Clarisse GrigioA escuridão envolvia o meu corpo como um denso manto, e eu estava perdida em um pesadelo que parecia se estender para sempre. Corria por um corredor interminável, cada passo mais pesado que o anterior, enquanto a sensação de que alguém me seguia se tornava cada vez mais opressiva. Densas lágrimas escorrem por todo o meu rosto conforme o eco de passos atrás de mim ressoava em meus ouvidos e uma onda de pânico se arrasta pela minha espinha. O ar estava denso, quase impenetrável e o meu coração batia descompassado, como se quisesse escapar do meu peito. Eu olhava para trás, mas a escuridão parecia engolir tudo, impossibilitando ver quem — ou o que — estava me perseguindo. Então, de repente, um barulho ensurdecedor cortou a névoa do meu sonho, como um trovão em um céu claro. Meu corpo estremeceu, e eu acordei com um sobressalto, o coração ainda acelerado, enquanto o eco do estrondo reverberava em minha mente. O som vinha da sala, uma batida forte e insistente que me fez s
Nicolas AbreuO relógio na parede marcava os últimos minutos do meu expediente, e a luz suave do pôr do sol filtrava-se pelas persianas, lançando sombras longas sobre a mesa de trabalho. O cheiro do café frio ainda pairava no ar, misturado ao odor de papéis amarelados e a leve essência de notas de contabilidade, que sempre me lembravam dos dias intermináveis passados naquele escritório. Olhei em volta, observando o caos organizado de relatórios e formulários que dominavam minha mesa, cada um deles representando horas de trabalho árduo e a pressão constante de atender às expectativas do meu pai. Era um ambiente que, embora familiar, começava a se sentir sufocante, como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor. A ideia de deixar tudo isso para trás me fazia sentir uma mistura de alívio e culpa; enquanto muitos sonhavam em herdar o legado da família, eu ansiava por algo diferente, algo que me permitisse respirar livremente. Com um último olhar para a tela do computador, onde as
Clarisse Grigio Minha cabeça parece que a qualquer momento será arrancada por um algoz ou submergirei mar adentro, contanto, nenhuma dessas brilhantes possibilidades aconteceriam.— Cara… tô morrendo de dor de cabeça. — Gabriel resmunga sentado na mesa da cozinha. Os meus olhos se fixam na minha própria caneca de café, sem querer encarar ambos diante de mim.— Tem remédio na pia do banheiro. — digo sem tirar os dedos do meu celular. Gabriel se levanta levando sua xícara consigo, deixando para trás Nicolas e eu que nos mantivemos em silêncio.Depois da noite passada, foi impossível adormecer e agora, preciso encarar outro dia de trabalho. Seus olhos avermelhados não passam despercebidos por mim, mesmo que de soslaio eu o tenha reparado, não tenho coragem para iniciar qualquer diálogo ou muito menos perguntar qualquer coisa.Um longo silêncio pairou sobre nós. Nunca estivemos em uma situação como essa, contudo, hoje estamos sentindo o gosto amargo e a sensação cruel desta situação des
Clarisse Grigio— Por que você está tão desanimada hoje? — Isabella questiona enquanto almoçamos no interior da loja. Dou de ombros não querendo entrar em detalhes no assunto — Nicolas — com ela.Minha amiga suspirou revirando o macarrão em seu prato.No momento, tudo que menos desejo é pensar em Nicolas e nas suas palavras sobre a minha indagação.— Hello… terra chamando Clarisse. — Isa chama a minha atenção. Eu a encaro enquanto ergo um garfo significativo com massa em minha boca — Vai me dizer ou não o que está rolando? Dou de ombros fingindo não entender a sua pergunta. Isabella para de se alimentar, cruzando os dedos ela apoia os cotovelos na mesa.— O que foi? — pergunto enquanto mastigava o macarrão. Isa ergue a sobrancelha esquerda em sinal de desafio. Inquieta, ela umedece os lábios enquanto me encarava intensamente.— Você está me escondendo alguma coisa Clarisse Isabour da Fonseca Grigio. — reviro os olhos enquanto escuto o meu nome ser proferido, pois detesto quando pron
