Liam Rodrigues Nós brincamos com as crianças, assistimos ao filme que a Belinha e o Ítalo escolheram, e rimos muito. No entanto, notei que a Priscila estava esperando a Íris; ela olhava para a escada toda hora, mas a Íris não quis nem comer, muito menos conversar. Acordei cedo hoje, ainda não eram cinco da manhã, e senti fome. Ao entrar na cozinha, encontrei Íris vasculhando os armários. — Acordou com fome? — perguntei. — Não, só estou perdendo tempo abrindo e fechando portas — ela respondeu, sarcástica. — Bem, vou aproveitar as sobras da pizza — disse, indo até a geladeira. Ontem à noite, a Priscila comprou quatro pizzas tamanho família e comeu uma inteira. Coloquei a caixa de pizza na mesa, abrindo-a para revelar a tentadora mistura de frango com catupiry e portuguesa. — Eu amo pizza de frango com catupiry gelada — falei, pegando uma fatia. Ela sentou na minha frente e pegou uma fatia de portuguesa. — Você vai morar aqui todo dia? — ela perguntou. — Se sua tia estiver che
Liam Rodrigues A Priscila sempre me surpreende. Ela aparenta ser inabalável, mas acredito ter descoberto o motivo do seu coração congelado: o medo de se machucar. Iris foi se arrumar e acordar os irmãos. Estou realmente preocupado com Priscila. Decidi ir até o escritório. Bati na porta, mas não obtive resposta. Tentei abrir, mas estava trancada, o que só confirmou a gravidade da situação. — Priscila — chamei, batendo na porta. Ouvi um barulho, mas não consegui entender se ela disse algo. Apenas percebi que estava chorando. Coloquei Nina no cercadinho com brinquedos e voltei ao escritório, batendo novamente na porta. — Liam, eu quero ficar sozinha — ela falou, e pude ouvir um soluço no final. — Mas você não precisa estar sozinha. Abre a porta, por favor — pedi, mas a porta continuou trancada. — Liam, eu não quero falar com ninguém — ela disse. — Mas não precisa falar, só me deixa estar ao seu lado — falei, e ela não respondeu. Peguei Nina do cercadinho, certo de que seu choro
Priscila Barcella Estou vivendo uma confusão de sentimentos que não consigo compreender. Por um lado, sinto uma profunda vontade de beijar o Liam, algo que me atrai de uma forma intensa e irresistível. No entanto, ao mesmo tempo, me vejo impedida de agir conforme meus desejos, especialmente pelo papel que ele desempenha na vida dos meus filhos. É difícil admitir, mas a verdade é que não posso me permitir apaixonar por alguém; não quero me tornar vulnerável a esse sentimento que pode se transformar em uma âncora, prendendo-me em um ciclo de emoções complexas e imprevisíveis. Mas, ao mesmo tempo em que tento resistir a esse desejo proibido, não consigo evitar perceber que há algo especial e único no olhar de Liam, algo que me transmite uma sensação de paz, de confiança e de certeza de que tudo vai dar certo. É como se ele fosse o porto seguro em meio à tempestade, o suporte que eu precisava sem nem ao menos saber. Essa conexão é algo totalmente novo para mim, algo que me desafia a qu
Priscila Barcella Estava perdida em meus pensamentos quando a Natália me chamou. — Amiga? — Natália falou, esbarrando em mim. — Oi — respondi, voltando ao presente. — Vamos entrar, o Henrique está na piscina — ela disse. — Sozinho? — perguntei, surpresa e preocupada. — Não, ele está com a irmã. Tenho tanta coisa para te contar — falou, me abraçando. Pude sentir que ela não estava bem. Era sempre assim toda vez que a ex-esposa do Ramon vinha trazer a Ramona; ela aprontava alguma coisa. Quando soube que a Natália estava grávida pela primeira vez, foi tão rude e até agrediu minha amiga. Depois que se mudou para a Espanha, só vinha para trazer a Ramona. Mesmo com a garota já tendo 15 anos, fazia questão de vir para dar em cima do Ramon. Mesmo quando a Natália começou a namorar, eles já estavam divorciados há algum tempo, mas a ex-esposa ainda culpava a Natália por isso. — Então vamos fazer isso, tomando aquele cafezinho que só você sabe fazer — falei, e ela sorriu. — Vou
