Vittorio Moretti não era o mocinho dos contos de fadas. Ele não era gentil, muito menos alguém que oferecia carinho sem uma segunda intenção. Para Vittorio, as mulheres tinham um único propósito, e certamente não era o de conquistar seu coração. Criado para ser um soldado leal e implacável, Vittorio se tornou o caporegime mais temido da Cosa Nostra ao matar seu próprio pai, provando sua lealdade ao Don e consolidando seu poder. Seu nome passou a ser sussurrado com respeito e medo, e ninguém ousava desafiá-lo. Mas tudo muda quando, em um negócio perigoso, ele aceita a filha de um viciado como pagamento de uma dívida. Mia não era apenas a filha de um homem fraco — ela carregava um segredo que poderia abalar toda a máfia. Mia jamais imaginou ser arrastada para o mundo cruel de Vittorio, mas sua força e determinação logo mostram que ela não era apenas mais uma vítima. Tentando escapar de uma vida que não escolheu, ela descobre que, por trás da fachada impenetrável de Vittorio, há uma fera tão ferida quanto ela. Conforme os dois se aproximam, o desejo entre eles se torna uma força incontrolável, e Vittorio, acostumado a dominar, se vê perdendo o controle pela primeira vez. Enquanto os rivais dentro da máfia tentam usar Mia como uma arma contra ele, Vittorio precisará decidir se ceder ao sentimento por ela será sua maior fraqueza — ou sua única salvação. Entre segredos de família, traições e uma guerra iminente, será que Vittorio conseguirá manter seu poder? Ou será que Mia, com seu passado inesperado, acabará sendo a sua ruína?
Leer másMIAO que acontece quando o chão que você acreditava firme simplesmente se parte embaixo dos seus pés?Quando o que parecia abrigo revela ser só mais uma fachada bonita — frágil como vidro sob pressão?O corredor estava mergulhado em um silêncio espesso, cortado apenas pelo eco distante do vento noturno batendo nas janelas. Um cheiro de madeira antiga, verniz e alguma especiaria esquecida no ar pairava entre nós, como se o tempo tivesse prendido a respiração. E eu também.Meu coração batia nas costelas como um animal enjaulado, tentando escapar, tentando entender. Minha cabeça zumbia. O sangue, quente demais nas veias, fazia tudo parecer em câmera lenta.Noiva.A palavra ainda rodava na minha
MIAVittorio se aproximou devagar, como quem oferece tempo para recuar.Mas eu não queria distância.Fechei os olhos e encostei a testa na dele, sentindo o calor da sua pele, o cheiro discreto de madeira e pólvora que sempre o acompanhava, como se o mundo inteiro parasse só para dar lugar àquele instante.— Eu estou com você, Mia — ele sussurrou. — Até o fim.Essas palavras me atravessaram como uma lâmina quente: dolorosas, sim. Mas também vivas. Reais.Uma promessa selada na respiração compartilhada.Então ele me beijou.
MIANão consigo parar de pensar no meu pai.A imagem dele jogado no chão do deserto se repete na minha mente como um pesadelo maldito — o corpo inerte, os olhos abertos, o sangue escorrendo pela areia quente como se fosse algo descartável. Como se ele fosse apenas mais um.Vittorio me garantiu que alguém de confiança cuidaria de tudo, que meu pai teria um enterro digno, longe dos olhos dos abutres. Mas eu não conseguia acreditar.Não com um traidor entre nós.Não com Tomasio ainda solto, respirando o mesmo ar que eu, tramando nas sombras como o verme que é.A voz dele ainda martelava na minha mente, grudada como chiclete velho na sola de um sapato — incômoda, pegajosa, impossível de arrancar. Cada tentativa de afastá-lo só parecia torná-lo mais presente, como um parasita da minha paz.— Mia, eu realmente sinto muito pelo seu pai — a voz de Vittorio cortou o silêncio como um lençol de seda sobre uma ferida aberta.Virei o rosto devagar, mas não consegui encará-lo. Continuei olhando pel
MIAO mundo pareceu parar por um segundo. Tudo ficou mudo, como se o som tivesse sido sugado para dentro do buraco de bala que se abriu no peito do meu pai.— PAI! — gritei, minha voz rasgando o silêncio logo depois do estampido.Corri até ele, ajoelhando-me no chão poeirento enquanto Vittorio se virou com um movimento rápido, sacando a arma e procurando com os olhos o atirador. Mas não havia ninguém à vista. Nada além do deserto, do céu queimando laranja, e do corpo do meu pai sangrando sob meus dedos.— Fica comigo, por favor, fica comigo! — supliquei, pressionando as mãos contra a ferida enquanto lágrimas turvavam minha visão.Os olhos dele ainda estavam abertos, arregalados de surpresa e dor. Uma bolha de sangue se formava nos lábios. — Mia… — ele murmurou, a voz tão fraca quanto o vento.— Shh, não fale, vamos levar o senhor ao hospital, tudo ficará bem — falei, aos soluços.— Não vai — meu pai disse fraco, um acesso de tosse o possuiu, fazendo sangue escorrer dos seus lábios. —
