Alice sabia que trabalhar para Victor Lancaster, um CEO implacável e controlador, exigia disciplina. Mas ninguém a preparou para Valentina Lancaster. Esposa ambiciosa, dona de uma beleza e personalidade enigmática. Uma presença forte por onde passa, até mesmo impossível de ignorar. No começo, Alice achava que tudo não passava de charme inocente de uma mulher extrovertida. Mas, Valentina não fazia nada por acaso. Os toques sutis, os sorrisos carregados de segredos, entre olhares demorados… tudo nela era intenso, como uma fragrância marcante. Seria apenas assuntos de trabalho, provocação ou um convite silencioso para algo a mais? Alice tenta ignorar, mas Valentina sabia exatamente como dobrar vontades. E quanto mais ela se rende, mais percebe que está presa em algo maior — seria isso um possível triângulo de poder, desejo e manipulação, onde ninguém escaparia ileso? Victor estaria envolvido ou era mais uma vítima, o que ele fará? E, no final, quem realmente está no controle desse jogo?
Ler maisO telefone tocou três vezes antes de cair na caixa postal. Valentina apertou o celular com tanta força que seus dedos ficaram brancos. A voz automática soava como um ataque naquele momento. Ela desligou bruscamente, sentindo a pulsação acelerada.— Maldito, covarde! Onde tá se escondendo, miserável? — Suas palavras saíram entre dentes cerrados, com fúria.No meio daquele caos, saiu disparada da empresa. Os saltos ecoavam pelos corredores e os olhares curiosos dos funcionários foram ignorados. A raiva borbulhava dentro dela, como champanhe prestes a estourar. Quando atravessou a porta giratória de vidro, o pôr do sol parecia zombar do seu humor sombrio.Do lado de fora, ela ordenou que mandassem preparar imediatamente o jatinho. Iria para Genebra, necessitava ter uma conversa com seus pais. Mas, antes, precisava passar em casa. Carecia ver com os próprios olhos o marido. Encarar aquele cínico, sua expressão diante da descoberta.O carro deslizou pela avenida, enquanto seus dedos nervos
A água escorria em fios dourados pelo corpo de Valentina, a névoa do banheiro embaçando os contornos de seu reflexo no espelho de mármore. Seus dedos afundaram nos próprios ombros, marcando a pele alva enquanto revivia cada momento do iate.Victor dividido. Ruth abalada. Ela, radiante.Mas, apesar da vitória silenciosa, ainda não estava pronta para a catada final. Ainda não. Ela ainda queria se divertir mais, saborear o controle, como quem degusta lentamente um cálice de vinho. A adrenalina de manter tudo do seu jeito — o charme da conquista, os jogos de influência e poder — era mais prazerosa do que o próprio desfecho.O celular vibrou sobre a bancada de ônix. Uma mensagem de Carlito:"Precisamos te mostrar os planos para a sua festa. Na minha casa, às 21h".Valentina sorriu, enrolando a toalha em torno do corpo ainda úmido. Apagando as gotas do espelho embaçado com a palma da mão. Seu reflexo a devolvia: cabelos sedosos e molhados, olhos afiados como vidro quebrado, a marca de Victo
O iate balançava suavemente, mas o ar entre os três estava carregado de tensão. No meio daquele turbilhão de emoções, Ruth se via isolada, encurralada diante do mar revolto, como se ele refletisse o caos dentro de si. — Qual é a minha sentença por gostar de alguém comprometido?! — gritou, com os olhos marejados e a voz embargada. Valentina soltou uma risada debochada, cortante como lâmina. — Quer que eu te jogue no mar? Ou prefere um showzinho particular? Sei lá, podem dançar um tango pra mim... Seria bem romântico. Victor ficou perplexo. Aquela faceta de Valentina o desconcertava — era imprevisível, quase cruel. Ruth, porém, não se calou. — Eu não sou seu brinquedo, Valentina. Não vou me curvar aos seus caprichos. E não tenho medo de holofotes. Diferente de você... que precisa fingir amor pra conseguir atenção. As palavras cortaram fundo. Valentina tremeu por um segundo, mas ergueu o queixo, mantendo a pose. Victor tentou apaziguar.— Vamos dançar. Só pra mostrar que não é
O relógio ainda marcava nove horas da manhã quando as portas da Enterprise se abriram para o casal mais comentado dos últimos dias. Valentina surgiu imponente, em um vestido midi de linho que realçava sua silhueta, salto de couro preto e seu clássico óculos escuros, como se anunciasse um novo reinado. De mãos dadas com Victor, cada passo deles era seguido por sussurros e olhares disfarçados – ou nem tanto. A tensão no ar era nítida, não somente pelo poder que exalavam, mas por algo mais... havia algo diferente.Do outro lado do hall, Júlia arregalou os olhos, pulando para perto de Alice, que observava tudo com atenção.— Você viu isso?! — Sussurrou, com os olhos saltados.— Como não ver? — Respondeu Alice, ainda tentando processar a cena. — Se Dora estivesse aqui, com certeza teria alguma teoria maluca… e talvez certa.Valentina então puxou o braço de Victor, pedindo que ele esperasse um pouco. Ele assentiu, mas antes de seguir, se virou diretamente para Alice.— Preciso que chame Car
