O Amanhecer
Alexandro
O sol mal surgiu no horizonte quando despertei, sentindo a brisa matinal esgueirar-se pela fresta da janela. O som distante dos pássaros se misturava ao leve farfalhar das cortinas, e eu permaneci deitado por alguns instantes, deixando aquele momento de transição entre o sono e a vigília me envolver.
Respirei fundo. O cheiro familiar de café fresco e pão torrado alcançava meu quarto, guiando meus passos até a cozinha. Desci as escadas lentamente, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Ao chegar, encontrei Dona Catarina, a governanta que cuidava de mim desde pequeno, servindo o café da manhã com o mesmo zelo de sempre.
— Bom dia, meu menino — disse ela, sorrindo com carinho enquanto colocava uma xícara de café diante de mim. — Dormiu bem?
— Melhor agora com esse cheiro delicioso de café — respondi, levando a xícara aos lábios. — A senhora sempre sabe como melhorar meu dia.
Ela riu baixinho, sentando-se à minha frente.
— É meu dever cuidar de você. E também um prazer — disse, empurrando um prato de pães para mais perto de mim. — Precisa se alimentar direito, Alexandro. Hoje você tem um dia importante, não tem?
Assenti, pegando um pedaço de pão. A reunião de negócios que teria mais tarde rondava meus pensamentos. Era uma proposta decisiva para a empresa e, embora confiante, eu sentia certo receio sobre como tudo se desenrolaria.
— Estou um pouco apreensivo — confessei, mexendo no pão sem realmente comê-lo. — É uma grande oportunidade, mas sei que preciso estar preparado.
Ela pousou uma mão suave sobre a minha, transmitindo um calor familiar.
— Você sempre foi determinado, meu menino. Sei que fará o melhor possível. Agora, vá se arrumar e mostre a eles do que é capaz.
Terminei meu café antes de subir para me preparar. No quarto, fui direto para o banheiro. A água morna ajudou a despertar meus sentidos e aliviar a tensão. Ao sair, vesti um roupão e fiquei diante do espelho, estudando meu próprio reflexo. A expressão séria no rosto refletia minha preocupação.
Meus olhos, no entanto, enxergaram além. Enxergaram um passado que ainda doía.
Minha infância foi repleta de luxo, mas vazia de afeto. Meu pai era um homem frio e exigente, minha mãe, distante e ocupada demais para notar minha existência.
Cresci cercado de tudo que o dinheiro podia comprar, menos amor. Meu quarto era impecável, meus brinquedos caros, mas ninguém se importava se eu estava feliz ou sozinho.
Se não fosse Catarina, eu teria sido apenas mais uma sombra na imensidão daquela casa.
Enquanto meus pais me ignoravam, ela me acolhia. Ela e a família do meu amigo Adriano.
Era Catarina quem enxugava minhas lágrimas quando eu caía, quem me embalava nas noites de tempestade, quem sorria para mim com ternura.
E era a família de Adriano o meu norte de família.
Lembro-me de uma noite em especial, quando, aos seis anos, acordei de um pesadelo chorando, bati a porta do quarto de meus pais e ele mandou que eu voltasse para meu quarto.
Corri pelos corredores escuros até encontrar Catarina, que me recebeu em seus braços sem hesitar.
— Shhh, estou aqui, meu menino — murmurou, acariciando meus cabelos. — Você nunca está sozinho. E me acalentou a noite inteira em sua pequena cama, que para mim era a cama de um rei.
Desde então, ela foi minha verdadeira família. E, mesmo agora, depois de tantos anos, sua presença ainda me trazia conforto.
Vestindo um terno escuro, ajeitei a gravata e borrifei um pouco de perfume. Cada detalhe da minha aparência deveria transmitir profissionalismo e confiança. Peguei os documentos da reunião, conferindo cada detalhe antes de descer.
Na cozinha, Catarina me observou com um olhar atento.
— Você está elegante — disse, ajustando a gola do meu paletó, como fazia quando eu era criança.