Priscila Barcella— Vamos para o quintal? O Liam é só um, e não sei se os meus anjinhos sabem nadar — falei bebendo o café. Ela concordou e fomos até lá, onde a Belinha e o Ítalo estavam no lado raso com o Henrique.A Belinha e o Henrique se deram muito bem, então não me preocupo.— Mamãe — a Belinha me chamou. Ainda estou me acostumando com isso, mas é bom ouvi-la me chamar assim.— Oi, minha princesa — falei, e ela sorriu.— Nada, não, mamãe. É que o Henrique falou que você não podia ser minha mãe e minha tia — a Belinha falou sorrindo.— Eu não sabia, Dinda, porque a Belinha primeiro disse que você era tia dela e depois que você é a mãe. Eu fiquei confuso.— Tudo bem, campeão. É confuso mesmo — falei, e ele assentiu.— Dinda, você trouxe o meu presente? — Toda vez que eu venho aqui ele me pede um presente e eu nem ligo.— Henrique — a Natália falou repreendendo.— Não, mas depois podemos resolver isso.— Certo...— Ela está enrolando? — ouvi o Ítalo perguntar.— Não, ela me dá o di
Priscila BarcellaEu não sei dizer se foi o impulso do momento, a intimidade que tínhamos desenvolvido ou apenas a atração inegável entre nós dois, mas o beijo com Liam foi algo avassalador. Estávamos na piscina, as luzes suaves refletindo na água, criando uma atmosfera mágica. A brisa da noite trazia o aroma das flores do jardim, envolvendo-nos em um abraço perfumado. Eu podia sentir meu coração batendo descompassado, meu corpo tremendo, e uma confusão de sentimentos inexplicáveis invadindo minha mente.Ficamos ali, parados, nos encarando, sem palavras. A tensão era palpável e a química entre nós parecia fazer faíscas. Eu sabia que não deveria ter cedido à tentação, mas seus lábios macios e seu toque me envolviam de uma forma que eu não conseguia resistir. A sensação de felicidade e culpa se misturavam dentro de mim, fazendo meu peito apertar.Aproximamos nossos rostos mais uma vez, cedendo ao desejo que nos consumia. Seu beijo era intenso, apaixonado, repleto de emoções que eu não s
Priscila BarcellaCaminhei pelas ruas do condomínio, seguindo qualquer som que indicasse uma festa, com o Liam logo atrás de mim. Era nítido que ele também estava preocupado. Já havíamos passado por cinco ruas e, embora a noite estivesse fria, eu não me importava mesmo estando ainda molhada e com a roupa transparente grudada no meu corpo eu não está me importando com nada relacionado a mim; tudo o que eu queria era encontrar a Íris.Quando finalmente cheguei à última rua do condomínio, minha raiva aumentou ao ver que a última casa a maior do condomínio estava cheia de carros e com dois paredões de som.Assim que chegamos à casa, notamos que todos lá estavam bêbados, e com certeza todos eram maiores de idade, entre uns 18 a 20 anos. Entrei com tudo, já procurando a Iris com os olhos, mas não consegui encontrá-la.O som ensurdecedor das músicas e as vozes embriagadas preenchiam o ambiente, me deixando sufocada. Procurei em cada canto, entre as pessoas que dançavam e bebiam, mas não cons
Priscila BarcellaA cada minuto naquele lugar, minha ansiedade aumentava, e o medo de Íris correr algum perigo só intensificava minha preocupação.Enquanto nos aproximávamos do segundo corredor, escutamos a voz de Íris clamando para ser deixada em paz.— Não encoste em mim! Eu quero ir para casa — sua voz ecoava, cheia de terror, fazendo com que minha adrenalina atingisse o pico. Não hesitamos em arrombar a porta imediatamente.O garoto devia ter uns vinte e três anos, estava apenas de cueca e tentava beijá-la à força. Ela o afastava com as mãos, mas ele era mais forte e já tinha rasgado um pedaço do short dela.Ao ver aquela cena, uma sensação de déjà vu passou pela minha cabeça, trazendo memórias que tento ocultar há anos. Em questão de segundos, arranquei ele de cima dela, enfiando minhas unhas em sua pele, fazendo-o sangrar.— Quem são vocês? Por que estão fazendo isso? — Ele questionou confuso, enquanto eu o prensava contra a parede, com uma mão em seu pescoço, privando-o de ar.