Aria Sanchez sempre foi uma assistente pessoal dedicada, escondendo seus sentimentos pelo chefe, Alexandro Barroso, um CEO arrogante e intransigente. Mas tudo muda quando um acidente de carro os deixa feridos e Alexandro, sem memória. Sozinha no hospital, Aria, desesperada para ajudá-lo, se passa por sua noiva para obter informações sobre seu estado de saúde e garantir que ele não fique sozinho. No entanto, a mentira se torna um fardo insustentável, e a descoberta de sua gravidez só complica ainda mais a situação. Alexandro pode não se lembrar do passado, mas duas certezas o assombram: ele sempre foi um solteiro convicto e sente uma atração irresistível por Aria. Para piorar, a proximidade dela com Adriano Pérez, seu sócio e amigo de confiança, desperta um ciúme incontrolável, e quando ele por acidente descobre que Aria está grávida, o que o leva a suspeitar que o filho que Aria espera pode ser de Adriano. Enquanto Adriano investiga a sabotagem que causou o acidente e o desfalque milionário na empresa, Alexandro se vê cada vez mais perdido entre a falta de memória, os sentimentos intensos por Aria e a raiva causada pela dúvida sobre a paternidade. Aria precisa tomar uma decisão: revelar a verdade e contar a Alexandro que está grávida e arriscar tudo por esse amor ou partir em segredo? Em meio a segredos, desejo, ciúmes e desconfiança, Alexandro e Aria caminham por um fio. Mas como decidir o futuro quando o passado é um mistério e o presente, uma tempestade de emoções? Aria suportará toda essa pressão? O que terá o destino reservado para eles? Como poderá Alexandro decidir seu futuro se não recorda seu passado? Qual será o preço de seu esquecimento?
Ler maisEntre Girassóis e PlanilhasAcordo antes mesmo do canto do galo, como se o sítio já soubesse que hoje seria um dia especial. Espio pela fresta da janela e vejo os primeiros raios de luz atravessando as nuvens, iluminando o campo. Meu coração se enche de gratidão. Desço as escadas com cuidado para não acordar Julian, mas ele já está sentado no degrau, brincando com uma pequena pá de plástico e observando os girassóis que plantamos na semana passada. Seus olhos castanhos brilham quando me vê:— Mamãe! Dormi pensando no sol que vai ajudar as plantas a crescer.— Bom dia, meu amor respondo, pegando-o no colo. — Hoje eles vão receber água fresquinha.Sentamos lado a lado na soleira alguns minutos beijo suas bochechas com vontade de apertá-las mas sei que Julian não gosta pois diz que já é um homenzinho e não um bebê. Juntos, seguimos pelo caminho de pedra até o canteiro. Ele segura o regador amarelo com sua pouca força infantil e, com as duas mãos, molha as mudas que começam a formar
Rotinas e Pequenas AventurasAcordo com o som distante de galinhas espalhando penas pelo quintal. Abro os olhos num instante e percebo que Julian já está acordado desde cedo, provavelmente explorando o mundo antes mesmo de mim. Saio do quarto e o encontro sentado na soleira da porta, observando o pátio com o rostinho sonolento iluminado pelos primeiros raios do sol.— Bom dia, meu tesouro, agachando-me para cruzar olhares com ele.— Bom dia, mamãe, bocejando Julia me pede. Posso ver as galinhas?— Claro, vamos juntos, atendo ao pedido.Ele segura minha mão e, calçando suas botas coloridas, me acompanha até o galinheiro. Ali, ele cumprimenta cada ave como se fossem velhas amigas:— Bom dia, Dona Penélope! Oi, Dona Gertrudes! E estende migalhas de pão que guardamos para elas.Observo a alegria simples em sua carinha quando as galinhas ciscam ao seu redor. Eu, que antes vivia trancada em escritórios e planilhas, agora faço parte de uma rotina que inclui entrega de ração, recolha de o
Dias de HarmoniaO sol invade a varanda do sítio como um abraço caloroso. Já se passaram quase quatro anos desde que Julian nasceu, e cada manhã aqui tem um sabor de plenitude. Estou sentada na cadeira de balanço, segurando minha caneca de café, enquanto o cheiro forte e doce do café fresco se mistura ao perfume do manjericão e das margaridas recém-floridas. Julian aparece na porta da cozinha, ainda de pijama, com os olhos castanhos do papai: brilhantes, curiosos, cheios de ternura.— Mamãe, já fez meu mingau? Ele pergunta, a voz suave, puxando meu avental.— Quase pronto, meu amor. Respondo, sorrindo. Levanto-me devagar, sentindo a brisa matinal acariciar minha pele. Enquanto coloco o mingau na panelinha colorida que ele tanto adora, logo me vejo a alegria simples estampada em seu rosto quando vejo o sorriso no canto de sua boca.— Obrigado, mamãe! Ele fala, pegando a colher com cuidado e experimentando um pouco, franzindo o cenho antes de fechar os olhos de prazer.Observo-o co
O lar que renasceFinalizo os últimos detalhes com um misto de cansaço e alegria que me inunda o peito. Almofadas novas enfeitam o sofá da sala, tapetes lavados repousam impecáveis no chão, e lençóis frescos, com o suave aroma de lavanda, acariciam a cama. Cada objeto cuidadosamente colocado me faz sentir que a casa, antes desolada, agora pulsa com a vida que escolhi reconstruir. O sítio exala um cheiro acolhedor lavanda, bolo recém-assado e a memória de dias melhores e, por um breve momento, posso acreditar que o lar que sempre desejei está se tornando realidade.Hoje, decidi comemorar de maneira simples: Cozinhei um prato modesto, um arroz soltinho, legumes coloridos e um frango assado que encheu a cozinha com seu aroma caseiro.Sentei-me à mesa sozinha, sozinha não! A criança em meu ventre me faz companhia, não me sinto só! Cada mordida era um lembrete de que a vida se refaz, que os sabores do passado misturam-se aos novos para compor o futuro que estou construindo. Enquanto
