Clarisse Grigio— Clarisse! — Isabella abriu os braços correndo na minha direção. O nosso abraço foi tão prazeroso que fez parecer que nós não nos encontrávamos há anos.— Isa… eu também senti saudades. — proferi quase sem fôlego pelo seu abraço de urso.— Vem! Eu estava esperando você chegar, tenho algo para te contar… — Isa proferiu com uma voz baixa e misteriosa.— Mas… e a livraria? Só tem nós duas aqui? — Isabella assentiu caminhando até a porta do local — Amiga, mas e os seus pais? — questionei preocupada. Mesmo que a loja seja um empreendimento pessoal, não quero que ela se prejudique com a minha presença.— Relaxa amiga, a loja é minha e eu fecho quando quiser. — Isabella retrucou piscando um dos olhos.Maneio a cabeça em sinal de negação, mas isso não é o suficiente para parar Isabella Baltazar. Após virar a placa indicando — fechado para almoço! — seguimos para o interior da livraria.— Como foi a viagem até São Paulo? Conheceu o seu honorável web namorado? — perguntei cheia
Alfonso AlbuquerqueCom um olhar desdenhoso, me encosto na parede, observando a cena diante de mim como um espectador entediado em um teatro de excessos.A atmosfera pulsa com a energia frenética dos corpos se entrelaçando, mas para mim, tudo não passa de um espetáculo repetitivo e previsível. A minha arrogância transborda em cada movimento, como se a minha simples presença fosse suficiente para elevar a banalidade da presente orgia a algo mais intrigante.Enquanto os gemidos e risos ecoam ao meu redor, eu me sento como um príncipe em um reino de plebeus, alheio à entrega desenfreada que me cerca, pois estou perdido em meus próprios pensamentos sobre o que realmente tem valor.Atravesso os corpos ao meu entorno, conforme caminho rumo a varanda do térreo. A lua resplandecente reina diante da noite profunda e estrelada. O céu em sua profundidade esconde a verdade escondida nas mentes dos meros mortais durante o crepúsculo.— Senhor. — a voz de Rys me desperta dos meus devaneios — Devo e
Clarisse GrigioA escuridão envolvia o meu corpo como um denso manto, e eu estava perdida em um pesadelo que parecia se estender para sempre. Corria por um corredor interminável, cada passo mais pesado que o anterior, enquanto a sensação de que alguém me seguia se tornava cada vez mais opressiva. Densas lágrimas escorrem por todo o meu rosto conforme o eco de passos atrás de mim ressoava em meus ouvidos e uma onda de pânico se arrasta pela minha espinha. O ar estava denso, quase impenetrável e o meu coração batia descompassado, como se quisesse escapar do meu peito. Eu olhava para trás, mas a escuridão parecia engolir tudo, impossibilitando ver quem — ou o que — estava me perseguindo. Então, de repente, um barulho ensurdecedor cortou a névoa do meu sonho, como um trovão em um céu claro. Meu corpo estremeceu, e eu acordei com um sobressalto, o coração ainda acelerado, enquanto o eco do estrondo reverberava em minha mente. O som vinha da sala, uma batida forte e insistente que me fez s
Nicolas AbreuO relógio na parede marcava os últimos minutos do meu expediente, e a luz suave do pôr do sol filtrava-se pelas persianas, lançando sombras longas sobre a mesa de trabalho. O cheiro do café frio ainda pairava no ar, misturado ao odor de papéis amarelados e a leve essência de notas de contabilidade, que sempre me lembravam dos dias intermináveis passados naquele escritório. Olhei em volta, observando o caos organizado de relatórios e formulários que dominavam minha mesa, cada um deles representando horas de trabalho árduo e a pressão constante de atender às expectativas do meu pai. Era um ambiente que, embora familiar, começava a se sentir sufocante, como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor. A ideia de deixar tudo isso para trás me fazia sentir uma mistura de alívio e culpa; enquanto muitos sonhavam em herdar o legado da família, eu ansiava por algo diferente, algo que me permitisse respirar livremente. Com um último olhar para a tela do computador, onde as
