William Rodrigues Não sei se foi reflexo ou sorte, mas ainda bem que consegui chegar até ela a tempo de segurá-la, caso contrário, a bebê teria se machucado. O que mais me chamou a atenção foi o olhar dela, além dos seus olhos azulados, havia algo indefinível neles. Ajudei-a a sentar no sofá e saí para tomar outro banho. Josefa me deu uma roupa de motorista para vestir, mas ficou muito grande e folgada. Fui para a sala com os cabelos ainda molhados, pensando que se não precisasse desse emprego, já teria ido embora. Ao chegar na sala, vi os três ajoelhados esfregando o chão com escovas, e a senhora Priscila não estava mais lá. Ajoelhei ao lado de Belinha, peguei a escovinha de sua mão e ela parecia prestes a chorar. Quando a ajudei a levantar, vi suas mãos e joelhos vermelhos. — Deixa eu te ajudar — falei, esfregando a mancha no tapete e estava muito difícil de sair. — Babá, por que você está me ajudando? Nós que fizemos isso e te machucamos — ela disse, com uma expressão triste,
Max Fos Eu voltei decidido a apagar a Priscila da minha vida, mas ao vê-la novamente, a dúvida me assombrou: estaria sendo um idiota ao querer excluí-la? Quando a vi com aquele bebê no colo, só tive uma certeza: sou pai, tenho uma filha linda. Conheço a Priscila, ela não vai admitir a verdade tão facilmente. Sempre foi meio egocêntrica e se achar que me afastar da nossa filha é o melhor para a Nina, jamais vai revelar a verdade. Sei que confrontá-la pode ser um tiro no meu pé, então preciso reconquistar a confiança dela aos poucos. Estava no apartamento da minha irmã, precisando desabafar. Cheguei da reunião na cafeteria e encontrei minha irmã sentada no sofá, assistindo televisão. — Chegou cedo — ela disse, e me joguei no outro sofá. — Reunião com a Frozen? — brincou. — Estava com a Priscila e dei mais uma mancada. Falei da mãe dela… — E o que tem demais em falar da mãe dela? Ou você xingou a mãe dela? — ela perguntou, se ajeitando e desligando a TV. — Nunca xingaria a mãe de
Wiliam Rodrigues Limpamos tudo calmamente, em meio a brincadeiras e risadas e foi até bom para conhecer o Italo e a Isabela.— Acabamos! — a Belinha anunciou, jogando-se em meus braços. Eu realmente tinha conquistado a menina, e ela, com seu jeito meigo, me conquistou também. Era diferente das outras crianças que já conheci. Eu sempre me dedicava a cuidar dos menores no orfanato, e com certeza faria o mesmo por eles. — Sim, acabamos — Ítalo concordou, se jogando no chão. — Mas temos que arrumar lá em cima ainda. A Cida está sempre com raiva da gente por causa da bagunça. — Viu que dá trabalho? — comentei, e nesse momento, a senhora Priscila surgiu descendo as escadas com a pequena Nina no colo. A bebê estava impecável em um macacão vermelho com um laço charmoso. Priscila, por sua vez, usava um vestido tubinho formal e chinelos. Era evidente que o salto alto estava a incomodando. Iris, logo atrás dela, revirou os olhos.— Pelo visto vocês conseguiram. Então vão já para o banho
Priscila Barcella Pedi para a Ana trazer a Nina para mamar antes de voltar para o trabalho. Queria evitar olhar para o babá. Não sei, mas algo naquele olhar me trouxe uma sensação que eu nunca senti, e não sei porquê isso me deixou aterrorizada. Sai para o trabalho sem nem me despedir das crianças. Só coloquei a Nina adormecida na cama. Eu até queria ficar lá com ela e dormir um pouquinho, mas tinha que trabalhar, e sinceramente, esta é a primeira vez que vou sem querer muito. Sai de casa e fui para a empresa. Foquei única e exclusivamente no trabalho. Pelo menos por duas horas tentei esquecer das crianças e do babá, e as horas se passaram tão rápido que eu nem senti. — Senhora, tem um senhor querendo te ver, disse ser sobre um bebê. — a nova secretária falou. — Certo, você pode trazer a minha bebê e a bolsa dela. — pedi, e ela assentiu, se retirando. Mas, quando ouvi o choro da Nina, me levantei e sai da minha sala o mais rápido possível. Assim que sai da sala, vi a nova secre
