Como de hábito a corsária guiava o grupo, mas desta vez não era necessário utilizar o cordão-guia e pela primeira vez os viajantes do tempo prosseguiam felizes por conseguirem enxergar a trilha.
Após uma hora de caminhada o espesso nevoeiro retornou e isto não permitia ao grupo avistar mais do que cinco metros adiante. Contudo, ninguém reclamou porque a neblina os protegia encobrindo os movimentos do grupo. Por vezes o farfalhar das árvores e estranhos assobios interrompiam a marcha por alguns segundos.
Dru Ruver já estava inquieta com o piar que ecoava pelo desfiladeiro e Vitina percebendo o desconforto da jovem perguntou:
- Será que estes assobios são de algum pássaro? O que acha Bram?
Mas o explorador de Kathumaram fingiu não ouvir a pergunta e permaneceu calado até que Meine interveio:
- Afinal, esses assobios são de algum animal ou não?
O explorador sem alternativa respondeu:
- Julgo que são das patrulhas.
- Patrul
Fim da primeira parte da aventura. Muito obrigada por fazer parte desta jornada.
PORTAL DE CAPRICÓRNIO II A GUERRA DO PORTAL CAPÍTULO I – O REGRESSO INESPERADO A sala quadrada, branca, impecável e com três janelas, indicava que os viajantes do tempo estavam de volta à casa de arandelas niqueladas próximo ao Trópico de Capricórnio. Não fosse por uma incrível jornada através de um portal do tempo e uma lacuna de vinte mil anos, aquele encabulado grupo poderia ser confundido com viajantes comuns usufruindo férias em um remoto paraíso à beira-mar. Contudo, a realidade para Dru Ruver, Filipe Maine, Vitina Álmen, Roddie Meine, Ada e Oscar Kupis não poderia ser mais desconexa, ainda mais porque na travessia de volta ao seu próprio tempo e espaço, vieram acompanhados de Bram, o explorador e amigo de Kathumaran que era um habitante do passado remoto do Portal do Tempo. Foi quando em uma tímida indagação, Dru Ruver apontou: -
“O tempo é a chave para encontrar coisas perdidas” Provérbio Chinês Nada nesse mundo começa por acaso. E mesmo sem saber disso, Dru Ruver ansiava por um mundo que não exigisse tantas explicações de uma garota de dezessete anos. Como leitora voraz, aproveitava o tempo livre consumindo livros de novos autores de Literatura Fantástica e Ficção Científica, ora se imaginando lutando contra monstros e criaturas fantásticas, ora salvando o mundo de uma iminente destruição. Como qualquer jovem de sua idade, ela sonhava em viver uma gra
Já era final da tarde, quando Dru decidiu fazer um lanche e checar com a cozinheira Sra. Lile algumas informações: − Sra. Lile, conhece aquele homem? O nosso vizinho – ela apontou involuntariamente para o terraço - com quem eu estava conversando? − Vizinho, ele? Ah... Srta. Ruver, eu nunca vi este homem antes por aqui! − Não viu? Tem certeza? − Não, não vi, tenho certeza! E olha que conheço bem nossa vizinhança. Sei quem trabalha pra quem. O nome dos patrões, a que horas eles acordam e dormem, quem trabalha, quem não trabalha e onde trabalham! Os filhos, os filhos dos filhos, quem é da capital, quem mora mesmo aqui e quem fica só por uns dias... − Eu entendo que a senhora conhece bem todo mundo por aqui! Mas aquela casa cinza, a única na encosta do declive sul que estava à venda, quem mora lá? A Sra. Lile pensou seriamente, olhou para cima e fez três movimentos com os olhos da esquerda para direita, conferindo em sua lista mental
Após três semanas de intenso trabalho, o grupo de especialistas formado pelo Dr. Filipe Meine finalmente iria se reunir para discutir as primeiras informações decifradas pela força-tarefa. Aproveitando o feriado prolongado de Carnaval, o encontro se daria na casa de Dru Ruver, para que os especialistas pudessem fazer uma incursão na Encosta de Capricórnio, na única casa de arandelas niqueladas, com a intenção de conhecer o lugar exato onde ela havia encontrado o livro. Todos os detalhes foram organizados por Meine: o grupo partiria de sua casa rumo ao litoral por volta das dez horas da noite. Logo, a campainha soou e a primeira especialista a chegar foi a Dra. Vitina Almén, acompanhada de sua chow-chow Wendy. - Olá, será que não vou mesmo incomodar trazendo minha cachorra? – perguntou a tradutora antes de atravessar a porta. A Dra. Almén era professora, tradutora de Línguas Arcaicas e uma das mais conceituadas especialistas em Mitologia
