Patrícia, uma talentosa bailarina, vê sua vida desmoronar quando um relacionamento tóxico a afasta do palco e um trauma devastador a coloca em um profundo luto. Determinada a reconstruir sua vida, ela encontra apoio em Ester, sua melhor amiga, que a convida a abrir um estúdio de dança. Entre pinceladas de tinta e passos de balé, Patrícia luta para redescobrir sua paixão pela dança e a força que acreditava ter perdido. Paralelamente, Lucas, um empresário de tecnologia bem-sucedido, enfrenta o vazio deixado pela perda repentina de sua noiva, Milena. Ele tenta seguir em frente, mas os ecos do passado ainda o perseguem, tornando difícil enxergar um futuro sem a mulher que tanto amou. Convencido por seu melhor amigo Miguel a sair de sua zona de conforto, Lucas aceita o convite para a inauguração do estúdio de dança, sem imaginar que esse evento mudará sua vida. Quando Patrícia e Lucas se reencontram, suas dores profundas criam um laço silencioso. Ambos tentam manter distância, temendo que as cicatrizes do passado impeçam qualquer chance de felicidade. No entanto, a força da amizade, os desafios do presente e a delicadeza dos novos sentimentos que surgem os empurram a confrontar suas inseguranças e a acreditar, ainda que aos poucos, no poder do recomeço. Entre passos de balé e memórias guardadas, Patrícia e Lucas precisam aprender que o amor verdadeiro não apaga o passado, mas ilumina o caminho para um novo amanhã.
Ler mais— Foi divertido essa noite — disse Ester, com um sorriso satisfeito no rosto. Seus olhos brilhavam com curiosidade e uma pontada de expectativa enquanto me observava.Eu não pude deixar de sorrir também.— Tudo bem, você tinha razão. Foi divertido — admiti, soltando um suspiro leve.Ester bateu palmas animada, quase como uma criança que acaba de ganhar um doce.— Que ótimo, Paty! Eu sabia que você ia gostar.Por alguns instantes, ficamos em silêncio. Apenas o som do carro deslizando suavemente pela rua preenchia o espaço. Até que Ester olhou de canto de olho para mim, com aquele olhar perspicaz que ela sempre lançava quando queria arrancar algo de mim.— Mas… eu notei algo hoje — ela começou, com a voz carregada de malícia. — A proximidade entre você e o Leandro… é impressão minha ou ele está interessado em você?Senti meu rosto esquentar instantaneamente. Virei o rosto para a janela, tentando disfarçar o leve rubor que subia pelas minhas bochechas.— Não sei, Ester. Acho que foi só i
O silêncio suave da varanda foi interrompido pelo som da porta se abrindo. Leandro apareceu, com um sorriso travesso e olhar curioso.— O que vocês dois estão fazendo aqui fora? — perguntou ele, cruzando os braços e encostando no batente da porta.Eu e Patrícia nos entreolhamos por um breve instante, e ela sorriu de maneira doce, mas discreta.— Nada demais — respondeu Patrícia, sua voz calma, porém carregada de algo que nem eu conseguia decifrar. — Só comentando que, às vezes, a vida nos surpreende.Leandro arqueou uma sobrancelha, claramente intrigado com a resposta. Ele lançou aquele olhar brincalhão, o tipo de olhar que eu conhecia bem — algo entre provocação e curiosidade.Antes que qualquer um de nós pudesse responder, a voz animada de Miguel ecoou da sala.— Bora, pessoal! Estou ligando o videogame. Quem vai ser derrotado hoje?Leandro riu e fez um gesto para que seguíssemos para dentro.— Vocês ouviram o chefe. Vamos lá!Quando estávamos de volta à sala, Miguel já estava senta
Entrei no carro e segui para casa. O som baixo do rádio preenchia o silêncio enquanto minha mente estava longe, vagando entre lembranças sobre Patrícia. O que foi aquele encontro no estúdio hoje? O jeito como ela sorriu, como seus olhos azuis pareciam carregar oceanos de sentimentos…No meio do caminho, meu celular vibrou no painel. Era Miguel.— Fala, brother! — Ele disse com aquela animação característica. — Combinei com Leandro, Ester e Patrícia aqui em casa hoje. Pizza e cerveja. Você vem?Suspirei, desviando o olhar para a rua.— Ah, não sei, Miguel. Não estou com clima para festa. Depois daquela conversa intensa na cafeteria, o silêncio que se instalou entre nós não era desconfortável, mas parecia carregar algo mais profundo, quase sagrado. Como se, de alguma forma, tivéssemos tocado em um ponto delicado do destino, um nó invisível que nos unia desde aquele dia no hospital.Ester, sempre a mais falante entre nós, tentou aliviar a atmosfera com uma piada leve:— Certo, acho que depois desse café, ninguém aqui nunca mais vai olhar para um terraço do mesmo jeito.Nós três sorrimos, mas era um sorriso carregado de compreensão mútua. Patrícia desviou os olhos para sua xícara quase vazia e passou os dedos pelo cabelo preso em um coque desalinhado. Havia uma fragilidade em seus gestos, mas também uma força silenciosa que me intrigava profundamente.— Bom… acho que precisamos ir. — Patrícia disse, sua voz suave, mas firme. — Ainda temos algumas coisas para organizar no estúdio antes das aulas começarem na segunda-feira.— Claro. — Assenti, forçando um sorriso. — Foi boCapítulo 19