Priscila Barcella Nunca ninguém foi tão espontâneo perto de mim, não sei quando foi a última vez que alguém me abraçou assim como a Belinha, muito menos um beijo. A princípio não sabia o que fazer, mas logo a abracei de volta e dei um beijo na bochecha. A peguei no colo e coloquei ela sentada na cama, fui até o banheiro, peguei a Nina que estava na sua cadeirinha e as deixei na cama. — Fiquem aí às duas quietinhas que eu vou tomar banho — falei, e a Belinha sorriu para mim. Tomei banho rapidinho e me arrumei. Quando sai do banheiro, a Nina começou a reclamar. — Eu não fiz nada. — a Belinha falou levantando os braços como quem se rende. — Eu sei, né meu amor? Fala para a sua irmãzinha que você fica enjoadinha quando está longe dessa mamãe postiça — falei pegando a bebê no colo, que logo se calou. — Vamos, você tem que ir para a escola, meu amor. — Eu gostei disso — a Belinha falou me dando a mão. — Do que? — Meu amor, o babá estava certo, você não é uma bruxa malvada. — Você ac
Priscila Barcella O caminho foi tranquilo. A Nina chorou um pouco, mas logo parou quando comecei a conversar com ela. Chegamos ao shopping, e ele a tirou da cadeirinha, pegando também a bolsa dela. Peguei minha bolsa, e fomos andando juntos.— O que você quer fazer primeiro? — ele perguntou.Eu simplesmente odiava não ter um plano. Sempre gostei de ter tudo organizado para não perder muito tempo.— Eles precisam de roupas, e temos que ver tintas e papéis de parede. Você acha que vamos demorar quantos dias para terminar? — perguntei, pensativa.— Sinceramente, não sei. Mas acho que dois dias. Você vai contratar um pintor?— Não, pensei em fazermos isso nós mesmos. Mas, se eu ver que não vai dar certo, eu contrato.— Certo, então vamos primeiro nas roupas? — ele sugeriu. — Acho que é o mais urgente, principalmente porque o frio está chegando e eles não estão acostumados — ele disse, e não argumentei, afinal, estamos em abril.— Sim, depois os móveis e as tintas, papéis de parede, essas
Priscila Barcella Passei a tarde toda no meu escritório. Assim que a Nina acordou, eu a trouxe para o escritório e pedi ajuda ao Sebastião para colocar o cercadinho dela. Já eram quase 20h quando recebi uma vídeo chamada do Max.— Oi, Priscila, você pode falar? — ele perguntou, e eu ajeitei o celular na mesa para poder ajeitar a Nina.— Oi, posso sim. Eu estava terminando a campanha daquela loja de móveis e analisando as que recebi da equipe.— Eu pensei que você ia tirar o dia para descansar.— Eu me distraio trabalhando e não quero acumular serviço, mas o que aconteceu?— Nada, eu só queria saber como você está. Você não é de pedir ajuda e notei ontem que você não estava bem. Na verdade, há dias eu noto isso.A porta do escritório abriu, e a Belinha entrou chorando, correndo até mim.— O que foi? — perguntei, preocupada.— A Íris me bateu — ela falou chorando e se agarrou ao meu colo.— Como assim a Íris te bateu?— Eu não queria tomar banho ainda porque eu gosto quando a senhora m
Priscila Barcella Eu já estava quase dormindo quando meu celular começou a tocar, e dei um jeito de sair e entrar no meu closet para não acordar as meninas.— Alô.— Está muito ocupada, amiga? — Era a Natália, e pelo jeito que ela estava falando, não estava muito bem.— Não, na verdade eu estava na cama, quase dormindo.— Às 11 da noite? — ela perguntou impressionada.— Sim, fui colocar as meninas para dormir e já estava quase dormindo, mas você não ia me ligar para perguntar se estou ocupada. Eu sei que você não está bem...— Nos conhecemos muito bem, né? — ela falou, suspirando. — Eu estou em São Paulo.— O que foi? Você brigou com o Ramon?— Como você sabe?— Eu te conheço. Não é qualquer um que te abala deste jeito — Priscila fez uma pausa, hesitando antes de continuar. — E você infelizmente ama muito aquele...— Vai falar o que do meu marido, Priscila?— Venha para cá. Não tenho como sair de casa; A Josefa, com seu entusiasmo contagiante, foi para o forró esta noite, e à noite e