Eu ainda estava parada desfazendo as sacolas quando ele voltou para o quarto. Sei que não tenho escolha. Dei minha palavra ao dr Brown. Isso significava que, mesmo contra minha vontade, eu teria que lidar com ele. Senti um calafrio na nuca quando a imagem dele apareceu na minha mente. É apenas um curativo, nada de mais. Me convenci. Peguei a sacola com os remédios, bandagem, pomadas e tudo que era preciso para o curativo e fui para o quarto. — Vou tirar a calça Virei-me imediatamente, quase engasgando com o ar.— O quê? — Você pretende fazer o curativo por cima da roupa? Minha boca se abriu para protestar, mas não soube o que dizer. Ele tinha que ter uma resposta para tudo? Sem esperar por mim, ele simplesmente começou a puxar a calça de moletom. Eu imediatamente me virei. — Vires-se, Nora. Ao mesmo tempo que ele falava a cama rangeu sob seu peso. Quando me virei, Dean estava sentado com o travesseiro estrategicamente posicionado para cobrir a cueca.Meu corpo reagiu estranhame
Pisquei algumas vezes, e vi a figura obscura de Dean, sentado numa cadeira na minha frente. Ele levou a xicara à boca.— Você está atrasada, Nora. — Ah, droga! Dei um pulo desajeitada, enroscando a perna nas cobertas e indo de cara no chão. Dean apenas arqueou a sobrancelha, sem mover um músculo para me ajudar.— Porquê não me acordou? — Resmunguei alto, mas não tinha tempo para orgulho ou reclamações. Disparei para o banheiro, me enfiei no chuveiro e tomei o banho mais rápido da minha vida. Vesti a primeira roupa que encontrei — uma camisa preta amassada e uma calça que talvez nem combinasse. Corri de volta para a sala enquanto tentava enfiar os pés nos meus sapatos, ao mesmo tempo em que lutava para dar um jeito no meu cabelo ondulado, que mais parecia um ninho de pássaros.— Não volto antes das dezoito então, se vira, ok? Dean me lançou um olhar que me fez ranger os dentes, ele estava mesmo gosando da minha cara? Era possível. — Meu número está na mesinha. — cuspi pegando minh
Depois que Rachel saiu, fui atingida pela minha própria culpa. Isso não tinha nada haver com nossa ida naquela sessão, e ela tinha toda razão quando dizia isso. Onde eu estava com a cabeça? Afastei os pensamentos que doíam cada vez mais toda vez que eu pensava e terminei meu trabalho. Intercalando entre pensar no estranho incrivelmente atraente na minha casa e Carter, viajando sabe-se lá com quem. Talvez esse fosse o motivo de ter se mantido afastado, Dean Carter, sempre colocaria o trabalho em primeiro lugar. Isso me dava tempo para reunir coragem para dizer tudo que quero quando nos encontrarmos. As luzes do lado de fora da galeria acenderam, meu turno acabou. Recolhi minhas coisas. Mas assim que peguei meu celular algo dentro da minha cabeça dizia para ligar para meus pais, eu evitava esse momento a todo custo a dias, mas não podia mais. Quanto mais rápido fizer, menos eu tenho que me preocupar. Rolei em minha lista e cliquei. Esperei enquanto o barulho se estendia até cair na c
Uma semana tinha se passado desde a vinda de Dean e eu ainda não sabia nada sobre ele. Pelo menos, nada que valesse algo para chegar até sua família. Eu tinha chegado a algumas conclusões, breves, e talvez precipitadas, mas Dean não era um homem comum. Ninguém, comum, saberia fazer um curativo em si mesmo com tamanha precisão. As coisas ainda estavam estranhas, eu passava o dia na galeria tentando equilibrar o trabalho e a quebra dos vários contratos da organização do casamento. Tinha conseguido rescindir a maior parte dos contratos, e para minha desgraça, as mutas eram altas. Em algum momento eu teria que encontrar Carter, eu não pagaria por nada disso sozinha. Não quando ele é o causador do problema. Dia apos dia eu chegava exausta, porém algo me confortava, Dean não precisava mais de remédios. Hoje eu terei uma noite completa e livre do despertador da madrugada. Minha mente começava a aceitar o fato de tê-lo em minha casa, mesmo que ainda fosse estranho. Dean tinha uma vida fora
