Priscila Barcella Passei a tarde toda no meu escritório. Assim que a Nina acordou, eu a trouxe para o escritório e pedi ajuda ao Sebastião para colocar o cercadinho dela. Já eram quase 20h quando recebi uma vídeo chamada do Max.— Oi, Priscila, você pode falar? — ele perguntou, e eu ajeitei o celular na mesa para poder ajeitar a Nina.— Oi, posso sim. Eu estava terminando a campanha daquela loja de móveis e analisando as que recebi da equipe.— Eu pensei que você ia tirar o dia para descansar.— Eu me distraio trabalhando e não quero acumular serviço, mas o que aconteceu?— Nada, eu só queria saber como você está. Você não é de pedir ajuda e notei ontem que você não estava bem. Na verdade, há dias eu noto isso.A porta do escritório abriu, e a Belinha entrou chorando, correndo até mim.— O que foi? — perguntei, preocupada.— A Íris me bateu — ela falou chorando e se agarrou ao meu colo.— Como assim a Íris te bateu?— Eu não queria tomar banho ainda porque eu gosto quando a senhora m
Priscila Barcella Eu já estava quase dormindo quando meu celular começou a tocar, e dei um jeito de sair e entrar no meu closet para não acordar as meninas.— Alô.— Está muito ocupada, amiga? — Era a Natália, e pelo jeito que ela estava falando, não estava muito bem.— Não, na verdade eu estava na cama, quase dormindo.— Às 11 da noite? — ela perguntou impressionada.— Sim, fui colocar as meninas para dormir e já estava quase dormindo, mas você não ia me ligar para perguntar se estou ocupada. Eu sei que você não está bem...— Nos conhecemos muito bem, né? — ela falou, suspirando. — Eu estou em São Paulo.— O que foi? Você brigou com o Ramon?— Como você sabe?— Eu te conheço. Não é qualquer um que te abala deste jeito — Priscila fez uma pausa, hesitando antes de continuar. — E você infelizmente ama muito aquele...— Vai falar o que do meu marido, Priscila?— Venha para cá. Não tenho como sair de casa; A Josefa, com seu entusiasmo contagiante, foi para o forró esta noite, e à noite e
Priscila Barcella No sábado, eu acordei com a cama vazia e levei um susto. Como a Nina não estava comigo, saí correndo da cama.— JOSEFA! — gritei, desesperada.Saí do quarto correndo, o coração disparado, chamando por Josefa. Quando alcancei a escada, meus olhos se fixaram em Isabela e Nina brincando tranquilamente no tapete da sala.Não sei por que pensei que alguém tinha levado minha bebê.— Senhora, aconteceu alguma coisa? — perguntou Josefa, preocupada, vindo da cozinha e enxugando as mãos em um pano de prato.— Eu quase morri do coração — admiti, sentando-me no tapete. Peguei Nina no colo e a abracei com força, sentindo um alívio profundo me invadir. — Acordar sem ela ao meu lado foi um susto terrível.— Você estava cansada, titia. Eu vi ontem — disse Isabela, e eu a abracei, beijando sua cabeça. Não imaginava que uma menininha de 4 anos fosse reparar nessas coisas.— Eu encontrei as duas brincando no outro quarto e as trouxe para cá. Achei estranho, mas... — começou Josefa.—
Priscila Barcella Ao entrar no meu quarto, avistei a Belinha e a Josefa, rindo e brincando animadamente com uma boneca de pano. O som de suas risadas ecoava pelo ambiente, trazendo uma sensação momentânea de paz.— Titia, você está bem? — A voz suave de Belinha, com um toque de preocupação infantil, interrompeu meus devaneios. Ela se aproximou, segurando minha mão, os olhos grandes e questionadores refletindo a inocência e o cuidado que sempre me desconcertavam.— Estou — menti, forçando um sorriso enquanto minha mente vagava longe.— Josefa, vou sair com as meninas. Pode tirar o dia para você, volto só perto do jantar. Avise a Ana também.Josefa me lançou um olhar cheio de preocupação antes de sair. Afundei na cama, os olhos fixos no vazio. Belinha, com toda sua energia, exibiu o macacão e a blusa rosa que havia escolhido, mas sua voz parecia distante, perdida no eco dos meus pensamentos tumultuados.Belinha falava animadamente, mas meus pensamentos retornavam às palavras de Max. Er
