Alfonso AlbuquerqueA rejeição é um sentimento difícil de ser digerido. E agora, infelizmente sigo mediante as ondas desse conflito, na qual, apenas uma pessoa podia sanar.— Clarisse. — seu nome é projeto junto a fumaça do meu charuto.Quero esta mulher.É o único pensamento que reside em abundância na minha mente.No momento em que pus os meus olhos nela, sabia que a teria em meus braços, mas agora, esse desejo parece tão distante. Mesmo utilizando dos meus esforços, isso não parece alcançar a simpatia de Clarisse.Ao som de Chopin, a minha mente divaga e lentamente a lembrança de Clarisse começa a tomar forma em minha mente.O sorriso largo naqueles lábios pequenos no formato de coração faz surgir em meu peito o desejo de poder alcançar aquele sorriso. A sensação angustiante é como se o meu coração estivesse sendo envolvido por um emaranhado de ramos espinhosos, que pelo aperto, fazem o meu coração sofrer profundamente.Quando os seus olhos surgem e posso contemplar a profundidade
Clarisse Grigio A atmosfera de viagem estava presente em todos assim como em mim. Os sentimentos como ansiedade e desejo eram translúcidos nos olhos dos alunos, assim como nos meus. Fazer essa viagem de ônibus até a cidade de Petrópolis desperta muitos sentimentos em mim e um deles é a nostalgia. Contudo, assim como estar nostálgica fez reviver algo positivo, o sentimento negativo também se fez presente, pois na época em que fiz o passeio para Petrópolis foi exatamente duas semanas antes do acidente que acarretou a morte dos meus pais. Observo meus alunos com atenção na tentativa de dissipar os sentimentos desagradáveis do meu coração. Alguns dos rostinhos estão felizes, enquanto outros seguem adormecidos, mas vê-los passando por essa experiência desperta felicidade no meu interior. — Tia Clari, falta muito? — Bárbara que segue ao meu lado pergunta com a voz sonolenta. Afago seus fios antes de lhe responder. — Um pouco… continua dormindo e quando chegarmos eu te acordo. — minha a
Clarisse GrigioMeus olhos quase saltaram ao perceber que Alfonso estava diante da porta do meu quarto. Observo sua mão sobre a chave fixa na maçaneta da porta diante de mim, sendo um sinal de que ele estaria hospedado no mesmo local que eu.— Senhorita Grigio. — Alfonso proferiu encarando os meus olhos. Sua voz soou despretensiosamente, como se houvesse cansaço em seu corpo ou falta de entusiasmo em suas ações.— Senhor Albuquerque. — sem emoção o cumprimentei.O par índigo oscilou do meu rosto até os meus pés, só então me dei conta do que havia acontecido.— Meu Deus. — exclamei recolhendo a cesta junto os itens espalhados pelo chão. Houve um longo silêncio entre nós.Reorganizei os itens na cesta com rapidez.Os sapatos de Alfonso mantiveram-se dentro do meu campo de visão, porém, não se moveram como eu imaginava. Pelo contrário, parados eles permaneceram até eu retornar a minha postura à posição anterior e novamente, Alfonso e eu, nos encaramos.— Vejo que chegou em segurança. —
Clarisse Grigio “Isso realmente está acontecendo?” — minha mente me sonda pela centésima vez, uma pergunta na qual não sou capaz de responder. Desde o começo estava fadada a encontrar-me com Alfonso durante essa viagem? Não! Essa é apenas mais uma das infinitas coincidências que evitarei no futuro. Desvio do meu olhar de Alfonso que permanece de pé próximo da escadaria do hotel. Mesmo distante é nítido o brilho das suas safiras. Olhos estes que insistem em reivindicar minha atenção, porém evito encará-lo uma segunda vez. — Clarisse. — a mão de Luana toca meu braço chamando minha atenção — Você está bem? — assenti. — Estava pensando em algo. — retruquei forçando o melhor dos meus sorrisos. — Seu casamento, eu aposto. — menti, assentindo com fervor — Tenho certeza que você ficará linda no seu vestido de noiva. Já está tudo pronto ou falta algo? — Não falta nada. — vasculhei os detalhes em minha mente — Tudo está praticamente pronto, na realidade, só falta chegar o dia da
