O que você faria se, de repente, sua vida e seus sonhos desmoronassem diante dos seus olhos? Essa é a pergunta que ecoa na mente de Clarisse enquanto seu corpo é impiedosamente arrastado para o interior de um Volvo preto quando estava prestes a entrar na cerimônia do seu casamento. Submersa em desespero e angústia, Clarisse se vê diante de um futuro incerto e aterrador, onde cada instante parece um labirinto sombrio. Porém antes que a ansiedade a consumisse por completo, Clarisse é exposta ao cenário aterrorizante que se transformara a sua vida completamente. Diante disso, Clarisse precisa decidir entre fugir, ou se entregar de bom grado nos braços de Alfonso Albuquerque, o enigmático homem que se tornou seu captor e, ao mesmo tempo, o detentor de seu destino. À medida que o jogo entre a resistência e a rendição se intensifica, Clarisse descobre que a verdadeira força reside nas escolhas que fazemos. Em um mundo onde o amor pode ser tanto uma armadilha quanto uma salvação, ela se vê diante de uma encruzilhada: desafiar suas inseguranças e lutar por sua liberdade ou se permitir ser seduzida por um homem que provoca tanto terror quanto atração.
Ler maisClarisse GrigioApós relatar em detalhes tudo que aconteceu a Nicolas, sinto um alívio automático em meu peito, apesar da tensão palpável do ar entre nós.— Isso é tudo? — Nicolas questiona após longos minutos de silêncio.— Sim. — assenti de cabeça baixa, aguardando sua fúria contra mim.Mesmo que durante todos esses anos só tenha conhecido a face gentil e pacífica, não seria surpresa que, ainda que não tenha ocorrido nada de concreto, Nicolas tenha o direito de me proferir ofensas e se sentir traído.Nunca foi minha intenção omitir qualquer coisa dele com segundas intenções, pelo contrário, só desejava que o interesse efêmero de Alfonso desaparecesse e tudo retornasse ao normal. Porém, ao contrário de tudo que havia previsto, Nicolas me surpreendeu, envolvendo o meu corpo em um abraço forte e acolhedor, que me cobriu com toda a sombra aconchegante e quente do seu corpo.O impacto das suas ações me atingiu fortemente e minha mente lutou para entender o que estava acontecendo. Mais um
Clarisse GrigioQuando Nicolas me mandou aquela mensagem sobre “precisamos conversar” um milhão de possibilidades apontaram em minha mente. A primeira delas foi a respeito do que aconteceu em Petrópolis, mesmo que eu tenha consciência de que não ocorreu nada de fato, esse assunto me deixou muito perturbada com o sentimento de traição incrustado em meu coração.Durante toda a minha vida, amei apenas um homem e sigo sendo fiel a esse relacionamento, mas agora, por conta de fatores que fugiram do meu controle, me sinto uma traidora. Indigna de continuar com esse relacionamento!— Tenha calma, Clarisse. — digo a mim mesma, tentando acalmar meu coração que palpita descontroladamente. Fixo os meus olhos na taça de vinho na minha frente e ingiro o conteúdo por completo pela minha garganta com um único gole. Mesmo que faltem alguns minutos para que Nicolas siga para o local, me sinto ansiosa como se fosse ser aberto a qualquer momento um abismo debaixo dos meus pés.— Clarisse. A voz de Nico
Clarisse GrigioAlguns dias haviam se passado e quando finalmente nos demos conta, já estávamos de volta a Campos dos Goytacazes.— Crianças, todos formem uma fila. — exclamei para os meus alunos que obedeceram ao meu comando.Depois daquela noite, minha mente se manteve ansiosa pelas lembranças conturbadas daquele momento. O que de fato havia acontecido? Poucas são as memórias das palavras trocadas com Alfonso, a única coisa que me lembro com clareza foi dos seus olhos sobre os meus, a sua respiração ofegante rente a pele do meu rosto e os seus lábios deslizando pela minha bochecha.No começo, pensei que tudo não passava de um delírio, mas com o passar dos dias, tive certeza que era realidade. Porém, não tive oportunidade de confrontá-lo, tendo em vista que na manhã seguinte as meninas haviam comentado que Alfonso Albuquerque havia partido do hotel algumas horas antes do meu despertar.Sendo sincera comigo mesma, foi um alívio, por entre nos não haverá nada. Contudo, gostaria de conf
Clarisse GrigioSuspiro fundo tentando controlar os batimentos do meu peito.Assim como Luana, o meu rosto ficou rente ao piso, porém não entrou em atrito.Meus olhos vacilaram em busca do sentido para aquele estado, porém não foi nada simples de se encontrar resposta. Apesar da recepção do hotel ficar aberta vinte e quatro horas, as luzes da entrada se encontravam parcialmente acesas, esse detalhe ainda foi possível captar pelos meus olhos semi abertos.— Por gentileza, venha comigo, senhorita. — escutei a voz masculina ressoar no meu ouvido direito. Por mais que desejasse seguir aquela voz que levou minha amiga, não consegui me mover.— Por que não me levou também? — murmurei apoiando as mãos no piso da calçada à minha frente e me calei. Uma respiração quente e intensa fez contato com a pele exposta da minha nuca.Engulo seco tentando conter a ansiedade e o desejo de correr.Quem estava me mantendo naquela posição? Pensei, sentindo novamente a respiração quente na minha pele.— Não
