CillianVesti-me rapidamente e me despedi dela com um beijo rápido. Na rua, estava tudo congelando com tamanho o frio. Não levaria muito mais tempo para a neve cair.Dirigi até a casa da Caroline, uma pequena mansão do outro lado da cidade. Ao chegar, abaixei o vidro e apertei o interfone que ficava ao lado dos enormes portões. Ela atendeu e logo abriu quando ouviu o meu singelo oi. Parei o carro em frente à entrada da casa. Assim que meus pisaram o primeiro degrau da escada que levava até a porta, ela foi aberta e a figura devastada de Caroline surgiu.Aos prantos, ela se jogou nos meus braços. O seu corpo baixinho e magro se balançava e tremia enquanto se debulhava em lágrimas. Ela estava descalça e as pedras dos degraus devia estar congelando os seus pés. Peguei-a nos braços e levei-a para dentro de casa, fechando a porta com o calcanhar.Carreguei-a até o sofá na sala de estar e acomodei-a lá, sentando-me ao seu lado. Ela continuou agarrada ao meu casaco, com o rosto afundado no m
CillianOs olhos amendoados de Caroline estavam arregalados e encarava-me atentamente. Seus lábios trêmulos se moveram para dizer algo, mas ela nada disse, porque uma voz alta e áspera a calou, causando-a tamanho espanto.Ela se colou de pé em um pulo. Eu me levantei e permaneci ao seu lado. Gerard estava perto da porta, nos encarando com olhos e face repleta de desgosto e um pouco de raiva.— Querido. Você chegou — disse, secando o rosto com as mãos e sorrindo.Gerard desviou por alguns segundos os olhos de mim para ela, antes de voltar a me encarar rudemente.— Meio tarde para visitas, não acha, Caroline?Retirou o seu casaco, aproximando-se de nós.— Ele já estava de saída.— E porque olhos tão vermelhos, meu amor? Estava chorando? — perguntou fingindo inocência, como se não soubesse exatamente o porquê ela estava naquele estado.Ela ficou em silêncio.— Foi bom te ver... Cillian. — Pronunciou o meu nome em um tom mais baixo. — Mas acho que está na hora de você ir.Toquei o braço d
Parte UmUma Garota Apaixonada Cristina Já percebeu como as nossas expectativas da juventude são frustradas logo após os vinte dois anos? É como se ao soprar as velas, atravessássemos um portal que nos leva do Vale dos Sonhos direto para a Terra das Desilusões. Até os vinte e dois eu estava certa de que a minha vida seria um sucesso absoluto, que após a graduação trabalharia no melhor centro de avaliações psicológicas de Nova Iorque. Mas estava enganada. Quer dizer, ao menos eu havia conseguido trabalhar na sonhada instituição, mas não exercendo a minha profissão. Eu era a escrava… Opa! Não. Eu era a secretária de um chefe narcisista, cujo robe era fazer os seus funcionários chorarem no banheiro. Era exatamente nove da noite. Eu estava com fome, muita fome. E estressar-me quando estou faminta não é uma ideia inteligente. Então, estava torcendo para o meu chefe sair daquela sala sem nem sequer olhar para mim. — Continua aqui? — perguntou Carter, ao entrar na recepção com algumas
Cristina— O crime perfeito existe? — perguntei para Jeremy. — Claro. Pílulas de cafeína sintetizada. Quinze gramas e ele terá um ataque cardíaco que parecerá ter sido causado por cocaína. — Jeremy… Quero saber como sabe disso? — Ele riu outra vez. — Séries de investigação ensinam mais do que você pode imaginar. — Eu devia assistir à alguma? — Comece por CSI. — Qual deles? — Qualquer um. — Afastou-se novamente, quando outro homem se aproximou do balcão. — Uma Red Beer — pediu ele, sentando-se no banco ao meu lado. — Boa noite — cumprimentou-me, curvando o canto da boca em um sorriso mal-intencionado. Dei-o um pequeno sorriso e virei o corpo um pouco para a esquerda, tentando ignorá-lo. Sabia que em segundos ele começaria a puxar uma conversa a qual não estava nem um pouco interessada. — Sou Logan. Não o respondi. Somente o ignorei, tomando um gole da cerveja que já estava pela metade. — Está sozinha aqui? — Puxou o seu banco para mais perto do meu. — Não é da sua con
