Priscila BarcellaA cada minuto naquele lugar, minha ansiedade aumentava, e o medo de Íris correr algum perigo só intensificava minha preocupação.Enquanto nos aproximávamos do segundo corredor, escutamos a voz de Íris clamando para ser deixada em paz.— Não encoste em mim! Eu quero ir para casa — sua voz ecoava, cheia de terror, fazendo com que minha adrenalina atingisse o pico. Não hesitamos em arrombar a porta imediatamente.O garoto devia ter uns vinte e três anos, estava apenas de cueca e tentava beijá-la à força. Ela o afastava com as mãos, mas ele era mais forte e já tinha rasgado um pedaço do short dela.Ao ver aquela cena, uma sensação de déjà vu passou pela minha cabeça, trazendo memórias que tento ocultar há anos. Em questão de segundos, arranquei ele de cima dela, enfiando minhas unhas em sua pele, fazendo-o sangrar.— Quem são vocês? Por que estão fazendo isso? — Ele questionou confuso, enquanto eu o prensava contra a parede, com uma mão em seu pescoço, privando-o de ar.
Priscila BarcellaVoltamos para a casa da Natália e, assim que entramos, vimos que ela estava sentada, mas sua cor havia mudado. Estava pálida e com os lábios meio roxos. O pequeno Ítalo estava ao lado dela, abandonado, e a Belinha e o Henrique pareciam assustados.— Amiga — chamei já aflita. Ela não conseguia falar muita coisa. Peguei meu celular e liguei para o SAMU, preocupada. Tudo o que a Natália precisava era de repouso absoluto. Enquanto eu tentava ligar, a Íris ainda me abraçava, ainda mais acanhada.— É tudo minha culpa. — ela falou em um sussurro. — Eu não deveria ter fugido com a Ramona — minha sobrinha disse, voltando a chorar. Lembrei que tinha trazido o aerosol da Nina e corri para pegá-lo o mais rápido possível. Coloquei o soro no nariz dela.— Calma, amiga. Não se culpe, estamos aqui para te ajudar. Precisamos apenas esperar o socorro chegar, está tudo sob controle. — tentei acalmá-la, segurando sua mão.A Natália começou a respirar mais aliviada e, aos poucos, a voz f
Liam Rodrigues Eu ainda estou meio em transe, quase não dormi. A noite foi cheia de acontecimentos, e eu não conseguia ficar na cama. Preciso conversar com a Priscila, preciso saber se ela sentiu o mesmo que eu senti quando a beijei. Como não estava conseguindo dormir, me levantei, desci as escadas e encontrei o Ramon no sofá se preparando para dormir. — A Priscila também te mandou para o sofá? — Ramon perguntou. — Não — falei me aproximando. — Então você está sem sono? — ele perguntou, se sentando. — É, o dia foi agitado. As coisas sempre são assim? — perguntei. — Por incrível que pareça, as coisas costumam ser bem calmas aqui em casa — ele falou, suspirando cansado. — Ainda bem, porque eu não quero que nada disso ou algo parecido aconteça com a minha menina. — Eu estou sendo um péssimo pai, e a Natália está certa. Eu não sei o que fazer, acabo deixando ela fazer qualquer coisa para não se sentir mal, nem abandonada. Ela já estava dando trabalho, mas achei que era ex
Liam Rodrigues Depois de cerca de duas horas e cinco cervejas, finalmente fomos preparar o café da manhã. A ansiedade de Ramón era palpável; ele queria fazer algo especial para Natália. Juntos, preparamos um banquete completo: um bolo de chocolate com brigadeiro, uma torta de framboesa, torradas, panquecas e suco de laranja. Ramón caprichou no suco de morango com menta, o favorito da Ramona. Enquanto arrumávamos a mesa, sentia-se no ar uma mistura de expectativa e alegria.— Nossa, que mesa bonita! — Priscila entrou na cozinha com Nina no colo, seu sorriso contagiante refletia a cumplicidade que tínhamos. — Algum santo quer perdão — brincou, provocando Ramón com um olhar travesso.Eu adorava vê-la assim, descontraída e leve.— Sim, quer me ajudar? — Ramón perguntou.— Não, obrigada. Não estou a fim de me intrometer nas brigas de vocês, né amorzinho da mamãe? Esses dois brigam por meia hora e depois se acertam — Priscila disse, provocando Ramón, que revirou os olhos.— Bom dia, Prisci