Entrei no carro e segui para casa. O som baixo do rádio preenchia o silêncio enquanto minha mente estava longe, vagando entre lembranças sobre Patrícia. O que foi aquele encontro no estúdio hoje? O jeito como ela sorriu, como seus olhos azuis pareciam carregar oceanos de sentimentos…No meio do caminho, meu celular vibrou no painel. Era Miguel.— Fala, brother! — Ele disse com aquela animação característica. — Combinei com Leandro, Ester e Patrícia aqui em casa hoje. Pizza e cerveja. Você vem?Suspirei, desviando o olhar para a rua.— Ah, não sei, Miguel. Não estou com clima para festa.— Lucas, não é uma festa, cara. É só uma reunião entre amigos. Vem, vai ser legal.Miguel sabia ser insistente quando queria. E, no fundo, eu sabia que ele tinha razão. Talvez sair de casa fosse uma boa ideia.— Tá bom, Miguel. Eu vou.— É isso! Te espero aqui às oito.Desliguei o telefone, mas a ansiedade começou a se instalar no meu peito. Será que ia ser estranho encontrar Patrícia novamente, depoi
Depois daquela conversa intensa na cafeteria, o silêncio que se instalou entre nós não era desconfortável, mas parecia carregar algo mais profundo, quase sagrado. Como se, de alguma forma, tivéssemos tocado em um ponto delicado do destino, um nó invisível que nos unia desde aquele dia no hospital.Ester, sempre a mais falante entre nós, tentou aliviar a atmosfera com uma piada leve:— Certo, acho que depois desse café, ninguém aqui nunca mais vai olhar para um terraço do mesmo jeito.Nós três sorrimos, mas era um sorriso carregado de compreensão mútua. Patrícia desviou os olhos para sua xícara quase vazia e passou os dedos pelo cabelo preso em um coque desalinhado. Havia uma fragilidade em seus gestos, mas também uma força silenciosa que me intrigava profundamente.— Bom… acho que precisamos ir. — Patrícia disse, sua voz suave, mas firme. — Ainda temos algumas coisas para organizar no estúdio antes das aulas começarem na segunda-feira.— Claro. — Assenti, forçando um sorriso. — Foi bo
— Que pena, Lucas. Mas espero que possamos fazer algo juntos, nós quatro. — Ester disse, sorrindo de forma esperançosa.Antes que alguém pudesse responder, a atendente se aproximou da mesa. Ester pediu um cappuccino, enquanto Patrícia optou por um expresso.O silêncio se instalou por alguns instantes, interrompido apenas pelo leve barulho da cafeteria e o tilintar das xícaras nos pires. Foi Patrícia quem quebrou o silêncio, sua voz suave, porém firme:— Tenho a sensação de que já te conheço de algum lugar. — Ela disse, inclinando levemente a cabeça para o lado, como se tentasse juntar peças soltas de um quebra-cabeça.Lucas ergueu o olhar, fixando-se nos olhos azuis dela, e respondeu com um meio sorriso:— Também tenho essa mesma sensação.Ester, percebendo o clima que se formava entre os dois, soltou uma risada leve:— Talvez vocês já tenham se conhecido em vidas passadas!Todos sorriram, quebrando o peso do momento. Logo depois, a atendente retornou com os pedidos, distribuindo as x
O evento foi um sucesso absoluto. Ester e eu estávamos exaustas, mas realizadas. Conseguimos fechar algumas matrículas ainda naquela noite e recebemos inúmeros elogios pelo espaço e pela organização.Enquanto os últimos convidados iam embora, Miguel, Lucas e Leandro se aproximavam para se despedir.— Parabéns, meninas. O lugar está incrível, e o evento foi impecável. — Disse Miguel, com sua habitual simpatia.— Foi mesmo! — Leandro acrescentou, sorrindo. Em seguida, ele se inclinou e, mais ousado, me deu um abraço caloroso e um beijo na bochecha.Fiquei levemente surpresa, mas retribuí o gesto com um sorriso discreto. Lucas, por outro lado, manteve-se mais reservado, apenas apertando minha mão. Seu olhar encontrou o meu brevemente, e senti novamente aquele misto de nervosismo e curiosidade.Antes de sair, Miguel aproveitou para combinar algo com Ester:— Amanhã à noite, então? Um jantar tranquilo.Ester concordou prontamente, os olhos brilhando. Assim que os três se afastaram, eu a pr
— Olá, sou Leandro. — A voz dele era carregada de um tom confiante, quase como se tivesse o poder de transformar a atmosfera ao redor. Ele se aproximou com um sorriso fácil, os olhos brilhando com uma energia descontraída que se espalhava por onde passava.Leandro era o oposto de Lucas. Enquanto Lucas parecia sempre em seu próprio mundo, com uma aura de mistério e distância, Leandro possuía a capacidade de dominar o ambiente com uma presença magnética, sempre com um sorriso aberto e um olhar afiado. Ele parecia estar sempre no controle, nunca desconfortável, e isso fazia com que as pessoas se sentissem naturalmente atraídas por ele.— Olá, Patrícia. — Respondi educadamente, estendendo a mão em um cumprimento, tentando manter a compostura.Leandro segurou minha mão com uma delicadeza que contrastava com sua postura confiante. Seu sorriso era encantador, como se ele soubesse exatamente como fazer alguém se sentir à vontade. — Muito bonito o espaço. Simples, mas sofisticado. — A maneira