Sinopse Com o coração partido e um rastro de dívidas insustentáveis, Nora acreditava que sua vida não poderia piorar. Mas, de repente, ela se vê obrigada a levar um homem completamente estranho para morar com ela. Agora, ela se vê dividida entre o caos que suas dívidas estão criando e o estranho dormindo em seu quarto. Nora terá que lidar involuntariamente com a presença desse homem em sua vida. Afinal, compartilhar sua casa com um desconhecido pode mudar tudo – para melhor ou pior.
Ler maisA ligação para o delegado mais rápido do que tinha imaginado que seria. Ele atendeu logo assim que liguei. E eu não me demorei com enrolação e fui direto ao ponto. Disse-lhe como tinha conseguido seu contato e por que estava interessada em saber sobre Dean. Naquele instante eu agradeço não ter reconhecido a voz dele, isso significava que não era o mesmo delegado que esteve comigo na noite da prisão. Comecei como eu tinha conseguido seu contato pessoal. Para minha surpresa, ele se mostrou solícito e disponível para me receber hoje ao meio dia. Meio dia? Eu precisarei sair mais cedo para o almoço, então eu teria uma hora livre para ir na delegacia. Suspirei aliviada. Minhas entranhas reviraram, antecipando-se ao que viria. Ao que eu podia descobrir, ou confirmar. Sei lá. Era coisa demais pra minha cabeça. E saber que Carter podia ter razão sobre Dean não deixava as coisas mais fáceis de engolir. Na hora do almoço, dispensei Rachel e contei-lhe uma mentirinha. Menti, mas por uma boa
Carter fechou a porta do apartamento atrás de nós. Eu senti o ar ficar mais pesado. E já desejava não ter feito uma péssima escolha em ter aceitado vir. Ele deu dois passos à minha frente na sala de estar, estava me dando espaço. Então, se virou para mim, os olhos azuis estavam mais escuros e expressivos. Olhei em volta. Nada tinha mudado. Mas ao mesmo tempo não parecia ser a nossa casa, como ele havia dito antes. Impaciente, Carter limpou o rosto com as mãos e deu um passo à frente, reduzindo a distância entre nós. — Você está muito linda. — ele anunciou e pensou um pouco antes de continuar, — quer tomar alguma coisa? Vinho? Ainda tenho aquele português que você gosta. Franzi as sobrancelhas. O que você está tentando fazer? Não vim aqui para ficar bêbada e transar com você. — Não — eu respondi, seca. — Só quero as chaves. Ele olhou para mim por um momento, os olhos dele percorre
Os dias passaram em um turbilhão de eventos. Sophia finalmente tinha voltado para a faculdade, e eu mal tive tempo de parar para pensar no que tinha acontecido com Dean naquela noite. Isso era ótimo. A galeria estava tomada por preparativos para as exposições exclusivas, e meu foco estava completamente ali. No entanto, eu tinha outras coisas a resolver. Faltavam poucos dias para o casamento que não aconteceria, o local da festa foi desmarcado e eu tinha uma dívida crescente com a rescisão do contrato que estava me deixando com os nervos à flor da pele. Além disso, nos últimos dois meses, desde que Dean veio, as dúvidas aumentaram consideravelmente, eu tinha abusado do cartão de crédito numa tentativa de deixar a casa menos parecida com um muquifo. Durante a semana Dean e eu seguimos num silêncio desconcertante, fingindo que nada havia acontecido. Ele parecia confortável com isso— talvez até bem demais. Eu, por outro lado, tentava me convencer de que também estava. E aqui esta
Lembrei do dia que fui a primeira vez no hospital para ver Dean. Nesse dia, eu estava tão sozinha e destruída que até pensei que tinha matado um homem. Mas o que ainda viria a seguir quando o médico me disse o estado em que Dean estava. Amnésia temporária. Eu jamais poderia imaginar como seria perder a memória, esquecer a família, os amigos,toda a vida até ali. Mas eu havia feito isso com Dean e ele estava com toda a razão quando escondeu de mim que sabia tudo sobre o acidente, tinha direito de estar amargurado e com ódio de mim. Estamos quites? Ele se aproximou de mim, sua coxa roçou na minha. — Eu observei você, Nora. Foi tão fácil ler você. Seu jeito, sua fala mansa mesmo estando brava, suas palavras sobre como tudo aconteceu.— ele respondeu, com a voz rouca — Eu sei o que você pensa… Minha respiração ficou presa na garganta. — Por que não me disse nada? — Eu queria ver o que você ia me dizer. Baixei o olhar para o sanduíche parcialmente mordido na minha mão — Eu ia
