Nicolas AbreuUltimamente a minha mente segue um estado de cansaço constante como em uma tempestade. Além disso, a demanda do escritório contribuía para a minha exaustão, onde as horas seguiam se arrastando enquanto tentava lidar com prazos apertados e decisões difíceis. Cada reunião parecia um jogo de xadrez, onde eu sempre precisava estar um passo à frente. E, claro, havia também a pressão constante do casamento. A casa que comprei para morar com Clarisse ainda estava em reforma e as coisas não estavam saindo como eu esperava. As paredes nuas e os móveis empilhados em um canto me lembravam constantemente do quanto eu precisava realizar antes de podermos chamar local de lar.Se todas essas questões não fossem o suficiente, ainda tem a questão daquela noite.“Clarisse, está tudo bem?” — minha voz saiu mais suave do que eu esperava. Clarisse assentiu ao ser amparado por meus braços. Mesmo que os seus lábios e seu rosto dissessem uma coisa, os seus olhos verde-esmeralda diziam exatament
Clarisse GrigioParada diante do espelho do banheiro, encaro o meu reflexo após quase uma hora debaixo da água escandante. Após uma pausa para reorganizar a minha mente, sinto-me melhor. “Bip”Alcanço o celular para ver de quem era a mensagem e meu coração palpita de felicidade. Respondo dizendo esta — tudo bem — finalizo enviando alguns emojis de coração. Nicolas e eu havíamos combinado de nos encontrarmos hoje e ele dormiria novamente aqui, contudo, não será possível. — Sai logo desse banheiro, Clarisse! — Isabella ralhou do outro lado da porta. Puxo a maçaneta dando de cara com minha melhor amiga — Achei que desceria pelo ralo do banheiro, vamos, eu quero saber tudo que aquele imbecil fez contigo antes que Nicolas chegue e você me expulse. — Isabella murmurou se jogando nos meus lençóis.Meneio a cabeça em negação enquanto caminho até o closet.— Você não será expulsa… Nicolas tem um compromisso importante, tem a ver com o escritório. — dou de ombros vestindo meu pijama com estam
[TRÊS SEMANAS DEPOIS]Clarisse GrigioEnfim, a normalidade havia retornado para a minha vida. Conforme as semanas passavam, o mês para o meu casamento se aproximava e o meu coração se inflamava de ansiedade, medo, nervosismo, expectativa para o grande dia. Contudo, dois meses separaram o grande dia.A casa onde residirei com Nicolas estará pronta em algumas semanas, a data de entrega é daqui a três meses e duas semanas antes da data do nosso casamento.Depois daquele dia, nunca mais tive de encontrar-me pessoalmente com aquele homem. Toda a informação que recebo é por meio de fofocas. Aparentemente o mesmo segue realizando suas orgias na fazenda da sua família, mesmo que um compromisso com uma prima distante tenha se tornado público.Segundo os rumores, após o seu casamento ele retornará para Europa. Um alívio, na verdade.Porém, toda calmaria, traz consigo a tempestade e recentemente Gabriel se envolveu em um problema delicado.Na semana passada durante a madrugada, a porta da nossa
Alfonso AlbuquerqueA rejeição é um sentimento difícil de ser digerido. E agora, infelizmente sigo mediante as ondas desse conflito, na qual, apenas uma pessoa podia sanar.— Clarisse. — seu nome é projeto junto a fumaça do meu charuto.Quero esta mulher.É o único pensamento que reside em abundância na minha mente.No momento em que pus os meus olhos nela, sabia que a teria em meus braços, mas agora, esse desejo parece tão distante. Mesmo utilizando dos meus esforços, isso não parece alcançar a simpatia de Clarisse.Ao som de Chopin, a minha mente divaga e lentamente a lembrança de Clarisse começa a tomar forma em minha mente.O sorriso largo naqueles lábios pequenos no formato de coração faz surgir em meu peito o desejo de poder alcançar aquele sorriso. A sensação angustiante é como se o meu coração estivesse sendo envolvido por um emaranhado de ramos espinhosos, que pelo aperto, fazem o meu coração sofrer profundamente.Quando os seus olhos surgem e posso contemplar a profundidade
