Todos prontamente concordaram e a jovem pousou as mãos sobre a fechadura: duas voltas e meia para direita e a porta se abriu sem esforço. Por um momento, ela prendeu a respiração, retirando a chave da porta e guardando-a no bolso. Dando um passo firme cruzou o escalão de entrada, seguida de perto pelo Dr.Meine e por Roddie. Atrás deles vieram o Dr. Kupis e Ada de mãos dadas. A Dra. Vitina e o Sr. Felpes logo atrás, e em seguida o Dr. Takei e a Dra. Lítica, que foi a última a cruzar o escalão de entrada da desolada construção.
A sala estava igualmente fria e limpa como há dois meses, e Dru não notava nada fora do comum:
− Foi aqui que eu achei o livro! – ela apontou para o chão branco, após caminhar cinquenta e cinco passos – Tinha um pequeno buraco aqui neste ponto! Olhem! Foi aqui! – Dru agachou recriando imaginariamente os fatos – Eu acionei um pequeno botão prateado que estava aqui! Aí uma alavanca abriu um quadrado e eu apanhei o livro!
− Tem certeza de que foi neste ponto, Dru? – Meine perguntou investigando atentamente o “quadrado”.
Por um momento o ar parecia rarefeito, o que deixou Dru levemente tonta.
− Sim, foi bem aqui! Tenho certeza! – ela esticou a mão esquerda, tocando o assoalho frio.
De repente, uma luz fortíssima e um som estrondoso emanou de todos os lados, Dru já não ouvia e nem mesmo conseguia ver mais nada. Ondas intensas de calor penetravam por todo o seu corpo, dilacerando sua pele com uma espécie de choque térmico, intenso e frenético, não houve tempo nem mesmo para se levantar.
Na verdade, Dru Ruver não conseguia andar, nem correr, nem gritar, porque todo seu corpo foi comprimido, achatado e esmagado por uma pressão extraordinária. Com a visão turva, tudo em sua volta tremia e sacudia como num terremoto.
Aos poucos a estranha pressão, o medo intenso e o terror apavorante foram diminuindo; mesmo se esforçando ao máximo Dru Ruver não conseguia compreender o que estava acontecendo, e muito menos o porquê daquilo estar acontecendo.
Subitamente a pressão cessou e a luz se tornou menos intensa. Naquele momento, o ar parecia voltar aos seus pulmões, dissipando o torpor físico e aos poucos, ela retomava o controle de seu corpo. Ainda meio tonta Dru com muito esforço conseguiu se levantar e gritou:
− Dr. Meine! Dr. Meine!
Ele parecia tão ou mais aturdido do que ela:
− Sim, sim... – ele balbuciou e os seus olhos azuis e arregalados se fixaram em Dru.
− Você está bem?
− Sim, creio que sim!
− Pode se levantar?
− Sim, sim! Eu estou bem!
Logo, Roddie gritou:
- Tio? Tio?
- Estou bem, Roddie! E você?
- Meio tonto! Mas estou bem!
Os dois jovens ajudaram o cartógrafo a se levantar, e sem querer os três se abraçaram num gesto único e simples, algo confortador depois daquela experiência aterradora.
Olhando em volta, Dru pôde ver a Dra. Vitina estirada de um lado, depois o Sr. Felpes encolhido em outro; o Dr. Kupis e a esposa ainda de mãos dadas. Mais adiante o Dr. Takei sentado em um canto com as mãos na cabeça. A única pessoa que permanecia imóvel era a Dra. Lítica. Sem demora, Dru caminhou até ela, tentando verificar o seu estado. Enquanto isso, o Dr. Meine bradou:
- Estão todos bem?
Cada um do grupo respondeu mesmo que aturdidamente “sim”. Dru tocou de leve na Dra. Lítica: ela estava gelada e inconsciente, sem saber ao certo o que fazer, a jovem chacoalhou--a pelos ombros, chamando seu nome:
− Dra. Lítica? Lítica? Acorde! Você está bem?
Mas Lítica não expressou nenhuma reação. Desesperada, Dru gritou:
− Aqui, me ajudem aqui! Ela está inconsciente!
