O Peso do Silêncio AlexandroUma semana depois…O relógio marca exatamente oito da manhã quando a campainha toca. Respiro fundo antes de abrir a porta do escritório. Sei que preciso manter a postura, esconder o caos que minha mente se tornou.Adriano e Aria entram, cumprimentando-me com olhares cautelosos. Desde o acidente, as reuniões semanais têm sido um fardo. Não porque não confie neles, mas porque preciso fingir que tudo está sob controle. Fingir que me lembro das decisões que tomei antes de capotar aquele maldito carro.Aria deposita uma pilha de documentos sobre a mesa e cruza os braços.— Vamos direto ao ponto. O investimento nos hotéis está avançando, mas os fornecedores começaram a pressionar por pagamentos antecipados.Minha mandíbula se contrai.— E desde quando fazemos pagamentos antecipados?— Desde que você aprovou — Adriano responde, observando-me de perto.Meu sangue gela. Eu assinei isso? Tento vasculhar minha memória, mas não encontro nada além do vazio sufocante.
Sombras na EngrenagemAdrianoVolto para o meu escritório com os relatórios que levei para a reunião com Alexandro. Algo não bate. O dinheiro não desapareceu de forma aleatório.Há um padrão. Pequenos valores foram desviados ao longo de meses, sempre mascarados como pagamentos legítimos. Mas agora, com Alexandro afastado, a operação se tornou mais ousada.Abro a planilha mais uma vez, cruzando os dados. Empresas fantasmas, notas fiscais alteradas, transferências fracionadas. Quem fez isso sabe exatamente como ocultar rastros.Pego o telefone e ligo para Sebastião, chefe de tecnologia e segurança da empresa.— Preciso que você analise todas as transações financeiras dos últimos seis meses. Quero saber para onde foi cada centavo.Ele hesita.— Você acha que é algo interno?Respiro fundo.— Acho que estamos lidando com algo muito bem planejado.Após desligar, sinto um peso se instalar em meu peito. Isso não é só um erro de contabilidade. É uma engrenagem funcionando há meses, talvez ano
Ciúmes e Enganos.Alexandro.A manhã começa mais uma vez com aquela sensação sufocante de que não tenho controle sobre nada. As reuniões domiciliares se tornaram uma rotina insuportável. Enquanto Adriano e Aria discutem estratégias e relatórios, meu corpo se contorce com a crescente irritação. O que diabos eu estou fazendo aqui? Não me lembro de nada relevante, mas sou obrigado a fingir que tenho o controle total.Hoje, Aria parece ainda mais distante, focada demais nos papéis que apresenta e não me olhando diretamente. Minha paciência já está no limite.— Então, vamos começar, Adriano. O que temos aqui? Falo, a voz mais ríspida do que gostaria, forçando um controle que não sinto.Adriano responde sem hesitar, mas noto a tensão em seus ombros. Ele também está ciente de que algo não está certo, mas ainda não sabe o que exatamente.— Como já discutimos, o projeto dos hotéis está avançando. Mas precisamos tomar cuidado com os fornecedores. Eles estão começando a se sentir inseguros, e a
Engrenagens Quebradas e SegredosAlexandro Enquanto ela organiza seus papéis e se prepara para sair, percebo Catarina na porta. Ela parece preocupada, e algo no olhar dela me diz que ela sabe mais do que está revelando.As palavras caem como pedras na sala silenciosa. Aria sente seu rosto esquentar, mas nada diz. Ela apenas finge não se importar, mas por dentro está se destruindo. Ela quer gritar, quer sair dali, mas se mantém firme.Após a reunião, Alexandro se afasta para o quarto. Sua cabeça está cheia de frustração, mas algo na conversa ainda não sai de sua mente. Aria parece mais distante do que nunca, e isso o está corroendo por dentro. Ele não sabe o que está acontecendo, mas sabe que precisa controlar. Não pode deixar que ela e Adriano tirem ainda mais o controle de suas mãos.Mas o ciúmes, esse ciúmes que o consome, parece ser a única coisa que ele pode controlar.No andar de cima, Aria se sente cada vez mais desconfortável. Desde que começou a sentir os primeiros sinais d
