Um grito estridente saiu da minha garganta segundos depois de sentir seu cotovelo acertar meu rosto. A dor foi instantânea, levei as mãos ao nariz sentindo a dor martelar meus ossos faciais enquanto eu cambaleava para trás tentando não xingá-lo com todos os palavrões possíveis. Antes que eu pudesse assimilar de onde vinha a dor, sentir o sangue nas mãos.— Merda, Nora – resmungou puxando a camisa pela cabeça em um movimento rápido — Deixe-me ver isso!Eu não consegui esboçar nenhuma reação quando Dean se aproximou com a camisa embolada na minha direção. Quando tirei as mãos do rosto, o sangue escorria de um corte no meu lábio inferior. Gosto pungente, metálico, invadindo minha boca.— Você tinha que estar tão perto de mim? – perguntou com algo retórico — Levante a cabeça e respire devagar. Eu mal olhei pra cara dele. A raiva doía tanto quanto o corte em meu lábio, mas a droga da culpa era minha. Dean estava tão perto, tão grande, tão presente, que parecia ocupar todo o espaço da min
Carter estreitou os olhos, e deu um passo à frente, desafiando o tamanho de Dean. Ele parecia um menino tentando intimidar um leão, com sua camisa bem passada de botões alinhados. Seu atrevimento mascarava o medo. — Ah, agora entendi — Carter rosnou, o rosto se contorcendo na minha direção em desprezo. — Então é isso. Você já arrumou outro. Enquanto eu me afastei tentando te dar espaço, você tava aqui transando com esse… você é uma vadia. Suas palavras me cortaram como uma faca, e eu senti o sangue ferver nas minhas veias. Minhas mãos tremeram, mas antes que eu pudesse reagir, Dean se moveu. Foi rápido, quase sobrenatural, o punho cerrado zumbindo pelo ar como um projétil. Ele avançou em direção a Carter, até que o baque oco dos dedos dele acertaram o rosto de Cárter. — Não! — eu gritei, sem perceber. Empurrei as mãos contra o peito de Dean, tentando conter ele. Meu corpo magro era fraco demais para alguém com o porte dele, mas ele me viu tentar e recuou. Por um momento, ele paro
— Então é sempre culpa minha? Ok, eu não prestei atenção, e eu sempre faço isso na minha casa. Ah, mas você não tem como saber,porque não sabe nada da minha vida. Pronto, satisfeito? Ele se afastou enquanto eu banhava minha mão ardida de baixo da torneira. — Não se trata de satisfazer ninguém, — ele respondeu nitidamente zangado, — Você tem essa... habilidade de ignorar o perigo quando ele está bem na sua frente. É até patético, ver como aquele idiota não tá nem ai pra você. Tá na cara dele, só você não percebeu. Meu peito apertou com a bomba de palavras, meu sangue fervendo na mesma intensidade da panela que acabou de me queimar. Ah, eu não darei esse gosto a você. — E você, o que é? Meu guarda-costas agora? Porque, pra ser sincera, você tá falando como se fosse dono da verdade, mas não sabe nada sobre nada. Alias, se soubesse que não estaria aqui ainda não é. Foda-se você com sua superioridade e soberba, foda-se toda essa merda de vida. Voltei a respirar olhando pra ele. de rep
Os pontos de luz pendiam do teto da galeria até quase tocar nossas cabeças. A sala estelar estava quase pronta para o lançamento da nova coleção que trabalhamos durante meses. O sentimento de dever cumprido encheu meu peito quantos as luzes em tons de cobre e dourado banhava as molduras espelhadas ao redor de cada obra na parede.Parei com as mãos na cintura — Graças a deus tudo ficou pronto a tempo. A exposição ia ser um grande sucesso e com certeza venderia grande parte das obras. Rachel e eu trabalhamos durante dias, atendendo clientes, organizando o inventário e garantindo que tudo estivesse perfeito. Mas tudo isso tinha uma razão, Chayse garantiu que não precisaríamos estar presente a noite no coquetel e isso pra mim era perfeito. Depois da ultima leitura do taro dias atras eu tinha realmente me decidido, o que havia entre minha e Carter tinha acabado. Se tinha um homem na minha vida que me faria mudar o rumo que tive até hoje certamente não seria Carter, eu só preciso encon
