Após a trágica morte de sua irmã e cunhado, uma renomada empresária se vê repentinamente responsável por seus quatro sobrinhos órfãos. Sem ter alternativa a não ser assumir a guarda das crianças, ela se vê diante do desafio de conciliar sua carreira exigente com a nova responsabilidade familiar. Para garantir que os sobrinhos recebam todo o cuidado necessário, ela contrata um babá, um homem gentil e atencioso, que rapidamente conquista o coração das crianças e o dela também. Enquanto lida com os desafios da maternidade improvável, ela se vê envolvida em um triângulo amoroso inesperado com o filho de seu chefe, criando uma situação complicada e emocionalmente intensa que desafia seu equilíbrio entre o trabalho e a família.
Leer másPriscila BarcellaDepois que o Liam saiu para trabalhar e levou o Ítalo e a Ísis para a escola, fiquei em casa com as menores. Mas, por mais que tentasse me distrair, meus pensamentos estavam longe. Estavam com o Max. Um aperto insistente no peito me lembrava, o tempo todo, do acidente. E, mesmo sabendo que eu não podia controlar tudo, me sentia culpada.— Mamãe, o que foi? — Belinha perguntou, tocando meu rosto com carinho e beijando minha bochecha. Seu gesto me arrancou um sorriso suave.— O que você acha de irmos visitar o tio Max? — perguntei, tentando soar animada.Os olhos dela brilharam.— Sim! Ouviu, Nina? Vamos ver o seu pai! — Nina bateu as mãozinhas, empolgada. — Ela também quer, mamãe! Depois podemos sair?— Podemos sim — falei, me levantando com cuidado e ajeitando Nina no colo. Fomos até o estacionamento, e mesmo com o trânsito um pouco pesado, o caminho até o hospital foi tranquilo. Belinha conversava com
Priscila BarcellaAcordei com aquele chorinho que eu já conhecia de longe. Nina. Era suave, manhoso, mas insistente — como se estivesse me chamando de volta pro mundo. E, de certa forma, estava mesmo.Me espreguicei devagar, ainda com o corpo pesado da madrugada, e fui até o berço. Assim que me viu, seus olhinhos brilharam, e os bracinhos se agitaram no ar, como se dissessem: "Você demorou, mamãe."— Bom dia, meu amor — sussurrei, pegando-a nos braços com o cuidado de quem carrega o próprio coração fora do peito.Ela se aconchegou em mim com aquele cheirinho de leite morno e tranquilidade, e eu fechei os olhos por um instante, sentindo aquele pequeno milagre respirando contra o meu pescoço. Era nesses segundos que eu lembrava por que ainda aguentava tudo.— Mamãe... — a voz sonolenta da Belinha me alcançou, meio engolida pelo travesseiro.Me aproximei da cama dela e me sentei com Nina no colo. A luz da manhã ainda era tímida no q
Max Fox “Priscila, precisamos conversar. É sobre a Mavie.”Minhas mãos tremiam enquanto eu encarava o celular. A mensagem estava escrita, pronta pra ser enviada. Um toque e tudo mudaria.— Max... — Rafaela se aproximou, com a voz suave, mas séria. — Espera.Olhei pra ela, a respiração acelerada.— Eu não posso esperar, Rafa. E se ela estiver viva? Eu preciso falar com a Priscila.Ela tocou meu braço, tentando me trazer de volta pro chão.— Eu sei. Mas… você já pensou no que essa mensagem vai causar nela?Pisquei, confuso.— Rafaela…— Não dá pra simplesmente mandar: “Oi, Priscila. A nossa filha pode não estar morta. A sua filha, aquela por quem você chora todos os dias em silêncio há quatro anos, pode estar viva. E sei lá, talvez esteja em qualquer lugar do mundo com pessoas que a gente nem conhece.”Ela falou de forma calma, mas firme. Suas palavras me atingiram como uma facada.— Você não sabe como ela sofreu, Max. Eu vi. Vi como ela se calou, como ela enterrou isso tão fundo que a
Max FoxÉ madrugada. A luz do quarto do hospital é fraca, e o silêncio só é quebrado pela respiração pesada de Rafaela dormindo. Ela murmura algo enquanto se remexe levemente. Ajeito o lençol sobre ela, tentando proteger o pouco de paz que ainda conseguimos manter. Mas meu peito aperta.Eu não consigo dormir.Não com esse gosto amargo na boca. Não com a lembrança do que minha mãe fez com a minha filha. E a culpa... a maldita culpa de saber que, se eu tivesse estado com a Priscila, nossa filha estaria viva. Estaria bem.A vontade que me consome é de sair desse hospital agora, voando até onde quer que ela esteja, e acabar com tudo. Com as próprias mãos, se fosse preciso. Mas, como sempre, ela está fora do país. Viajando. Luxando com o meu dinheiro. Com esse dinheiro maldito que, no fim das contas, custou a vida da minha filha.Levanto devagar. Desconecto o suporte do soro e começo a andar pelos corredores descalço, como um fantasma vagando pelos próprios erros. Parte de mim sente culpa
