O Fogo do CiúmeAlexandroÁria não está em casa. Procurei por ela em cada canto, mas não há sinal algum. Uma inquietação crescente toma conta de mim, como uma tempestade se formando no horizonte. Tento dizer a mim mesmo que não é nada, que ela deve ter saído para algum compromisso qualquer, mas a ansiedade me corrói.Sento-me na sala, mas não consigo relaxar. Meu pé bate impacientemente contra o chão, e minha mente começa a imaginar cenários que não quero acreditar. Ela saiu sem dizer nada. Será que foi encontrar alguém? Será que tem outro homem?Essa ideia me deixa furioso. Sinto o sangue ferver em minhas veias, e meu coração acelera. A imagem de Ária, com seu jeito quieto e misterioso, torna-se ainda mais provocante na minha mente. Eu odeio o controle que ela tem sobre mim, o poder que exerce mesmo sem perceber.— Onde você está, Ária? Murmuro para mim mesmo, minha voz carregada de raiva e frustração.Cada minuto que passa é uma tortura. O silêncio da casa parece zombar de mim,
O Fogo do Ciúme.AlexandroA raiva queima dentro de mim enquanto ela sobe as escadas, como se tivesse ganhado alguma batalha que só ela conhece. Fico parado por um momento na sala, tentando recuperar o controle. Mas não consigo! A sensação de que estou sendo deixado de fora, de que ela esconde algo de mim, me consome.Olho ao redor da sala, o ambiente cheio de detalhes que sempre pareceram frios e impecáveis: O sofá de couro preto, os quadros abstratos nas paredes, a iluminação moderna. Agora tudo isso parece vazio, incapaz de conter a tempestade que estou sentindo. Minha mente está fixa nela, em Ária, e no que ela pode estar escondendo.Sem pensar muito, subo as escadas rapidamente. O corredor está mergulhado em uma penumbra, as luzes suaves do teto criando sombras nas paredes. Minha respiração está pesada quando chego à porta do quarto dela. Não bato. Simplesmente abro a porta com força, sentindo um impulso que não consigo controlar.Ária está de pé perto da janela, a luz fraca
O Peso da DescobertaÁriaO quarto está silencioso, exceto pelo som ritmado de sua respiração ao meu lado. O calor do corpo de Alexandro ainda me envolve, um lembrete vívido da intensidade do que acabamos de compartilhar. Meu coração está acelerado, mas não de medo ou ansiedade. É uma sensação de plenitude, algo que não sinto desde há noite que passamos juntos e que infelizmente Alexandro não se recorda por causa dessa amnésia.Enquanto a lua ainda ilumina parcialmente o quarto, me aninho mais perto dele, sentindo o peso de seu braço sobre minha cintura. O toque é firme, protetor, e por um breve momento permito-me acreditar que, talvez, possamos superar as tempestades que sempre ameaçam nos consumir.Meus pensamentos vagam enquanto olho para o rosto adormecido de Alexandro. Há tanto nele que poucos enxergam. Sob a fachada de arrogância e controle, há um homem vulnerável, ferido por tantas traições e perdas. Meu peito se aperta com a dor de saber que, mesmo agora, ele não confia c
O Confronto Final ÁriaO sol da manhã entra pelas cortinas entreabertas, aquecendo meu rosto e me despertando lentamente. Meus olhos piscam contra a luz suave, e por um momento esqueço todas as preocupações. O cheiro dele ainda está nos lençóis, um lembrete do quanto a noite passada foi intensa.Me estico na cama, um sorriso involuntário surgindo em meus lábios. Tudo parece mais leve, mais simples. Talvez, finalmente, estejamos começando a encontrar nosso equilíbrio.Então percebo a presença dele.Alexandro está sentado na poltrona, os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos unidas sob o queixo. Sua expressão é dura, impenetrável, e o ar na sala parece carregado de algo que não consigo identificar de imediato.— Bom dia! Digo suavemente, tentando aliviar a tensão que parece ter surgido do nada.Ele não responde. Seus olhos fixam-se nos meus, e vejo algo neles que faz meu coração parar.— Alexandro? O que houve?Ele se levanta lentamente, caminhando até a cama. Quando fala, sua vo
