Sozinha e grávida, Tábata Mamoru jamais imaginaria que sua antiga paixão adolescente seria aquele que lhe estenderia a mão. Muito menos que os sentimentos por ele retornariam atrapalhando seu plano de partir assim que seu bebê nascesse. Uma ajuda inesperada indicou o caminho para a vida que sempre desejou — Como vai Tábata? Há quanto tempo... Dez anos de completo silêncio teve vontade de falar, mas, em seu estado, sua última preocupação seria a rejeição de sua primeira paixão adolescente. — Oi... — Apertou a alça da mochila, olhando um ponto atrás dele como se estivesse à procura de uma escapatória. De certa forma estava. — Hum... O que faz por aqui? — Lee me telefonou — ele respondeu. — Você ficará hospedada na minha casa enquanto ele estiver fora do país. Fazendo seu plano de partir ruir frente ao despertar de sentimentos antigos — Nunca imaginei que o senhor “perfeição” se arrependeria de algo — brincou, mas Guilherme a observou sério em vez de rir como o esperado. — Me arrependo de várias coisas — deslizou o torso da mão pela face dela até seu queixo, aproximando-se com os olhos fixos em seus lábios —, entre elas, todas as vezes que contive a vontade de te beijar. Com o coração aos pulos, Tábata segurou o rosto de Guilherme e inclinou-se para cima, acabando com a distância entre suas bocas.
Leer másO tempo passou em uma nuvem de felicidade, trazendo consigo uma felicidade que Tábata nunca imaginou possível. Estava, finalmente, completa e verdadeiramente feliz ao lado de Guilherme e Lean. A pequena, agora com dez meses, era um raio de luz em suas vidas, engatinhando pela casa e tentando suas primeiras palavras. Vez ou outra, balbuciava "papa", o que derretia Guilherme em sorrisos largos e olhos brilhantes. Tábata tentava se convencer de que era apenas a comida que a menina queria, mas Lean não ajudava quando estendia as mãozinhas para ele ao pronunciar a palavra. Embora com uma leve inveja, era impossível não se emocionar ao ver a conexão entre pai e filha crescendo a cada dia.Para sua tranquilidade emocional, Simone deixou o país e nunca mais ouviu falar de Mateus. Decidiu que, quando Lean fosse mais velha, seria a própria filha a entrar em contato, ou não, com o pai biológico. Não falaria mal dele, mas também não o queria por perto.O tempo também trouxe um frágil, porém neces
Retornando da casa em que ficou durante a armação contra Simone, Tábata ajeitou a bebê no colo, incapaz de apagar o sorriso que iluminava seu rosto. Estar de volta ao lar, ao lugar onde seu coração pertencia, era como respirar fundo após muito tempo submersa prendendo o ar. Cada detalhe da casa, cada cheiro familiar, parecia gritar que ela estava em seu lar, de onde nunca mais sairia. E, mais importante, que Guilherme e Lean estavam ali, completando-a.Guilherme, por sua vez, colocou as mochilas que Tábata havia levado ao partir no sofá, sentindo como se estivesse depositando ali um peso que carregou por dias. O que de fato ocorreu. Foram os piores dias de sua vida adulta. Voltou-se para elas, os olhos cor de mel, focados em Tábata segurando Lean, precisando confirmar que não era um sonho. Elas estavam realmente ali, de onde nunca deveriam ter saído.— Senti muita falta de vocês — disse ele, a voz embargada por uma emoção que não conseguia disfarçar. — O tempo longe só reafirmou o que
Longe de recuar, se surpreender ou lamentar, Simone riu, um som baixo e desdenhoso, enquanto cruzava as pernas com elegância.— Se me desligar do escritório, perderá imediatamente a conta da Essenz — previu, com tom e pose de superioridade, ao mencionar a empresa de sua família. — Todos sabem o quanto essa conta é importante para o escritório.Calmo, Carlos não mostrou qualquer preocupação com a nova ameaça da jovem advogada.— Já conversei com Nathaniel — respondeu ele, mencionando o primo de Simone e atual CEO da empresa da família Muller. — Apresentei todas as provas da sua falta de ética, da coação que exerceu sobre Tábata, parceira de seu colega deste escritório — contou, acrescentando com um meio sorriso. — Ele decidiu passar a conta para as mãos de Guilherme.Simone ficou imóvel por um momento, seus olhos azuis-celeste estreitando-se em uma expressão de fúria contida.— Ele fez o quê?! Não podem simplesmente me expulsar.— Não está sendo expulsa, apenas arca com as consequência
Seu olhar, até então confiante, congelou ao ver Guilherme e Tábata sentados lado a lado, de mãos dadas. A cena era tão inesperada que parou abruptamente, olhos azuis arregalados, em choque. — O que ela está fazendo aqui? — perguntou, indignação e incredulidade bailando em sua voz, o dedo em riste apontado para Tábata.Carlos sentou atrás de sua mesa de mogno imponente, encarou Simone e apontou para uma cadeira distante do casal.— Sente-se, Simone! — pediu calmo, mas firme. — Teremos uma longa conversa.Ela cruzou os braços, o rosto endurecido.— Não vou me sentar enquanto essa intrusa estiver no recinto — respondeu, lançando um olhar de desprezo para Tábata.O advogado mentor da jovem loira, inspirou fundo, alisando a barba grisalha com os dedos.— Se não quiser sentar, não sente. Mas estamos aqui para colocar um ponto final nas ameaças e coações que você fez a todos nesta sala — declarou, mantendo o olhar fixo nela.Simone soltou uma risada curta e seca.— Ameaças? Coações? Não fa
