O Peso da DescobertaÁriaO quarto está silencioso, exceto pelo som ritmado de sua respiração ao meu lado. O calor do corpo de Alexandro ainda me envolve, um lembrete vívido da intensidade do que acabamos de compartilhar. Meu coração está acelerado, mas não de medo ou ansiedade. É uma sensação de plenitude, algo que não sinto desde há noite que passamos juntos e que infelizmente Alexandro não se recorda por causa dessa amnésia.Enquanto a lua ainda ilumina parcialmente o quarto, me aninho mais perto dele, sentindo o peso de seu braço sobre minha cintura. O toque é firme, protetor, e por um breve momento permito-me acreditar que, talvez, possamos superar as tempestades que sempre ameaçam nos consumir.Meus pensamentos vagam enquanto olho para o rosto adormecido de Alexandro. Há tanto nele que poucos enxergam. Sob a fachada de arrogância e controle, há um homem vulnerável, ferido por tantas traições e perdas. Meu peito se aperta com a dor de saber que, mesmo agora, ele não confia c
O Confronto Final ÁriaO sol da manhã entra pelas cortinas entreabertas, aquecendo meu rosto e me despertando lentamente. Meus olhos piscam contra a luz suave, e por um momento esqueço todas as preocupações. O cheiro dele ainda está nos lençóis, um lembrete do quanto a noite passada foi intensa.Me estico na cama, um sorriso involuntário surgindo em meus lábios. Tudo parece mais leve, mais simples. Talvez, finalmente, estejamos começando a encontrar nosso equilíbrio.Então percebo a presença dele.Alexandro está sentado na poltrona, os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos unidas sob o queixo. Sua expressão é dura, impenetrável, e o ar na sala parece carregado de algo que não consigo identificar de imediato.— Bom dia! Digo suavemente, tentando aliviar a tensão que parece ter surgido do nada.Ele não responde. Seus olhos fixam-se nos meus, e vejo algo neles que faz meu coração parar.— Alexandro? O que houve?Ele se levanta lentamente, caminhando até a cama. Quando fala, sua vo
Despedidas AmargasÁria O som do motor do carro de Alexandro rasga o silêncio da manhã, e eu fico imóvel por alguns segundos. Meu coração parece estilhaçar-se com cada metro que ele se afasta. A respiração curta e entrecortada é o único som além do eco distante dos pneus no asfalto.Assim que não ouço mais o carro, pego o celular com as mãos trêmulas e disco o número de Adriano. Meu peito está tão apertado que mal consigo falar. Ele atende no terceiro toque.— Ária? A preocupação na voz dele me faz desabar.— Adriano...Tento me controlar, mas minha voz falha. — Eu, eu não posso mais.— O que está acontecendo? Fala comigo, Ária!Respiro fundo, mas as lágrimas não param. Olho ao redor do quarto, que agora parece uma prisão cheia de memórias que me sufocam.— Eu briguei com Alexandro. Ele acha...Minha voz quebra de novo, e eu preciso de alguns segundos para continuar. — Ele acha que o filho não é dele. Que eu o traí com você ou com Sebastião.Do outro lado da linha, Adriano fica em si
Despedidas Amargas 2ÁriaDirijo até um posto de gasolina e paro, a cabeça apoiada no volante. Respiro fundo, tentando acalmar o caos dentro de mim. O sítio. É para lá que vou. É o único lugar que faz sentido agora.Voltar para lá não será fácil. Vou enfrentar fantasmas do passado e dores que estão adormecidas, mas preciso fazer isso por mim e pelo meu filho. Ele merece começar a vida cercado de amor e paz, e, se Alexandro não pode oferecer isso agora, eu oferecerei o que for possível.Com o coração pesado, mas determinada, pego o celular e procuro a imobiliária que cuida do sítio desde a morte dos meus pais. Minha voz sai hesitante, mas firme o suficiente para expressar minha decisão:— Quero reabrir o sítio. Preciso dele novamente.Enquanto desligo, uma onda de alívio me atinge. Não é um alívio completo, pois a dor da separação e das palavras de Alexandro ainda está ali, latejando, mas é um começo. É o primeiro passo para um novo capítulo, por mais difícil que ele seja.O bebê dentr
