Priscila Barcella
Não consegui falar nada, nem consegui tirá-la de perto de mim. Eu estava assustada, o bebê chorava ainda mais alto e eu a peguei no colo com medo de ela também ter se machucado. Os paramédicos fizeram os primeiros socorros, colocaram-na na maca e eu estava em choque ao vê-la naquele estado. A bebê parou de chorar e quando olhei, ela estava sugando o meu seio, mas não tinha chegado no bico do peito porque estava vestida. Apenas começou a me babar e acho que ouviu o meu coração. Neste mesmo minuto, Josefa abriu os olhos e estava com uma expressão de dor. — Meu braço está doendo — ela falou com a voz rouca. — Vamos levá-la para o hospital — um dos socorristas falou, olhando para mim. — Você não deveria ter deixado sua mãe sozinha com seus filhos — ela continuou, e pude ver o julgamento em seu olhar. E quem ela pensa que é para se meter na minha vida? — Eu trabalho aqui — Josefa tentou se explicar como se quisesse me defender. — Não fale, Josefa, sei que você está com muita dor — falei, ajeitando a Nina. — Eles não são meus filhos, e você deveria estar fazendo o seu trabalho. Só de olhar para o estado em que o braço dela está, sei que quebrou. Além disso, com a queda, ela ficou desacordada e precisa ir para o hospital. Ela tem plano de saúde, Joyce, por favor, pegue os documentos da Josefa — pedi, e ela foi sem nem pensar duas vezes. — Nós sabemos qual é o nosso trabalho, mas ela é uma senhora de idade e nem deveria estar trabalhando... — Você está me ofendendo, eu não sou tão velha assim — Josefa falou de forma curta e grossa. — E você quer que eu perca o emprego eu não sou aposentada não... — Josefa, fique calma e tranquila, você não vai perder o emprego — falei, sabendo o quanto ela precisa do trabalho e mesmo a gente às vezes se desentendendo porque ela insiste em se meter na minha vida, eu gosto do trabalho dela e como ela cuida de mim. — Estamos perdendo nosso tempo. Ela precisa ir para o hospital — falei, pegando a mão da pequena. — Vamos logo, vocês dois. Quando a gente voltar, vou ter uma conversa séria com vocês — olhei para Ítalo, e o mesmo se levantou. Não podia deixá-los sozinhos, então fomos todos. Levei-os para o meu carro e Joyce foi com Josefa na ambulância. A bebê não parava de chorar, Isabela também, já estava sem paciência para tudo aquilo e, no sinal vermelho, estourei. — O QUE VOCÊS TÊM NA CABEÇA? A SENHORA JOSEFA PODERIA ESTAR MORTA... — Foi um acidente — Iris falou em um sussurro. — A mamãe não gritava — ouvi Isabela choramingando. — MAS EU NÃO SOU A MÃE DE VOCÊS, E EU GRITO, E EU GRITO PORQUE ESTOU COM RAIVA, VOCÊS QUASE MATARAM A JOSEFA. — Tentei deixar bem claro que o que eles fizeram foi errado. Como eles puderam se comportar desta maneira com a bebê e a menor dá trabalho, eu até entendo, eles são praticamente dois bebês, bom, uma literalmente é a Nina, só tem dois meses. Agora a Iris é uma adolescente, com a idade dela eu já trabalhava. — FOI UM ACIDENTE — a Iris gritou ainda mais alto. — FOI UM ACIDENTE? VOCÊ ACHA QUE SOU IDIOTA? AQUELA BAGUNÇA NO MEU APARTAMENTO, FOI SEM QUERER JOGAR A COMIGO NO CHÃO FOI SEM QUERER? VOCÊS ESTÃO DE FAVOR NA MINHA CASA... — Você nem perguntou se a gente queria vir, eu tenho uma vida lá, eu não quero ficar aqui — Iris falou cheia de raiva, totalmente revoltada. — Sinto muito, mas a vida não é como queremos e eu não posso parar a minha vida, a minha carreira para que vocês voltem para aquele fim de mundo. Então ou vocês se comportam ou eu vou ter que... — Vai fazer o que? Nos bater? Nos castigar? — a Isis falou com uma cara de deboche que me deu vontade de quebrar os dentes dela. Respirei fundo, apertando o volante com toda minha força para não partir para a agressão física. — Não me teste, mocinha. Se vocês não se comportarem, eu vou devolver vocês. Agora eu não quero ouvir nada... — Então dá um jeito da Nina parar de chorar — a Iris falou. — Você não acha que eu estou tentando, mas ela está com fome e não quer comer. Se não notou, eu não sei nada sobre bebês e vocês também não estão ajudando. E não me responda, mocinha, eu sou a tia de vocês. Não aprenderam a respeitar os mais velhos? — falei