Reduzido o grupo, reduzida a preocupação. Afinal, é certo que todas as situações oferecem prós e contras. Tomar decisões sempre implica abrir mão de uma, em favor de outra possibilidade, e no caso do grupo de Dru Ruver não era diferente.
Logo, reuniram suprimentos de água e mais castanhas, porque não sabiam ao certo se encontrariam mais alimento ou água pela frente. Só nos bolsos, Dru carregava praticamente a mesma quantidade de castanhas do resto do grupo e, notando que eles a olhavam surpresos, ela se justificou:
− Uma garota prevenida vale por duas!
Partiram por volta do meio-dia e tudo em volta da trilha parecia familiar: plantas, árvores, rochas, o céu azul, exceto, é claro, pelas dimensões avantajadas. Caminharam por toda tarde, fazendo pausas regulares para descansar.
Dentro de pouco tempo, o grupo se deparou com um achado inestimável: - o que sustentou o ânimo até o anoitecer: batatas doces. Sim, batatas doces e gigantes, cada uma pesava
O Dr. Oscar Kupis, Ada Kupis, a Dra. Lítica e o Sr. Felpes partiram logo após o desjejum, deixando para trás a floresta tropical e o grupo de Dru Ruver. Preveniram-se, carregando rações extras de água, castanhas, a única lanterna que ainda funcionava, um maço de cigarros e dois isqueiros. Naquela manhã, partiam esperançosos, sonhando que em breve pudessem estar no confortável e seguro lar de onde vinham. Para aqueles quatro viajantes, esta esperança era o único elo no qual podiam se agarrar, evitando assim o inconformado desespero. O Sr. Felpes se tornou, mesmo a contragosto, o líder do grupo. − Vamos fazer o caminho inverso. – Felpes declarou – Nós vamos voltar exatamente por onde viemos. Chegando no deserto, vamos para o sul! − Certo, Felpes, isto é muito lógico e racional – concordou a Sra. Kupis – No entanto, o que mais me apavora é que o que vamos fazer, quando chegarmos ao mesmo ponto de partida? − Ada, meu bem, – falou suavemente o Dr. Ku
Já era o segundo dia consecutivo desde a descoberta da escotilha. Apesar da distância percorrida, nada parecia alterar a paisagem daquela floresta tropical, eram apenas árvores e mais árvores, Vitina até brincou dizendo que jamais havia visto, nem mesmo pela televisão, tantas árvores juntas. Contudo, o grupo se considerava com sorte, não sofriam nem com a escassez de alimento e muito menos de água, sem contar que a última noite tinha sido excessivamente tranquila: sem chuva, sem sentinelas, sem nenhum fato inusitado. O dia passou lentamente com a caminhada exaustiva, a noite já caia quando o Dr. Meine sugeriu: − Que tal pararmos? Vamos preparar o jantar e dormir por aqui. Foi um dia longo e estou muito cansado! Todos concordaram, escolhendo uma fresta privilegiada entre duas árvores enormes para passarem a noite. Vitina preparou a fogueira, Roddie a comida e Dru Ruver, por medida de precaução, foi explorar alguns metros ao redor do improvisado acampamento para verifi
Naquela noite, o grupo decidiu manter-se acampado ao redor do lago, presumindo que ali fosse possível avistar ou fazer contato com as criaturas da floresta. Dru já estava desapontada ao esperar tanto tempo, tudo parecia calmo demais e ela tinha uma estranha sensação de que alguém ou alguma coisa a estava observando. Somente na hora do jantar, ela tomou coragem para revelar a sua preocupação: − Eu não sei explicar muito bem, mas tenho a estranha sensação de estar sendo ob-observada – ela gaguejou sem querer. - Eu sinto que alguém está nos vigiando. − Parece absurdo! – disse Vitina, interpelando o sentido de sua frase – Será que não é sua imaginação? Será que isto é possível? − Impossível quase tudo não é! Porque estamos aqui, não estamos? – afirmou muito aborrecido Meine. − Eu não queria dizer nada, sabia que iam ficar preocupados! − É isto! Isto explica tudo! − Explica o quê, doutor? – Dru perguntou não entendendo as conclusões do cart
