Alfonso AlbuquerqueO brilho da lua iluminava a noite, lançando um véu etéreo sobre a minha mansão, enquanto eu me encontrava à margem de um evento que não despertava o menor interesse. A música suave ressoava através das paredes, misturando-se com risadas e conversas animadas que se atravessavam as paredes, enquanto me mantive como um espectador distante, preso em uma bolha de desinteresse e desdém. Com um copo de vinho tinto em mãos, observei os convidados se movendo como marionetes em uma peça que não desejava assistir. Suas roupas elegantes e sorrisos radiantes eram apenas um reflexo do que eu considerava superficial; cada aperto de mão e cada troca de olhares eram ensaios de uma dança social que eu não queria desempenhar. — Que degradante. — viro todo o conteúdo do copo em minha garganta. O gosto doce em minha língua despertou o desejo, contudo, necessito de algo mais forte, capaz de derrubar todo o meu corpo.Caminho de encontro a varanda do andar de cima onde estou e atravess
Alfonso Albuquerque— Ao invés disso, deveria ser eu a pergunta. Quem é você? — questionei com os olhos fixos a mulher diante dos meus olhos. Geralmente não tenho o costume de agir por impulso, contudo, faço uma exceção. — Me solte! — a desconhecida declara com as mãos firmes em meus pulsos. A curva sinuosa dos seus lábios capturou a minha atenção. O formato de coração se tornou convidativo ao meu desejo, porém, resisti em avançar contra o alvo provocativo.Conforme o seu corpo se move em meus braços, a sua fragrância se impregna em minhas narinas me levando ao estado de torpor.Seus fios dançam com o movimento do seu corpo e essa visão é prazerosa aos meus olhos.— Você pode… — sua voz levemente enraivecida chamou a minha atenção e nossos olhos novamente se encontram — Me soltar? — sua pergunta soou como uma ordem, contudo, eu deveria realmente solta-lá? A dúvida inundou a minha mente.Não, não deve soltá-la. Mantenha em seus braços o máximo possível, minha mente propos.Com os corp
Clarisse GrigioParada em frente ao espelho, encarei o meu reflexo com uma mistura de nervosismo e expectativa. O vestido que escolhi se ajustava ao meu corpo de maneira perfeita, realçando minhas curvas sem jamais parecer vulgar. O tecido suave abraçava minha cintura fina, enquanto o decote modesto, embora discreto, destacava meu busto elegantemente, uma lembrança sutil do poder que a feminilidade pode ter. O vestido era um tom profundo de esmeralda que contrastava com a palidez da minha pele, que parecia brilhar como a neve sob a luz suave do quarto. Os meus cabelos castanhos, longos e sedosos, caíam como cascata pelos meus ombros até a cintura, cada fio refletindo a luz de maneira quase mágica, emoldurando o meu rosto e criando um halo de calor ao meu redor. As mechas mais soltas dançavam levemente quando me movia, e eu não pude deixar de me perder na visão da mulher que se apresentava diante de mim. Havia uma força silenciosa em minha postura, um misto de vulnerabilidade e determ
Clarisse GrigioA beleza do local é sem sombra de dúvidas um aspecto inesquecível e talvez isso explique o desejo de escondê-lo do resto do mundo. Quem sabe o proprietário temia que alguém quisesse se apropriar desse lugar, pois se fosse eu, certamente teria pensado desta forma. E olhando agora, seria perfeitamente possível alguém chegar a essa conclusão, afinal, o lugar é quase divino. Certamente o proprietário impulsionado pelo egoísmo, edificou estes muros com este objetivo.O caminho de pedras por onde sigo é deslumbrante e a diversidade de flores aeredor despertam o meu interesse em seguir pelo caminho similar a estrada de tijolos amarelos em O Mágico de Oz.— Essas são lindas. — inclino o meu corpo para capturar o mais perto possível. A tonalidade azul é similar ao mar e mesmo sendo noite, é evidente que jamais encontrei tal preciosidade em toda a minha vida. Aperto o botão da câmera para registro e o flash me surpreende. Isabella quem havia me emprestado sua câmera, que apesar
