O lar que renasceFinalizo os últimos detalhes com um misto de cansaço e alegria que me inunda o peito. Almofadas novas enfeitam o sofá da sala, tapetes lavados repousam impecáveis no chão, e lençóis frescos, com o suave aroma de lavanda, acariciam a cama. Cada objeto cuidadosamente colocado me faz sentir que a casa, antes desolada, agora pulsa com a vida que escolhi reconstruir. O sítio exala um cheiro acolhedor lavanda, bolo recém-assado e a memória de dias melhores e, por um breve momento, posso acreditar que o lar que sempre desejei está se tornando realidade.Hoje, decidi comemorar de maneira simples: Cozinhei um prato modesto, um arroz soltinho, legumes coloridos e um frango assado que encheu a cozinha com seu aroma caseiro.Sentei-me à mesa sozinha, sozinha não! A criança em meu ventre me faz companhia, não me sinto só! Cada mordida era um lembrete de que a vida se refaz, que os sabores do passado misturam-se aos novos para compor o futuro que estou construindo. Enquanto
Dias de HarmoniaO sol invade a varanda do sítio como um abraço caloroso. Já se passaram quase quatro anos desde que Julian nasceu, e cada manhã aqui tem um sabor de plenitude. Estou sentada na cadeira de balanço, segurando minha caneca de café, enquanto o cheiro forte e doce do café fresco se mistura ao perfume do manjericão e das margaridas recém-floridas. Julian aparece na porta da cozinha, ainda de pijama, com os olhos castanhos do papai: brilhantes, curiosos, cheios de ternura.— Mamãe, já fez meu mingau? Ele pergunta, a voz suave, puxando meu avental.— Quase pronto, meu amor. Respondo, sorrindo. Levanto-me devagar, sentindo a brisa matinal acariciar minha pele. Enquanto coloco o mingau na panelinha colorida que ele tanto adora, logo me vejo a alegria simples estampada em seu rosto quando vejo o sorriso no canto de sua boca.— Obrigado, mamãe! Ele fala, pegando a colher com cuidado e experimentando um pouco, franzindo o cenho antes de fechar os olhos de prazer.Observo-o co
Rotinas e Pequenas AventurasAcordo com o som distante de galinhas espalhando penas pelo quintal. Abro os olhos num instante e percebo que Julian já está acordado desde cedo, provavelmente explorando o mundo antes mesmo de mim. Saio do quarto e o encontro sentado na soleira da porta, observando o pátio com o rostinho sonolento iluminado pelos primeiros raios do sol.— Bom dia, meu tesouro, agachando-me para cruzar olhares com ele.— Bom dia, mamãe, bocejando Julia me pede. Posso ver as galinhas?— Claro, vamos juntos, atendo ao pedido.Ele segura minha mão e, calçando suas botas coloridas, me acompanha até o galinheiro. Ali, ele cumprimenta cada ave como se fossem velhas amigas:— Bom dia, Dona Penélope! Oi, Dona Gertrudes! E estende migalhas de pão que guardamos para elas.Observo a alegria simples em sua carinha quando as galinhas ciscam ao seu redor. Eu, que antes vivia trancada em escritórios e planilhas, agora faço parte de uma rotina que inclui entrega de ração, recolha de o
Entre Girassóis e PlanilhasAcordo antes mesmo do canto do galo, como se o sítio já soubesse que hoje seria um dia especial. Espio pela fresta da janela e vejo os primeiros raios de luz atravessando as nuvens, iluminando o campo. Meu coração se enche de gratidão. Desço as escadas com cuidado para não acordar Julian, mas ele já está sentado no degrau, brincando com uma pequena pá de plástico e observando os girassóis que plantamos na semana passada. Seus olhos castanhos brilham quando me vê:— Mamãe! Dormi pensando no sol que vai ajudar as plantas a crescer.— Bom dia, meu amor respondo, pegando-o no colo. — Hoje eles vão receber água fresquinha.Sentamos lado a lado na soleira alguns minutos beijo suas bochechas com vontade de apertá-las mas sei que Julian não gosta pois diz que já é um homenzinho e não um bebê. Juntos, seguimos pelo caminho de pedra até o canteiro. Ele segura o regador amarelo com sua pouca força infantil e, com as duas mãos, molha as mudas que começam a formar