Rapidamente o Dr. Meine e o Sr. Felpes acudiram, e Felpes talvez por ser mais íntimo, segurou-a nos braços e começou a chacoalhá-la::
− Lítica, acorde! Acorde! Você pode me ouvir? Querida, vamos, acorde!
Não houve resposta, Lítica parecia estar em um sono profundo. O Dr. Meine constatou o pulso e a respiração, por fim disse:
− Foi o choque! Ela precisa de repouso para se recompor! Diga-me Felpes, ela toma alguma medicação ou sofre de algum transtorno?
− Ela toma pílulas para dormir! – ele respondeu, sem hesitar - Já a adverti quanto a isso, mas de nada adiantou! Ela sofre de insônia e há muitos anos, desde que eu a conheço, toma pílulas para dormir!
− Muito bem. – disse calmamente o cartógrafo – Provavelmente este choque emocional, somado ao intoxicamento metabólico, causou-lhe esta inconsciência. Deixe-a descansar, ela ficará bem!
O Sr. Felpes em um gesto carinhoso, deitou-a em seu colo, desfez-lhe o coque, e passou a alisar seus longos cabelos pretos. Passado o susto inicial, o resto do grupo já estava em pé, foi quando começou todos os tipos de pergunta: Mas o que houve? O que aconteceu? O que foi isto? Dru não sabia e mais ninguém ali poderia saber! Mas isto não era o que mais a preocupava naquele momento. Decidida, achou melhor alertá-los:
− Onde será que nós estamos?
O silêncio foi profundo e durante algum tempo, todos ficaram olhando por toda a volta, mas nada parecia fazer sentido. A temperatura estava alta, o sol flamejante e no solo havia areias brancas.
− Parece que estamos bem longe de casa! – Dru falou sem querer.
− Sim é o que parece mesmo! – disse Roddie sem timidez, que foi o único a concordar com ela.
Se há algo realmente aterrador é quando se está imerso no desespero e no pânico, em uma situação que não se pode compreender e muito menos controlar, e esta era exatamente a situação que Dru Ruver e seus companheiros enfrentavam.
Logo, Dru olhou para o horizonte e em pé girou trezentos e sessenta graus para a esquerda, depois fez o mesmo movimento para a direita. Ficou imóvel por um minuto ou dois, mas não havia nada para se ver, nenhum ruído ou som. Tudo era branco até onde a visão da jovem podia discernir.
− Será que estamos no céu? – perguntou Roddie sério.
− Você quer dizer será que estamos mortos? – perguntou Vitina com voz trêmula.
− Oh, meu Deus! – Ada Kupis começou a chorar e soluçar, aos prantos rogava alguma oração.
− Vamos nos acalmar, por favor! Calma! – suplicou Meine, irritado.
− Pode ser uma alucinação, talvez algum tipo de droga! – precipitou Felpes.
− Felpes, o que você está vendo? – perguntou Meine sem hesitar.
− Vejo areia branca! Só areia branca por todos os lados, o sol e cada um de vocês!
− Ótimo! Eu também vejo a mesma coisa!
E para não haver dúvidas, o cartógrafo continuou:
− Todo mundo aqui vê o mesmo?
Todos imediatamente concordaram e respiraram aliviados. O Dr. Takei se pronunciou:
− Sim, eu também vejo o mesmo! Mas o que isto explica da situação?
− Veja bem, Dr. Takei, é simples! – Meine tentou explicar.
- Se todos nós vemos a mesma coisa, não pode ser alucinação, não é mesmo? Pelo que eu entendo, quando se usa uma droga alucinógena, cada pessoa vê e sente coisas distintas, é uma experiência muito pessoal! Então vejamos, podemos descartar certas hipóteses: nós não estamos drogados, todos nós vemos a mesma coisa e o mesmo lugar! Nossa experiência é real e coletiva, isto não é uma alucinação e nem um sonho. Portanto, parece que não estamos mortos também!
O cartógrafo fez uma pausa, respirou fundo e olhando nos olhos de cada um do grupo, continuou:
− Não sabemos onde estamos e nem como chegamos até aqui! Mas estamos todos vivos e bem de saúde, exceto Lítica que deve acordar em breve. Estamos um pouco confusos, é claro, mas em termos gerais estamos bem!
