Uma paixão ardente e um amor tórrido destruídos por um passado marcante e sangrento. Ruby Portman foi marcada por aquele magnata frio a ser completamente sua, mas três anos se passaram e tudo o que envolvesse aquele nome foi queimado adjunto de todas as lembranças. Ruby tentou esquecer tudo e avançar para uma nova vida sem Harry Radcliffe ou algum passado que a fizesse correr contratempos remotos. Mas, uma noite poderá estragar completamente os seus planos e abanar as muralhas. Será que tudo será perdoado? Será que Harry estará disposto a esquecer todos os seus fantasmas ou agarrará as suas correntes para sempre?
Ler maisRUBY RADCLIFFE Um sorriso que não alcançava os seus olhos apareceu nos seus lábios. A inclinação sutil da sua cabeça fez-me sentir como se eu estivesse sendo estudada, dissecada. — Interessante como você ainda se apega a promessas que já perderam o valor — respondeu com a voz baixa, afiada como lâmina. — E mais interessante ainda é ver você defendendo essa empresa que mal consegue manter a fachada, uma espelunca para alguém que tem pais influentes. Nem um café decente ou uma recepção digna ao cliente… Patético, nem se digna a ser melhor ou pelo menos, fingir. As palavras dele eram como veneno, infiltrando-se sob a minha pele e me fazendo querer responder à altura. Mas segurei firme, não permitindo que ele visse o impacto que causava. — Pode ir embora, Harry. Você não é bem-vindo aqui. Não volte. Mas ele deu um passo à frente, eliminando a distância entre nós de uma forma que me deixou sem ar. O cheiro familiar do seu perfume amadeirado era tão discreto quanto sempre fora, mas ag
RUBY PORTMAN— Muito bem, como já mencionado na proposta, este projeto de rebranding é crucial para a Radcliffe's e foi cuidadosamente planejado para destacar os principais valores da marca. Fizemos esboços preliminares que gostaríamos de apresentar — começou Danile. — Nosso objetivo foi capturar a essência da Radcliffe’s, que é a combinação de inovação e elegância — afirmou, apontando para um design minimalista que trazia uma nova paleta de cores. — A proposta inclui embalagens que trazem um toque contemporâneo, mas sem perder o caráter sofisticado que caracteriza a marca.Eu observava a tela enquanto ela passava pelos primeiros esboços de design. Eram boas ideias, algumas promissoras, mas o que me deixou desconcertada foi a rapidez com que haviam sido produzidas. O e-mail de Harry havia chegado há poucos dias. O time de design certamente estava em uma corrida frenética para impressionar.Harry cruzou os braços, a mandíbula contraída de forma quase imperceptível enquanto assistia à a
RUBY PORTMANA recepção da empresa estava um caos absoluto. Assim que passei pela porta de vidro, fui recebida por uma cena de completo pandemônio. Funcionários corriam de um lado para o outro, carregados de pilhas de papelada, com expressões de urgência gravadas nos seus rostos. O telefone da recepção tocava insistentemente, abafando ainda mais o som de chamadas vindas de outros setores. Alguns clientes, sentados desconfortavelmente nas cadeiras de espera, trocavam olhares impacientes, cruzando e descruzando as pernas em um claro sinal de irritação.Aproximei-me do recepcionista, um jovem do novo turno que mal parecia ter 20 anos, e questionei a razão de todo aquele tumulto. Ele apenas me olhou de relance, a testa franzida e o telefone grudado ao ouvido, enquanto murmurava algo em um tom ansioso. Antes que pudesse repetir a pergunta, outro toque estridente ecoou, interrompendo qualquer tentativa de resposta. O garoto, com um aceno rápido de cabeça, apontou para o lado de fora do corr
RUBY PORTMANEnquanto bebia mais um gole do suco de laranja fresco, senti Sophia me observando com aquela expressão que sempre denunciava que ela estava prestes a fazer uma pergunta difícil. Ela inclinou-se um pouco na cadeira, os olhos fixos em mim, e finalmente, lançou a questão.— E você, Ruby? Chegou a conversar com Johnny sobre o Harry?Eu dei de ombros, tentando disfarçar o desconforto que ainda sentia ao tocar nesse assunto, mas já não conseguia mais ignorá-lo.— Para ser honesta, nem tive tempo. As coisas foram tão rápidas ontem… Entre a boate, a confusão e tudo mais, não consegui encaixar isso. E, além do mais, não sei como abordar o assunto sem parecer que estou arrumando desculpas — respondi, mexendo distraidamente no copo de suco que estava à minha frente.Sophia arqueou uma sobrancelha.— Mas você vai ter que falar sobre isso eventualmente. Não dá para deixar o Johnny no escuro, principalmente agora que o Harry está de volta e está, claramente, se reaproximando, ainda mai
