Priscila Barcella Ao entrar no meu quarto, avistei a Belinha e a Josefa, rindo e brincando animadamente com uma boneca de pano. O som de suas risadas ecoava pelo ambiente, trazendo uma sensação momentânea de paz.— Titia, você está bem? — A voz suave de Belinha, com um toque de preocupação infantil, interrompeu meus devaneios. Ela se aproximou, segurando minha mão, os olhos grandes e questionadores refletindo a inocência e o cuidado que sempre me desconcertavam.— Estou — menti, forçando um sorriso enquanto minha mente vagava longe.— Josefa, vou sair com as meninas. Pode tirar o dia para você, volto só perto do jantar. Avise a Ana também.Josefa me lançou um olhar cheio de preocupação antes de sair. Afundei na cama, os olhos fixos no vazio. Belinha, com toda sua energia, exibiu o macacão e a blusa rosa que havia escolhido, mas sua voz parecia distante, perdida no eco dos meus pensamentos tumultuados.Belinha falava animadamente, mas meus pensamentos retornavam às palavras de Max. Er
Priscila Barcella Eu fiquei muito calada o resto do dia, e a Natália percebeu que eu precisava desse tempo. Quando voltei para casa, entrei com a Nina para deixá-la com o babá e nem falei com ele. Só deixei as meninas e saí. Peguei o meu carro e dirigi até um lugar afastado onde fazia anos que eu não vinha. Estava longe da confusão de São Paulo, mas ao mesmo tempo podia ver as luzes e o agito no horizonte. O céu estava começando a escurecer, pintado com tons de laranja e roxo, criando um cenário melancólico que combinava com meu estado de espírito. Quando cheguei no meu canto, vi um homem lá sentado, sua silhueta desenhada pela luz suave do crepúsculo. Já estava pronta para ir embora quando reconheci a voz. — Priscila — chamou Max, com um tom calmo e acolhedor, sorrindo quando me virei. — Sério que até aqui? Você está me perseguindo? — perguntei, cruzando os braços e estreitando os olhos. Ele revirou os olhos em resposta. — Até onde eu sei, fui eu quem te trouxe aqui pela pr
Priscila Barcella Não dormi preocupada com as minhas meninas, sentindo o peso da responsabilidade esmagando meu peito. Era como se cada suspiro delas fosse um lembrete da minha necessidade de ser forte.Ainda bem que comprei as fraldas para a Belinha, pois ela só não fez xixi na cama porque estava usando-as. Quando a Nina acordou, eu dei um banho nela e a arrumei.A Belinha acordou com o barulho, e resolvi arrumá-la também com a roupa que estava no meu quarto. Coloquei uma calça e uma blusa de botão e saí com as meninas antes das 7 da manhã. O sol ainda estava nascendo, tingindo o céu com tons suaves de rosa e laranja, enquanto uma brisa fresca trazia o cheiro de terra molhada.A Belinha ainda estava meio sonolenta; coloquei ela e a Nina nas cadeirinhas e fiquei esperando a Natália e o Henrique, que não demoraram a chegar.— Não vai ser difícil para você me levar em casa? — ela perguntou enquanto eu colocava a bagagem dela no porta-malas do carro e, em seguida, o Henrique, que também
Priscila Barcella Segui o caminho até um restaurante em frente à praia, onde costumo ir com o Max e a Natália nos finais de semana de folga.Após fazer o pedido, admirei a vista enquanto Belinha parecia me imitar.— O mar é lindo — Belinha falou e olhou para mim com um sorriso. — Podemos ir conhecer de pertinho? — ela pediu, juntando as mãozinhas.— Depois que terminarmos de comer, podemos ver isso — sugeri, e ela sorriu concordando.Nina começou a reclamar no carrinho, então a peguei no colo e ajeitei. Belinha ficou animada ao ver a área infantil, e eu a deixei ir explorar. O restaurante não estava lotado, então eu conseguia manter um olho nela de onde estava.Observei-a por um momento antes de voltar minha atenção para minha bebezinha.— Desculpa por ontem, viu, minha bonequinha? A mamãe teve uma crise. Você vai entender um dia que nós, seres humanos, somos complicados — falei, alisando seu cabelo e olhando para seu rostinho.Ela está crescendo tão rápido e, sinceramente, eu não po