já histérica. — E o primeiro que abrir a boca vai entender por que eu sou tão odiada — falei olhando para a Iris e em seguida para o Ítalo. O resto do caminho eles ficaram em silêncio a não ser pela Nina que não parava de chorar de forma alguma, só diminuiu o choro quando chegamos no hospital e peguei ela no colo. Estava com as crianças e a Joyce, esperando notícias, e a bebê não parava de chorar. Já estava ficando louca a Joyce até tentou me ajudar, mas a potência daquela garganta de tornou insuportável. — Nina Barcella — a secretária da pediatra a chamou, e me levantei, indo até onde ela estava. A Nina já estava vermelha de tanto chorar. — A doutora já vai atender vocês — ela falou e olhou para a bebê. — O que foi, princesa? Por que você está chorando? — ela perguntou com aquela vozinha de bebê, e a Nina só chorava mais alto e começou a balançá-la. — Posso entrar? — perguntei e sei que a minha expressão está exausta. — Pode sim. Desculpa — nem terminei de ouvir e já fui entrando no consultório. A médica estava no computador, mas assim que ouviu o choro do bebê, olhou para a porta. — Boa tarde — falei, e ela pediu para me sentar. — O que aconteceu com essa pequena, mamãe? — ela falou se levantando. Eu já ia dizer que ela não era minha filha, mas lembrei que a Natália disse que eles só atendiam as crianças com os pais então resolve dar um resumo antes. — Ela está com fome, a mãe dela era a minha irmã gêmea, ela faleceu há menos de 48 horas em um acidente de carro com o marido. Desde esse momento, a Nina não come, ela só chora. Ela ainda mama no peito e não quer pegar a mamadeira. Eu já testei todos os bicos, ela não come nada e já estou desesperada, eu consegui dar um pouco em conta-gotas e em um copinho de remédio, mas não sei se o erro é na fórmula — comecei a tentar explicar. — Se acalma. Eu vou examiná-la e vamos pensar no que vamos fazer. Coloque ela aqui para eu poder começar — e o choro só aumentou principalmente quando tive que tirar a roupinha dela. Ela fez todos os exames, e tentei acalmá-la e expliquei um pouco melhor a situação, já que eu não sabia responder nenhuma pergunta sobre a Nina, eu realmente não sabia nada sobre ela. — Ela está um pouco abaixo do peso, mas como você mesma falou, ela não está se alimentando. Eu sou especialista em lactação, então preciso saber até onde você está disposta — ela perguntou, e ajeitei a bebê no meu colo e ela começou a babar o meu seio procurando o bico do peito. — Para ser bem sincera, estou disposta a fazer qualquer coisa para ela parar de chorar. Estou ficando louca e ainda tenho mais três sobrinhos para me deixar maluca de vez — falei, e a bebê começou a puxar minha blusa, e ela sorriu observando a cena. — A senhora já ouviu falar em relactação? — ela perguntou, e a minha cara com certeza respondeu por mim. — Como ela não pega o bico da mamadeira, este procedimento é feito com uma sonda no seu mamilo — ela começou a me mostrar o procedimento para eu saber como seria. Ela também me explicou que se eu quisesse amamentar, ela poderia começar o tratamento. Fiquei pensando, mas resolvi testar. Eu precisava que ela se acalmasse, se não a minha vida não vai andar. Assim que acabou a consulta, fui ver como a Josefa estava. Por sorte, ela só quebrou o braço esquerdo. Já vi que agora, mais do que nunca, preciso de uma babá ou melhor de uma equipe de babás. — Joyce, você pode ir para o meu apartamento com o motorista. Você leva a Josefa e as crianças. — Mas não dá para todos irem. Você pode ficar com os menores? — ela perguntou, receosa. — Certo, vem Isabela. Eu vou na farmácia, tenho que comprar umas coisas para a Nina e os da Josefa. Fui para o meu carro, coloquei a Nina no bebê conforto e, como sempre, aquele choro. Coloquei a Isabela na cadeirinha e, antes dela chorar, dei a chupeta. Pelo menos uma não vai ficar chorando. Fui para a farmácia mais próxima, e foi outro sacrifício tirar as duas do carro para entrar na farmácia, porque não dava para deixar as duas lá. Assim que entrei, comprei tudo o que os médicos pediram. Quando me dei conta, não estava vendo a Isabela, ela tem quatro anos, às vezes parece um