CristinaParei diante do espelho e ajeitei a blusa. Passei as mãos delicadamente pelos cabelos presos em um coque alinhadinho e respirei fundo. Eu iria voltar lá, pedir desculpas, agradecer novamente pelo soco bem dado, pagar a conta e ir para casa. Ao sair do banheiro, Cillian estava ali, parado de frente a porta. Até me assustei um pouco ao vê-lo. — Me desculpe se fui atirada ou… — Não pude terminar a frase. Ele beijou-me, fazendo-me prender o ar nos pulmões com a surpresa. A sua mão esquerda laçou a minha cintura, enquanto a outra segurou a minha nuca com firmeza. A sua língua era quente e os lábios faziam um trabalho suave sobre os meus. Abracei-o tentando impedir que os segundos se acabassem. Parecia que tudo havia se encaixado tão bem. Nossos corpos… as línguas… Até a maneira sincronizada que respirávamos. Ele girou-me no espaço do corredor e prensou-me contra a parede. O beijo ficou mais feroz e um gemido escapou da minha boca. Cillian mordeu o meu lábio inferior e apertou
CristinaOs meus olhos abriram-se preguiçosos ao ser acordada pelo barulho alto que fazia a prensa do caminhão do lixo, parado em frente ao nosso prédio. Piscando lentamente algumas vezes, encarei o teto percebendo como o dia já estava claro. Gradualmente, fui tomando consciência do ambiente ao meu redor. O caminhou apitou lá fora e eu olhei para janela, confusa. Já era sábado? Sábado era o único dia que eu ouvia a coleta do lixo passar. Olhei para o relógio sobre a mesa de cabeceira e forcei as vistas sonolentas para enxergar o dia escrito logo abaixo das horas. — Quinta? Quinta-feira? — perguntei em um grito, saltando da cama, assustada e muito atrasada. Abri a porta do quarto e corri até a lavanderia. Na secadora, peguei uma calça jeans qualquer. Não tinha nem certeza se era mesmo minha. — Anna! Já são sete e meia, acorda! — gritei ao passar pelo corredor. — Merda! Merda! Merda! Eu estava completamente apavorada. Tinha exatamente meia hora para chegar à faculdade ou perderi
CristinaA aula parecia interminável. Foram quarenta e cinco minutos encarando o professor enquanto ele se esforçava ao máximo para não me olhar. Mas, às vezes, os nossos olhares se encontravam. E durante todo esse tempo, por algumas vezes, o meu complexo de inferioridade manifestou-se, fazendo me questionar se a culpa da sua fuga era minha. Fechando os olhos, respirei fundo. Não era mais uma garota me submetendo a machos escrotos, migalhas e relações tóxicas. Não podia permitir nem por um segundo esses pensamentos gerados pelas mágoas e traumas do passado. Eu era mais do que qualquer homem jamais poderia ver. Precisava lembrar-me disso. Quando a aula acabou, ele se despediu de todos de forma geral enquanto reunia as suas coisas rapidamente, colocando-as dentro de uma bolsa. Connor, o aluno auxiliar do senhor Roy, foi até a sua mesa. Eles apertaram as mãos e conversaram brevemente. — Vou para a biblioteca. Você vem? — perguntou Anna. — Vai na frente. Eu já vou indo. Ela olhou pa
CristinaEra nove e meia quando cheguei em casa. Havia um bilhete da Anna na porta da geladeira. A sua vez de ir às compras. Dormirei na casa do Ed. Até segunda. 09:33 PM Anna Abri a geladeira e não havia muito ali além de leite, maças e um pedaço de queijo que eu duvidava muito que fosse queijo azul. — Está bem, Anna. Estou indo ao mercado — conversei comigo mesma. No quarto, troquei a roupa do dia por uma calça de ginástica e camiseta da NYU. Calcei tênis de corrida, prendi os cabelos com o elástico e vesti um moletom antes do casaco de inverno. Com a bolsa pendurada no ombro, segui para o mercado a meia hora de casa. Ao chegar, entrei empurrando um grande carrinho de compras. Anna tinha uma lista específica de coisas que ela sempre me pedia para comprar. Ela já ficava salva no bloco de notas do celular. O carrinho já estava bem cheio e eu me questionava se conseguiria levar tudo isso a pé para casa. Entrei na sessão alcoólica, pensando em comprar um vinho que não tive