A reconstrução do ninhoHoje, com as mãos firmes e o coração pulsando de expectativa, começo a montar os móveis do quarto do bebê. Cada peça que encaixo é mais que madeira e parafusos, é um símbolo do recomeço e da minha determinação de criar um ambiente seguro e repleto de amor para o meu filho. O berço que escolhi é branco, simples, mas lindo, e representativo da pureza com a qual desejo que ele viva. Montá-lo sozinha é um desafio que abracei para provar a mim mesma que sou capaz, que consigo reconstruir a minha vida tijolo por tijolo, mesmo quando a solidão insiste em bater à porta.Enquanto seguro cada tábua e parafuso, lembro-me da época em que meus pais passavam horas organizando os cômodos com uma ternura que parecia mágica. O berço branco me remete a esses momentos, onde o amor se fazia presente em cada gesto e em cada detalhe. Quando finalmente consigo colocar todas as peças no lugar, respiro fundo, sentindo uma onda de alívio e orgulho. E logo, posiciono-o cuidadosamen
Paredes com vozHoje é dia de pintura, um ritual que transformará não só as paredes deste lar, mas também as marcas que o tempo e a dor deixaram em mim. Acordo com o som suave da chuva lá fora, como se o céu soubesse que eu precisava de uma bênção para este dia. Carrego na alma a esperança de que cada pincelada seja um novo começo, uma forma de dar voz às histórias que aqui residem.Enquanto preparo as paredes, coloco uma playlist antiga. Canções que minha mãe ouvia enquanto limpava a casa.Mas é impossível não lembrar das palavras de Alexandro: "Como posso confiar em você agora?" Ele me julgou antes de ouvir. Não viu meu medo, nem minha luta para protegê-lo. Isso me dilacera. Enquanto preparo as paredes, coloco uma playlist antiga. As canções, aquelas que minha mãe sempre ouvia enquanto limpava a casa, embalam meus passos e me fazem sentir que não estou sozinha, que a memória dela está aqui comigo, guiando minha mão.Comprei latas de tinta novas, rolos e pincéis; cada item pare
A alma da casaMais um dia nasce e com ele a determinação de recomeçar. Levanto-me cedo, com o coração ainda acelerado pelas recordações que a reforma do sítio tem me trazido, e sigo para a cozinha, o centro pulsante deste lar que lentamente ganha nova vida.A cozinha, o lugar onde tantos momentos de ternura e partilha aconteceram, apresenta-se diante de mim em seu estado crú. O fogão enferrujado, que antes era mero coadjuvante nas manhãs caóticas, agora clama por renascimento. Com a escova de aço firme em minhas mãos, começo a trabalhar; raspo com paciência o descaso de anos de abandono. Cada movimento é feito com cuidado, como se minha mãe, com seu toque delicado, estivesse me ensinando a importância de cada gesto. Troco os antigos puxadores dos armários por novos, de cerâmica com pequenas flores azuis, escolhidos a dedo para relembrar as cortinas que ela tanto amava. Lavo cada prateleira minuciosamente, e a pia, antes opaca e manchada, volta a brilhar, como se refletisse a pr
Retirando as sombrasO dia amanhece com um céu nublado, mas a luz que entra pelas janelas do sítio é suficiente para me empurrar do sofá. Minha primeira tarefa é simples, mas simbólica: Abrir todas as janelas da casa. Deixo o vento entrar, correr pelos cômodos como se levasse embora os fantasmas do passado. Há algo de libertador nesse gesto.O jardim está tomado por ervas daninhas. Caminho entre os canteiros que, um dia, foram repletos de ervas e flores. Minha mãe tinha mãos mágicas para a terra. Passo os dedos sobre a terra seca e começo a arrancar as primeiras invasoras. Cada puxada é uma forma de limpar não só o jardim, mas meu coração.Lembro de Alexandro enquanto arranco as raízes mais profundas. Suas palavras ainda ecoam, cortantes: "Você esconde algo de mim, Aria." Não era verdade. Mas ele escolheu duvidar, escolheu virar as costas quando eu mais precisava. O peso disso ainda me esmaga.Passo o dia limpando. Varro folhas secas, retiro entulhos que se acumularam com o tempo.
Chegando Apesar da dor e da saudade que carrego, sinto uma centelha de esperança.O sítio será nosso refúgio, nosso lugar para recomeçar. E, pela primeira vez em muito tempo, acredito que isso pode dar certo.Abro a porta da casa com as mãos trêmulas. A madeira range sob a pressão, como se estivesse despertando de um longo sono. O cheiro de lugar fechado mistura-se ao leve aroma das lembranças que ainda parecem impregnadas nas paredes. É como se o tempo tivesse parado, deixando vestígios de risadas, histórias e do amor que moldou minha infância.Entro devagar, meu coração acelerado, e fecho a porta atrás de mim. A sala de estar é o primeiro cômodo que vejo, e, apesar da poeira e do desgaste, ainda reconheço cada detalhe. O sofá antigo que minha mãe tanto amava está ali, coberto com um lençol branco. A lareira de pedra, onde passávamos noites frias conversando e ouvindo histórias do meu pai, parece exatamente como eu me lembrava. Caminho até lá, passando os dedos pela superfície á