Alfonso Albuquerque Encaro o cenário diante dos meus olhos, satisfeito com o resultado. — Primo? — Eduardo, meu primo e proprietário do hotel me encara com um sorriso malicioso nos lábios. — Estou em dívida contigo. — Eduardo assentiu acendendo o cigarro em seus lábios. Seguimos até o interior do hotel, onde atravessamos uma passagem que dá acesso ao jardim interno do local. — Sabe que não existe isso entre nós. — assenti — Somos família. É verdade. Apesar da família não ser sinônimo de aconchego e harmonia, temos algo mais forte: lealdade. — Confesso que quando a minha secretária me informou o seu pedido, cogitei ligar para o meu tio e descobrir em qual clínica você havia sido internado. — a fumaça dos lábios de Eduardo encontrou o ar sobre nossas cabeças — Porém… vendo com os meus próprios olhos, compreendo as suas ações. Deslizo as mãos até os bolsos da minha calça e minha sobrancelha se ergueu em desafio. — Ela é uma beleza. — Eduardo acrescentou. — Não repita isto! — o
Clarisse Grigio“A Catedral de Petrópolis é uma igreja neogótica de cruz latina com transepto pouco pronunciado e três naves. A cabeceira possui um deambulatório conectado com a capela principal. A catedral mede em total 70 metros de comprimento e 22 metros de largura, com uma altura de 19 metros nas naves.” — exclamou o guia turístico.O dia havia começado como o planejado, iniciando o cronograma pelo Museu Casa de Santos Dumont, em seguida pelo Palácio de Cristal e por fim, a Catedral de Petrópolis, onde conforme seguimos o nosso roteiro de viagem, os alunos estavam cada vez mais entusiasmados pelas novas descobertas e momentos imortalizados pelas fotografias e filmagens.— Tia Clari. — Bárbara me chama segurando a barra do meu vestido xadrez. Encaro minha aluna que me observa com atenção — Tô com fome.Sorri afagando os seus fios dourados.— Nós já estamos finalizando aqui, você pode esperar mais um pouquinho? — pergunto com uma voz manhosa. Bárbara assenti sem se afastar da minha
Clarisse GrigioOlho em volta do local onde estamos e me surpreendo pela beleza do lugar. A música ambiente, comida e bebida formam um ambiente agradável, assim como o atendimento impecável pelos funcionários do lugar.Luana por fazer a reserva online, conseguiu uma mesa em um lugar privilegiado para nós duas no segundo andar do restaurante. Neste lugar, nós conseguimos visualizar o palco onde os músicos locais reversam e é onde também está localizado o bar com drinks distribuído por todo o ambiente.— E aí, o que achou? — Luana perguntou ingerindo a sua quarta bebida, desta vez uma de coloração azul com rodelas de abacaxi no topo.— Adorei. — fui direta puxando o líquido com o auxílio de um canudo, logo em seguida em meus lábios — O lugar é realmente lindo. — acrescentei entre os intervalos da bebida.Assim que chegamos há uma hora, a primeira coisa que fiz foi enviar mensagem para o meu irmão, Nicolas e Isabella que faltou borbulhar de ciúmes. Sua carranca aumentou quando enviei u
Clarisse GrigioSuspiro fundo tentando controlar os batimentos do meu peito.Assim como Luana, o meu rosto ficou rente ao piso, porém não entrou em atrito.Meus olhos vacilaram em busca do sentido para aquele estado, porém não foi nada simples de se encontrar resposta. Apesar da recepção do hotel ficar aberta vinte e quatro horas, as luzes da entrada se encontravam parcialmente acesas, esse detalhe ainda foi possível captar pelos meus olhos semi abertos.— Por gentileza, venha comigo, senhorita. — escutei a voz masculina ressoar no meu ouvido direito. Por mais que desejasse seguir aquela voz que levou minha amiga, não consegui me mover.— Por que não me levou também? — murmurei apoiando as mãos no piso da calçada à minha frente e me calei. Uma respiração quente e intensa fez contato com a pele exposta da minha nuca.Engulo seco tentando conter a ansiedade e o desejo de correr.Quem estava me mantendo naquela posição? Pensei, sentindo novamente a respiração quente na minha pele.— Não