O Amanhecer AlexandroO sol mal surgiu no horizonte quando despertei, sentindo a brisa matinal esgueirar-se pela fresta da janela. O som distante dos pássaros se misturava ao leve farfalhar das cortinas, e eu permaneci deitado por alguns instantes, deixando aquele momento de transição entre o sono e a vigília me envolver.Respirei fundo. O cheiro familiar de café fresco e pão torrado alcançava meu quarto, guiando meus passos até a cozinha. Desci as escadas lentamente, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Ao chegar, encontrei Dona Catarina, a governanta que cuidava de mim desde pequeno, servindo o café da manhã com o mesmo zelo de sempre.— Bom dia, meu menino — disse ela, sorrindo com carinho enquanto colocava uma xícara de café diante de mim. — Dormiu bem?— Melhor agora com esse cheiro delicioso de café — respondi, levando a xícara aos lábios. — A senhora sempre sabe como melhorar meu dia.Ela riu baixinho, sentando-se à minha frente.— É meu dever cuidar de você. E também
O Encontro com Marcelo FelícioChegando à sede de sua empresa, Alexandro Barroso foi recebido por Marcelo Felício, chefe de segurança e homem de confiança há anos. Marcelo era um profissional experiente, dedicado e sempre atento a qualquer eventualidade.— Bom dia, Alexandro — saudou Marcelo, acompanhando-o em direção ao elevador privativo. — Tudo tranquilo até agora. A equipe está de olho em qualquer movimentação fora do comum.Alexandro assentiu.— Fico mais tranquilo sabendo que você está no comando disso. Como está a equipe?— Motivada e bem treinada. Estamos sempre prontos para qualquer situação. E sobre a reunião de hoje, tudo está organizado para garantir privacidade total.Alexandro sorriu levemente. Marcelo era um profissional de extrema confiança, e saber que ele cuidava da segurança o permitia focar nos negócios.Os dois entraram no elevador, e Marcelo pressionou o botão que levava ao andar da diretoria. Enquanto subiam, Alexandro aproveitou o momento para abordar outro as
Alexandro— Senhores, obrigado por estarem aqui — começo, mantendo a voz firme. — Temos uma oportunidade importante pela frente: a possibilidade de um contrato para a construção de uma rede de hotéis.Adriano Perez, Vice Presidente, advogado e amigo íntimo de Alexandro, sempre atento, toma a palavra com seriedade:— Os termos são promissores, mas precisamos analisar os riscos e os desafios logísticos. Estamos falando de um investimento alto e de um compromisso de longo prazo.Aria Ferreira, Assistente pessoal de Alexandro, intervém com entusiasmo:— A demanda por hospedagem tem crescido na região, e essa parceria pode elevar ainda mais nosso nome no mercado. Além disso, a rede hoteleira já tem investidores interessados em acelerar a construção.Marcelo Rosa, Chefe de compras da empresa, porém, não parece convencido. Sua expressão se fecha enquanto ele franze a testa, ponderando:— A questão é: conseguiremos manter o fornecimento de materiais dentro dos prazos exigidos? Já estamos trab
Celebração na Noite IluminadaO barulho da cidade parecia mais intenso naquela noite. Os trens cortavam o ar como trovões distantes, enquanto as luzes piscavam por toda a avenida principal. Alexandro Barroso, Adriano Perez e Aria Ferreira desceram do carro em frente à boate mais exclusiva da cidade. O contrato havia sido fechado, e era hora de celebrar. O trio entrou no clube sob olhares atentos, suas presenças emanando confiança e sucesso.Dentro, a música eletrônica reverberava, criando um ritmo hipnótico. As luzes neon dançavam pelas paredes e pelo chão, refletindo nos copos das bebidas sofisticadas servidas às dezenas. Adriano, sempre o mais animado, pediu um champanhe caríssimo e ergueu sua taça.— Aos novos começos! — brindou ele, e os três entrelaçaram os copos antes de beberem.Alexandro estava relaxado, algo raro nele. A noite era um convite ao inesperado, e ele não se importava com o que viria. Sentado ao lado de Aria no sofá VIP, ele percebeu como ela parecia diferente