Sorri, sentindo um nó na garganta.
— Sei que posso contar com a senhora.
— Sempre, meu menino — respondeu ela, tocando meu rosto com carinho. — Agora vá e volte com boas notícias.
Peguei minha pasta e caminhei até a porta. Antes de sair, olhei para trás e vi Catarina me observando, seu olhar carregado de orgulho e preocupação.
— Cuide-se, menino — ela disse.
— Pode deixar.
Saí de casa com o coração mais leve. Qualquer que fosse o resultado da reunião, sempre teria um lar para onde voltar. E
isso, mais do que qualquer fortuna, era meu verdadeiro tesouro.
O Encontro com Marcelo FelícioChegando à sede de sua empresa, Alexandro Barroso foi recebido por Marcelo Felício, chefe de segurança e homem de confiança há anos. Marcelo era um profissional experiente, dedicado e sempre atento a qualquer eventualidade.— Bom dia, Alexandro — saudou Marcelo, acompanhando-o em direção ao elevador privativo. — Tudo tranquilo até agora. A equipe está de olho em qualquer movimentação fora do comum.Alexandro assentiu.— Fico mais tranquilo sabendo que você está no comando disso. Como está a equipe?— Motivada e bem treinada. Estamos sempre prontos para qualquer situação. E sobre a reunião de hoje, tudo está organizado para garantir privacidade total.Alexandro sorriu levemente. Marcelo era um profissional de extrema confiança, e saber que ele cuidava da segurança o permitia focar nos negócios.Os dois entraram no elevador, e Marcelo pressionou o botão que levava ao andar da diretoria. Enquanto subiam, Alexandro aproveitou o momento para abordar outro as
Alexandro— Senhores, obrigado por estarem aqui — começo, mantendo a voz firme. — Temos uma oportunidade importante pela frente: a possibilidade de um contrato para a construção de uma rede de hotéis.Adriano Perez, Vice Presidente, advogado e amigo íntimo de Alexandro, sempre atento, toma a palavra com seriedade:— Os termos são promissores, mas precisamos analisar os riscos e os desafios logísticos. Estamos falando de um investimento alto e de um compromisso de longo prazo.Aria Ferreira, Assistente pessoal de Alexandro, intervém com entusiasmo:— A demanda por hospedagem tem crescido na região, e essa parceria pode elevar ainda mais nosso nome no mercado. Além disso, a rede hoteleira já tem investidores interessados em acelerar a construção.Marcelo Rosa, Chefe de compras da empresa, porém, não parece convencido. Sua expressão se fecha enquanto ele franze a testa, ponderando:— A questão é: conseguiremos manter o fornecimento de materiais dentro dos prazos exigidos? Já estamos trab
Celebração na Noite IluminadaO barulho da cidade parecia mais intenso naquela noite. Os trens cortavam o ar como trovões distantes, enquanto as luzes piscavam por toda a avenida principal. Alexandro Barroso, Adriano Perez e Aria Ferreira desceram do carro em frente à boate mais exclusiva da cidade. O contrato havia sido fechado, e era hora de celebrar. O trio entrou no clube sob olhares atentos, suas presenças emanando confiança e sucesso.Dentro, a música eletrônica reverberava, criando um ritmo hipnótico. As luzes neon dançavam pelas paredes e pelo chão, refletindo nos copos das bebidas sofisticadas servidas às dezenas. Adriano, sempre o mais animado, pediu um champanhe caríssimo e ergueu sua taça.— Aos novos começos! — brindou ele, e os três entrelaçaram os copos antes de beberem.Alexandro estava relaxado, algo raro nele. A noite era um convite ao inesperado, e ele não se importava com o que viria. Sentado ao lado de Aria no sofá VIP, ele percebeu como ela parecia diferente
Uma Noite Especial.Alexandro.A noite parece se arrastar, uma sequência de momentos intensos e silenciosos, onde o único som que preenche o espaço são nossas respirações. Cada vez que nossos corpos se conectam, somos transportados para um lugar só nosso. Quando o prazer chega, é como se nossos corpos explodissem em sensações e cores, algo tão vívido que parece real e, ao mesmo tempo, impossível.Finalmente, o sono nos encontra. Aria se aninha no meu peito, e, ao olhar para ela, algo surpreendente acontece. Eu não quero que ela vá embora. Pela primeira vez, sinto uma sensação estranha no peito, como se algo fosse arrancado de mim com a luz do dia. Eu não quero que ela desapareça. Pela primeira vez, percebo que o que sinto por Aria pode ser mais do que apenas uma noite.Enquanto ela dorme em meus braços, eu me vejo refletindo sobre o que aconteceu. A sensação do seu corpo, a entrega dela... Foi mais do que desejo físico. Eu a senti, de uma maneira que nunca tinha sentido antes.