Priscila Barcella Eu fiquei muito calada o resto do dia, e a Natália percebeu que eu precisava desse tempo. Quando voltei para casa, entrei com a Nina para deixá-la com o babá e nem falei com ele. Só deixei as meninas e saí. Peguei o meu carro e dirigi até um lugar afastado onde fazia anos que eu não vinha. Estava longe da confusão de São Paulo, mas ao mesmo tempo podia ver as luzes e o agito no horizonte. O céu estava começando a escurecer, pintado com tons de laranja e roxo, criando um cenário melancólico que combinava com meu estado de espírito. Quando cheguei no meu canto, vi um homem lá sentado, sua silhueta desenhada pela luz suave do crepúsculo. Já estava pronta para ir embora quando reconheci a voz. — Priscila — chamou Max, com um tom calmo e acolhedor, sorrindo quando me virei. — Sério que até aqui? Você está me perseguindo? — perguntei, cruzando os braços e estreitando os olhos. Ele revirou os olhos em resposta. — Até onde eu sei, fui eu quem te trouxe aqui pela pr
Priscila Barcella Não dormi preocupada com as minhas meninas, sentindo o peso da responsabilidade esmagando meu peito. Era como se cada suspiro delas fosse um lembrete da minha necessidade de ser forte.Ainda bem que comprei as fraldas para a Belinha, pois ela só não fez xixi na cama porque estava usando-as. Quando a Nina acordou, eu dei um banho nela e a arrumei.A Belinha acordou com o barulho, e resolvi arrumá-la também com a roupa que estava no meu quarto. Coloquei uma calça e uma blusa de botão e saí com as meninas antes das 7 da manhã. O sol ainda estava nascendo, tingindo o céu com tons suaves de rosa e laranja, enquanto uma brisa fresca trazia o cheiro de terra molhada.A Belinha ainda estava meio sonolenta; coloquei ela e a Nina nas cadeirinhas e fiquei esperando a Natália e o Henrique, que não demoraram a chegar.— Não vai ser difícil para você me levar em casa? — ela perguntou enquanto eu colocava a bagagem dela no porta-malas do carro e, em seguida, o Henrique, que também
Priscila Barcella Segui o caminho até um restaurante em frente à praia, onde costumo ir com o Max e a Natália nos finais de semana de folga.Após fazer o pedido, admirei a vista enquanto Belinha parecia me imitar.— O mar é lindo — Belinha falou e olhou para mim com um sorriso. — Podemos ir conhecer de pertinho? — ela pediu, juntando as mãozinhas.— Depois que terminarmos de comer, podemos ver isso — sugeri, e ela sorriu concordando.Nina começou a reclamar no carrinho, então a peguei no colo e ajeitei. Belinha ficou animada ao ver a área infantil, e eu a deixei ir explorar. O restaurante não estava lotado, então eu conseguia manter um olho nela de onde estava.Observei-a por um momento antes de voltar minha atenção para minha bebezinha.— Desculpa por ontem, viu, minha bonequinha? A mamãe teve uma crise. Você vai entender um dia que nós, seres humanos, somos complicados — falei, alisando seu cabelo e olhando para seu rostinho.Ela está crescendo tão rápido e, sinceramente, eu não po
Priscila BarcellaQuando voltei para casa, a Íris já tinha arrumado tudo e estava passando pano na sala.— Muito bem, vai tomar banho, já pedi a janta — falei e subi com as meninas, precisávamos de um banho. A Belinha ainda tinha areia no corpo.Depois do banho, o jantar chegou. Comemos enquanto assistiam à televisão, e eu mal prestei atenção no filme.A Belinha já estava exausta e dormiu assim que o primeiro filme acabou. Levei-a para minha cama, não iria deixá-la dormir no chão. A noite foi tranquila, estávamos cansados demais.Na manhã seguinte, acordei com alguém batendo na minha porta.— Senhora Priscila — a Josefa chamou, batendo na porta.— Oi — falei baixinho, ainda sonolenta.— Já está tarde, a Belinha vai se atrasar para a escola — ela falou, e levei um susto. A Nina sempre acordava às 5 da manhã, no mais tardar.— Obrigada, já vamos — falei, já me levantando. — Meu amorzinho — falei no ouvido dela.— Tô com sono — ela disse, e eu estava morrendo de pena, mas já eram 6:40. T