Apoios Discretos e Tensões Crescentes AriaOs dias parecem pesar mais a cada encontro. Cada vez que vejo Alexandro, a sensação de sufocamento cresce dentro de mim. O ciúmes dele, embora disfarçado de arrogância e ironia, me deixa tensa e inquieta. Mas o pior é que eu não posso demonstrar fraqueza. Não posso.Ainda não contei a ninguém sobre a gravidez. O medo de Alexandro descobrir antes de eu estar pronta para falar me consome. Ele nunca quis filhos, aliás nunca quis nem família, sempre foi um solteiro convicto. Como vou contar que será pai, ele vai se sentir preso, acorrentado, e o amor que sinto por ele será ironizado e tido como ambição e ganância. E meu filho será nada menos que uma arma para prendê-lo e isso eu não posso permitir!E como se não bastasse, com tudo o que está acontecendo na empresa, não posso arriscar ser vista como uma distração. Não antes de eu ter certeza de que a situação está sob controle.Quando a reunião terminou, senti uma leve dor nas costas. Não po
O Peso do Amor e da Humilhação AriaO relógio da sala marca a madrugada, mas a insônia me acompanha como uma sombra persistente. Alexandro ainda não voltou para o quarto. Eu o vi, pela última vez, sentado na sala de estar, com os olhos fixos no celular. Não sei se ele está esperando algo, mas seu silêncio é mais ensurdecedor do que qualquer palavra. E eu? Estou aqui, no limiar de uma decisão que parece impossível.O amor que sinto por ele se mistura com a raiva, a frustração e a desesperança. Como posso amar alguém que constantemente me humilha? Como posso continuar desejando a atenção de um homem que só me vê como uma peça em seu jogo? Minha cabeça gira, e a sensação de que estou perdendo a razão se torna cada vez mais forte.Alexandro nunca foi fácil de lidar. Sua inteligência cortante, sua obsessão pelo controle, tudo isso sempre me fascinou e me assustou ao mesmo tempo. Quando nos encontramos, parecia que ele era o único capaz de compreender minha complexidade, minha ambiçã
A Revisão dos Arquivos AdrianoO ar na sala de reuniões está pesado, carregado de uma tensão que quase consigo cortar com as mãos. Alexandro e eu estamos sentados em frente ao grande escritório de madeira, ambos olhando para os arquivos espalhados sobre a mesa. O ambiente está silencioso, exceto pelo suave som da campainha do relógio na parede. Cada segundo parece se esticar como uma corda prestes a romper. Ele não diz nada, mas sua presença é sufocante. Eu sei que ele está mais atento do que nunca. Algo mudou nele desde o acidente. Algo que eu ainda não entendi completamente, mas que está claro: Ele está em busca de algo. Talvez a verdade. Ou a maneira de salvar a empresa.Ele pega o primeiro arquivo, com as informações mais recentes sobre os projetos dos hotéis, e começa a folhear as páginas sem pressa. Eu observo o movimento das suas mãos, a maneira como ele foca em cada detalhe. Não é como ele costumava fazer. Antes, ele estava confiante, totalmente no controle, sempre à f
O Peso do SilêncioÁriaA manhã começa como todas as outras, mas algo em meu corpo me diz que hoje será diferente. Eu acordo com uma sensação estranha, um desconforto leve, mas persistente, que parece estar se tornando parte de mim. Meu estômago está um pouco enjoado, mas não é só isso. Sinto uma fraqueza nas pernas, e uma espécie de fadiga que não consigo explicar. Sento na beirada da cama, passando a mão pela testa, como se estivesse tentando afastar o cansaço, mas é inútil. O calor no meu rosto aumenta, e eu respiro fundo, tentando me acalmar. Há algo que não está certo, e eu sei disso.Quando me levanto para ir até o banheiro, vejo no espelho os sinais da noite mal dormida:Olhos inchados, um cansaço visível no meu rosto. Tento ignorar, mas a sensação no meu corpo se intensifica. O enjoo parece piorar, e, por um momento, fico parada, tentando entender o que está acontecendo. Eu sei que algo está mudando dentro de mim, mas ainda não posso acreditar. Não posso mesmo. Eu… não pos