William RodriguesAcordei cedo e me arrumei, não podia chegar atrasado no meu novo emprego. Saí de casa às três e meia da manhã, a casa dela fica longe, então tive que ir a pé por alguns quilômetros, depois peguei o metrô e, em seguida, o ônibus. Andei cerca de mais dois quilômetros e finalmente cheguei no condomínio chique onde a senhorita Priscila mora. — Bom dia — falei para o porteiro. E ele me respondeu até com um bom ânimo para as seis da manhã. — Sou William Rodrigues... — ele olhou um papel e sorriu. — O novo babá da cobertura? — Sim — falei e ele sorriu. — O elevador de serviço fica à esquerda — ele falou e fui para lá. Eram exatamente 6:20h da manhã. Peguei o elevador de serviço, estava um pouco nervoso para conhecer essa criança, só espero que ela seja calma. Assim que toquei a campainha, uma senhora com o braço quebrado abriu a porta, me dando espaço para entrar. — Como vai? Meu nome é Josefa — ela me cumprimentou estendendo a mão. — Tudo bem, eu sou o William, ma
William RodriguesDepois de me arrumar com uma roupa estilo chofe de madame, que ficou no tamanho certo, fui até o quarto dos santos diabinhos. Não posso desistir assim tão facilmente.Assim que cheguei no quarto, vi a Isabela chorando e me aproximei dela, que agarrava uma boneca de pano.— Por que você está chorando, princesa? — perguntei ao me aproximar.— Eu quero a minha mãe — ela falou chorando, e eu passei a mão em seu cabelo.— Você quer que eu ligue para sua mãe? — perguntei, mas ela apenas chorou mais — Não precisa chorar, princesa, a mamãe foi trabalhar. Você quer ir para a escolinha, brincar com os amiguinhos?— Eu não tenho amigos. Eu quero a mamãe e o papai — ela disse chorando, e entendi a dor de querer alguém que nunca mais veremos, ou que nem sequer conhecemos.— Se você não for, não vai fazer amigos...— E se eles nunca quiserem ser meus amigos? Eu gostava da minha outra casa, eu tinha amigos lá... eu quero voltar para a casa do papai.— Quer que eu te conte um segred
Priscila Barcella Hoje seria o primeiro dia do babá e espero que ele consiga cuidar bem das crianças, pois preciso voltar à minha rotina normal. Não posso perder essa oportunidade de promoção na história da FOS, onde uma mulher nunca foi tão longe, provando que nós podemos. Mas para isso, é essencial que alguém cuide das crianças.Falando em crianças, a noite passada foi longa. Nina não saiu do meu seio por nada, estou exausta. Já passei tantas noites em claro, mas nunca me senti tão cansada. Ela parecia sugar a minha alma, e ainda tenho uma reunião marcada para as 07:30h com Max e o dono da padaria "Hora Pães", em uma de suas cafeterias.Estava com tanta pressa que mal olhei para o babá. A verdade é que nunca olho direito, a maioria dos meus funcionários trabalha comigo há anos, então sempre fiz questão de conhecê-los. Mas as babás, cansei de perder meu tempo. Na segunda, já sabia que não duraria muito, mas algo nele me intrigou. Quando entreguei Nina, ela não chorou. Pode ser egoís
Priscila Barcella O restante do caminho foi tranquilo, ouvindo música. Estacionei o carro perto da cafeteria e, ao sair com minha bolsa e pasta, percebi que ela estava toda grudenta. Peguei um lenço umedecido para limpar e entrei na cafeteria, onde logo avistei Max olhando para o relógio e para mim com um sorriso no rosto.— Desculpe pelo atraso de 5 minutos, foi por causa do trânsito — me justifiquei.— Não se preocupe, Priscila. Pensei que algo tivesse acontecido, já que você sempre chega antes do horário — respondeu ele com bom humor.— Desculpe, não vai se repetir... — comecei a me desculpar, e ele começou a rir.— Não estou reclamando, isso acontece. Eu também costumo me atrasar — admitiu Max, e eu achei estranho, mas era verdade que ele sempre se atrasava. — Onde está a pequenina?— Minha filha? — perguntei naturalmente, percebendo que tinha chamado Nina de filha.— Sim — respondeu ele com um sorriso encantador, levantando-se. — Já estou com saudades daquela fofura.— Nem me fa