Todos prontamente concordaram e a jovem pousou as mãos sobre a fechadura: duas voltas e meia para direita e a porta se abriu sem esforço. Por um momento, ela prendeu a respiração, retirando a chave da porta e guardando-a no bolso. Dando um passo firme cruzou o escalão de entrada, seguida de perto pelo Dr.Meine e por Roddie. Atrás deles vieram o Dr. Kupis e Ada de mãos dadas. A Dra. Vitina e o Sr. Felpes logo atrás, e em seguida o Dr. Takei e a Dra. Lítica, que foi a última a cruzar o escalão de entrada da desolada construção. A sala estava igualmente fria e limpa como há dois meses, e Dru não notava nada fora do comum: − Foi aqui que eu achei o livro! – ela apontou para o chão branco, após caminhar cinquenta e cinco passos – Tinha um pequeno buraco aqui neste ponto! Olhem! Foi aqui! – Dru agachou recriando imaginariamente os fatos – Eu acionei um pequeno botão prateado que estava aqui! Aí uma alavanca abriu um quadrado e eu apanhei o livro! − Tem certeza de q
Na manhã seguinte o grupo ainda dormia quando um grito da Dra. Vitina os acordou em sobressalto: − Ele está morto! Meu Deus, ele está morto! Todos acudiram a doutora, tentando entender suas palavras de desespero e desamparo. Ela gritava, chorava e soluçava. Ada Kupis a abraçou ternamente tentando de alguma forma consolá-la. O Dr. Meine e o Dr. Kupis acudiram a vítima, realizando massagem cardíaca e respiração boca-a-boca, na tentativa de retomar o pulso; prestando os primeiros socorros. Mas de nada adiantou: o Dr. Takei estava morto. A hipotermia tirou-lhe a vida durante a noite passada. O Dr. Meine declarou com pesar: − Ele está morto! Ele não resistiu ao frio, o coração não aguentou tanto esforço! – ele suspirou um profundo lamento e prosseguiu – Há mais de cinco anos o Dr. Takei vinha sofrendo de uma disfunção cardíaca e fazia tratamento para controlar a doença! É lamentável! Realmente lamentável! − Ele tinha família, tio? − Sim, cl
Levando as duas lanternas, os dois jovens rastejaram pela entrada. Roddie tomou a iniciativa e Dru, sem perder tempo, foi logo em seguida. Desde o primeiro degrau deu para notar como a escada e a escotilha eram colossais. Os dois jovens desciam simultaneamente, lado a lado, tateando, degrau a degrau, iluminando com a lanterna os próprios passos. Os degraus eram largos e bem espaçados. Dru suava frio e tinha a boca seca tentando imaginar o que os esperava lá embaixo. O trajeto era lento e só conseguiam ver os degraus e as paredes também metálicas daquele cilindro, que nada revelavam. − Está tudo bem aí? – bradou Meine. − Tudo bem, tio! Em silêncio continuaram com prudência a descida que parecia interminável: vinte degraus, trinta degraus, quarenta degraus... - Veja a moeda! – Dru constatou aliviada quando sua lanterna capturou o reflexo. - Isso! É ela mesma! E assim os jovens apressaram a descida, tocando no fundo
Reduzido o grupo, reduzida a preocupação. Afinal, é certo que todas as situações oferecem prós e contras. Tomar decisões sempre implica abrir mão de uma, em favor de outra possibilidade, e no caso do grupo de Dru Ruver não era diferente. Logo, reuniram suprimentos de água e mais castanhas, porque não sabiam ao certo se encontrariam mais alimento ou água pela frente. Só nos bolsos, Dru carregava praticamente a mesma quantidade de castanhas do resto do grupo e, notando que eles a olhavam surpresos, ela se justificou: − Uma garota prevenida vale por duas! Partiram por volta do meio-dia e tudo em volta da trilha parecia familiar: plantas, árvores, rochas, o céu azul, exceto, é claro, pelas dimensões avantajadas. Caminharam por toda tarde, fazendo pausas regulares para descansar. Dentro de pouco tempo, o grupo se deparou com um achado inestimável: - o que sustentou o ânimo até o anoitecer: batatas doces. Sim, batatas doces e gigantes, cada uma pesava