Um livro antigo é a chave para um Portal do Tempo. Dru Ruver tem dezessete anos de idade e durante as férias de verão se depara com uma inusitada descoberta: um livro raro e antigo que contém mapas, símbolos e ideogramas indecifráveis. Em total sigilo um grupo de nove especialistas é formado para tentar desvendar o misterioso livro que a cada página revela ser o mais importante documento da humanidade. Na verdade, o livro é a chave para acionar um Portal do Tempo para vinte mil anos no passado. Para apagar as pistas da incrível jornada, um Governo de Coalizão Mundial é formado para deter os avanços da bem sucedida viagem no tempo. Mas nem tudo é o que parece! Será que os viajantes do tempo serão capazes de lidar com a verdadeira intenção do Governo de Coalizão Mundial para salvar a humanidade de uma iminente destruição?
Ler maisPORTAL DE CAPRICÓRNIO II A GUERRA DO PORTAL CAPÍTULO I – O REGRESSO INESPERADO A sala quadrada, branca, impecável e com três janelas, indicava que os viajantes do tempo estavam de volta à casa de arandelas niqueladas próximo ao Trópico de Capricórnio. Não fosse por uma incrível jornada através de um portal do tempo e uma lacuna de vinte mil anos, aquele encabulado grupo poderia ser confundido com viajantes comuns usufruindo férias em um remoto paraíso à beira-mar. Contudo, a realidade para Dru Ruver, Filipe Maine, Vitina Álmen, Roddie Meine, Ada e Oscar Kupis não poderia ser mais desconexa, ainda mais porque na travessia de volta ao seu próprio tempo e espaço, vieram acompanhados de Bram, o explorador e amigo de Kathumaran que era um habitante do passado remoto do Portal do Tempo. Foi quando em uma tímida indagação, Dru Ruver apontou: -
Como de hábito a corsária guiava o grupo, mas desta vez não era necessário utilizar o cordão-guia e pela primeira vez os viajantes do tempo prosseguiam felizes por conseguirem enxergar a trilha. Após uma hora de caminhada o espesso nevoeiro retornou e isto não permitia ao grupo avistar mais do que cinco metros adiante. Contudo, ninguém reclamou porque a neblina os protegia encobrindo os movimentos do grupo. Por vezes o farfalhar das árvores e estranhos assobios interrompiam a marcha por alguns segundos. Dru Ruver já estava inquieta com o piar que ecoava pelo desfiladeiro e Vitina percebendo o desconforto da jovem perguntou: - Será que estes assobios são de algum pássaro? O que acha Bram? Mas o explorador de Kathumaram fingiu não ouvir a pergunta e permaneceu calado até que Meine interveio: - Afinal, esses assobios são de algum animal ou não? O explorador sem alternativa respondeu: - Julgo que são das patrulhas. - Patrul
O grupo se pôs em marcha guiados por Bram que seguia à frente, lado a lado com a sua corsária. Logo atrás e em duplas vinham Vitina e o Dr. Meine, depois Ada e Oscar Kupis, e na retaguarda Roddie e Dru Ruver. O grupo caminhou por toda a manhã deixando para trás a fronteira, cruzando o primeiro flanco das Terras Baixas do Sul. A partir daquele ponto toda atenção e prudência seriam requeridas, os viajantes contavam apenas com a discrição e sorte para transpor desapercebidos aquele território. O primeiro flanco não oferecia muitos obstáculos, apesar da subida íngreme e vagarosa o território não era uma trilha acidentada e nem difícil de transpor, e ainda naquela noite o grupo pretendia galgar o topo do primeiro flanco. Já era fim da tarde e os viajantes estavam a um quilômetro do cume. Foi quando Bram sugeriu: - Vamos esperar anoitecer para ganhar o topo, nas Terras Baixas do Sul existem torres de observação e guardas que vigiam as montanhas. - E
Checando o apito de localização avançada Bram desmontou há alguns metros de distância do local onde estava a jovem e foi gritando: - Dru Ruver eu voltei para ajudá-la, não tenha medo, apareça! Para os viajantes humanos não era necessário enxergar quem se aproximava. Eles reconheceriam a voz de Bram em qualquer tempo ou lugar, e Dru Ruver surpresa e por impulso foi na direção do explorador saudando-o. - Bram o que faz aqui? - Eu vim ajudá-la e devemos partir... O explorador ficou mudo ao contemplar além da jovem, os outros viajantes do tempo que a acompanhavam. Vitina percebendo a estranha reação do explorador zombou: - O que foi? Parece até que viu um fantasma! Ainda pasmo, Bram perguntou sem hesitar: - Vocês estão vivos? - Bem vivos, obrigado por perguntar! - respondeu Roddie - Afinal, o que está acontecendo? - Ada interrompeu. Bram tentou explicar: - Eu monitorei o progresso de su