As palavras de Meine acalmaram o grupo, naquele momento qualquer ideia que fizesse sentido era reconfortador. O sol estava cada vez mais quente. O calor sufocante e por decisão unânime, o grupo tentava avistar algum tipo de abrigo, só que não havia árvores, nem cavernas e nem nada por ali, nem uma única sombra que aplacasse aquele sol. Logo, eles estavam escaldando sobre um deserto de areias brancas, vasto e aparentemente solitário.
− Não podemos nos demorar mais por aqui. – advertiu o Dr. Kupis – Senão sofreremos de insolação!
− Tem razão, querido – concordou Ada – Precisamos procurar abrigo.
− E quanto a Lítica? Não podemos deixá-la aqui! – protestou Felpes.
− E quem disse que vamos deixá-la, Felpes? Se ela não pode andar, vamos carregá-la! – ordenou Meine.
Todos apoiaram imediatamente a ideia e Vitina completou:
− Certo, devemos caminhar! Mas precisamos nos proteger do sol! Quem estiver sem boné ou chapéu, amarre um lenço, a blusa ou a camiseta sobre a cabeça!
Foi quando o Dr. Takei teve a inteligente ideia de rasgar as mangas da camisa três quartos e ceder uma delas ao Sr. Felpes. O Dr. Kupis fez o mesmo e dividiu com a esposa uma bandana improvisada. Como Dru e Roddie estavam de boné e a Dra. Vitina e o Dr. Meine com chapéus coloridos de tipo safári, só faltava uma proteção para Lítica, providenciada por Roddie, que tirou de sua mochila uma camiseta extra.
Decididos os pormenores de como carregar Lítica, o primeiro a se oferecer foi Roddie, sendo o mais jovem e forte. Ele não regateou esforços, colocando Lítica sobre o ombro direito para carregá-la mais facilmente pelo trajeto. O grupo então começou a caminhar para o norte, pelo menos o norte que escolheram, dada a posição do sol.
O grupo continuou caminhando em busca de abrigo, com uma pausa e outra para um breve descanso. Já era quase o final da tarde e o sol ia se pondo, quando decidiram descansar, improvisando um acampamento. Em breve seria noite naquela imensidão do deserto de areias brancas.
Sem demora, cada um resgatou da própria mochila ou bolsa, além da própria garrafinha d’água, os pertences pessoais. Vitina não hesitou em remexer a bolsa de Lítica procurando algo comestível ou necessário. No final das contas, o grupo de Dru Ruver tinha pelo menos três litros de água, doze barras de cereais, três pacotes de bolachas recheadas, um punhado de balas de café, quatro maços de cigarro e três isqueiros. Sem contar as quinquilharias como molhos de chaves, documentos, cartões de crédito, dinheiro, batons, pentes, porta-moedas, clipes, celulares, duas esferográficas, três câmeras digitais pifadas e somente duas das cinco lanternas funcionando, visto que todas as pilhas e baterias haviam vazado, danificando os equipamentos.
Nem mesmo os relógios de pulso funcionavam. Por sorte, Ada Kupis estava usando um clássico relógio de corda, segundo ela uma grata recordação de um carinhoso presente de seu avô. Este relógio também havia parado de funcionar, mas bastou Ada acionar duas ou três voltas de corda para ele voltar a funcionar normalmente.
O Dr. Kupis fez até graça, avisando que era uma dádiva ninguém ali possuir um marca-passo, senão estaria “pifado” também. O grupo, em comum acordo, fez o racionamento das provisões, e cada um recebeu uma barra de cereal, uma bolacha recheada, uma porção de água e duas balas de café.
A temperatura descia rápido, logo o Dr. Takei improvisou uma fogueira com as folhas de papel de seu bloco de notas, junto com um pente de madeira de Lítica. A sensação térmica com o vento forte que soprava implacável era em torno de sete graus.
Por sugestão de Felpes, formaram um círculo, se espremendo e ficando colados uns aos outros, em volta da tosca fogueira. Lítica foi colocada deitada e encolhida, ainda inconsciente, no centro da roda; eles entrelaçaram os braços e ficaram todos juntos abraçados, sentindo muito frio, muito medo e muita fome.
