RUBY PORTMANJohnny estava ao meu lado, explicando com entusiasmo sobre uma das obras de arte que decoravam o salão, um retrato abstrato repleto de tons quentes que ele relacionava à fotografia. Os seus olhos brilhavam enquanto falava sobre as técnicas de luz e sombra que, de alguma forma, se assemelhavam às que ele usava no seu trabalho. Eu ouvia-o com atenção, embora a minha mente divagasse vez ou outra. Estava tentando absorver aquele momento, focar no presente, mas a magnitude do evento, a grandiosidade das pessoas ao nosso redor, era esmagadora. Tudo ao meu redor lembrava-me que, por mais que tentasse, eu não conseguia escapar completamente dos fantasmas do passado.De repente, um homem elegante e confiante aproximou-se de nós. Eu não o reconhecia, mas sua presença se fez notar imediatamente. Alto, de cabelos grisalhos bem aparados, ele tinha uma postura de alguém acostumado a comandar uma sala. Sorriu de forma calorosa ao se aproximar.— Gianni Albuquerque, o anfitrião deste eve
RUBY PORTMANMeu corpo inteiro se contraiu, e senti meus pés tentarem se afastar, recuando para longe o máximo que eu pudesse. Entretanto, era como se eu estivesse paralisada, em terreno inibido, apanhada no momento, aprisionada em seu olhar.-- Há muito tempo. -- Sua voz exibiu uma certa dureza, como se estivéssemos em uma conversa comum, e não após três anos de silêncio total.Por um momento, me perguntei o que ele verdadeiramente estava sentindo. Teria ele pensado em mim em todos esses anos? Teria ele sentido, como eu estava sentindo naquele agora, o mesmo incômodo? Ou, para ele, todos esses anos se passaram sem qualquer lembrança da minha existência?Não sabia o que responder. Meu corpo queria fugir, mas minha mente havia sido perdida pela presença dele. Não houve ácias, não houve sofrimento nenhum; havia apenas uma inarticulada sensação de vazio, como se o tempo tivesse destruído todas as respostas que eu poderia dar.Harry continuava me olhando, esperando alguma reação, mas não
RUBY PORTMANO salão começou a se aquietar aos poucos. O murmúrio constante de vozes que preenchia o ambiente foi sendo substituído por um silêncio gradual. Eu estava ao lado de Johnny, ainda tentando processar a breve e desconcertante interação com o primogênito da família Radcliffe. Cada vez que eu o via, parecia que ele trazia consigo uma aura de caos silencioso, algo que sempre mexia com as partes mais profundas da minha mente. Mas, naquele momento, eu me forcei a manter o foco no que estava acontecendo à minha volta.Gianni Albuquerque, o anfitrião do evento, subiu ao palco no centro do salão, cercado por um leve halo de luz. A sua presença exuberante agora parecia mais formal, os seus olhos brilhavam de excitação.Eu sentia a mão de Johnny repousando levemente nas minhas costas, e olhei para ele por um momento, vendo o brilho nos seus olhos. Ele estava completamente encantado com a grandiosidade do evento, absorvendo cada detalhe e mal contendo a expectativa que pairava no ar.G
RUBY PORTMANJohnny estacionou o carro com cuidado em frente ao meu prédio, e eu sentia o cansaço de toda a noite pesar sobre os meus ombros. Ele virou-se levemente para mim, sorrindo de maneira suave, ainda com o brilho nos olhos pelo evento.— Obrigado por ter me acompanhado esta noite. Foi especial para mim.Eu sorri, mas era um sorriso contido, quase forçado. As imagens de Harry ainda rondavam a minha mente, tornando qualquer tentativa de leveza um esforço enorme. Eu sabia que Johnny não tinha culpa de nada, e o mínimo que eu podia fazer era ser grata pela sua companhia.— Eu quem deveria agradecer. Foi uma noite interessante... Me diverti bastante.Johnny se inclinou levemente, depositando um beijo rápido nos meus lábios, e completou:— Estou exausto. Acho que vou para casa agora. Nos vemos amanhã?Eu assenti, tentando manter o sorriso.— Claro, amanhã nos vemos.Sem mais palavras, eu saí do carro, sentindo o vento frio da noite bater contra o meu rosto. A sensação de estar de vo
