semana? — Você poderia vir com a gente. —
CristinaNo dia seguinte, cheguei ao trabalho, às onze. Miller estava na sua sala, muito irritado com o processo que não se encaminhava muito bem. Passar o dia perto dele foi bem difícil. Ainda eram sete e meia da noite e já não aguentava mais tanto chilique e ameaças de demissão. — Parece que a esposa apresentou provas junto a denúncia que fez contra ele — sussurrou Beth. — Questão de tempo para isso estar na mídia. A porta da sala dele foi aberta e a sua figura brotou a nossa frente. — Vocês duas! Não pago para ficarem de fofoquinha. Venham até aqui. — Entrou novamente na sua sala. Eu me levantei e juntas, fomos até lá. — Você! — Apontou para Beth. — Limpe o chão. — Sim, senhor. Ele apertou um botão no seu ramal sobre a mesa e mandou que o pessoal do marketing fosse até a sua sala. Logo cinco pessoas apareceram ali. — A vadia da minha ex-esposa está forjando provas contra mim para levar ao tribunal. Ela já apresentou isso na polícia, então amanhã de manhã estarei em tod
CristinaSentada na biblioteca, eu encarava a imagem na tela do celular sobre a mesa. Era uma foto minha com o Cillian e o boneco de neve. — Está tudo bem? — perguntou Anna, sentada à minha frente. — Uhum. — Parece triste. — Sei lá… eu só acordei com um sentimento ruim. — Tipo o quê? — Como se uma nuvem negra estivesse prestes a chegar. — Às vezes, a mente tende a fazer isso quando você está muito feliz. Se você é uma pessoa com tendência de autossabotagem, é claro. Está querendo se autossabotar, Cristina? — Encarou-me com olhos estreitos. — Não, que eu esteja percebendo. Talvez seja só intuição. — Talvez. — Vou devolver esses livros. Levantei-me, seguindo para a ala de psicologia ao fundo da grande biblioteca. Guardava o primeiro livro quando mãos na minha cintura me assustaram. — Sou eu — Cillian sussurrou no meu ouvido. Virei-me para ele e sorri. — A gente não devia estar fazendo isso aqui. — Eu me certifiquei de que não tem ninguém por perto. — Aproximou-se mais,