bebê. — Isabela, Isabela — chamei, procurando por ela, e olhei para o farmacêutico à minha frente. — Sua filha está ali — ele falou, olhando mais à frente. — Obrigada. Quanto deu tudo? — perguntei, já pegando a carteira. — Isabela, vem para cá agora — chamei ela, que veio com um pacote de M&M. — Eu quero doce — ela pediu. — Tudo bem, mas não saia de perto de mim. Estou ficando louca. Por favor, Nina, pare de chorar um pouco. Paguei a conta e fui para casa com as duas a Isabela foi comendo o doce e ficou quieta e a Nina finalmente dormiu. Quando cheguei, coloquei a Nina na cama, e deixei as crianças com a Joyce para verem o que iam comer e fui até o andar abaixo do meu no apartamento que comprei para os meus funcionários, o que os outros moradores acham uma loucura. Assim que entrei vi Josefa no sofá com a televisão ligada. — Senhora, se quiser eu volto, sei que a senhora tem muito trabalho — ela falou e ia se levantar. — Fica quietinha, vai Josefa, eu vim trazer os seus remédios e ver como você estava e desculpa, você sabe como o meu trabalho é importante e eu não sou boa com crianças — falei ajeitando a almofada e vendo os horários dos remédios para dar a ela. — Eu vou voltar a trabalhar e você pode voltar para a empresa, sei que você é ocupada — ela falou e fui pegar um copo de água. — Eu não vou trabalhar, hoje eu não tenho mais nada... — Até parece que você não vai trabalhar — ela falou e entreguei o medicamento para ela. — O Max cancelou a reunião, vou analisar as coisas quando os monstrinhos dormirem — falei e ela olhou para mim preocupada. — O que você fez com ele, Priscila? Ele está fugindo de você há quase um ano — ela falou e era um assunto que me deixava completamente armada. — Entendi, invadi o seu espaço. Mas já que você está aqui, não puna as crianças, eles estão sofrendo e não sabem como agir — ela falou. — Eu sei, eu sei que não é fácil para eles lidarem com a situação da perda dos pais. Mas também não posso deixar que isso afete o meu trabalho e a minha vida. Eu realmente não sei o que fazer, Josefa. Estou completamente perdida. Ela suspirou, olhando para mim com compaixão. — Eu sei, Priscila. Mas você precisa ter paciência e compreensão. Eles estão precisando de você agora mais do que nunca. E tenho certeza de que você vai conseguir ajudá-los a superar essa fase difícil. — ela falou e sei que tenho que dar conta, pela Pilar. ©©©©©©©©©©©©© Continua....Priscila Barcella Semanas depois Já tem cinco semanas que os meus sobrinhos estão aqui, a minha vida está um caos, literalmente um inferno.Comecei a seguir o tratamento recomendado pela médica, mas a primeira vez foi assustadora e a sensação de medo persiste. A Nina rejeita a mamadeira e a chupeta, fazendo um escândalo quando não é o seio. Com a responsabilidade de cuidar dos meus outros três, especialmente Iris e Italo, juntamente com o trabalho, acabo cedendo e amamentando a Nina para acalmá-la, já que não tenho ajuda durante a noite. Após mamar, a Nina se acalma e se torna um bebê tranquilo. Às vezes, fico com ela no escritório de madrugada, onde ela dorme no meu colo ou me observa trabalhar. Mesmo quando chora, emite apenas um chorinho suave. Inicialmente, a Nina sofria com cólicas, mas graças aos conselhos da Natália, aprendi a lidar melhor com a situação. Preocupada em evitar o retorno do choro, iniciei um tratamento para aumentar a produção de leite, mas até o momento não
Priscila Barcella Quando Nina terminou de mamar, ajeitei as coisas com ela no colo e me sentei novamente, sentindo as lágrimas escorrerem. Ultimamente, minhas emoções estão descontroladas, devido aos hormônios que tomo para amamentar Nina. — Me desculpa, pequenininha. Eu não sou como ela. Você é meu amorzinho. Me promete que não vai me odiar, como seus irmãos, porque você é a única criança que gosta de mim — falei, beijando Nina e logo sentindo um cheiro forte. — Ai, meu amor, você fez o número dois. Isso eu nunca vou entender. Como uma coisinha dessas pode fazer um estrago tão grande?Ela ia começar a choramingar, mas comecei a beijar sua barriguinha depois de limpá-la. — Você quer ouvir uma música? Sua vovó cantava para mim, sabia? — falei, arrumando a roupinha dela. — Meu anjinho, meu anjinho — comecei a cantar calmamente. E não sei por que Nina é a única pessoa que consegue me trazer paz. Estava cantando com um sorriso no rosto, pois ela sorria para mim, quando alguém bateu