Alfonso Albuquerque Após a fumaça do meu charuto dissipar e o ardor da minha face terminar, retornei para o salão principal, onde agora possuo um alvo. O local segue como quando havia deixado a música preenchendo todo o ambiente como as vozes atravessando os presentes.Conforme o meu corpo deslocava-se por entre as pessoas, os meus olhos não alcançavam o meu alvo.— Alfonso. — a voz de Héctor atinge os meus ouvidos e pela primeira vez não achei a sua aproximação desnecessária, pelo contrário, ele seria extremamente útil — Precisamos conversar. — a declaração impassível não fez nenhum impacto em minha face.— Sei perfeitamente o motivo da sua procura, porém, não estou com tempo, pai. — retruquei deslizando as mãos para o inteiror dos bolsos da calça — Agora, preciso encontrar uma pessoa. Talvez, você possa me ajudar.Héctor ergueu a sobrancelha, certamente desconfiado pelas minhas palavras. Porém, despertando o interesse, ele se aproximou.— A pessoa que você procura é uma mulher? — a
[ALGUNS DIAS DEPOIS]Clarisse GrigioObservo os alunos se sentarem ao meu redor, todos animados para início da atividade do nosso cronograma ilustrado no quadro da sala.— Tia Clari… posso começar? — Thiago indagou erguendo a mão para iniciar a atividade.Sorri diante da sua empolgação.Mesmo que já tenham se passado quase duas semanas, infelizmente não consigo esquecer o ocorrido da noite na fazenda Albuquerque. Contudo, não é benéfico que esses pensamentos continuem a me distrair. Encarando Thiago, confirmo que ele pode começar.— Segura a sua plaquinha. — declarei entregando o objeto com seu nome.O brilho nos olhos do meu aluno deixou nítido a sua felicidade para executar aquele ato trivial, mas que para as crianças é significativo. Forçando-me a usar o meu melhor sorriso, continuei:— Vamos lá pessoal, o Thiago começará a atividade. Lembre-se, Thiago, diga para a turma o seguinte: seu nome, a sua idade, o bairro onde você mora e claro, conte-nos como foi o seu final de semana. —
Clarisse GrigioMesmo sentado de costas era possível identificar que aquele cabelo liso, profundo como obsidiana pertencia a Alfonso Albuquerque. É extraordinário o efeito que sua presença causa no meu corpo, pois em segundos toda a harmonia e felicidade que havia sentido antes dissipa, os músculos da minha face se contraem como reflexo do meu estado interior preenchido pela cólera.“O que este homem faz aqui?” — a pergunta ressoou pela minha mente, porém me contive, pois não havia necessidade de que as pessoas tivessem conhecimento daquela situação. Claro que o meu desejo não é proteger o patife, contudo, quanto menor o número de pessoas souberem deste caso será melhor. Afinal, nada de bom sairá deste envolvimento.Naquela noite, decidi por não revelar a Nicolas o que havia ocorrido. Pois tenho completa consciência do grau de importância que a parceria entre as famílias é significativa e como nada de pior ocorreu, eu levarei aquele assunto para o túmulo. Apesar da sua preocupação, op
Clarisse Grigio— Conversar você diz… o que exatamente eu teria para conversar contigo? — questionei rispidamente.— Compreendo a sua reação e agradeço não ter expressado o ocorrido com sua colega de trabalho, pois acredito que algo assim se tornar de conhecimento de terceiros, a mesma não teria me recepcionado calorosamente. — tomando fôlego, Alfonso continua — Desejo conversa com contigo para podermos esclarecer e chegar a uma conclusão onde não haja assuntos em aberto ou mal interpretados. — como Alfonso distribuiu as suas palavras me manteve em alerta. Sua intenção naturalmente não era ingenua, contudo, qual o seu objetivo com todo esse esforço? A pergunta qual saltou da minha boca. O seu peso fez doer a ponta da minha língua, porém, recuperei a postura encarando-o com os meus olhos afiados.— Seja claro, o que quer comigo Alfonso Albuquerque? — indaguei sem humor.Um sorriso malicioso desmanchou nos lábios de Alfonso, me irritando profundamente. Mas, me contive.— Você pesquisou