Os dias que se seguiram foram angustiantes para Tábata. Cada minuto parecia se arrastar, como se o tempo tivesse decidido torturá-la pela decisão tomada. A saudade de Guilherme era uma dor constante, mas o que mais a consumia era o choro de Lean. A bebê, que normalmente era tranquila, agora chorava sem parar. Supôs que a filha também sentia falta dele. Aquele cheiro familiar, a voz calma que a acalmava, os braços fortes que a embalavam. Tudo isso fazia falta a ambas.Os amigos de Paulina, que a acolheram em sua casa, não demonstravam incômodo com a situação. Eram gentis e pacientes, mas Tábata sabia que não podia abusar da hospitalidade. Toda vez que acordava no meio da noite com o choro alto de Lean, sentia um nó na garganta. Lamentava não poder ficar com suas amigas, que não tinham espaço nem para si mesmas. E pedir ajuda ao primo e o tio? Nem pensar. Tinham a própria vida para resolver. O último que precisavam era ser envolvidos no caos em que a vida dela se transformou. Além disso
O interior do carro de Simone era impecável, um cheiro adocicado impregnado em cada centímetro do estofamento de couro. Tábata sentou-se no banco de trás, colocando duas mochilas ao seu lado. Lean, no macacão verde com estampa de ursinhos amarelos, estava segura na cadeirinha que Guilherme lhe deu, balbuciando feliz, completamente alheia ao que ocorria. Simone, ao volante, ajustou o retrovisor com movimentos precisos, seus olhos azuis-celeste refletindo uma curiosidade mordaz.— Demorou tanto lá dentro pra recolher só isso? — perguntou Simone olhando para as mochilas no banco de trás. — Não trouxe mais nada?Tábata ergueu os olhos, encontrando os de Simone no retrovisor.— Você mesma disse várias vezes que não tenho nada além de uma filha — retrucou ela seca.Simone soltou uma risada, carregada de desprezo, enquanto colocava o carro em movimento.— Justo — soltou com um sorriso sórdido. — Para onde te levo?Lançando um olhar para a casa que se acostumou a chamar de lar, Tábata apertou
Sentado no tapete com Lean no colo, Guilherme balançava o chocalho colorido que fazia a bebê dar risadas gostosas. Sua camiseta estava manchada de papinha, vítima das mãozinhas rebeldes da bebê na hora de alimentá-la, mas não se importava. Nada era mais precioso que a felicidade das duas mulheres de sua vida.O barulho do portão o fez erguer os olhar, aguardando ansioso a porta da frente abrir e Tábata passar por ela.— Olha só quem voltou! — disse erguendo Lean no ar, fazendo a bebê gargalhar. — A mamãe chegou, abelhinha!Encostando a porta, Tábata parou por um momento para observar a inteiração deles. Com um leve e frágil sorriso, reparou o rastro amarelado na camiseta branca, presumindo que a filha foi novamente bem sucedida ao combater a colher ao ser alimentada.Ela caminhou devagar até eles, pousando a bolsa na mesinha de centro. Reparou que a filha usava uma roupa nova, um macacão com vários ursinhos amarelos estampados.— Também saímos hoje. E fizemos algumas compras — ele exp
Assim que entrou na sala, Tábata reparou que era um reflexo da personalidade de Simone: impecável, sofisticada e fria. As paredes brancas eram adornadas por quadros minimalistas, e a grande mesa de vidro no centro do ambiente estava organizada com precisão quase militar. Simone estava sentada em sua cadeira de couro branco, as pernas cruzadas, os dedos longos, de unhas longas e bem cuidadas, apoiados sobre os braços do móvel. O olhar azul-celeste fixou-se em Tábata assim que entrou, mas não se levantou, nem ofereceu um assento.— O que quer? — perguntou direta, poupando-se de saudações inúteis quando se tratava de sua rival.Tábata fechou a porta atrás de si, segurando firmemente a alça de sua bolsa de pano. Mesmo tendo escolhido uma roupa diferente de suas costumeiras camisetas, o vestido floral simples contrastava com a elegância austera do ambiente, mas não se deixou intimidar.— Vim pedir que pare de me perseguir e atrapalhar minha vida e a da minha filha — começou Tábata firme, e
A luz suave da manhã entrava pela janela da cozinha, iluminando o ambiente aconchegante, em que o cheiro de café fresco e mingau quente preenchia o ar. Guilherme, vestindo camiseta branca e calça de moletom, estava sentado à mesa, segurando a xícara de café enquanto lia as mensagens recebidas no celular. Lean ainda dormia. E Taby, ainda de pijama, estava junto ao fogão, preparando mingau para a filha.De repente, Guilherme soltou um palavrão baixo, audível o suficiente para fazer Taby virar-se rapidamente, os olhos amendoados arregalados de surpresa.— O que foi? — perguntou ela estranhando.Ele ergueu o celular, a expressão fechada, os lábios apertados em uma linha reta.— Paulina quer que a gente vá hoje a um almoço de família no apartamento do Simon — comentou ele, relendo o termo “almoço de família” com desgosto.Baixando o fogo, Taby o fitou confusa e curiosa.— Mas ela não tinha cortado relações com Simon? Fizeram as pazes?Guilherme resmungou, os dedos apertando o celular com m