MIA— O senhor mencionou um diário? — Foi Vittorio quem quebrou o silêncio denso que nos envolvia. — Onde ele está?Meu pai soltou uma risada sarcástica e se virou para nós, os olhos sombreados por algo que eu ainda não conseguia decifrar.— Escondido — disse simplesmente, como se fosse óbvio.— Pai...— Foi nele que descobri tudo — ele continuou, a voz rouca de mágoa. — A verdade sobre você, sobre seu pai biológico... e sobre quem sua mãe realmente era. No início, me senti traído. Vivi anos ao lado de uma estranha. Uma mentirosa.Fechei as mãos em punhos
MIAAs mãos de Vittorio me mantinham de pé — firmes, seguras — como se ele soubesse que, sem elas, eu desabaria. Ele não segurava só meu corpo, mas também a avalanche de sentimentos que ameaçava me engolir quando meus olhos encontraram os dele… os olhos do meu pai.Eram sentimentos que vinham em cores.Vermelho. A raiva ainda viva e pulsante por tudo que ele me fez passar. Por ter me deixado com a máfia como se eu fosse uma peça de negociação.Azul. A tristeza densa de perceber que tantas das lembranças que eu guardava com carinho tinham sido construídas sobre mentiras.E roxo. A saudade profunda, sufocante, que apertava meu peito e me fazia querer correr, mesmo sem saber se para abraçá-lo ou para fugir de tudo aquilo.Mas então ele abriu os braços. E sussurrou, com a voz trêmula, mas cheia de amor:— Minha filha…Naquele instante, meus pés se moveram por conta própria. Meu coração se rasgou em mil partes e depois se reconstruiu, passo a passo, até que eu me aninhei em seu abraço.E f
MIALas Vegas se desvanecia no retrovisor, suas luzes vibrantes reduzindo-se a meros vestígios contra o horizonte dourado. Os arranha-céus imponentes agora não passavam de sombras distantes, engolidas pelo deserto infinito. Tudo o que restava era a estrada – longa, solitária, cortando a terra árida como uma cicatriz profunda.O sol castigava o asfalto, fazendo-o brilhar com ondas trêmulas de calor. De ambos os lados, cactos altos e esguios erguiam-se como sentinelas, suas flores avermelhadas desafiando a aridez. Arbustos secos, pedras avermelhadas e fragmentos de areia movidos pelo vento compunham a paisagem implacável, enquanto, ao longe, montanhas azuladas desenhavam silhuetas contra o céu sem nuvens.Desviei o olhar para Vittorio. Seu rosto era uma máscara de impassibilidade, mas o maxilar cerrado denunciava a tensão que lhe percorria os pensamentos. As mãos firmes no volante, os olhos fixos na estrada à frente. Um homem acostumado ao controle, mas cuja mente, agora, vagava por lug
MIADepois de nossa pequena diversão no banho, Vittorio cuidou de mim, lavando cada centímetro do meu corpo com uma paciência quase reverente. O banho, que deveria ser rápido, se estendeu além do esperado, porque, como sempre, o desejo nos arrastou de volta um para o outro. O toque de Vittorio era como gasolina, e eu era puro fogo — era inevitável nos consumirmos.Quando, por fim, nossos corpos cederam ao cansaço, ele me envolveu em uma toalha macia e me carregou para fora do banheiro, como se eu fosse algo precioso demais para tocar o chão frio. Suas mãos seguras me guiaram até a cama, onde me puxou para seus braços, envolvendo-me contra o calor de sua pele. Meu rosto encontrou repouso em seu peito nu, e por um instante, o mundo inteiro se resumiu ao som das batidas firmes do seu coração.— Você está bem? — Sua voz saiu baixa, rouca, carregada de algo que fez meu estômago se revirar.Apenas assenti, sem confiar na minha própria voz.Ele suspirou, e senti o peso do seu queixo se acomo
MIAÉramos uma confusão de nós.Caminhávamos aos tropeços até o banheiro, e, a cada passo, uma peça de roupa se desprendia do nosso corpo e caía no chão, esquecida, sem nenhuma delicadeza.Vittorio me guiava com mãos firmes contra minha pele nua, seus olhos negros percorrendo cada detalhe meu, como se quisesse me gravar em sua mente.Tatuar cada pedaço de mim na sua memória.Seus dedos capturaram uma mecha do meu cabelo e a enrolaram em seu indicador.— Eles me deixam louco, sabia? — Murmurou, levando a mecha escura até o nariz e inalando profundamente meu perfume.Soltei uma risada, e Vittorio ergueu as sobrancelhas escuras e perfeitas.— É só cabelo… como ele poderia te enlouquecer? — Provoquei, enquanto deslizava as pontas dos dedos pelo seu peito nu.Eu senti seu corpo estremecer sob meu toque, e aquilo me embriagou. Era quase inacreditável que eu, pequena diante da muralha de músculos à minha frente, pudesse deixá-lo assim. Trêmulo. Perdendo o controle.— Ah, meu amor… — As quatr