Estavam sós como nunca estiveram antes. A madrugada avançava e o frio se tornava mais intenso e aterrador. Cada um do grupo de Dru Ruver sentia a própria vida por um fio, eles estavam desesperados e aflitos. Ada Kupis foi o única que teve a coragem de pronunciar em voz alta: - “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” - e cada qual em seu coração fez uma prece silenciosa para combater a sombra da morte e implorar pela própria vida.
Na manhã seguinte o grupo ainda dormia quando um grito da Dra. Vitina os acordou em sobressalto: − Ele está morto! Meu Deus, ele está morto! Todos acudiram a doutora, tentando entender suas palavras de desespero e desamparo. Ela gritava, chorava e soluçava. Ada Kupis a abraçou ternamente tentando de alguma forma consolá-la. O Dr. Meine e o Dr. Kupis acudiram a vítima, realizando massagem cardíaca e respiração boca-a-boca, na tentativa de retomar o pulso; prestando os primeiros socorros. Mas de nada adiantou: o Dr. Takei estava morto. A hipotermia tirou-lhe a vida durante a noite passada. O Dr. Meine declarou com pesar: − Ele está morto! Ele não resistiu ao frio, o coração não aguentou tanto esforço! – ele suspirou um profundo lamento e prosseguiu – Há mais de cinco anos o Dr. Takei vinha sofrendo de uma disfunção cardíaca e fazia tratamento para controlar a doença! É lamentável! Realmente lamentável! − Ele tinha família, tio? − Sim, cl
Levando as duas lanternas, os dois jovens rastejaram pela entrada. Roddie tomou a iniciativa e Dru, sem perder tempo, foi logo em seguida. Desde o primeiro degrau deu para notar como a escada e a escotilha eram colossais. Os dois jovens desciam simultaneamente, lado a lado, tateando, degrau a degrau, iluminando com a lanterna os próprios passos. Os degraus eram largos e bem espaçados. Dru suava frio e tinha a boca seca tentando imaginar o que os esperava lá embaixo. O trajeto era lento e só conseguiam ver os degraus e as paredes também metálicas daquele cilindro, que nada revelavam. − Está tudo bem aí? – bradou Meine. − Tudo bem, tio! Em silêncio continuaram com prudência a descida que parecia interminável: vinte degraus, trinta degraus, quarenta degraus... - Veja a moeda! – Dru constatou aliviada quando sua lanterna capturou o reflexo. - Isso! É ela mesma! E assim os jovens apressaram a descida, tocando no fundo
Reduzido o grupo, reduzida a preocupação. Afinal, é certo que todas as situações oferecem prós e contras. Tomar decisões sempre implica abrir mão de uma, em favor de outra possibilidade, e no caso do grupo de Dru Ruver não era diferente. Logo, reuniram suprimentos de água e mais castanhas, porque não sabiam ao certo se encontrariam mais alimento ou água pela frente. Só nos bolsos, Dru carregava praticamente a mesma quantidade de castanhas do resto do grupo e, notando que eles a olhavam surpresos, ela se justificou: − Uma garota prevenida vale por duas! Partiram por volta do meio-dia e tudo em volta da trilha parecia familiar: plantas, árvores, rochas, o céu azul, exceto, é claro, pelas dimensões avantajadas. Caminharam por toda tarde, fazendo pausas regulares para descansar. Dentro de pouco tempo, o grupo se deparou com um achado inestimável: - o que sustentou o ânimo até o anoitecer: batatas doces. Sim, batatas doces e gigantes, cada uma pesava
O Dr. Oscar Kupis, Ada Kupis, a Dra. Lítica e o Sr. Felpes partiram logo após o desjejum, deixando para trás a floresta tropical e o grupo de Dru Ruver. Preveniram-se, carregando rações extras de água, castanhas, a única lanterna que ainda funcionava, um maço de cigarros e dois isqueiros. Naquela manhã, partiam esperançosos, sonhando que em breve pudessem estar no confortável e seguro lar de onde vinham. Para aqueles quatro viajantes, esta esperança era o único elo no qual podiam se agarrar, evitando assim o inconformado desespero. O Sr. Felpes se tornou, mesmo a contragosto, o líder do grupo. − Vamos fazer o caminho inverso. – Felpes declarou – Nós vamos voltar exatamente por onde viemos. Chegando no deserto, vamos para o sul! − Certo, Felpes, isto é muito lógico e racional – concordou a Sra. Kupis – No entanto, o que mais me apavora é que o que vamos fazer, quando chegarmos ao mesmo ponto de partida? − Ada, meu bem, – falou suavemente o Dr. Ku