Horas mais tarde eu estava esticada sobre cobertores no não do meu quarto, depois de Dean ceder a minha cama para Sophia. A cama era pequena, mas apesar disso caberia tranquilamente nós duas, contudo eu preferia deixar que ela estivesse mais confortável e me arranjar no chão. Era um alívio para minha coluna lombar deitar em algo rígido e plano. Desliguei a luz. Me acomodei no chão, puxei um cobertor até o pescoço. O silêncio tomou conta do quarto, e naquele instante eu sabia que não ia conseguir dormir tão cedo. Sophia já estava roncando baixinho, a pelo menos quarenta minutos, mas minha mente não parava de dar voltas. Olhei pro teto. Que estranho. Era como estar no quarto de um desconhecido, um lugar que não era mais meu. A pequena janela do lado da cama estava fechada evitando que o frio entrasse, mas não impediu que a claridade da lua chegasse. Tudo que minha mente conseguia pensar era no Dean. Aquele sofá estava estragando minha postura de um jeito que me fazia acordar mal hu
Acho que eu estou dormindo e nada disso está de fato acontecendo. Claro, era isso. Não havia dean sentado à mesa, ou minha irmã tagarelando sobre a vida no Maine, nem mesmo eu paralisada com um prato de macarrão na minha frente. Sophia apoiou o cotovelo, sustentou o queixo na mão, e lançou-me um olhar atrevido como se estivesse prestes a armar uma armadilha. Eu conheço a irmã que tenho, por essa razão eu sabia que o fato de ela estar pensado antes de falar significava que uma grande estupidez estava pronta para ser lançada no jogo. — Bem, a vida não é a mesma, — ela começou, lançando um olhar presunçoso na minha direção —, a gente mora no Maine, agora somos só, eu, o papai e a mamãe. Desde que Nora conheceu o idiota do Carter e se mudou pra Portland, nunca mais voltou pra casa. — Sophia… — O que? Não estou falando nenhuma novidade, você sempre soube o que eu penso sobre Carter.. Ah, isso me faz lembrar da última vez que estivemos juntas, faz um tempo né? Você lembra quando
Sophia, minha irmã, endireitou os ombros e me olhou com um sorriso enorme que parecia gritar "descobri seu segredo, e eu vou dizer pros nossos pais" Meu estômago revirou ao ver Dean. Ele não moveu um olhar na minha direção — Nora, você chegou! Que bom ver você. — Não brinca, Sophia — eu disse, cruzando os braços. — Você devia tá na faculdade. O que está fazendo aqui? A mamãe sabe que você veio? Ela encolheu os ombros e jogou os cabelos acobreados para trás. Sophia estava diferente desde a última vez que a vi no natal do ano passado. Mesmo brava pela imprudência de vir sozinha do Maine até Portland, eu estava feliz de vê-la. — Eu tive um dia livre e decidi vir te visitar. Nossos pais foram até Maine, disseram para nossa tia que não haveria mais casamento. E foi assim que eu soube, afinal, minha irmã não fez questão alguma de me ligar, — ela murmurou jogando a cabeça na direção dele. — E, parece que você tem novidades que não contou. Senti meu rosto esquentar, mas mantive a pos
Os pontos de luz pendiam do teto da galeria até quase tocar nossas cabeças. A sala estelar estava quase pronta para o lançamento da nova coleção que trabalhamos durante meses. O sentimento de dever cumprido encheu meu peito quantos as luzes em tons de cobre e dourado banhava as molduras espelhadas ao redor de cada obra na parede.Parei com as mãos na cintura — Graças a deus tudo ficou pronto a tempo. A exposição ia ser um grande sucesso e com certeza venderia grande parte das obras. Rachel e eu trabalhamos durante dias, atendendo clientes, organizando o inventário e garantindo que tudo estivesse perfeito. Mas tudo isso tinha uma razão, Chayse garantiu que não precisaríamos estar presente a noite no coquetel e isso pra mim era perfeito. Depois da ultima leitura do taro dias atras eu tinha realmente me decidido, o que havia entre minha e Carter tinha acabado. Se tinha um homem na minha vida que me faria mudar o rumo que tive até hoje certamente não seria Carter, eu só preciso encon
— Então é sempre culpa minha? Ok, eu não prestei atenção, e eu sempre faço isso na minha casa. Ah, mas você não tem como saber,porque não sabe nada da minha vida. Pronto, satisfeito? Ele se afastou enquanto eu banhava minha mão ardida de baixo da torneira. — Não se trata de satisfazer ninguém, — ele respondeu nitidamente zangado, — Você tem essa... habilidade de ignorar o perigo quando ele está bem na sua frente. É até patético, ver como aquele idiota não tá nem ai pra você. Tá na cara dele, só você não percebeu. Meu peito apertou com a bomba de palavras, meu sangue fervendo na mesma intensidade da panela que acabou de me queimar. Ah, eu não darei esse gosto a você. — E você, o que é? Meu guarda-costas agora? Porque, pra ser sincera, você tá falando como se fosse dono da verdade, mas não sabe nada sobre nada. Alias, se soubesse que não estaria aqui ainda não é. Foda-se você com sua superioridade e soberba, foda-se toda essa merda de vida. Voltei a respirar olhando pra ele. de rep