Priscila BarcellaMesmo exausta após uma noite agitada, o simples gesto de ver Liam na cozinha, ajudando Ramon, fez meu coração se aquecer. Eu não conseguia negar a atração que estava começando a surgir por aquele babá incrível, mas ao mesmo tempo, meu coração ainda batia forte por Max. Era como se eu estivesse dividida entre dois mundos, um onde a estabilidade e segurança de Liam me confortavam, e outro onde a paixão e a história com Max me consumiam. Mesmo eu fazendo de tudo para negar o Max ainda mexia comigo.Enquanto amamentava Nina na sala da casa da minha amiga, meu celular tocou. Era Max. O som de sua voz fez meu coração acelerar, e eu soube naquele instante que qualquer notícia que ele tivesse não seria simples. Ajeitei Nina, tentando manter a calma e o foco no celular para não expor mais do que o necessário.Ligação:— Bom dia, Pri. Desculpa te ligar tão cedo em pleno domingo — Max falou, com uma expressão que me fez sentir um frio na espinha. O que poderia ter acontecido pa
Liam RodriguesContinuamos arrumando a cozinha, e Priscila foi até a sala para amamentar Nina. Ouvi o celular dela tocar, mas não prestei atenção na conversa. Quando ela voltou com Nina nos braços, percebi imediatamente que algo havia mudado. A animação havia desaparecido de seus olhos, substituída por uma sombra de preocupação que não passou despercebida por mim.— Liam, pretendo ir embora por volta das dez horas — ela informou, entregando-me Nina, que sorria inocentemente.Mas a cara da Priscila não estava nada boa.— Você só vai depois do almoço, e isso é final de conversa — disse Ramon, tentando trazer um pouco de leveza. — Deixe as crianças se divertirem.— Preciso criar uma campanha inteira até amanhã. Não sei como lidar. Eles querem algo diferente e houve mudanças de última hora...— Dificuldades? — perguntei, preocupado com sua tensão. Ramon também parecia preocupado, tanto que pegou Nina do meu colo para aliviar a carga de Priscila.— Sim, e esta campanha é crucial. Com minha
Liam Rodrigues Eu me arrumei rapidamente e fui até a sala, onde Priscila já estava pronta com Nina. Como sempre, Priscila estava deslumbrante, e Nina era a coisinha mais fofa do mundo. Senti um calor no peito ao vê-las assim.No caminho até a loja de chocolates, o silêncio era esmagador. Era como se ambos estivéssemos presos em nossos próprios pensamentos. Deixamos as crianças com o Ramon, já que estavam dormindo, e não demoramos muito para voltar. Priscila praticamente comprou um de cada chocolate, e alguns ela comprou mais de um.Assim que voltamos, começamos a arrumar tudo na sala. Por sorte, Priscila sempre anda com o notebook dela, e Natália emprestou o dela também, além de todo o seu material. Ela estava disposta a ajudar, já que também é formada em marketing, embora trabalhe com marketing de mídia digital, o que também seria útil.— Amiga, vai deitar. Você precisa descansar — disse Priscila, digitando algo no notebook com uma mão, mas com uma agilidade impressionante. Com a ou
Max FosEnquanto discutíamos os detalhes da campanha, eu não conseguia tirar os olhos de Priscila. Cada movimento, cada sorriso, cada gesto dela me afetava mais do que eu gostaria de admitir. A possibilidade de Nina ser minha filha me atormentava a cada instante, mas eu precisava de provas. Não podia simplesmente perguntar a Priscila sem ter certeza.Durante um intervalo, aproximei-me de Priscila, que revisava fotos no notebook.— Está indo bem? — perguntei, sentando ao seu lado.— Sim, estamos conseguindo fazer progresso. Obrigada por estar aqui, Max — ela disse, colocando a mão no meu braço. Seu toque sempre me trazia uma sensação de conforto.Liam entrou na sala naquele momento, com uma expressão que misturava cansaço e algo mais. Inveja? Ciúmes? Não tinha certeza, mas a tensão era inegável.— Vamos voltar ao trabalho? Temos muito a fazer ainda — disse ele, tentando mascarar sua frustração.— Acho melhor irmos para casa e terminarmos lá — Priscila falou, levantando-se um pouco.— C