Priscila Barcella Não dormi preocupada com as minhas meninas, sentindo o peso da responsabilidade esmagando meu peito. Era como se cada suspiro delas fosse um lembrete da minha necessidade de ser forte.Ainda bem que comprei as fraldas para a Belinha, pois ela só não fez xixi na cama porque estava usando-as. Quando a Nina acordou, eu dei um banho nela e a arrumei.A Belinha acordou com o barulho, e resolvi arrumá-la também com a roupa que estava no meu quarto. Coloquei uma calça e uma blusa de botão e saí com as meninas antes das 7 da manhã. O sol ainda estava nascendo, tingindo o céu com tons suaves de rosa e laranja, enquanto uma brisa fresca trazia o cheiro de terra molhada.A Belinha ainda estava meio sonolenta; coloquei ela e a Nina nas cadeirinhas e fiquei esperando a Natália e o Henrique, que não demoraram a chegar.— Não vai ser difícil para você me levar em casa? — ela perguntou enquanto eu colocava a bagagem dela no porta-malas do carro e, em seguida, o Henrique, que também
Priscila Barcella Segui o caminho até um restaurante em frente à praia, onde costumo ir com o Max e a Natália nos finais de semana de folga.Após fazer o pedido, admirei a vista enquanto Belinha parecia me imitar.— O mar é lindo — Belinha falou e olhou para mim com um sorriso. — Podemos ir conhecer de pertinho? — ela pediu, juntando as mãozinhas.— Depois que terminarmos de comer, podemos ver isso — sugeri, e ela sorriu concordando.Nina começou a reclamar no carrinho, então a peguei no colo e ajeitei. Belinha ficou animada ao ver a área infantil, e eu a deixei ir explorar. O restaurante não estava lotado, então eu conseguia manter um olho nela de onde estava.Observei-a por um momento antes de voltar minha atenção para minha bebezinha.— Desculpa por ontem, viu, minha bonequinha? A mamãe teve uma crise. Você vai entender um dia que nós, seres humanos, somos complicados — falei, alisando seu cabelo e olhando para seu rostinho.Ela está crescendo tão rápido e, sinceramente, eu não po
Priscila BarcellaQuando voltei para casa, a Íris já tinha arrumado tudo e estava passando pano na sala.— Muito bem, vai tomar banho, já pedi a janta — falei e subi com as meninas, precisávamos de um banho. A Belinha ainda tinha areia no corpo.Depois do banho, o jantar chegou. Comemos enquanto assistiam à televisão, e eu mal prestei atenção no filme.A Belinha já estava exausta e dormiu assim que o primeiro filme acabou. Levei-a para minha cama, não iria deixá-la dormir no chão. A noite foi tranquila, estávamos cansados demais.Na manhã seguinte, acordei com alguém batendo na minha porta.— Senhora Priscila — a Josefa chamou, batendo na porta.— Oi — falei baixinho, ainda sonolenta.— Já está tarde, a Belinha vai se atrasar para a escola — ela falou, e levei um susto. A Nina sempre acordava às 5 da manhã, no mais tardar.— Obrigada, já vamos — falei, já me levantando. — Meu amorzinho — falei no ouvido dela.— Tô com sono — ela disse, e eu estava morrendo de pena, mas já eram 6:40. T
Priscila Barcella Ainda não consigo acreditar que quase beijei o babá. Se Sebastião não tivesse chegado, com certeza teríamos nos beijado.— Senhora, o papelão — disse Sebastião novamente.— Obrigada, Sebastião, e muito obrigada por me salvar de novo, Liam — falei, olhando nos seus olhos. Ele me colocou no chão.— Não foi nada, Priscila, mas acho melhor você ficar longe de escadas por um tempo — ele falou, e por algum motivo sorri.— Certo, vou deixar as escadas com você — respondi, desviando o olhar do seu corpo musculoso e desnudo à minha frente. — Sebastião, poderia pedir à Cida para ajudar a preparar o quarto ao lado do das crianças?— Se a senhora quiser, podemos pintar...— Agradeço. Nunca fiz essas coisas — admiti, e ele sorriu.— Para tudo nesta vida existe uma primeira vez. Vamos pôr a mão na massa — disse Liam, e eu sorri, começando a colocar o papelão no chão. Sebastião saiu.— Sabe o que está faltando? — perguntei, e ele sorriu.— Está tudo aqui — ele falou.— A música, o
