Todos os capítulos do CLARISSE: ENTREGUE NAS MÃOS DO TIRANO: Capítulo 1 - Capítulo 10
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PRÓLOGO
Clarisse GrigioMeu coração palpitante junto em meio a consciência da situação começou a se infiltrar lentamente na minha mente.O aroma predominante do local desconhecido misturava-se a uma sensação de apreensão. O toque macio do lençol em contato com a minha pele não me fez sentir aquela sensação aconchegante previsível, pelo contrário, o ar gélido do tecido em meus braços desnudos me lembrava da cruel realidade que me oprimia. Tentei me mover, porém, meu corpo não respondia como deveria. Minhas pernas pareciam feitas de chumbo e meus braços, ímãs de ferro.De repente as lembranças do rapto invadiram minha mente eletrizando todo o meu corpo.— CLARISSE! — a voz de Nicolas gritando em plenos pulmões fez o meu corpo retesar. Buscando forças de um lugar desconhecido consigo encolher as pernas e me abraçar.Agora, quando posso visualizar melhor ao meu redor, percebo estar em um lugar conhecido. Esse é um dos quartos da mansão Albuquerque, não havia dúvida.— Ele cumpriu a sua promessa.
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CAPÍTULO 1: COBIÇA DOS TEUS OLHOS (1)
Clarisse GrigioNo princípio custei a acreditar, contudo, isso realmente estava acontecendo? Encarei a mão solitária de Alfonso repousando no ar enquanto aguardava a minha resposta.“Prometo acompanhar você até o altar” — refleti sem desviar os meus olhos do seu par de safiras que apesar da tonalidade, para mim, os seus olhos se assemelham a ondas durante uma tempestade em alto mar.Levo algum tempo para decidir qual seria a melhor decisão a se tomar naquele momento, pois, independente da minha escolha nenhuma das alternativas era favorável e se tratando de Alfonso, não havia segurança de que no final, o resultado seria satisfatório para mim.Respiro fundo e apertei o tecido do vestido em meus dedos.— Que garantia tenho que você vai cumprir com sua palavra? — questionei por impulso, Alfonso sorriu torto.— A sua única garantia é a minha palavra e como disse, sou um homem que cumpre suas promessas. — Alfonso retrucou. Seus músculos da face se contraem enquanto engulo seco tentando ava
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CAPÍTULO 2: COBIÇA DOS TEUS OLHOS (2)
Clarisse GrigioAdentro o quarto com o misto de sentimentos conflitantes em meu coração. No momento que o juiz de paz declarou que Alfonso e eu estávamos casados, quis que um abismo fosse aberto debaixo dos meus pés.Como se a ansiedade não fosse suficiente, precisava me preparar para a consumação do casamento.Deslizei as alças do vestido sem dificuldade pelos meus braços. Mesmo que agora o ideal fosse receber ajuda, não é de uma pessoa para me despir que necessito e pelo contrário, preciso de forças para seguir adiante.Encaro o anel de diamantes no meu anelar e o peso desse objeto faz o meu coração pesar. Não era dessa maneira que planejava encerrar esta noite, não, era para Nicolas e eu estávamos embarcando em uma viagem de lua de mel para Fernando de Noronha, mas agora, preciso encarar minha nova realidade. Nisto preciso focar de agora em diante.— Se acalme Clarisse… tudo dará certo! — digo em voz alta tentando me convencer que Nicolas agora é passado, mesmo que os meus planos f
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CAPÍTULO 3: A BRISA DE UM FUTURO VINDOURO
[ALGUNS MESES ANTES]Clarisse GrigioAmanheceu nublado como no dia anterior. Por um instante posso desfrutar dessa sensação refrescante antes de retornar a rotina. Com os meus olhos fechados, aprecio os segundos, antes que eu retorne para a minha programação original.A brisa aconchegante que vem do corredor esvoaça os meus fios que caem como cascata em meus ombros. Por impulso, pego uma das minhas mechas e as levo até o nariz, um ato simples que sempre me faz pensar no meu amado, Nicolas.— Crianças, o intervalo terminou! — escuto uma voz bem distante, provavelmente da coordenadora do turno da manhã anunciando o final do recreio das crianças. Sorrio pensando nos pequenos que sempre retorcem a face em frustração e volto a caminhar pelo local.Cumprimento algumas crianças que me reconhecem enquanto sigo o meu caminho rumo a sala dos professores. Porém, antes que eu consiga girar a esquerda observo uma movimentação estranha, como um vulto alguns metros à minha frente.Impulsionada pela
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CAPÍTULO 4: VESTÍGIOS DO TEU NOME
Clarisse Grigio— Clarisse? — Sabrina me chamou. Eu a encaro e os seus olhos estão repletos de curiosidade e expectativa.— N-Nada. — desconversei levantando da cadeira. Era hora de ir embora ao invés de dar lugar a rumores que nada tem a ver comigo ou com a minha família — Preciso ir para casa, até amanhã meninas.Me despeço como o habitual enquanto envio uma mensagem para Nicolas, mas ele não responde. Provavelmente por estar envolvido com os assuntos do escritório de contabilidade do seu pai.Após a formatura eu consegui arrumar um trabalho como professora na escola do fundamental I, enquanto Nicolas seguiu os planos da família que é atuar como contador, dando seguimento aos negócios do seu pai que possui uma empresa de contabilidade no centro de Campos.Peço um carro no aplicativo que rapidamente chega e me deixa em frente a minha casa. Um prédio comercial de quatro apartamentos que consigo pagar dividindo as despesas com o meu irmão.Quando os nossos pais faleceram, ficamos eu e