Despedidas AmargasÁria O som do motor do carro de Alexandro rasga o silêncio da manhã, e eu fico imóvel por alguns segundos. Meu coração parece estilhaçar-se com cada metro que ele se afasta. A respiração curta e entrecortada é o único som além do eco distante dos pneus no asfalto.Assim que não ouço mais o carro, pego o celular com as mãos trêmulas e disco o número de Adriano. Meu peito está tão apertado que mal consigo falar. Ele atende no terceiro toque.— Ária? A preocupação na voz dele me faz desabar.— Adriano...Tento me controlar, mas minha voz falha. — Eu, eu não posso mais.— O que está acontecendo? Fala comigo, Ária!Respiro fundo, mas as lágrimas não param. Olho ao redor do quarto, que agora parece uma prisão cheia de memórias que me sufocam.— Eu briguei com Alexandro. Ele acha...Minha voz quebra de novo, e eu preciso de alguns segundos para continuar. — Ele acha que o filho não é dele. Que eu o traí com você ou com Sebastião.Do outro lado da linha, Adriano fica em si
Despedidas Amargas 2ÁriaDirijo até um posto de gasolina e paro, a cabeça apoiada no volante. Respiro fundo, tentando acalmar o caos dentro de mim. O sítio. É para lá que vou. É o único lugar que faz sentido agora.Voltar para lá não será fácil. Vou enfrentar fantasmas do passado e dores que estão adormecidas, mas preciso fazer isso por mim e pelo meu filho. Ele merece começar a vida cercado de amor e paz, e, se Alexandro não pode oferecer isso agora, eu oferecerei o que for possível.Com o coração pesado, mas determinada, pego o celular e procuro a imobiliária que cuida do sítio desde a morte dos meus pais. Minha voz sai hesitante, mas firme o suficiente para expressar minha decisão:— Quero reabrir o sítio. Preciso dele novamente.Enquanto desligo, uma onda de alívio me atinge. Não é um alívio completo, pois a dor da separação e das palavras de Alexandro ainda está ali, latejando, mas é um começo. É o primeiro passo para um novo capítulo, por mais difícil que ele seja.O bebê dentr
Raiva e Reconciliação InterrompidaAlexandroA estrada parece interminável. O asfalto se estende diante de mim como uma linha sem fim, cercado por campos verdes e montanhas à distância. Mas não presto atenção em nada disso. Meu peito queima com uma raiva que nunca senti antes. Raiva de mim mesmo!Dirijo como um louco, o motor do carro rugindo enquanto eu acelero mais e mais. Tudo o que consigo pensar é na traição, na mentira. A imagem de Ária chorando não sai da minha cabeça, mas eu não consigo sentir empatia. Só raiva.Quando chego à casa de Adriano, estaciono o carro de qualquer jeito e desço, batendo a porta com força. Entro sem bater, a fúria me guiando. Ele está na sala, tomando um café, e levanta os olhos surpreso ao me ver.— Alexandro? O que...Não deixo que termine a frase. Atravesso a sala em passos largos e o esmurro no rosto com toda minha força. Ele cai para trás, o café se espalhando pelo chão.— TRAIDOR! — Grito, a voz ecoando pela sala.Adriano se levanta cambaleando,
O Começo de uma Busca.Levanto-me abruptamente, andando de um lado para o outro. Preciso encontrar uma maneira de corrigir meus erros, de reconquistar Ária. Mas como? Onde ela está? Será que ainda pensa em mim, sente minha falta?Pego o celular, hesito por um momento, e então discuto com Adriano. Sua voz do outro lado da linha é fria, distante:–Alexandro, você está ferrado. Jogou tudo fora por causa do seu ciúmes e arrogância.As palavras dele são duras, mas merecidas. Eu destruí tudo o que construímos. E agora, estou sozinho, cercado apenas pelas sombras de minhas próprias ações.Catarina entra na sala, seus olhos vermelhos de tanto chorar. Ela se aproxima de mim, hesitante.—Alexandro, eu, eu queria tanto carregar o filho dela nos braços. Ver vocês dois felizes. Mas você errou, errou feio. Fala ela deixando uma bandeja sobre a mesa e se retirando em seguida.Suas palavras são um golpe a mais em meu coração já partido. Eu a magoei também. Todos ao meu redor estão sofrendo por