Clarisse Grigio“O nosso momento deve ser especial.” — Nicolas fez uma pausa para umedecer os lábios — “Eu não queria que um momento tão especial acontecesse trivialmente.”Exatamente, Nicolas tinha razão no seu argumento. Conforme as suas palavras se formavam, a minha mente refletia em plena concordância. Ainda assim, aparentemente aquelas respostas possuíam um significado oculto que eu não consegui identificar. Ou talvez, seja algo da minha mente conflituosa.“Estamos tão perto… não vamos nos precipitar logo agora que estamos prestes a nos casar. Eu te amo Clarisse e isso nunca irá mudar.” — Nicolas suspirou empurrando os fios da sua franja para trás. O sinal da escola havia tocado, mas o nosso diálogo estava longe de terminar.“Eu sei… ainda assim, me senti humilhada.” — murmurei recolhendo os meus pertences do seu veículo.“Sou o único culpado da provocação… eu te instiguei agindo precipitadamente e depois parti. Não pense que eu não sinta desejo por você, porque sinto e muito, m
Clarisse GrigioQuando o sábado finalmente chegou, muitas coisas haviam acontecido. O clima desconfortável entre mim e Nicolas havia se dissipado, sendo no final, culpa da ansiedade entre nós. Fitando o horizonte pela janela, fixo os meus olhos na estrada, pois há três horas eu e Isabella seguimos viagem dentro do seu SUV com destino a cidade de Niterói.— Beautiful girls… all over the world, i could be chasing. — com as mãos no volante Isabella cantarola por todo o caminho — But my time would be wasted, they got nothing on you, baby…— Nothing on you… baby. — acompanho utilizando meu inglês enferrujado do ensino médio.Seguindo as instruções do GPS, chegamos no horário previsto ao nosso destino, o SPA ROYALE, localizado na zona norte de Niterói. Assim que atravessamos as portas do SPA, um mundo de tranquilidade e luxo se desdobrou diante de nós, como se estivéssemos entrando em um santuário de serenidade. O aroma delicado de óleos essenciais e flores frescas envolvia o ambiente, e a
Alfonso AlbuquerqueO brilho da lua iluminava a noite, lançando um véu etéreo sobre a minha mansão, enquanto eu me encontrava à margem de um evento que não despertava o menor interesse. A música suave ressoava através das paredes, misturando-se com risadas e conversas animadas que se atravessavam as paredes, enquanto me mantive como um espectador distante, preso em uma bolha de desinteresse e desdém. Com um copo de vinho tinto em mãos, observei os convidados se movendo como marionetes em uma peça que não desejava assistir. Suas roupas elegantes e sorrisos radiantes eram apenas um reflexo do que eu considerava superficial; cada aperto de mão e cada troca de olhares eram ensaios de uma dança social que eu não queria desempenhar. — Que degradante. — viro todo o conteúdo do copo em minha garganta. O gosto doce em minha língua despertou o desejo, contudo, necessito de algo mais forte, capaz de derrubar todo o meu corpo.Caminho de encontro a varanda do andar de cima onde estou e atravess
Alfonso Albuquerque— Ao invés disso, deveria ser eu a pergunta. Quem é você? — questionei com os olhos fixos a mulher diante dos meus olhos. Geralmente não tenho o costume de agir por impulso, contudo, faço uma exceção. — Me solte! — a desconhecida declara com as mãos firmes em meus pulsos. A curva sinuosa dos seus lábios capturou a minha atenção. O formato de coração se tornou convidativo ao meu desejo, porém, resisti em avançar contra o alvo provocativo.Conforme o seu corpo se move em meus braços, a sua fragrância se impregna em minhas narinas me levando ao estado de torpor.Seus fios dançam com o movimento do seu corpo e essa visão é prazerosa aos meus olhos.— Você pode… — sua voz levemente enraivecida chamou a minha atenção e nossos olhos novamente se encontram — Me soltar? — sua pergunta soou como uma ordem, contudo, eu deveria realmente solta-lá? A dúvida inundou a minha mente.Não, não deve soltá-la. Mantenha em seus braços o máximo possível, minha mente propos.Com os corp