Priscila BarcellaQuando voltei para casa, a Íris já tinha arrumado tudo e estava passando pano na sala.— Muito bem, vai tomar banho, já pedi a janta — falei e subi com as meninas, precisávamos de um banho. A Belinha ainda tinha areia no corpo.Depois do banho, o jantar chegou. Comemos enquanto assistiam à televisão, e eu mal prestei atenção no filme.A Belinha já estava exausta e dormiu assim que o primeiro filme acabou. Levei-a para minha cama, não iria deixá-la dormir no chão. A noite foi tranquila, estávamos cansados demais.Na manhã seguinte, acordei com alguém batendo na minha porta.— Senhora Priscila — a Josefa chamou, batendo na porta.— Oi — falei baixinho, ainda sonolenta.— Já está tarde, a Belinha vai se atrasar para a escola — ela falou, e levei um susto. A Nina sempre acordava às 5 da manhã, no mais tardar.— Obrigada, já vamos — falei, já me levantando. — Meu amorzinho — falei no ouvido dela.— Tô com sono — ela disse, e eu estava morrendo de pena, mas já eram 6:40. T
Priscila Barcella Ainda não consigo acreditar que quase beijei o babá. Se Sebastião não tivesse chegado, com certeza teríamos nos beijado.— Senhora, o papelão — disse Sebastião novamente.— Obrigada, Sebastião, e muito obrigada por me salvar de novo, Liam — falei, olhando nos seus olhos. Ele me colocou no chão.— Não foi nada, Priscila, mas acho melhor você ficar longe de escadas por um tempo — ele falou, e por algum motivo sorri.— Certo, vou deixar as escadas com você — respondi, desviando o olhar do seu corpo musculoso e desnudo à minha frente. — Sebastião, poderia pedir à Cida para ajudar a preparar o quarto ao lado do das crianças?— Se a senhora quiser, podemos pintar...— Agradeço. Nunca fiz essas coisas — admiti, e ele sorriu.— Para tudo nesta vida existe uma primeira vez. Vamos pôr a mão na massa — disse Liam, e eu sorri, começando a colocar o papelão no chão. Sebastião saiu.— Sabe o que está faltando? — perguntei, e ele sorriu.— Está tudo aqui — ele falou.— A música, o
Liam RodriguesPriscila pode parecer uma mulher fria, mas sei que por trás daquela armadura há um coração querendo se libertar. Ela é muito bonita, mas quando sorri, fica ainda mais linda.Foi muito bom passar um tempo com Priscila; ela é uma boa pessoa, e nem acredito que quase a beijei. Eu poderia ser demitido por isso, mas há algo nela que me atrai. Meu coração acelera toda vez que chego perto dela, e só de pensar nela, sinto um frio na barriga. Nunca senti nada assim.Quando ela saiu para o trabalho e eu fui buscar as crianças na escola, já estava cansado. Os três sempre têm muita energia.— Tio Liam, cadê a minha tia? — Belinha perguntou assim que entrou em casa.— Ela foi trabalhar — expliquei, e ela não pareceu muito contente.— Eu nem lembro se a vi hoje — Belinha falou, e não pude deixar de rir.— Claro, meu amor. Sua tia teve que arrumar você dormindo — expliquei, e ela sorriu.— É que ontem nós fomos conhecer o mar, e eu brinquei muito com a vovó Monica e o vovô Scott. Foi
Priscila Barcella Minha tarde foi muito agitada e passei boa parte da noite me organizando. A Nina veio à tarde e passou o resto do tempo comigo. O Max colocou um Moisés no meu escritório com alguns brinquedos musicais; ele arrumou um cantinho todo especial para ela. Além do Moisés, tinha um cercadinho com um tapete musical, alguns livros infantis e uma naninha de patinho que ela simplesmente adorou.Ela ficou bem entretida no cantinho dela e me deixou trabalhar tranquila.Quando cheguei à noite, a casa estava em um enorme silêncio. Quando entrei no meu quarto, vi a Isabela dormindo abraçada a um vestido meu, o que achei muito estranho. Apenas a cobri, dei banho na Nina e tomei um banho antes de dormir.Na manhã seguinte foi a mesma coisa: arrumei a Isabela, eles foram para a escola e eu fui tomar café.— Priscila, já terminou? — o Liam perguntou, e eu olhei para a Nina que ainda mamava. — Entendi, vou colocar os papéis de parede e te espero para me ajudar a montar os móveis — ele fa