Entre Olhares e SorrisosChego à empresa tentando esquecer o que aconteceu.Adriano já está na sala de reuniões, revisando alguns documentos. Quando me vê, sorri calorosamente.— Bom dia, Aria.— Bom dia, Adriano. Alguma novidade?— Sim, estamos fechando uma parceria importante. Se tudo correr bem, Alexandro vai ficar satisfeito quando voltar.Dou uma risada.— Ou talvez ele reclame só para manter a pose.Adriano ri junto comigo. Trabalhar com ele é fácil, leve. Diferente da tensão constante que sinto com Alexandro, pois tenho que passar todo o tempo me policiando para esconder meus sentimentos por ele.Passamos a manhã organizando os contratos e alinhando detalhes do projeto. Às vezes, nossos olhares se cruzam e percebo o quanto ele é gentil, respeitoso, completamente diferente do homem que me chama de "noivinha" com deboche.Mas, de alguma forma, a lembrança de Alexandro nunca me deixa completamente.O escritório está tranquilo nesta manhã. A luz suave do sol entra pelas enormes j
A ExplosãoNo fim do dia, volto para casa esperando ter um pouco de paz. Mas assim que entro na sala, vejo Alexandro me esperando.Ele está sentado, segurando um copo de uísque, com uma expressão séria.— Como foi o dia? Ele pergunta casualmente, mas seu olhar diz outra coisa.— Cansativo.— Imagino. Trabalhar ao lado de Adriano deve ser muito desgastante. Ou será que foi divertido?Suspiro, irritada.— Alexandro, por que você está insistindo nisso?Ele se levanta devagar, se aproximando.— Porque não gosto do que vejo. Não gosto de ver minha noivinha tão à vontade com outro homem.Minha paciência se esgota.— Você está sendo ridículo! Nós trabalhamos juntos!— Será? Porque da forma como você sorri para ele, parece mais do que isso.Me aproximo dele, os olhos fixos nos seus.— E se fosse? Você não tem direito de sentir ciúmes. Você não me quer, Alexandro. Você só quer me controlar.O silêncio entre nós é pesado. Então, ele solta um riso baixo e sarcástico.— Talvez você esteja certa.
Confissões com CatarinaNo dia seguinte, Catarina percebe que estou inquieta e me chama para conversar.— Você e meu irmão estão em guerra, né?Solto uma risada sem humor.— Ele me enlouquece.— Mas você se importa.Engulo em seco.— Não quero me importar.Ela me observa por um momento antes de sorrir.— Alexandro nunca foi bom em demonstrar o que sente. Mas se tem uma coisa que eu sei, é que ele não age assim sem motivo.— E qual motivo seria esse?Ela apenas sorri.— Talvez ele esteja descobrindo que não quer perder você.Meu coração dispara. Mas eu não posso, não devo acreditar nisso.No dia seguinte, Catarina percebe minha inquietação antes mesmo que eu possa disfarçar.— Você e Alexandro estão em guerra, né? Ela comenta com um sorriso conhecedor, servindo duas xícaras de chá.Solto uma risada sem humor, aceitando a minha.— Ele me enlouquece.— Mas você se importa.Engulo em seco, desviando o olhar.— Não quero me importar.Catarina se recosta na cadeira, me observando como se e
A AproximaçãoNos dias seguintes, tento manter distância de Alexandro. Mas ele não facilita.Certo dia, estou na varanda quando ele se aproxima e se encosta no corrimão ao meu lado.— Planejando fugir, noivinha?Dou uma risada sarcástica.— Você me daria essa liberdade?Ele me olha intensamente.— Eu sei que sou difícil.Olho para ele, surpresa.— Isso foi uma tentativa de desculpa?Ele ri.— Não sou bom nisso.— Eu percebi.Ele me encara.— Mas estou tentando.E, pela primeira vez, vejo algo real nos olhos dele.Nos dias seguintes, tento manter distância de Alexandro. Mas ele não facilita.Ele está sempre por perto. Seja cruzando meu caminho na casa, sentando-se à mesa no mesmo momento que eu ou simplesmente observando quando acha que não percebo. E, se percebo, é porque ele quer que eu perceba.Hoje, estou na varanda, aproveitando um raro momento de paz, quando ouço passos atrás de mim. Meu corpo enrijece antes mesmo de me virar.Ele se encosta no corrimão ao meu lado, tão próximo q