Clarisse Grigio Minha cabeça parece que a qualquer momento será arrancada por um algoz ou submergirei mar adentro, contanto, nenhuma dessas brilhantes possibilidades aconteceriam.— Cara… tô morrendo de dor de cabeça. — Gabriel resmunga sentado na mesa da cozinha. Os meus olhos se fixam na minha própria caneca de café, sem querer encarar ambos diante de mim.— Tem remédio na pia do banheiro. — digo sem tirar os dedos do meu celular. Gabriel se levanta levando sua xícara consigo, deixando para trás Nicolas e eu que nos mantivemos em silêncio.Depois da noite passada, foi impossível adormecer e agora, preciso encarar outro dia de trabalho. Seus olhos avermelhados não passam despercebidos por mim, mesmo que de soslaio eu o tenha reparado, não tenho coragem para iniciar qualquer diálogo ou muito menos perguntar qualquer coisa.Um longo silêncio pairou sobre nós. Nunca estivemos em uma situação como essa, contudo, hoje estamos sentindo o gosto amargo e a sensação cruel desta situação des
Clarisse Grigio— Por que você está tão desanimada hoje? — Isabella questiona enquanto almoçamos no interior da loja. Dou de ombros não querendo entrar em detalhes no assunto — Nicolas — com ela.Minha amiga suspirou revirando o macarrão em seu prato.No momento, tudo que menos desejo é pensar em Nicolas e nas suas palavras sobre a minha indagação.— Hello… terra chamando Clarisse. — Isa chama a minha atenção. Eu a encaro enquanto ergo um garfo significativo com massa em minha boca — Vai me dizer ou não o que está rolando? Dou de ombros fingindo não entender a sua pergunta. Isabella para de se alimentar, cruzando os dedos ela apoia os cotovelos na mesa.— O que foi? — pergunto enquanto mastigava o macarrão. Isa ergue a sobrancelha esquerda em sinal de desafio. Inquieta, ela umedece os lábios enquanto me encarava intensamente.— Você está me escondendo alguma coisa Clarisse Isabour da Fonseca Grigio. — reviro os olhos enquanto escuto o meu nome ser proferido, pois detesto quando pron
Clarisse Grigio“O nosso momento deve ser especial.” — Nicolas fez uma pausa para umedecer os lábios — “Eu não queria que um momento tão especial acontecesse trivialmente.”Exatamente, Nicolas tinha razão no seu argumento. Conforme as suas palavras se formavam, a minha mente refletia em plena concordância. Ainda assim, aparentemente aquelas respostas possuíam um significado oculto que eu não consegui identificar. Ou talvez, seja algo da minha mente conflituosa.“Estamos tão perto… não vamos nos precipitar logo agora que estamos prestes a nos casar. Eu te amo Clarisse e isso nunca irá mudar.” — Nicolas suspirou empurrando os fios da sua franja para trás. O sinal da escola havia tocado, mas o nosso diálogo estava longe de terminar.“Eu sei… ainda assim, me senti humilhada.” — murmurei recolhendo os meus pertences do seu veículo.“Sou o único culpado da provocação… eu te instiguei agindo precipitadamente e depois parti. Não pense que eu não sinta desejo por você, porque sinto e muito, m
Clarisse GrigioQuando o sábado finalmente chegou, muitas coisas haviam acontecido. O clima desconfortável entre mim e Nicolas havia se dissipado, sendo no final, culpa da ansiedade entre nós. Fitando o horizonte pela janela, fixo os meus olhos na estrada, pois há três horas eu e Isabella seguimos viagem dentro do seu SUV com destino a cidade de Niterói.— Beautiful girls… all over the world, i could be chasing. — com as mãos no volante Isabella cantarola por todo o caminho — But my time would be wasted, they got nothing on you, baby…— Nothing on you… baby. — acompanho utilizando meu inglês enferrujado do ensino médio.Seguindo as instruções do GPS, chegamos no horário previsto ao nosso destino, o SPA ROYALE, localizado na zona norte de Niterói. Assim que atravessamos as portas do SPA, um mundo de tranquilidade e luxo se desdobrou diante de nós, como se estivéssemos entrando em um santuário de serenidade. O aroma delicado de óleos essenciais e flores frescas envolvia o ambiente, e a