A Desilusão de Aria.AriaUm bilhete sobre a mesa me olha com frieza: "Bom dia, esteja no horário previsto para a viagem, me aguardando no seu apartamento."Eu não me movo. Não quero me mover. Uma dor inexplicável aperta meu peito, uma mistura de vergonha e frustração. Eu me deixei levar. Quantas vezes estive nesse lugar, arrumando tudo para ele, conferindo suas coisas, me colocando de lado para que ele tivesse tudo perfeito para que ele recebesse suas amantes? E no final, sempre é assim, não é? Ele se vai. E elas ficam. Só que agora quem ficou sozinha foi eu, as posições se inverteram e eu estou com esse vazio imenso e com o sabor amargo da decepção.Lágrimas quentes escorrem de meu rosto, mas não tenho tempo para me entregar à tristeza. Eu preciso fazer o que sou paga para fazer, ser uma assistente pessoal perfeita!Preciso me preparar para a viagem, pelo menos dar um propósito ao meu dia. Levanto-me lentamente, com a sensação de que o chão está instável, como se tudo à minha
O Capotamento Alexandro.A sensação de velocidade é como um turbilhão, o vento cortando meu rosto enquanto os pneus do carro grudam na estrada. Tudo parece normal, até que a freada, de repente, se torna uma necessidade desesperadora. O pedal afunda no chão, mas o carro não responde. O freio falhou. O pânico é instantâneo, e um grito de desespero escapa dos meus lábios.Tento controlar o volante, mas é inútil. O carro continua deslizando descontrolado pela pista, as rodas girando sem freno, a estrada embaçada pela velocidade e pela iminência do impacto. O carro começa a virar, primeiro de leve, depois com força, e o som de lataria se retorcendo e os pneus rangendo é ensurdecedor. Cada segundo é uma eternidade. Eu tento segurar no volante com toda a força que tenho, mas nada pode impedir o capotamento que parece inevitável.O carro gira de forma violenta, uma espiral de metal e vidro quebrando. O som de estilhaços me atinge em cheio, mas não tenho tempo de reagir, nem de me proteger
Quem é você?Jéssica Após horas no atendimento e vários exames de trauma o médico me medicada com remédio para dorApós pergunta sobre Alexandro o médico responsável pelo atendimento dele me comunica que qualquer informação sobre o paciente somente a familiares.Alexandro não tem família, o que se torna um problema.–Doutor, eu sou noiva do paciente! Afirmo em um impulso de desespero.– Nesse caso posso te informar que os exames não deram nenhuma alteração, e estamos observando o paciente que acordou desorientado sem lembranças, ele ficou muito agitado e foi medicado com um sedativo está inconsciente. Relata o médico! –Posso vê-lo? Pergunto.–Sim quarto 25. Se o quadro persistir você precisará de muita paciência e deixar que a memória dele volte por si só sem pressões.–Claro doutor, farei como recomendado Ao chegar à porta do quarto à visto a cama posicionada no meio do cômodo e Daniel dormindo, uma enfermeira se preparando para sair do local. –Houve alguma alteração no quadro do