O Beijo InesperadoUma noite, enquanto estamos na sala, uma discussão começa. Como sempre. Mas dessa vez, há algo diferente.— Você me provoca o tempo todo, Alexandro! Digo, exasperada.— E você gosta. Ele rebate.— Você é insuportável!— E você é irresistível.Antes que eu possa reagir, ele me puxa e me beija.O mundo desaparece. O tempo para.Quando nos afastamos, estou sem fôlego.— Isso... não devia ter acontecido. Murmuro, confusa.Ele toca meu rosto.— Mas aconteceu.E agora, eu não sei mais o que fazer.A noite está fria, e o silêncio na sala é apenas uma ilusão temporária. Sei que a tranquilidade nunca dura muito quando Alexandro está por perto.Estou sentada no sofá, tentando ler, mas sinto seu olhar sobre mim. Ele está encostado na lareira, segurando um copo de uísque. O brilho dourado do líquido reflete nas chamas, mas sua atenção está fixada em mim.— Desde quando você tem essa mania de ignorar as pessoas? Sua voz corta o silêncio.Solto um suspiro e fecho o livro com mai
Rastros de um Erro.AdrianoA casa de Alexandro está silenciosa quando chego. O sol poente lança ton dourados sobre a fachada imponente, e a brisa fria do fim da tarde agita as copas das árvores do extenso jardim. Seguro a pasta contra o peito, sabendo que a conversa que estou prestes a ter não será fácil.Sebastião, chefe de tecnologia e segurança da empresa, me recebe na porta.— Ele está no escritório. Contra as recomendações médicas, mas você o conhece...Eu conheço. Alexandro nunca foi de aceitar fragilidade. Desde que acordou após o acidente, sua frustração tem sido evidente. Ele não se lembra das últimas semanas antes do ocorrido, e isso o consome.O escritório exala uma austeridade que combina perfeitamente com ele. Móveis escuros de madeira nobre, prateleiras repletas de livros estratégicos e uma lareira apagada que parece tão fria quanto seu olhar nos últimos tempos.Ele está de costas para a porta quando entro, o olhar fixo na parede, os ombros ainda mais rígidos do que o
Ecos do PassadoAlexandroA ponta dos meus dedos desliza sobre os papéis espalhados na mesa, mas os números e nomes diante de mim são apenas borrões. Fecho os olhos, tentando forçar minha mente a preencher as lacunas das semanas que antecederam o acidente. Nada. Apenas um vazio irritante e claustrofóbico.— Os desfalques começaram pequenos. Adriano diz, sua voz firme, mas preocupada. — Depois do seu acidente, alguém ficou mais ousado.Meus olhos encontram os dele.— Você acha que eu estava envolvido?Ele não responde de imediato. O silêncio diz mais do que qualquer palavra.— Acho que alguém pode ter te manipulado. Você estava tocando o projeto dos hotéis com foco total. Pode ter assinado algo sem perceber.Fecho a mão em um punho, sentindo a tensão latejar em meu ombro lesionado.— Eu nunca cometeria um erro desses.Adriano se inclina sobre a mesa, os olhos analisando minha expressão.— Então precisamos descobrir quem fez isso.Respiro fundo e olho para o teto. Sinto um cansaço exau
Prisioneira do PassadoAriaO brilho da cidade se espalha pela janela do meu quarto, mas minha mente está longe dali. Está presa no passado, em uma noite que só eu lembro.Alexandro esqueceu.E isso me destrói.Eu aperto os lençóis entre os dedos, tentando conter as lembranças, mas elas vêm como uma tempestade, intensas e avassaladoras.A Noite Que Mudou TudoTínhamos acabado de fechar um dos maiores contratos da empresa. Um acordo que levaria nossa expansão para um novo nível. O clima era de vitória, e, por insistência dos outros executivos, saímos para comemorar.Uma boate luxuosa. Luzes pulsantes. Música alta. Taças tilintando.Eu me lembro do cheiro do uísque na pele de Alexandro, da forma como seus olhos estavam mais brilhantes do que o normal. Do jeito que ele me olhava naquela noite.Sempre houve algo entre nós, uma tensão elétrica, um limite invisível que nunca cruzamos. Mas naquela noite, embriagados pelo sucesso e pelo álcool, cruzamos sem hesitar.Ele não tirava os olhos de