Capítulo 05

RUBY PORTMAN

Decidi comprar o vestido sem hesitação. Enquanto a vendedora fazia os ajustes finais na embalagem, Sophia e eu continuamos a conversar sobre a viagem dela e os planos.

— E então, Ruby, o que você acha que vai acontecer hoje à noite? — Sophia perguntou, enquanto esperávamos no caixa. 

— Não sei, Sophia. Acho que hoje à noite é mais sobre deixar o Johnny brilhar, e também mostrar a ele que estou pronta para seguir em frente. Quero sentir-me no controle de novo. Quero me sentir bem comigo mesma, sem pensar no passado. Acho que já enrolei muito ele, está na hora de dar uma oportunidade de tentar, e tentar melhor.

Sophia acenou com a cabeça, compreendendo perfeitamente o que eu queria dizer.

— E você está fazendo isso, Ruby. Tenho orgulho de ver como você está lidando com tudo isso. Não precisa tentar atropelar isso, vai com calma, eu não o conheço, mas parece ser um bom cara.

— Bem, de bons caras o inferno também está cheio. — Respondi já segurando as sacolas com as compras e saindo da loja. — Mas é esse o espírito, não é? — A morena me deu uma cutucada que me fez rir na hora.

.

O retorno ao apartamento foi tranquilo, havíamos também aproveitado para almoçar em um restaurante mexicano bem ao lado do shopping, e tomar um coquetel no bar ao lado do tal restaurante, e como estávamos com muitas compras e ir de novo de metro poderia ser um risco de sermos assaltadas, preferimos pegar um táxi que nos deixou a frente do meu prédio.

Quando chegamos em casa, despedi-me de Sophia, que logo se recolheu para o quarto de hóspedes para organizar as suas compras e as malas de viagem também. Eu, por outro lado, fiquei no meu quarto, admirando o vestido que havia comprado. Toquei o tecido suave, sentindo a firmeza da decisão que havia tomado naquela manhã. Céus, esse particularmente havia sido o meu jackpot, e eu nem havia gastado tanto dinheiro.

Peguei o celular e vi que Johnny havia me enviado uma mensagem, perguntando como estava indo o meu dia. Pensei em responder, mas hesitei. Parte de mim ainda se sentia culpada por não lhe ter dado tudo de mim, mas a outra parte sabia que, para ser justa com ele, eu precisava resolver as minhas questões internas primeiro. Decidi que falaria com ele após o evento. Precisávamos ter uma conversa sincera sobre o que eu realmente queria para o nosso futuro.

........

Depois de um dia cheio, era finalmente hora de me preparar para o evento. A minha mente estava serena, focada na decisão que havia tomado pela manhã: seguir em frente. Entrei no banheiro e enchi a banheira com água quente, deixando que o vapor preenchesse o ambiente e relaxasse cada músculo do meu corpo. Quando a banheira estava cheia o suficiente, mergulhei na água, sentindo o calor envolvente me acalmar. A espuma cobria a superfície, e o aroma suave de lavanda preenchia o ar, proporcionando-me um momento de paz que há alguns dias eu não experimentava devido o trabalho.

Lembrava-me de como tudo começou de forma simples, quase casual, no meu trabalho como secretária em uma pequena, porém promissora, empresa de design. É o emprego que eu havia aceitado assim que retornei a Nova Iorque, já que havia, logicamente, sido despedida da Radcliffe's após tudo o que havia acontecido com Harry.

Foi nessa empresa que conheci Johnny. Ele é um dos sócios de uma empresa de fotografia que havia se tornado a nossa parceira em vários projetos. O seu jeito tranquilo e atencioso conquistou-me aos poucos, diferente da intensidade avassaladora que eu estava acostumada com Harry. Johnny tinha uma paixão pelo que fazia, uma dedicação que eu admirava profundamente. Era fácil gostar dele, fácil deixar-me envolver pela sua presença constante e segura.

Fechei os olhos e deixei a minha mente divagar, mas com um esforço consciente, evitei pensar ainda mais em Harry. Hoje, ele não teria espaço nos meus pensamentos. Queria concentrar-me no presente, no que estava por vir, e em como essa noite poderia ser um ponto de virada na minha vida. Depois de alguns minutos, decidi que era hora de sair. Não queria atrasar-me e deixar Johnny esperando.

Levantei-me da banheira, permitindo que a água escorresse pelo meu corpo antes de envolver-me em uma toalha macia. Caminhei até o espelho e, com um suspiro, comecei a pentear o meu cabelo. Estava mais longo do que o habitual, mas gostava do jeito que ele caía suavemente pelos meus ombros. Resolvi prendê-lo em um coque elaborado, deixando algumas mechas soltas que emolduravam o meu rosto. A imagem refletida no espelho era de uma mulher segura, confiante. Era assim que eu queria me sentir naquela noite.

Após cuidar do cabelo, vesti o vestido que havia comprado mais cedo. O tecido deslizou facilmente pelo meu corpo, ajustando-se perfeitamente às minhas curvas. A bela cor fazia-me sentir poderosa, exatamente o que eu apreciava depois de várias semanas com roupas formais. Peguei uma sandália alta preta e calcei-a, e por fim, apliquei uma maquiagem discreta, mas eficaz, destacando os meus olhos e lábios. O toque final foi um batom vermelho, complementando o vestido.

Assim que terminei, ouvi o som do meu celular vibrando sobre a cômoda. Era Johnny. Ele estava me esperando lá em baixo. Peguei a minha bolsa, respirando fundo antes de sair do quarto. Ao abrir a porta, encontrei Sophia parada na sala de estar, me observando com um olhar de admiração.

— Uau, Ruby! Você está deslumbrante. Tenho certeza de que essa noite será inesquecível para você.

O seu sorriso era genuíno, e embora quisesse compartilhar mais daquele momento com ela, sabia que não podia atrasar-me. Acenei para ela, agradecida pelos elogios, e saí do apartamento. Sophia continuou a sorrir, fazendo-me sentir ainda mais confiante sobre a noite.

Quando cheguei ao térreo, vi Johnny esperando do lado de fora do carro. Ele estava elegante em um terno preto, perfeitamente alinhado. Ao me ver, o seu rosto iluminou-se em um sorriso de aprovação.

— Você está incrível — Afirmou com um brilho nos olhos escuros, antes de se inclinar para me dar um beijo na testa, cuidadoso para não estragar o meu batom.

Eu sorri, sentindo uma onda de afeto por ele. Johnny sempre foi um cavalheiro, um homem que sabia como tratar uma mulher com respeito e carinho. Ele abriu a porta do carro para mim, e em seguida, contornou o veículo para entrar do outro lado. Logo estávamos a caminho do evento, o motor do carro ronronando suavemente enquanto cruzávamos as ruas movimentadas de Nova Iorque.

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