Clarisse GrigioA beleza do local é sem sombra de dúvidas um aspecto inesquecível e talvez isso explique o desejo de escondê-lo do resto do mundo. Quem sabe o proprietário temia que alguém quisesse se apropriar desse lugar, pois se fosse eu, certamente teria pensado desta forma. E olhando agora, seria perfeitamente possível alguém chegar a essa conclusão, afinal, o lugar é quase divino. Certamente o proprietário impulsionado pelo egoísmo, edificou estes muros com este objetivo.O caminho de pedras por onde sigo é deslumbrante e a diversidade de flores aeredor despertam o meu interesse em seguir pelo caminho similar a estrada de tijolos amarelos em O Mágico de Oz.— Essas são lindas. — inclino o meu corpo para capturar o mais perto possível. A tonalidade azul é similar ao mar e mesmo sendo noite, é evidente que jamais encontrei tal preciosidade em toda a minha vida. Aperto o botão da câmera para registro e o flash me surpreende. Isabella quem havia me emprestado sua câmera, que apesar
Alfonso Albuquerque Após a fumaça do meu charuto dissipar e o ardor da minha face terminar, retornei para o salão principal, onde agora possuo um alvo. O local segue como quando havia deixado a música preenchendo todo o ambiente como as vozes atravessando os presentes.Conforme o meu corpo deslocava-se por entre as pessoas, os meus olhos não alcançavam o meu alvo.— Alfonso. — a voz de Héctor atinge os meus ouvidos e pela primeira vez não achei a sua aproximação desnecessária, pelo contrário, ele seria extremamente útil — Precisamos conversar. — a declaração impassível não fez nenhum impacto em minha face.— Sei perfeitamente o motivo da sua procura, porém, não estou com tempo, pai. — retruquei deslizando as mãos para o inteiror dos bolsos da calça — Agora, preciso encontrar uma pessoa. Talvez, você possa me ajudar.Héctor ergueu a sobrancelha, certamente desconfiado pelas minhas palavras. Porém, despertando o interesse, ele se aproximou.— A pessoa que você procura é uma mulher? — a
[ALGUNS DIAS DEPOIS]Clarisse GrigioObservo os alunos se sentarem ao meu redor, todos animados para início da atividade do nosso cronograma ilustrado no quadro da sala.— Tia Clari… posso começar? — Thiago indagou erguendo a mão para iniciar a atividade.Sorri diante da sua empolgação.Mesmo que já tenham se passado quase duas semanas, infelizmente não consigo esquecer o ocorrido da noite na fazenda Albuquerque. Contudo, não é benéfico que esses pensamentos continuem a me distrair. Encarando Thiago, confirmo que ele pode começar.— Segura a sua plaquinha. — declarei entregando o objeto com seu nome.O brilho nos olhos do meu aluno deixou nítido a sua felicidade para executar aquele ato trivial, mas que para as crianças é significativo. Forçando-me a usar o meu melhor sorriso, continuei:— Vamos lá pessoal, o Thiago começará a atividade. Lembre-se, Thiago, diga para a turma o seguinte: seu nome, a sua idade, o bairro onde você mora e claro, conte-nos como foi o seu final de semana. —
Clarisse GrigioMesmo sentado de costas era possível identificar que aquele cabelo liso, profundo como obsidiana pertencia a Alfonso Albuquerque. É extraordinário o efeito que sua presença causa no meu corpo, pois em segundos toda a harmonia e felicidade que havia sentido antes dissipa, os músculos da minha face se contraem como reflexo do meu estado interior preenchido pela cólera.“O que este homem faz aqui?” — a pergunta ressoou pela minha mente, porém me contive, pois não havia necessidade de que as pessoas tivessem conhecimento daquela situação. Claro que o meu desejo não é proteger o patife, contudo, quanto menor o número de pessoas souberem deste caso será melhor. Afinal, nada de bom sairá deste envolvimento.Naquela noite, decidi por não revelar a Nicolas o que havia ocorrido. Pois tenho completa consciência do grau de importância que a parceria entre as famílias é significativa e como nada de pior ocorreu, eu levarei aquele assunto para o túmulo. Apesar da sua preocupação, op