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CAPÍTULO 5: MARÉ DE POSSIBILIDADES
Clarisse GrigioAcordo de repente com uma sensação angustiante em meu peito. Levo minhas mãos até o rosto para ter certeza que o realmente o local onde estou é real.— Foi um sonho. — digo em voz alta tentando me convencer de que as sensações ainda presentes em minha pele e em minha mente não são reais.Eu estava presa completamente absorta nas mãos de homens estranhos. Eles me levavam para um lugar muito longe e frio, eu não queria estar lá e por mais que eu quisesse gritar, eu não tinha voz para clamar por socorro.Levanto e rapidamente adentro o banheiro do meu quarto. Ligo o chuveiro deixando a água gelada cair por todo o meu corpo, lavando os meus fios longos que cobrem meus ombros como um véu.A água gélida cai sobre minha pele como pequenos cubos de gelo, levando embora consigo o medo incrustado em minha pele por conta do pesadelo vivido.Não demoro mais do que o suficiente debaixo da água, pois preciso trabalhar. Pesadelos vêm e vão, mas não posso deixar que isso atrapalhe a m
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CAPÍTULO 6: ECOS DE UM PASSADO DISTANTE (1)
Clarisse GrigioEnquanto me perdia em pensamentos, a lascívia se infiltrou em minha mente como uma sombra indesejada, despertando uma curiosidade ardente que eu mal conseguia compreender. O meu coração palpitante se afundou no cenário à minha frente. Levo minha mão aos lábios por impulso, pensando se era assim que me sentia ao estar nos braços de Nicolas. A sensação de querer explorar o desconhecido se tornava um pensamento intrusivo, dançando entre a inocência e o desejo. Eu me perguntava como seria sentir a pele de Nicolas contra a minha, o sussurro de suas palavras carregadas de promessas e a eletricidade do seu toque incendiando todo o meu ser. Por que eu não tenho esse tipo de experiência com ele? Nós não deveríamos ter esse grau de intimidade? Será que o meu corpo não é atrativo o suficiente para Nicolas?O mero pensamento me assolou por completo.Em minha mente, uma luta interna entre o desejo reprimido e a pureza que eu tanto tentava preservar pareceu se perder por conta de
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CAPÍTULO 7: ECOS DE UM PASSADO DISTANTE (2)
Clarisse Grigio— Clarisse! — Isabella abriu os braços correndo na minha direção. O nosso abraço foi tão prazeroso que fez parecer que nós não nos encontrávamos há anos.— Isa… eu também senti saudades. — proferi quase sem fôlego pelo seu abraço de urso.— Vem! Eu estava esperando você chegar, tenho algo para te contar… — Isa proferiu com uma voz baixa e misteriosa.— Mas… e a livraria? Só tem nós duas aqui? — Isabella assentiu caminhando até a porta do local — Amiga, mas e os seus pais? — questionei preocupada. Mesmo que a loja seja um empreendimento pessoal, não quero que ela se prejudique com a minha presença.— Relaxa amiga, a loja é minha e eu fecho quando quiser. — Isabella retrucou piscando um dos olhos.Maneio a cabeça em sinal de negação, mas isso não é o suficiente para parar Isabella Baltazar. Após virar a placa indicando — fechado para almoço! — seguimos para o interior da livraria.— Como foi a viagem até São Paulo? Conheceu o seu honorável web namorado? — perguntei cheia
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CAPÍTULO 8: A PROFUNDEZA DOS SEUS EXCESSOS
Alfonso AlbuquerqueCom um olhar desdenhoso, me encosto na parede, observando a cena diante de mim como um espectador entediado em um teatro de excessos.A atmosfera pulsa com a energia frenética dos corpos se entrelaçando, mas para mim, tudo não passa de um espetáculo repetitivo e previsível. A minha arrogância transborda em cada movimento, como se a minha simples presença fosse suficiente para elevar a banalidade da presente orgia a algo mais intrigante.Enquanto os gemidos e risos ecoam ao meu redor, eu me sento como um príncipe em um reino de plebeus, alheio à entrega desenfreada que me cerca, pois estou perdido em meus próprios pensamentos sobre o que realmente tem valor.Atravesso os corpos ao meu entorno, conforme caminho rumo a varanda do térreo. A lua resplandecente reina diante da noite profunda e estrelada. O céu em sua profundidade esconde a verdade escondida nas mentes dos meros mortais durante o crepúsculo.— Senhor. — a voz de Rys me desperta dos meus devaneios — Devo e
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CAPÍTULO 9: SUSSURROS DA NOITE MEDIANTE UM CORAÇÃO EM CAOS (1)
Clarisse GrigioA escuridão envolvia o meu corpo como um denso manto, e eu estava perdida em um pesadelo que parecia se estender para sempre. Corria por um corredor interminável, cada passo mais pesado que o anterior, enquanto a sensação de que alguém me seguia se tornava cada vez mais opressiva. Densas lágrimas escorrem por todo o meu rosto conforme o eco de passos atrás de mim ressoava em meus ouvidos e uma onda de pânico se arrasta pela minha espinha. O ar estava denso, quase impenetrável e o meu coração batia descompassado, como se quisesse escapar do meu peito. Eu olhava para trás, mas a escuridão parecia engolir tudo, impossibilitando ver quem — ou o que — estava me perseguindo. Então, de repente, um barulho ensurdecedor cortou a névoa do meu sonho, como um trovão em um céu claro. Meu corpo estremeceu, e eu acordei com um sobressalto, o coração ainda acelerado, enquanto o eco do estrondo reverberava em minha mente. O som vinha da sala, uma batida forte e insistente que me fez s
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