Raiva e Reconciliação InterrompidaAlexandroA estrada parece interminável. O asfalto se estende diante de mim como uma linha sem fim, cercado por campos verdes e montanhas à distância. Mas não presto atenção em nada disso. Meu peito queima com uma raiva que nunca senti antes. Raiva de mim mesmo!Dirijo como um louco, o motor do carro rugindo enquanto eu acelero mais e mais. Tudo o que consigo pensar é na traição, na mentira. A imagem de Ária chorando não sai da minha cabeça, mas eu não consigo sentir empatia. Só raiva.Quando chego à casa de Adriano, estaciono o carro de qualquer jeito e desço, batendo a porta com força. Entro sem bater, a fúria me guiando. Ele está na sala, tomando um café, e levanta os olhos surpreso ao me ver.— Alexandro? O que...Não deixo que termine a frase. Atravesso a sala em passos largos e o esmurro no rosto com toda minha força. Ele cai para trás, o café se espalhando pelo chão.— TRAIDOR! — Grito, a voz ecoando pela sala.Adriano se levanta cambaleando,
O Começo de uma Busca.Levanto-me abruptamente, andando de um lado para o outro. Preciso encontrar uma maneira de corrigir meus erros, de reconquistar Ária. Mas como? Onde ela está? Será que ainda pensa em mim, sente minha falta?Pego o celular, hesito por um momento, e então discuto com Adriano. Sua voz do outro lado da linha é fria, distante:–Alexandro, você está ferrado. Jogou tudo fora por causa do seu ciúmes e arrogância.As palavras dele são duras, mas merecidas. Eu destruí tudo o que construímos. E agora, estou sozinho, cercado apenas pelas sombras de minhas próprias ações.Catarina entra na sala, seus olhos vermelhos de tanto chorar. Ela se aproxima de mim, hesitante.—Alexandro, eu, eu queria tanto carregar o filho dela nos braços. Ver vocês dois felizes. Mas você errou, errou feio. Fala ela deixando uma bandeja sobre a mesa e se retirando em seguida.Suas palavras são um golpe a mais em meu coração já partido. Eu a magoei também. Todos ao meu redor estão sofrendo por
O Amanhecer AlexandroO sol mal surgiu no horizonte quando despertei, sentindo a brisa matinal esgueirar-se pela fresta da janela. O som distante dos pássaros se misturava ao leve farfalhar das cortinas, e eu permaneci deitado por alguns instantes, deixando aquele momento de transição entre o sono e a vigília me envolver.Respirei fundo. O cheiro familiar de café fresco e pão torrado alcançava meu quarto, guiando meus passos até a cozinha. Desci as escadas lentamente, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Ao chegar, encontrei Dona Catarina, a governanta que cuidava de mim desde pequeno, servindo o café da manhã com o mesmo zelo de sempre.— Bom dia, meu menino — disse ela, sorrindo com carinho enquanto colocava uma xícara de café diante de mim. — Dormiu bem?— Melhor agora com esse cheiro delicioso de café — respondi, levando a xícara aos lábios. — A senhora sempre sabe como melhorar meu dia.Ela riu baixinho, sentando-se à minha frente.— É meu dever cuidar de você. E também
O Encontro com Marcelo FelícioChegando à sede de sua empresa, Alexandro Barroso foi recebido por Marcelo Felício, chefe de segurança e homem de confiança há anos. Marcelo era um profissional experiente, dedicado e sempre atento a qualquer eventualidade.— Bom dia, Alexandro — saudou Marcelo, acompanhando-o em direção ao elevador privativo. — Tudo tranquilo até agora. A equipe está de olho em qualquer movimentação fora do comum.Alexandro assentiu.— Fico mais tranquilo sabendo que você está no comando disso. Como está a equipe?— Motivada e bem treinada. Estamos sempre prontos para qualquer situação. E sobre a reunião de hoje, tudo está organizado para garantir privacidade total.Alexandro sorriu levemente. Marcelo era um profissional de extrema confiança, e saber que ele cuidava da segurança o permitia focar nos negócios.Os dois entraram no elevador, e Marcelo pressionou o botão que levava ao andar da diretoria. Enquanto subiam, Alexandro aproveitou o momento para abordar outro as