Já era o segundo dia consecutivo desde a descoberta da escotilha. Apesar da distância percorrida, nada parecia alterar a paisagem daquela floresta tropical, eram apenas árvores e mais árvores, Vitina até brincou dizendo que jamais havia visto, nem mesmo pela televisão, tantas árvores juntas. Contudo, o grupo se considerava com sorte, não sofriam nem com a escassez de alimento e muito menos de água, sem contar que a última noite tinha sido excessivamente tranquila: sem chuva, sem sentinelas, sem nenhum fato inusitado. O dia passou lentamente com a caminhada exaustiva, a noite já caia quando o Dr. Meine sugeriu: − Que tal pararmos? Vamos preparar o jantar e dormir por aqui. Foi um dia longo e estou muito cansado! Todos concordaram, escolhendo uma fresta privilegiada entre duas árvores enormes para passarem a noite. Vitina preparou a fogueira, Roddie a comida e Dru Ruver, por medida de precaução, foi explorar alguns metros ao redor do improvisado acampamento para verifi
Naquela noite, o grupo decidiu manter-se acampado ao redor do lago, presumindo que ali fosse possível avistar ou fazer contato com as criaturas da floresta. Dru já estava desapontada ao esperar tanto tempo, tudo parecia calmo demais e ela tinha uma estranha sensação de que alguém ou alguma coisa a estava observando. Somente na hora do jantar, ela tomou coragem para revelar a sua preocupação: − Eu não sei explicar muito bem, mas tenho a estranha sensação de estar sendo ob-observada – ela gaguejou sem querer. - Eu sinto que alguém está nos vigiando. − Parece absurdo! – disse Vitina, interpelando o sentido de sua frase – Será que não é sua imaginação? Será que isto é possível? − Impossível quase tudo não é! Porque estamos aqui, não estamos? – afirmou muito aborrecido Meine. − Eu não queria dizer nada, sabia que iam ficar preocupados! − É isto! Isto explica tudo! − Explica o quê, doutor? – Dru perguntou não entendendo as conclusões do cart
No dia seguinte, Dru recobrou os sentidos com um forte estrondo. Ela passou rapidamente o olhar em volta da cela metálica. Surpresa, percebeu que logo à sua frente havia dois potes de barro: um com água e outro com comida. Faminta, ela agarrou o pote maior com a comida e com a mão direita comeu compulsivamente uma mistura pastosa e grudenta, de gosto amargo. Ela comeu e bebeu tudo freneticamente, por fim se sentiu revigorada, e sua mente se aquietou por alguns instantes. Deixou-se ficar ali, parada, imóvel, ainda sentindo o estranho gosto da refeição, ouvindo lá de fora o incessante barulho de quebrar pedras. Foi então, que se perguntou: de que modo aqueles potes chegaram até ali? Por garantia, a jovem deitou-se no canto esquerdo da cela metálica agarrada a um dos potes de barro, ao menos assim um deles não sumiria sem que percebesse. Passaram-se horas até que um novo estrondo ecoou dentro do cilindro. Dru despertou, ouvindo sons vindos de cima, imediat
Em liberdade, a primeira providência de Dru Ruver foi escolher um esconderijo seguro. Demorou dois dias, para a jovem encontrar uma fresta espaçosa encravada embaixo de duas árvores. O esconderijo era perfeito! Todas as noites, protegida pela escuridão, Dru se embrenhava pela mata alta a fim de vigiar a prisão das gárgulas e descobrir o paradeiro de Roddie, Vitina e Meine. Em suas observações, descobriu que o território das gárgulas ficava a oeste dos tubos de metal usados como cativeiro, ela contou ao menos oito tubos metálicos distribuídos a cada cinco metros de distância um do outro, e igualmente estarrecida descobriu que o barulho incessante de quebrar pedras vinha realmente de uma pedreira! Dia e noite, as gárgulas utilizavam picaretas de metal e quebravam enormes blocos de pedra calcária, os blocos eram transportados um a um, até as gárgulas anciãs, ao todo dez, que esculpiam com destreza as mais novas companheiras de sua própria raça. Depois de prontas