Clarisse Grigio A atmosfera de viagem estava presente em todos assim como em mim. Os sentimentos como ansiedade e desejo eram translúcidos nos olhos dos alunos, assim como nos meus. Fazer essa viagem de ônibus até a cidade de Petrópolis desperta muitos sentimentos em mim e um deles é a nostalgia. Contudo, assim como estar nostálgica fez reviver algo positivo, o sentimento negativo também se fez presente, pois na época em que fiz o passeio para Petrópolis foi exatamente duas semanas antes do acidente que acarretou a morte dos meus pais. Observo meus alunos com atenção na tentativa de dissipar os sentimentos desagradáveis do meu coração. Alguns dos rostinhos estão felizes, enquanto outros seguem adormecidos, mas vê-los passando por essa experiência desperta felicidade no meu interior. — Tia Clari, falta muito? — Bárbara que segue ao meu lado pergunta com a voz sonolenta. Afago seus fios antes de lhe responder. — Um pouco… continua dormindo e quando chegarmos eu te acordo. — minha a
Clarisse GrigioMeus olhos quase saltaram ao perceber que Alfonso estava diante da porta do meu quarto. Observo sua mão sobre a chave fixa na maçaneta da porta diante de mim, sendo um sinal de que ele estaria hospedado no mesmo local que eu.— Senhorita Grigio. — Alfonso proferiu encarando os meus olhos. Sua voz soou despretensiosamente, como se houvesse cansaço em seu corpo ou falta de entusiasmo em suas ações.— Senhor Albuquerque. — sem emoção o cumprimentei.O par índigo oscilou do meu rosto até os meus pés, só então me dei conta do que havia acontecido.— Meu Deus. — exclamei recolhendo a cesta junto os itens espalhados pelo chão. Houve um longo silêncio entre nós.Reorganizei os itens na cesta com rapidez.Os sapatos de Alfonso mantiveram-se dentro do meu campo de visão, porém, não se moveram como eu imaginava. Pelo contrário, parados eles permaneceram até eu retornar a minha postura à posição anterior e novamente, Alfonso e eu, nos encaramos.— Vejo que chegou em segurança. —
Clarisse Grigio “Isso realmente está acontecendo?” — minha mente me sonda pela centésima vez, uma pergunta na qual não sou capaz de responder. Desde o começo estava fadada a encontrar-me com Alfonso durante essa viagem? Não! Essa é apenas mais uma das infinitas coincidências que evitarei no futuro. Desvio do meu olhar de Alfonso que permanece de pé próximo da escadaria do hotel. Mesmo distante é nítido o brilho das suas safiras. Olhos estes que insistem em reivindicar minha atenção, porém evito encará-lo uma segunda vez. — Clarisse. — a mão de Luana toca meu braço chamando minha atenção — Você está bem? — assenti. — Estava pensando em algo. — retruquei forçando o melhor dos meus sorrisos. — Seu casamento, eu aposto. — menti, assentindo com fervor — Tenho certeza que você ficará linda no seu vestido de noiva. Já está tudo pronto ou falta algo? — Não falta nada. — vasculhei os detalhes em minha mente — Tudo está praticamente pronto, na realidade, só falta chegar o dia da
Alfonso Albuquerque Encaro o cenário diante dos meus olhos, satisfeito com o resultado. — Primo? — Eduardo, meu primo e proprietário do hotel me encara com um sorriso malicioso nos lábios. — Estou em dívida contigo. — Eduardo assentiu acendendo o cigarro em seus lábios. Seguimos até o interior do hotel, onde atravessamos uma passagem que dá acesso ao jardim interno do local. — Sabe que não existe isso entre nós. — assenti — Somos família. É verdade. Apesar da família não ser sinônimo de aconchego e harmonia, temos algo mais forte: lealdade. — Confesso que quando a minha secretária me informou o seu pedido, cogitei ligar para o meu tio e descobrir em qual clínica você havia sido internado. — a fumaça dos lábios de Eduardo encontrou o ar sobre nossas cabeças — Porém… vendo com os meus próprios olhos, compreendo as suas ações. Deslizo as mãos até os bolsos da minha calça e minha sobrancelha se ergueu em desafio. — Ela é uma beleza. — Eduardo acrescentou. — Não repita isto! — o