O céu de Madri começava a clarear. A luz filtrou pelas cortinas de seda, como fios de ouro derretido no quarto quando Victor despertou, sentando-se à beira da cama. Saiu com o olhar fixo para o celular. Estava decidido, dessa vez, não responderia à esposa.A notificação do vídeo dançando tango com Ruth já somava milhões de visualizações. Os comentários exaltavam a conexão entre eles, mas isso só o deixava mais confuso. Ele passou os dedos pelos cabelos, suspirando fundo a lembrança daquele momento.Ruth, havia acordado mais leve do que nunca. Ao abrir as cortinas do quarto, respirou fundo, observando a cidade que ainda despertava. Ela tocou os lábios, como se ainda sentisse o calor discreto da oportunidade que teve. Sorriu empolgada, mas o sorriso logo se desfez ao lembrar da sua prima.Horas depois, no café da manhã servido
O Palácio de Cibeles brilhava como uma pintura renascentista viva. Victor e Ruth haviam embarcado para Madri para participar da premiação internacional do setor empresarial. Era uma daquelas noites memoráveis que pareciam suspensas no tempo. O salão estava deslumbrante, repleto de figuras ilustres, jornalistas, flashes e muita sofisticação.A mulher estava estonteante. Usava um vestido longo, modelo sereia, feito em renda negra, com detalhes em cristais bordados à mão. O decote em V valorizava seu colo com elegância, e o coque sofisticado deixava seu pescoço ainda mais esguio, enquanto os brincos de diamante balançavam suavemente, capturando a luz. Exalando confiança e beleza. Victor, por sua vez, trajava um smoking azul-marinho quase negro, contrastando com seus olhos.Os dois formavam um casal visualmente impactante. Durante a cerimônia, cumprimentaram convidados e participaram das entrevistas protocolares. Mais tarde, a orquestra começou a tocar "Por Una Cabeza" e as luzes baixaram
A tarde, na sede da VIVA, estava tranquila, o tipo de silêncio que precede uma tempestade. Alice chegou esperando encontrar Valentina no escritório, como de costume. Mas a cadeira da presidente estava vazia, como se ninguém a tivesse usado. Então, correu os dedos sobre a mesa limpa, sem a habitual bagunça de papéis e canetas esquecidas. O computador estava no lugar, mas ao tentar ligá-lo, deparou-se com uma tela de senha modificada.Acesso restrito - V.V. exclusivo.Alice foi até Dora, que sempre sabia de tudo antes de qualquer pessoa ali. Então, percorreu o corredor vazio até a recepção:— O que aconteceu com Valentina? — Perguntou, tentando disfarçar a inquietação.Dora, sem tirar os olhos da tela, respondeu:— Não apareceu hoje. Também não deu nenhum aviso. — Fez uma breve pausa. — O que é bem estranho, já que a agenda dela estava cheia.— Ela não deixou recado? Nada?— Não, amiga. Sem nenhum aviso!Alice franziu a testa. A chefe era muitas coisas, mas nunca negligente com o trabal
Alice entrou apressada na recepção da Enterprise, como de costume, carregando alguns papéis e a mente mergulhada nos relatórios e reuniões que teria durante o dia. Mas, ao erguer os olhos, foi como se o tempo tivesse parado por alguns segundos. Sentados, lado a lado, no confortável sofá azul-acinzentado, aguardavam duas pessoas.Um deles, com cabelo castanho meio bagunçado, expressão relaxada e um leve sorriso brincando no rosto, era inconfundível, Benício. Aquele que, deveria estar ajudando o pai na oficina mecânica da família, ajustando motores e rindo com os colegas entre graxas e peças enferrujadas. Ela parou no meio do saguão. Atônita. A pasta quase escorregou de suas mãos.— O que você tá fazendo aqui? — Perguntou, tentando manter o tom baixo, mas a urgência na voz a traiu.Benício levantou os olhos do celular com um sorriso largo, esperando claramente por aquela reação. Estava à vontade, com jeans escuros, tênis limpos e uma camisa de linho branca.— Ué, vim trabalhar! — respon
O sol da tarde derramava seus últimos raios dourados sobre os campos da fazenda Lancaster quando Saulo sumiu na estrada, levantando uma poeira que contrastava com o brilho impecável dos carros de luxo no pátio. Alice acenou pela janela do carro de Rique, seu sorriso ainda visível mesmo à distância. Assim que o portão se fechou, o clima começou a mudar, como se alguém tivesse desligado um interruptor de polidez. Silvana, enfim, soltou um longo suspiro e sentou-se no sofá, como se tivesse acabado de livrar-se de um fardo. Seus dedos, adornados por anéis massageavam as têmporas com movimentos circulares precisos.— Eu já não estava mais aguentando isso — murmurou, ajeitando os cabelos. — Quatro horas e vinte e sete minutos. Um novo recorde de tortura.Valentina surgiu com um sorriso modesto se formando em seus lábios. Ficou parada, próxima ao aparador de bebidas, rodando um martini entre os dedos. O gelo tilintava contra o cristal como um metrônomo marcando o fim da farsa.— Mãe, você m