No dia seguinte, Dru recobrou os sentidos com um forte estrondo. Ela passou rapidamente o olhar em volta da cela metálica. Surpresa, percebeu que logo à sua frente havia dois potes de barro: um com água e outro com comida. Faminta, ela agarrou o pote maior com a comida e com a mão direita comeu compulsivamente uma mistura pastosa e grudenta, de gosto amargo. Ela comeu e bebeu tudo freneticamente, por fim se sentiu revigorada, e sua mente se aquietou por alguns instantes. Deixou-se ficar ali, parada, imóvel, ainda sentindo o estranho gosto da refeição, ouvindo lá de fora o incessante barulho de quebrar pedras. Foi então, que se perguntou: de que modo aqueles potes chegaram até ali? Por garantia, a jovem deitou-se no canto esquerdo da cela metálica agarrada a um dos potes de barro, ao menos assim um deles não sumiria sem que percebesse. Passaram-se horas até que um novo estrondo ecoou dentro do cilindro. Dru despertou, ouvindo sons vindos de cima, imediat
Em liberdade, a primeira providência de Dru Ruver foi escolher um esconderijo seguro. Demorou dois dias, para a jovem encontrar uma fresta espaçosa encravada embaixo de duas árvores. O esconderijo era perfeito! Todas as noites, protegida pela escuridão, Dru se embrenhava pela mata alta a fim de vigiar a prisão das gárgulas e descobrir o paradeiro de Roddie, Vitina e Meine. Em suas observações, descobriu que o território das gárgulas ficava a oeste dos tubos de metal usados como cativeiro, ela contou ao menos oito tubos metálicos distribuídos a cada cinco metros de distância um do outro, e igualmente estarrecida descobriu que o barulho incessante de quebrar pedras vinha realmente de uma pedreira! Dia e noite, as gárgulas utilizavam picaretas de metal e quebravam enormes blocos de pedra calcária, os blocos eram transportados um a um, até as gárgulas anciãs, ao todo dez, que esculpiam com destreza as mais novas companheiras de sua própria raça. Depois de prontas
No dia seguinte os fugitivos decidiram partir. Naquele momento, o problema que o grupo de Dru Ruver enfrentava era o de rota. Não tinham um mapa e tampouco sabiam onde realmente estavam, contando apenas com a experiência, sabiam ao certo que ao sul ficava o deserto, ao oeste estava a floresta e ao norte a prisão das gárgulas. Por isso, decidiram arriscar uma nova rota na direção leste. Pouco a pouco, seguiam caminhando: a mata alta antes densa foi se tornando rasa, as clareiras enormes se resumiam a pequenas folgas em um terreno acidentado, até mesmo a vegetação rasteira se dissipou completamente dando lugar a uma terra roxa e barrenta. Desde então, não tinham visto, por sorte ou azar, nenhum outro ser vivo. Não avistaram nem mesmo um pássaro ou inseto, não havia barulho, nem ruído de espécie alguma: era apenas o silêncio. Naquela terra roxa e barrenta não havia vento, a ausência de brisa os mantinha aquecidos, porém nervosos. Cogitaram ainda a possibilidade
Foi quando um visitante inesperado adentrou o vilarejo. O enorme cão de guarda disparou na direção dele saltitando com exuberância, todos os habitantes saudaram com muito respeito o ilustre visitante que perpassava montado em uma espécie de cavalo, só que muito maior, mais forte, com uma cabeça triangular e incomum. O visitante se aproximou do líder, cumprimentou-o com uma leve inclinação de cabeça, trocando saudações. Após desmontar, ele acariciou demoradamente a cabeça do animal. Tanto Dru quanto Roddie ficaram eufóricos com a presença daquele mestre que parecia ter saído das páginas de um livro. Ele tinha a altura de dois homens, cabelos cinzas e brilhantes, e suas vestes impecáveis eram adornadas por cores distintas: azul e laranja. Ele olhou para os dois jovens e com ternura proferiu: − Eu sou Bram. E caminho por estas terras há mais tempo do que qualquer um de sua raça! Eles ficaram extasiados, Roddie meio abobado perguntou: − Você nos e
Bram foi discreto, não interrompendo a manifestação de ambos, após algum tempo ele os conduziu para o pátio interno de Kathumaram, subindo duas rampas extensas, onde enormes blocos de gelo separavam todas as trilhas da cidadela e informou que o gelo mantinha a temperatura agradável, e Roddie, sem disfarçar a curiosidade, indagou: − Mas este gelo não derrete? − Sem dúvida que derrete! Mas toda a vida nesta terra é longa e mesmo um bloco de gelo pode durar um imenso período. − Quanto tempo um bloco de gelo deste dura? Um mês? - Dru especulou. − Um mês? Isto não é um tempo apropriado para tão belo material! – Bram parecia fazer cálculos mentalmente - Eu diria que cada bloco de gelo deste dura quase cem anos. − Blocos de gelo que duram cem anos? Inacreditável, parece até que vieram diretamente da Antártida! – disse Roddie, extremamente surpreso. Aproveitando a deixa do amigo, Dru especulou novamente: - Você conhece a Antártid