RUBY PORTMANPrezada Sra. Danile Migler,Espero que esta mensagem a encontre bem.Em nome da Radcliffe’s, gostaria de expressar o nosso interesse em contratar os serviços da sua renomada agência de design para liderar o rebranding da nossa próxima linha de cosméticos, que será um marco no setor de beleza e cuidados pessoais.Como a Radcliffe’s continua a consolidar a sua posição como líder global em cosméticos de luxo, sentimos que a identidade visual e o conceito de marca precisam evoluir de maneira estratégica para acompanhar as tendências contemporâneas e as expectativas dos nossos consumidores. Este rebranding será vital para reforçar a nossa imagem como referência em inovação, elegância e exclusividade.Detalhes do ProjetoObjetivo Principal: Desenvolver uma nova identidade visual para a linha de cosméticos Radcliffe’s, incluindo o design de embalagens, logótipos, materiais promocionais e todos os ativos digitais associados ao lançamento.Prazo de Entrega: O lançamento está previ
RUBY PORTMANChamei um táxi e dirigi-me ao aeroporto para buscar Milena. O trânsito estava agitado, como sempre, e a cidade parecia viva de um jeito quase caótico naquela tarde. A minha mente ainda estava emaranhada nas tensões do trabalho e, claro, no e-mail que eu havia enviado para Harry, mas tentei desviar os meus pensamentos para o encontro com Milena.Quando finalmente cheguei ao aeroporto e a vi à distância, notei de imediato como Milena parecia ainda mais linda do que a última vez. Os seus cabelos ruivos estavam presos em um coque solto, e a sua barriga grávida estava mais evidente, conferindo-lhe um brilho especial. Ela sempre parecia exalar uma tranquilidade que contrastava fortemente com a Milena casada com Enrique, era incrível.— Olha só para você! — Exclamei ao aproximar-me dela, uma mistura de admiração e surpresa escapando da minha voz de forma inevitável.Ela sorriu, acariciando a própria barriga de leve enquanto se inclinava para me abraçar também.— Você gostou? Est
Algumas semanas atrás...HARRY RADCLIFFEA vinda para Nova Iorque havia sido inevitável. A cidade, com toda a sua magnitude e brutalidade, chamava-me de volta. Não importava o quanto eu tentasse afastar-me, era como se as sombras da Radcliffe's e tudo o que estava ligado àquele nome me puxassem de volta ao centro de tudo. Eu sabia, no fundo, que voltar era uma questão de tempo, mas os três anos que passei longe foram essenciais. A Irlanda havia me oferecido um refúgio, algo que eu nunca tive antes. A calma e a contenção daquele lugar contrastavam com o caos interno que eu carregava todos os dias. E, por um breve momento, achei que poderia acostumar-me com aquilo.Mas a mensagem de Herodes mudou tudo. Quando vi o nome dele aparecer na tela, uma sensação de antecipação fria correu pela minha espinha. Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele teria uma resposta. Ele havia prometido, afinal, que não descansaria até encontrar o responsável. E agora, de alguma forma distorcida, ele cumpria
HARRY RADCLIFFEAssim que pisei fora do jato, mesmo com o cansaço martelando nas minhas têmporas e o corpo pedindo descanso, a minha primeira ordem ao motorista foi clara: ir direto ao restaurante onde Herodes havia marcado de encontrar-me. Eu não estava pronto para esse reencontro. Tudo o que queria era me afastar dessa realidade, jantar em silêncio, talvez tomar um diazepam e arrastar-me para uma cama, onde o sono, ainda que fragmentado, me envolvesse por algumas horas. Mas eu sabia que a conversa com Herodes não podia esperar.Ainda não havia decidido se ficaria em Nova Iorque ou se voltaria para o país europeu. A tranquilidade da vida fora do caos americano era tentadora. Porém, voltar significava, de certa forma, enfrentar tudo o que deixei inacabado, inclusive a própria dúvida sobre o futuro da minha família. Steffan, Rosie, e até Luna, apesar da aparente frieza, estavam presos às minhas decisões. Eu era o elo que os mantinha unidos, o responsável por conduzi-los para onde fosse