Convencido da urgência da desventura e por sua obrigação moral em ajudar um ser humano solitário, Bram partiu sorrateiramente de Kathumaram na madrugada anterior. Há dois dias ele cavalgava a toda velocidade com sua corsária em direção ao Bosque do Sul, porque sabia de antemão que qualquer humano que cruzasse aquele Bosque seria sumariamente executado pelas raças centáuricas que habitavam a extensa área. Esta antiga decisão foi tomada ainda durante a Primeira Era quando os habitantes do Bosque temiam a invasão e a caça pelos Homens das Terras Baixas do Sul. Foi quando todas as raças centáuricas, entre eles: os onocentauros, os minotauros, os pterocentauros, os leontocentauros e os faunos se reuniram em assembleia para decretar a pena de morte sumária para qualquer invasor humano. Mesmo tendo se passado Duas Eras, a lei ainda estava em vigor. Deste modo as chances de ajuda seriam quase nulas se Bram não fosse capaz de chegar a tempo e deter o ser humano e dono do apit
Foi quando Vitina e Dru se posicionaram a frente de tosca embarcação, enquanto Roddie e Ada ficaram no meio, seguidos por Oscar e Meine que se posicionaram no fundo. Cada um do grupo remava com as mãos seguindo as orientações do cartógrafo que de olho na bússola comandava as manobras. Em cerca de quinze minutos, após ziguezagues e retomadas, a alquebrada embarcação com um grupo de remadores amadores, mas, bem intencionados, seguia para o Sul em direção ao Portão das Profundezas. À medida que atingiam o Sul foi possível avistar as frondosas árvores da Floresta Tropical. No entanto, a costa permanecia a léguas de distância e para alcançá-la seria necessário remar por horas. Noite adentro a tripulação permaneceu se revezando e remando para o Sul, o céu limpo repleto de estrelas e a lua nova iluminavam a trajetória. Após vinte e quatro horas velejando naquela embarcação alquebrada e desconfortável, finalmente o grupo atingiu terra firme. Os viajantes dese
O abrigo foi lançado ao ar e depois sofreu o impacto de ser arrastado pela forte correnteza, tudo girava em uma velocidade alucinante. A tenda hermeticamente fechada transformou-se numa bolha de ar tentando resistir ao forte impacto do tornado. O movimento frenético intensificou-se, os viajantes rolavam de um lado para o outro, de cima para baixo e uns sobre os outros, acompanhando o movimento centrífugo e extenuante. Por fim o impacto da correnteza das águas turvas engoliu o abrigo, os lançando no fundo do lago. Neste momento a tenda não resistiu à pressão e começou instantaneamente a rasgar-se em tiras. A água fria e turva atingiu-os e seria muita sorte se não se afogassem. Por instinto, os viajantes tentavam subir a superfície desesperadamente e cerca de alguns metros de profundidade os separavam da morte. Com movimentos rápidos Vitina foi a primeira a alcançar a superfície, depois Oscar, e Dru chegou quase que no mesmo instante que Ada. A jovem começou a
Por fim, após meia hora os últimos dois membros do grupo ressurgiram e Vitina não perdeu tempo implicando com Roddie e Meine:- Pensei que vocês já tinham chegado ao extremo sul! Vocês não pararam de correr, vocês viram o que aconteceu?- Eu não vi nada doutora! - confessou Roddie – O meu tio só falava: “corre, corre” e eu não parei até ele mandar.Sem graça e muito embaraçado o cartógrafo se pronunciou:- Desculpe, eu acho que meu cálculo sobre até onde devíamos nos afastar foi exagerado!- Não diga? - zombou Oscar.Tentando mudar de assunto, Meine perguntou:- Afinal, o que aconteceu?Ada, Oscar, Dru e Vitina relataram os pormenores, enquanto voltavam ao acampamento para buscar os pertences que haviam abandonado. O monstro havia pisoteado a área, danificando a tenda e esmag
Ao longo do dia, o grupo percorreu um extenso território da floresta tropical e no fim da tarde, armaram a tenda de abrigo e fixaram um acampamento na parte alta da floresta. Foi quando o Dr. Kupis providenciou gravetos para acender a fogueira e por segurança Roddie e Dru foram checar o perímetro. Logo, o Dr. Meine anotou as coordenadas de localização no mapa do território, o qual havia copiado de um volume geográfico da Biblioteca de Kathumaram. Enquanto isso Vitina e Ada assavam as broas da Cidadela – segundo Bram que os presenteou com seis fardos - o estoque era suficiente para quinze dias de viagem. Após as tarefas, o grupo se reuniu em volta da fogueira e cada um chamuscava sua própria broa espetada num graveto, conforme o gosto pessoal. O jantar ainda contou com algumas castanhas colhidas na travessia. Roddie foi o primeiro a aprovar a culinária da viagem: - Muito bom, é leve, crocante e meio adocicada. - E satisfaz o apetite voraz! - ob