Priscila BarcellaMas nada me preparou para aquela cena. Assim que abri a porta, meu mundo caiu. Eu simplesmente não podia acreditar no estado em que aquele lugar estava. Havia manchas de tinta no meu carpete e várias penas. Mas o que me chocou foi o estado do babá: ele estava cheio de penas e com farinha na cabeça. Ele segurava a minha bebê no colo, e a Nina estava chorando e completamente suja, enquanto a Isabela agarrava a perna dele com medo e suja. Foi então que vi a própria imagem do caos: a Iris tentava pegar algo, e o Ítalo estava tendo um ataque de raiva no sofá, com farinha espalhada no tapete e nos móveis.Tudo estava completamente sujo, e eu nunca tinha visto minha casa daquela forma.Não podia acreditar no que estava presenciando. Senti meu rosto queimar e uma raiva começou a tomar conta de mim. Como era possível? Eu havia conseguido a melhor escola para eles, e eles não foram. Tinham tudo o que eu queria quando era criança e se comportavam daquele jeito. Minha irmã não s
Priscila Barcella Josefa veio rapidamente e pôde ver Ana tentando entender do que se tratava a conversa.Eu estava tentando me recompor a Iris precisa aprender que o mundo não gira as vontades deles.— Sim, senhora — ela respondeu, vindo até a sala e ficando de boca aberta ao ver o estado em que tudo estava. — Não se preocupe, senhora. Vou pedir para limparem.— Não, eu só te chamei para você entregar o material de limpeza para eles. Quero a casa brilhando, quero os três com shorts, com os joelhos no chão, escovando com uma escova. Não é só a sala, quero que limpem cada cantinho que sujaram, cada manchinha — falei olhando para os três. — Depois, separe para mim alguns livros relacionados à série da Íris. Ela fará a leitura e, em seguida, quero uma redação com no mínimo 15 páginas escritas à mão. Por fim, quero uma dissertação sobre como devo tratar os superiores. E você, Italo, quero que escreva 500 vezes: "Eu não vou maltratar o meu babá".— As crianças vão limpar? — perguntou Josef
William Rodrigues Não sei se foi reflexo ou sorte, mas ainda bem que consegui chegar até ela a tempo de segurá-la, caso contrário, a bebê teria se machucado. O que mais me chamou a atenção foi o olhar dela, além dos seus olhos azulados, havia algo indefinível neles. Ajudei-a a sentar no sofá e saí para tomar outro banho. Josefa me deu uma roupa de motorista para vestir, mas ficou muito grande e folgada. Fui para a sala com os cabelos ainda molhados, pensando que se não precisasse desse emprego, já teria ido embora. Ao chegar na sala, vi os três ajoelhados esfregando o chão com escovas, e a senhora Priscila não estava mais lá. Ajoelhei ao lado de Belinha, peguei a escovinha de sua mão e ela parecia prestes a chorar. Quando a ajudei a levantar, vi suas mãos e joelhos vermelhos. — Deixa eu te ajudar — falei, esfregando a mancha no tapete e estava muito difícil de sair. — Babá, por que você está me ajudando? Nós que fizemos isso e te machucamos — ela disse, com uma expressão triste,
Max Fos Eu voltei decidido a apagar a Priscila da minha vida, mas ao vê-la novamente, a dúvida me assombrou: estaria sendo um idiota ao querer excluí-la? Quando a vi com aquele bebê no colo, só tive uma certeza: sou pai, tenho uma filha linda. Conheço a Priscila, ela não vai admitir a verdade tão facilmente. Sempre foi meio egocêntrica e se achar que me afastar da nossa filha é o melhor para a Nina, jamais vai revelar a verdade. Sei que confrontá-la pode ser um tiro no meu pé, então preciso reconquistar a confiança dela aos poucos. Estava no apartamento da minha irmã, precisando desabafar. Cheguei da reunião na cafeteria e encontrei minha irmã sentada no sofá, assistindo televisão. — Chegou cedo — ela disse, e me joguei no outro sofá. — Reunião com a Frozen? — brincou. — Estava com a Priscila e dei mais uma mancada. Falei da mãe dela… — E o que tem demais em falar da mãe dela? Ou você xingou a mãe dela? — ela perguntou, se ajeitando e desligando a TV. — Nunca xingaria a mãe de