Priscila Barcella Acordei no meio da madrugada, sentindo um olhar sobre mim. Pisquei algumas vezes, tentando me situar, até encontrar Liam me observando com um sorriso sereno, os olhos brilhando com aquele afeto tranquilo que só ele sabia ter. — Dorme, amor… ainda é muito cedo — ele murmurou, deslizando os dedos pela minha bochecha com uma delicadeza que quase me fez chorar. Seu polegar traçou um caminho leve até o canto dos meus lábios, como se quisesse guardar meu sorriso mesmo quando eu dormisse. Fechei os olhos por um instante, me permitindo sentir aquela paz. A mão dele repousou em minha nuca, fazendo um carinho sutil e contínuo, como quem embala um segredo. Era tão bom tê-lo ao meu lado, sentir sua presença como um cobertor macio ao meu redor, como se nada pudesse me atingir. Mas a tranquilidade durou pouco. A lembrança das palavras de Ricardo me atingiu como uma lâmina fria: "Ela é a cara da irmã." O ar pareceu pesar nos meus pulmões. Um nó se formou na minha garganta, e a
Liam Rodrigues Eu sabia que Priscila precisava de um tempo. O dia não tinha sido nada fácil para ela. Com a casa silenciosa e as crianças fora, fui até a cozinha, esperando encontrar um pouco de café pronto. Mas a cafeteira vazia me obrigou a preparar um novo. Enquanto a água fervia, encostei-me no balcão, esfregando o rosto com as mãos. O cheiro forte do café logo começou a preencher o ambiente, trazendo um pouco de conforto para a noite pesada. Peguei uma xícara e enchi até a borda, envolvendo-a com as mãos para sentir o calor. Caminhei até a sala e me joguei no sofá, olhando para o horizonte através da janela. A cidade estava quieta àquela hora, um contraste gritante com o caos do dia. Queria que a noite terminasse logo, que a manhã trouxesse algo melhor. Mas sabia que nem sempre as coisas funcionavam assim. Soltei um suspiro, tomando um gole do café forte antes de me levantar. O cansaço pesava nos ombros, mas havia coisas que não podiam esperar. Liguei o notebook na mesa de ja
Priscila BarcellaFoi bom demais ver que o Max estava bem. Eu vinha me culpando tanto pelo acidente, sentindo um peso esmagador no peito, mas vê-lo ali, inteiro, apesar de tudo, me trouxe um alívio que nem sabia que precisava.Me acomodei no sofá ao lado de Liam, observando Josefa com Laurinha no colo e Léo brincando com Nina. Os dois eram avós babões de um jeito que aquecia o coração. A cena me fez sorrir, mesmo com tudo ainda embaralhado na minha mente.Suspirei, encostando a cabeça no peito de Liam. O calor do seu abraço foi imediato, forte e seguro, e por um segundo fechei os olhos, tentando absorver aquela sensação.— Ainda bem que ele não teve nada grave… — minha voz saiu baixa, um misto de alívio e culpa. — Mas eu deveria ter contado sobre a Mavie antes. Se eu tivesse dito a verdade, nada disso teria acontecido.Liam deslizou os dedos suavemente pelo meu braço, seu toque gentil contrastando com o peso das minhas palavras.— Você não pode carregar essa culpa, Pri. O que acontece
Rafaela Carvalho O mundo ao meu redor parecia um borrão indistinto, como se eu estivesse presa em um pesadelo do qual não conseguia acordar. O zunido do motor do carro ressoava alto, mas o único som que realmente ecoava dentro de mim era o martelar frenético do meu coração. Minhas mãos ainda tremiam. O peso da minha bebê em meus braços era real, quente, mas nem mesmo o calor do corpinho frágil de Laurinha conseguia me ancorar no presente. O medo enroscava-se na minha garganta como uma corrente invisível, apertando, sufocando. A simples ideia de que Max pudesse estar gravemente ferido me deixava à beira do desespero. Eu não sabia de nada. Não sabia se ele estava consciente. Se estava respirando. Se estava... Fechei os olhos com força, tentando afastar os pensamentos catastróficos. O pânico consumia cada parte de mim, uma chama devoradora que subia pelo meu peito, queimando. — Rafa, olha pra mim. — A voz de Priscila soou firme, mas carregada de um carinho que eu não sabia se mereci
Priscila BarcellaDepois do banho e de finalmente conseguir me acalmar um pouco, vesti uma roupa confortável e prendi o cabelo ainda úmido em um coque frouxo. Liam fez o mesmo, e descemos juntos para o almoço.Assim que entramos na cozinha, parei no meio do caminho, estreitando os olhos.As crianças já estavam sentadas à mesa, todas arrumadas, sem vestígios dos uniformes. A comida fumegava nos pratos, e o cheiro do tempero caseiro preenchia o ambiente. Até aí, tudo normal. O estranho era o comportamento deles.Quietos demais. Comendo direitinho demais. Sem brigas, sem implicâncias, sem nenhuma tentativa de fugir dos legumes.Isso só podia significar uma coisa: estavam aprontando alguma.Cruzei os braços e os encarei um por um. Íris desviou o olhar, fingindo estar concentrada no prato. Ítalo tomou um longo gole de suco, como se quisesse desaparecer atrás do copo. Mas Belinha… bem, Belinha era a única que parecia alheia a tudo.— Mamãe! — exclamou animada, saindo da cadeira e correndo a