Clarisse GrigioOlho em volta do local onde estamos e me surpreendo pela beleza do lugar. A música ambiente, comida e bebida formam um ambiente agradável, assim como o atendimento impecável pelos funcionários do lugar.Luana por fazer a reserva online, conseguiu uma mesa em um lugar privilegiado para nós duas no segundo andar do restaurante. Neste lugar, nós conseguimos visualizar o palco onde os músicos locais reversam e é onde também está localizado o bar com drinks distribuído por todo o ambiente.— E aí, o que achou? — Luana perguntou ingerindo a sua quarta bebida, desta vez uma de coloração azul com rodelas de abacaxi no topo.— Adorei. — fui direta puxando o líquido com o auxílio de um canudo, logo em seguida em meus lábios — O lugar é realmente lindo. — acrescentei entre os intervalos da bebida.Assim que chegamos há uma hora, a primeira coisa que fiz foi enviar mensagem para o meu irmão, Nicolas e Isabella que faltou borbulhar de ciúmes. Sua carranca aumentou quando enviei u
Clarisse Grigio“A Catedral de Petrópolis é uma igreja neogótica de cruz latina com transepto pouco pronunciado e três naves. A cabeceira possui um deambulatório conectado com a capela principal. A catedral mede em total 70 metros de comprimento e 22 metros de largura, com uma altura de 19 metros nas naves.” — exclamou o guia turístico.O dia havia começado como o planejado, iniciando o cronograma pelo Museu Casa de Santos Dumont, em seguida pelo Palácio de Cristal e por fim, a Catedral de Petrópolis, onde conforme seguimos o nosso roteiro de viagem, os alunos estavam cada vez mais entusiasmados pelas novas descobertas e momentos imortalizados pelas fotografias e filmagens.— Tia Clari. — Bárbara me chama segurando a barra do meu vestido xadrez. Encaro minha aluna que me observa com atenção — Tô com fome.Sorri afagando os seus fios dourados.— Nós já estamos finalizando aqui, você pode esperar mais um pouquinho? — pergunto com uma voz manhosa. Bárbara assenti sem se afastar da minha
Alfonso Albuquerque Encaro o cenário diante dos meus olhos, satisfeito com o resultado. — Primo? — Eduardo, meu primo e proprietário do hotel me encara com um sorriso malicioso nos lábios. — Estou em dívida contigo. — Eduardo assentiu acendendo o cigarro em seus lábios. Seguimos até o interior do hotel, onde atravessamos uma passagem que dá acesso ao jardim interno do local. — Sabe que não existe isso entre nós. — assenti — Somos família. É verdade. Apesar da família não ser sinônimo de aconchego e harmonia, temos algo mais forte: lealdade. — Confesso que quando a minha secretária me informou o seu pedido, cogitei ligar para o meu tio e descobrir em qual clínica você havia sido internado. — a fumaça dos lábios de Eduardo encontrou o ar sobre nossas cabeças — Porém… vendo com os meus próprios olhos, compreendo as suas ações. Deslizo as mãos até os bolsos da minha calça e minha sobrancelha se ergueu em desafio. — Ela é uma beleza. — Eduardo acrescentou. — Não repita isto! — o
Clarisse Grigio “Isso realmente está acontecendo?” — minha mente me sonda pela centésima vez, uma pergunta na qual não sou capaz de responder. Desde o começo estava fadada a encontrar-me com Alfonso durante essa viagem? Não! Essa é apenas mais uma das infinitas coincidências que evitarei no futuro. Desvio do meu olhar de Alfonso que permanece de pé próximo da escadaria do hotel. Mesmo distante é nítido o brilho das suas safiras. Olhos estes que insistem em reivindicar minha atenção, porém evito encará-lo uma segunda vez. — Clarisse. — a mão de Luana toca meu braço chamando minha atenção — Você está bem? — assenti. — Estava pensando em algo. — retruquei forçando o melhor dos meus sorrisos. — Seu casamento, eu aposto. — menti, assentindo com fervor — Tenho certeza que você ficará linda no seu vestido de noiva. Já está tudo pronto ou falta algo? — Não falta nada. — vasculhei os detalhes em minha mente — Tudo está praticamente pronto, na realidade, só falta chegar o dia da
Clarisse GrigioMeus olhos quase saltaram ao perceber que Alfonso estava diante da porta do meu quarto. Observo sua mão sobre a chave fixa na maçaneta da porta diante de mim, sendo um sinal de que ele estaria hospedado no mesmo local que eu.— Senhorita Grigio. — Alfonso proferiu encarando os meus olhos. Sua voz soou despretensiosamente, como se houvesse cansaço em seu corpo ou falta de entusiasmo em suas ações.— Senhor Albuquerque. — sem emoção o cumprimentei.O par índigo oscilou do meu rosto até os meus pés, só então me dei conta do que havia acontecido.— Meu Deus. — exclamei recolhendo a cesta junto os itens espalhados pelo chão. Houve um longo silêncio entre nós.Reorganizei os itens na cesta com rapidez.Os sapatos de Alfonso mantiveram-se dentro do meu campo de visão, porém, não se moveram como eu imaginava. Pelo contrário, parados eles permaneceram até eu retornar a minha postura à posição anterior e novamente, Alfonso e eu, nos encaramos.— Vejo que chegou em segurança. —