Sophia, minha irmã, endireitou os ombros e me olhou com um sorriso enorme que parecia gritar "descobri seu segredo, e eu vou dizer pros nossos pais" Meu estômago revirou ao ver Dean. Ele não moveu um olhar na minha direção — Nora, você chegou! Que bom ver você. — Não brinca, Sophia — eu disse, cruzando os braços. — Você devia tá na faculdade. O que está fazendo aqui? A mamãe sabe que você veio? Ela encolheu os ombros e jogou os cabelos acobreados para trás. Sophia estava diferente desde a última vez que a vi no natal do ano passado. Mesmo brava pela imprudência de vir sozinha do Maine até Portland, eu estava feliz de vê-la. — Eu tive um dia livre e decidi vir te visitar. Nossos pais foram até Maine, disseram para nossa tia que não haveria mais casamento. E foi assim que eu soube, afinal, minha irmã não fez questão alguma de me ligar, — ela murmurou jogando a cabeça na direção dele. — E, parece que você tem novidades que não contou. Senti meu rosto esquentar, mas mantive a pos
Acho que eu estou dormindo e nada disso está de fato acontecendo. Claro, era isso. Não havia dean sentado à mesa, ou minha irmã tagarelando sobre a vida no Maine, nem mesmo eu paralisada com um prato de macarrão na minha frente. Sophia apoiou o cotovelo, sustentou o queixo na mão, e lançou-me um olhar atrevido como se estivesse prestes a armar uma armadilha. Eu conheço a irmã que tenho, por essa razão eu sabia que o fato de ela estar pensado antes de falar significava que uma grande estupidez estava pronta para ser lançada no jogo. — Bem, a vida não é a mesma, — ela começou, lançando um olhar presunçoso na minha direção —, a gente mora no Maine, agora somos só, eu, o papai e a mamãe. Desde que Nora conheceu o idiota do Carter e se mudou pra Portland, nunca mais voltou pra casa. — Sophia… — O que? Não estou falando nenhuma novidade, você sempre soube o que eu penso sobre Carter.. Ah, isso me faz lembrar da última vez que estivemos juntas, faz um tempo né? Você lembra quando
Horas mais tarde eu estava esticada sobre cobertores no não do meu quarto, depois de Dean ceder a minha cama para Sophia. A cama era pequena, mas apesar disso caberia tranquilamente nós duas, contudo eu preferia deixar que ela estivesse mais confortável e me arranjar no chão. Era um alívio para minha coluna lombar deitar em algo rígido e plano. Desliguei a luz. Me acomodei no chão, puxei um cobertor até o pescoço. O silêncio tomou conta do quarto, e naquele instante eu sabia que não ia conseguir dormir tão cedo. Sophia já estava roncando baixinho, a pelo menos quarenta minutos, mas minha mente não parava de dar voltas. Olhei pro teto. Que estranho. Era como estar no quarto de um desconhecido, um lugar que não era mais meu. A pequena janela do lado da cama estava fechada evitando que o frio entrasse, mas não impediu que a claridade da lua chegasse. Tudo que minha mente conseguia pensar era no Dean. Aquele sofá estava estragando minha postura de um jeito que me fazia acordar mal hu
Lembrei do dia que fui a primeira vez no hospital para ver Dean. Nesse dia, eu estava tão sozinha e destruída que até pensei que tinha matado um homem. Mas o que ainda viria a seguir quando o médico me disse o estado em que Dean estava. Amnésia temporária. Eu jamais poderia imaginar como seria perder a memória, esquecer a família, os amigos,toda a vida até ali. Mas eu havia feito isso com Dean e ele estava com toda a razão quando escondeu de mim que sabia tudo sobre o acidente, tinha direito de estar amargurado e com ódio de mim. Estamos quites? Ele se aproximou de mim, sua coxa roçou na minha. — Eu observei você, Nora. Foi tão fácil ler você. Seu jeito, sua fala mansa mesmo estando brava, suas palavras sobre como tudo aconteceu.— ele respondeu, com a voz rouca — Eu sei o que você pensa… Minha respiração ficou presa na garganta. — Por que não me disse nada? — Eu queria ver o que você ia me dizer. Baixei o olhar para o sanduíche parcialmente mordido na minha mão — Eu ia