RUBY PORTMANAcordei com uma luz forte batendo diretamente no meu rosto. A cortina ainda estava aberta, o que me irritou brevemente. Eu sabia que deveria tê-la fechado corretamente antes de dormir, mas o cansaço de ontem à noite havia me vencido. Esfreguei os olhos, tentando afastar a sensação de enjoo que ainda estava presente. Quando virei o rosto para olhar o relógio na cabeceira, percebi que faltavam poucos minutos para uma da tarde. Era oficial: havia dormido mais do que pretendia. Pelo menos, não estava com enxaqueca, o que já era uma vitória, considerando a quantidade de álcool que consumi na noite anterior.Suspirei, sabendo que não podia ficar ali jogada para sempre. Decidi que estava na hora de levantar e tentar recuperar algum senso de normalidade. Tomei um banho gelado para espantar o resto da sonolência e o leve enjoo que ainda me rondava. Deixei que a água fria caísse sobre mim, clareando a minha mente aos poucos, até que me senti um pouco mais desperta e menos carregada
RUBY PORTMANEu abri a porta do meu apartamento com a cabeça ainda girando, o enjoo subindo e descendo em ondas no meu estômago. O álcool não ajudava, mas o que me deixava realmente nauseada era a confusão de sentimentos que me invadia. Não sabia exatamente o que odiava mais: o fato de ter aceitado a carona de Harry por questão de segurança, ou a babaquice de Johnny, que me colocou nessa situação.Fechei a porta com cuidado, tentando não fazer nenhum barulho para não acordar Sophia, que provavelmente já estava dormindo há horas. Os meus pensamentos estavam embaralhados, misturados com a raiva e a exaustão, e tudo o que eu queria era entender como a noite tinha se tornado esse desastre completo.Eu ainda estava inteiramente zangada com Johnny. Ele não podia ter me deixado ir para casa sozinha. Isso enfurecia-me. A ideia de que, se não fosse Harry — o homem que eu vinha tentando evitar, o nome que eu queria enterrar definitivamente no meu passado — eu poderia ter passado por uma situaçã
RUBY PORTMANEntrei no box e liguei o chuveiro, o banho gelado era a única coisa que me mantinha desperta enquanto tentava organizar os meus pensamentos. A água fria me ajudava a clarear a mente, ainda que brevemente, mas a sensação de que o dia havia sido um completo desastre continuava a pesar sobre mim. Eu sabia que precisava encarar mais uma noite com Johnny, e a ideia de explicar o que estava acontecendo com Harry apenas adicionava mais um nível de estresse à equação.Saí do banho e encarei o vestido de cetim que havia escolhido. Ele era de um verde-esmeralda profundo, com um caimento perfeito que destacava as minhas curvas de forma sutil. As alças finas cruzavam nas costas, revelando parte da minha pele, enquanto a barra do vestido caía graciosamente até o meio das minhas panturrilhas. Eu adorava aquele vestido, mas, naquela noite, parecia quase um desperdício usá-lo. Peguei um par de saltos baixos — não tinha energia para lidar com saltos altos — e vesti tudo rapidamente. Meus
RUBY PORTMANAo chegar em casa, sentia cada músculo do meu corpo implorando por descanso. O dia havia sido mais cansativo do que o normal, e a única coisa que eu queria naquele momento era jogar a minha bolsa sobre a cama, livrar-me das roupas do trabalho e simplesmente apagar por horas. Nem jantar me parecia mais uma ideia atraente. A minha mente estava repleta de pensamentos desconexos, todos girando em torno de Harry, Milena, Johnny, e o caos que a minha vida parecia se transformar sem eu ter controle sobre isso.Merda.Antes mesmo de abrir a porta do apartamento, o meu celular vibrou no bolso. Suspirei ao ver o nome de Johnny na tela. Apesar de ele ser sempre atencioso, eu ainda me sentia estranha com a noção mais clara da distância que sempre havia crescido entre nós, algo que nem a simpatia dele conseguia corrigir no momento.— Oi, amor, como você está? — A voz de Johnny soava mais leve do que eu esperava, carregando uma energia que eu, sinceramente, não tinha naquele momento.—
HARRY RADCLIFFEAssim que pisei fora do jato, mesmo com o cansaço martelando nas minhas têmporas e o corpo pedindo descanso, a minha primeira ordem ao motorista foi clara: ir direto ao restaurante onde Herodes havia marcado de encontrar-me. Eu não estava pronto para esse reencontro. Tudo o que queria era me afastar dessa realidade, jantar em silêncio, talvez tomar um diazepam e arrastar-me para uma cama, onde o sono, ainda que fragmentado, me envolvesse por algumas horas. Mas eu sabia que a conversa com Herodes não podia esperar.Ainda não havia decidido se ficaria em Nova Iorque ou se voltaria para o país europeu. A tranquilidade da vida fora do caos americano era tentadora. Porém, voltar significava, de certa forma, enfrentar tudo o que deixei inacabado, inclusive a própria dúvida sobre o futuro da minha família. Steffan, Rosie, e até Luna, apesar da aparente frieza, estavam presos às minhas decisões. Eu era o elo que os mantinha unidos, o responsável por conduzi-los para onde fosse