CAPÍTULO 7

O Capotamento 

Alexandro.

A sensação de velocidade é como um turbilhão, o vento cortando meu rosto enquanto os pneus do carro grudam na estrada. Tudo parece normal, até que a freada, de repente, se torna uma necessidade desesperadora. 

O pedal afunda no chão, mas o carro não responde. O freio falhou. O pânico é instantâneo, e um grito de desespero escapa dos meus lábios.

Tento controlar o volante, mas é inútil. O carro continua deslizando descontrolado pela pista, as rodas girando sem freno, a estrada embaçada pela velocidade e pela iminência do impacto. 

O carro começa a virar, primeiro de leve, depois com força, e o som de lataria se retorcendo e os pneus rangendo é ensurdecedor. Cada segundo é uma eternidade. 

Eu tento segurar no volante com toda a força que tenho, mas nada pode impedir o capotamento que parece inevitável.

O carro gira de forma violenta, uma espiral de metal e vidro quebrando. O som de estilhaços me atinge em cheio, mas não tenho tempo de reagir, nem de me proteger. 

A cada volta, a sensação de perda de controle aumenta, e o mundo se torna um turbilhão de sons e imagens distorcidas.

 O vidro estilhaçado se espalha pelo interior do carro, como se estivesse em câmera lenta, cortando minha pele enquanto tudo ao redor se torna um caos.

A lataria amassada ecoa no meu cérebro, a força do impacto me fazendo ser atirada para o lado, meu corpo batendo contra o cinto de segurança e contra os painéis. O barulho do carro capotando é ensurdecedor, um estrondo que parece nunca ter fim. Meu último pensamento é se Aria está ferida, e a escuridão me engole. 

Aria

O cheiro de combustível começa a invadir o ambiente, uma mistura de metal retorcido e o vapor quente que sobe da lataria amassada. 

Um calor crescente toma conta de tudo, e minha mente grita, alertando para o perigo iminente.

Quando o carro finalmente para de girar, o mundo ao meu redor ainda parece rodar. Meus olhos tentam focar, mas tudo é uma mistura de flashes e dor.

 O estômago revirado, a cabeça latejando. Sinto uma pressão crescente na testa e, quando levo a mão até lá, encontro o sangue escorrendo. 

A dor me atinge em ondas, e por um momento me sinto desorientada.

O som do carro desligando é uma tentativa desesperada de voltar ao silêncio, mas o que se segue é o caos. 

Meu primeiro instinto é olhar para Alexandro, e quando vejo, ele está ali, imóvel, o corpo caído contra o assento, com a testa ensanguentada. 

O pânico me invade, e grito seu nome, mas ele não responde. Meu coração dispara e, com a mente nublada pela dor, me esforço para agir.

O cheiro de gasolina fica cada vez mais forte, o risco de explosão parece real. A adrenalina corre nas minhas veias, me forçando a agir. 

Tento abrir a porta, mas está travada. Minha mão, trêmula e cheia de dor, procura desesperadamente pela chave, mas nada funciona. Olho para o lado e vejo uma ferramenta de emergência. 

Com um esforço imenso, consigo alcançá-la, e com o peso do corpo e a força da necessidade, bato contra o vidro do carro, quebrando-o em pedaços.

Os estilhaços caem ao meu redor, mas isso não importa. Com as mãos tremendo e o corpo pesado pela dor, eu saio do carro, sentindo cada músculo doer. 

Minha cabeça gira, mas a necessidade de tirar Alexandro daquele veículo me faz ir além dos meus limites.

 Com esforço, consigo abrir a porta do motorista. Ele está ali, imóvel, e a dor no meu peito aumenta.

A cada segundo, a ansiedade cresce, e o desespero toma conta de mim. Eu não posso deixá-lo ali, exposto ao risco. 

Com as mãos trêmulas, puxo seu corpo, e, com um esforço sobre-humano, arrasto-o para longe do carro. 

Cada passo parece uma eternidade, minha visão embaçada, o cansaço tomando conta de mim. Mas eu não posso parar. Não agora. Não quando ele precisa de mim.

Quando finalmente chegamos a uma distância segura, meu corpo parece desmoronar, mas eu sei que preciso fazer mais. Tiro o celular do bolso da calça e com o celular nas mãos, ainda trêmulas, ligo para a emergência, minha voz rouca e desesperada.

–Por favor, preciso de ajuda, tivemos um acidente na BR. Minha voz falha, mas eu tento transmitir toda a urgência.

Eles respondem rapidamente, e em poucos minutos, posso ouvir a sirene da ambulância. O alívio vem de forma lenta, mas necessária. 

A ambulância chega, e os paramédicos começam a agir rapidamente, imobilizando Alexandro com cuidado. Eles me prestam os primeiros socorros, mas, mesmo com o atendimento, minha mente está focada em Alexandro.

Quando finalmente somos levados para o hospital, a sensação de impotência ainda me corrói. Não sei o que vai acontecer, mas não posso deixar de me preocupar com ele. 

O tempo parece arrastado enquanto ele é levado para o atendimento, e eu sou direcionada para outro setor.

 Os paramédicos continuam trabalhando, e eu tento, com todas as minhas forças, controlar o medo que consome meu peito.

No hospital, sou atendida rapidamente pela enfermeira, que começa a tratar dos meus ferimentos. 

Sinto uma dor insuportável na cabeça, mas é a preocupação com Alexandro que me faz perder o foco. Cada segundo longe dele é uma tortura.

O som das máquinas e das vozes médicas me atinge como um pano de fundo distante

enquanto eles trabalham. Eu só quero uma coisa. Saber se ele vai ficar bem!

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