Um grito estridente saiu da minha garganta segundos depois de sentir seu cotovelo acertar meu rosto. A dor foi instantânea, levei as mãos ao nariz sentindo a dor martelar meus ossos faciais enquanto eu cambaleava para trás tentando não xingá-lo com todos os palavrões possíveis. Antes que eu pudesse assimilar de onde vinha a dor, sentir o sangue nas mãos.— Merda, Nora – resmungou puxando a camisa pela cabeça em um movimento rápido — Deixe-me ver isso!Eu não consegui esboçar nenhuma reação quando Dean se aproximou com a camisa embolada na minha direção. Quando tirei as mãos do rosto, o sangue escorria de um corte no meu lábio inferior. Gosto pungente, metálico, invadindo minha boca.— Você tinha que estar tão perto de mim? – perguntou com algo retórico — Levante a cabeça e respire devagar. Eu mal olhei pra cara dele. A raiva doía tanto quanto o corte em meu lábio, mas a droga da culpa era minha. Dean estava tão perto, tão grande, tão presente, que parecia ocupar todo o espaço da min
Carter estreitou os olhos, e deu um passo à frente, desafiando o tamanho de Dean. Ele parecia um menino tentando intimidar um leão, com sua camisa bem passada de botões alinhados. Seu atrevimento mascarava o medo. — Ah, agora entendi — Carter rosnou, o rosto se contorcendo na minha direção em desprezo. — Então é isso. Você já arrumou outro. Enquanto eu me afastei tentando te dar espaço, você tava aqui transando com esse… você é uma vadia. Suas palavras me cortaram como uma faca, e eu senti o sangue ferver nas minhas veias. Minhas mãos tremeram, mas antes que eu pudesse reagir, Dean se moveu. Foi rápido, quase sobrenatural, o punho cerrado zumbindo pelo ar como um projétil. Ele avançou em direção a Carter, até que o baque oco dos dedos dele acertaram o rosto de Cárter. — Não! — eu gritei, sem perceber. Empurrei as mãos contra o peito de Dean, tentando conter ele. Meu corpo magro era fraco demais para alguém com o porte dele, mas ele me viu tentar e recuou. Por um momento, ele paro
— Então é sempre culpa minha? Ok, eu não prestei atenção, e eu sempre faço isso na minha casa. Ah, mas você não tem como saber,porque não sabe nada da minha vida. Pronto, satisfeito? Ele se afastou enquanto eu banhava minha mão ardida de baixo da torneira. — Não se trata de satisfazer ninguém, — ele respondeu nitidamente zangado, — Você tem essa... habilidade de ignorar o perigo quando ele está bem na sua frente. É até patético, ver como aquele idiota não tá nem ai pra você. Tá na cara dele, só você não percebeu. Meu peito apertou com a bomba de palavras, meu sangue fervendo na mesma intensidade da panela que acabou de me queimar. Ah, eu não darei esse gosto a você. — E você, o que é? Meu guarda-costas agora? Porque, pra ser sincera, você tá falando como se fosse dono da verdade, mas não sabe nada sobre nada. Alias, se soubesse que não estaria aqui ainda não é. Foda-se você com sua superioridade e soberba, foda-se toda essa merda de vida. Voltei a respirar olhando pra ele. de rep
— Você só pode estar louca, Rachel. — esbravejei entrando no meu carro — Videntes? Sério? Vai jogar dinheiro fora! Rachel revirou os olhos enquanto fechava o cinto. — Se eu contasse antes, você não iria comigo. — Tem toda razão, não iria mesmo. — Nora, sua insensível, você só diz isso porque está prestes a se casar — Ralhou ela — mas eu não. Caramba, eu tenho 27 anos e com nenhum cara rolou conexão. Só pode ter alguma coisa errada. Olhei para a aliança de noivado dourada no meu dedo no mesmo instante que o sol tocava a jóia pelo vidro do carro. Eu vinha tentando não me arrepender de tê-la convidado para ser madrinha no casamento. O convite, inevitavelmente, tocou a num ponto fraco que ela tentava de todas as formas não pensar. Agora deu nisso. — Que conexão, Rachel? — questionei quase rindo, tentando não ficar para trás do sinal vermelho. — Conexão com quem? Você espera que uma cigana te dê conexões? Ela vai esvaziar sua carteira, isso sim. — Ai, cala a boca. — Rac