Liam RodriguesPriscila pode parecer uma mulher fria, mas sei que por trás daquela armadura há um coração querendo se libertar. Ela é muito bonita, mas quando sorri, fica ainda mais linda.Foi muito bom passar um tempo com Priscila; ela é uma boa pessoa, e nem acredito que quase a beijei. Eu poderia ser demitido por isso, mas há algo nela que me atrai. Meu coração acelera toda vez que chego perto dela, e só de pensar nela, sinto um frio na barriga. Nunca senti nada assim.Quando ela saiu para o trabalho e eu fui buscar as crianças na escola, já estava cansado. Os três sempre têm muita energia.— Tio Liam, cadê a minha tia? — Belinha perguntou assim que entrou em casa.— Ela foi trabalhar — expliquei, e ela não pareceu muito contente.— Eu nem lembro se a vi hoje — Belinha falou, e não pude deixar de rir.— Claro, meu amor. Sua tia teve que arrumar você dormindo — expliquei, e ela sorriu.— É que ontem nós fomos conhecer o mar, e eu brinquei muito com a vovó Monica e o vovô Scott. Foi
Priscila Barcella Minha tarde foi muito agitada e passei boa parte da noite me organizando. A Nina veio à tarde e passou o resto do tempo comigo. O Max colocou um Moisés no meu escritório com alguns brinquedos musicais; ele arrumou um cantinho todo especial para ela. Além do Moisés, tinha um cercadinho com um tapete musical, alguns livros infantis e uma naninha de patinho que ela simplesmente adorou.Ela ficou bem entretida no cantinho dela e me deixou trabalhar tranquila.Quando cheguei à noite, a casa estava em um enorme silêncio. Quando entrei no meu quarto, vi a Isabela dormindo abraçada a um vestido meu, o que achei muito estranho. Apenas a cobri, dei banho na Nina e tomei um banho antes de dormir.Na manhã seguinte foi a mesma coisa: arrumei a Isabela, eles foram para a escola e eu fui tomar café.— Priscila, já terminou? — o Liam perguntou, e eu olhei para a Nina que ainda mamava. — Entendi, vou colocar os papéis de parede e te espero para me ajudar a montar os móveis — ele fa
Liam Rodrigues Nós brincamos com as crianças, assistimos ao filme que a Belinha e o Ítalo escolheram, e rimos muito. No entanto, notei que a Priscila estava esperando a Íris; ela olhava para a escada toda hora, mas a Íris não quis nem comer, muito menos conversar. Acordei cedo hoje, ainda não eram cinco da manhã, e senti fome. Ao entrar na cozinha, encontrei Íris vasculhando os armários. — Acordou com fome? — perguntei. — Não, só estou perdendo tempo abrindo e fechando portas — ela respondeu, sarcástica. — Bem, vou aproveitar as sobras da pizza — disse, indo até a geladeira. Ontem à noite, a Priscila comprou quatro pizzas tamanho família e comeu uma inteira. Coloquei a caixa de pizza na mesa, abrindo-a para revelar a tentadora mistura de frango com catupiry e portuguesa. — Eu amo pizza de frango com catupiry gelada — falei, pegando uma fatia. Ela sentou na minha frente e pegou uma fatia de portuguesa. — Você vai morar aqui todo dia? — ela perguntou. — Se sua tia estiver che
Liam Rodrigues A Priscila sempre me surpreende. Ela aparenta ser inabalável, mas acredito ter descoberto o motivo do seu coração congelado: o medo de se machucar. Iris foi se arrumar e acordar os irmãos. Estou realmente preocupado com Priscila. Decidi ir até o escritório. Bati na porta, mas não obtive resposta. Tentei abrir, mas estava trancada, o que só confirmou a gravidade da situação. — Priscila — chamei, batendo na porta. Ouvi um barulho, mas não consegui entender se ela disse algo. Apenas percebi que estava chorando. Coloquei Nina no cercadinho com brinquedos e voltei ao escritório, batendo novamente na porta. — Liam, eu quero ficar sozinha — ela falou, e pude ouvir um soluço no final. — Mas você não precisa estar sozinha. Abre a porta, por favor — pedi, mas a porta continuou trancada. — Liam, eu não quero falar com ninguém — ela disse. — Mas não precisa falar, só me deixa estar ao seu lado — falei, e ela não respondeu. Peguei Nina do cercadinho, certo de que seu choro