Clarisse Grigio— Conversar você diz… o que exatamente eu teria para conversar contigo? — questionei rispidamente.— Compreendo a sua reação e agradeço não ter expressado o ocorrido com sua colega de trabalho, pois acredito que algo assim se tornar de conhecimento de terceiros, a mesma não teria me recepcionado calorosamente. — tomando fôlego, Alfonso continua — Desejo conversa com contigo para podermos esclarecer e chegar a uma conclusão onde não haja assuntos em aberto ou mal interpretados. — como Alfonso distribuiu as suas palavras me manteve em alerta. Sua intenção naturalmente não era ingenua, contudo, qual o seu objetivo com todo esse esforço? A pergunta qual saltou da minha boca. O seu peso fez doer a ponta da minha língua, porém, recuperei a postura encarando-o com os meus olhos afiados.— Seja claro, o que quer comigo Alfonso Albuquerque? — indaguei sem humor.Um sorriso malicioso desmanchou nos lábios de Alfonso, me irritando profundamente. Mas, me contive.— Você pesquisou
Clarisse Grigio— Quero que você me deixe em paz! — exclamei com os olhos fixos no par de safiras afiadas que consomem a minha face. Sentimentos como ódio, raiva, surpresa e inconformidade refletem no seu par de orbes tão profundas como uma montanha congelada.Ainda assim, não vacilo ou hesito, mantendo a firmeza das minhas palavras como a minha expressão.— A empresa do meu futuro sogro tem uma parceria de anos com a família Albuquerque e essa parceria é extremamente significativa para o escritório e eu espero que nossa conversa hoje, não prejudique essa parceria. — Alfonso semicerrou os olhos — Acredito que o senhor não seja rancoroso ou mesquinho, contudo, quero enfatizar que se você fizer algo contra a parceria do meu noivo por conta das minhas palavras, irei denunciar você!O silêncio perdurou longos segundos.Não me importo que as minhas palavras frustrem as suas expectativas. Pelo contrário, quero que Alfonso tenha completa consciência que independente do que ele faça, não será
Nicolas AbreuUltimamente a minha mente segue um estado de cansaço constante como em uma tempestade. Além disso, a demanda do escritório contribuía para a minha exaustão, onde as horas seguiam se arrastando enquanto tentava lidar com prazos apertados e decisões difíceis. Cada reunião parecia um jogo de xadrez, onde eu sempre precisava estar um passo à frente. E, claro, havia também a pressão constante do casamento. A casa que comprei para morar com Clarisse ainda estava em reforma e as coisas não estavam saindo como eu esperava. As paredes nuas e os móveis empilhados em um canto me lembravam constantemente do quanto eu precisava realizar antes de podermos chamar local de lar.Se todas essas questões não fossem o suficiente, ainda tem a questão daquela noite.“Clarisse, está tudo bem?” — minha voz saiu mais suave do que eu esperava. Clarisse assentiu ao ser amparado por meus braços. Mesmo que os seus lábios e seu rosto dissessem uma coisa, os seus olhos verde-esmeralda diziam exatament
Clarisse GrigioParada diante do espelho do banheiro, encaro o meu reflexo após quase uma hora debaixo da água escandante. Após uma pausa para reorganizar a minha mente, sinto-me melhor. “Bip”Alcanço o celular para ver de quem era a mensagem e meu coração palpita de felicidade. Respondo dizendo esta — tudo bem — finalizo enviando alguns emojis de coração. Nicolas e eu havíamos combinado de nos encontrarmos hoje e ele dormiria novamente aqui, contudo, não será possível. — Sai logo desse banheiro, Clarisse! — Isabella ralhou do outro lado da porta. Puxo a maçaneta dando de cara com minha melhor amiga — Achei que desceria pelo ralo do banheiro, vamos, eu quero saber tudo que aquele imbecil fez contigo antes que Nicolas chegue e você me expulse. — Isabella murmurou se jogando nos meus lençóis.Meneio a cabeça em negação enquanto caminho até o closet.— Você não será expulsa… Nicolas tem um compromisso importante, tem a ver com o escritório. — dou de ombros vestindo meu pijama com estam