Priscila Barcella Depois de apresentar a campanha das fraldas BABYPOM, Max fez questão de me levar para conhecer o colégio. É uma instituição conceituada e muito bonita, com uma grade curricular que era o meu sonho na época da escola. No entanto, quando vi o valor que ficaria para os três, quase caí para trás. Mesmo assim, aceitei porque Max conseguiu uma bolsa de 50%, o que me permitiu matricular os três na mesma escola. Trata-se de um colégio tradicional britânico, e espero que um ambiente assim proporcione os limites e a educação de que eles precisam. Logo após sairmos da escola, Max se ofereceu para me ajudar, o que achei muito estranho.Ele estava muito solícito e passava bastante tempo olhando para a Nina, mas não vou julgar, afinal, ela é muito linda, parecendo até uma boneca de tão perfeita. Às vezes, até eu fico admirando.— Então, quer me entregar a Nina? Eu posso ficar com a menininha mais linda do mundo — ele falou de forma boba — E você pode ir comprar os materiais escol
William RodriguesMais um dia de luta como sempre. Acordo às três da manhã, me arrumo e tomo um copo de café. Moro em uma pensão e divido o quarto com Manuel, meu amigo do orfanato. Viemos juntos do Ceará para cá há seis meses e até agora não encontrei emprego. Manuel trabalha em um mercadinho e paga o aluguel do quarto, mas não posso depender dele. Coloco meu currículo em vários locais todos os dias, às vezes arrumo bicos temporários, mas nada dura mais do que dois dias. Às vezes me arrependo de ter vindo para cá, mas meu maior sonho é trabalhar na FOS, a maior empresa de publicidade do país. Entrar lá é um desafio, mas no momento, só quero um emprego, qualquer um.Hoje tenho duas entrevistas e estou torcendo para desta vez conseguir um emprego.— Bom dia, Liam — a dona Marta me cumprimenta quando me vê. Sempre a ajudo com o carrinho de salgados em uma escola de ricos.— Bom dia, vovó Marta, vamos?— O que seria de mim sem um anjo como você — ela diz, empurrando o carrinho, e conver
William RodriguesAcordei cedo e me arrumei, não podia chegar atrasado no meu novo emprego. Saí de casa às três e meia da manhã, a casa dela fica longe, então tive que ir a pé por alguns quilômetros, depois peguei o metrô e, em seguida, o ônibus. Andei cerca de mais dois quilômetros e finalmente cheguei no condomínio chique onde a senhorita Priscila mora. — Bom dia — falei para o porteiro. E ele me respondeu até com um bom ânimo para as seis da manhã. — Sou William Rodrigues... — ele olhou um papel e sorriu. — O novo babá da cobertura? — Sim — falei e ele sorriu. — O elevador de serviço fica à esquerda — ele falou e fui para lá. Eram exatamente 6:20h da manhã. Peguei o elevador de serviço, estava um pouco nervoso para conhecer essa criança, só espero que ela seja calma. Assim que toquei a campainha, uma senhora com o braço quebrado abriu a porta, me dando espaço para entrar. — Como vai? Meu nome é Josefa — ela me cumprimentou estendendo a mão. — Tudo bem, eu sou o William, ma
William RodriguesDepois de me arrumar com uma roupa estilo chofe de madame, que ficou no tamanho certo, fui até o quarto dos santos diabinhos. Não posso desistir assim tão facilmente.Assim que cheguei no quarto, vi a Isabela chorando e me aproximei dela, que agarrava uma boneca de pano.— Por que você está chorando, princesa? — perguntei ao me aproximar.— Eu quero a minha mãe — ela falou chorando, e eu passei a mão em seu cabelo.— Você quer que eu ligue para sua mãe? — perguntei, mas ela apenas chorou mais — Não precisa chorar, princesa, a mamãe foi trabalhar. Você quer ir para a escolinha, brincar com os amiguinhos?— Eu não tenho amigos. Eu quero a mamãe e o papai — ela disse chorando, e entendi a dor de querer alguém que nunca mais veremos, ou que nem sequer conhecemos.— Se você não for, não vai fazer amigos...— E se eles nunca quiserem ser meus amigos? Eu gostava da minha outra casa, eu tinha amigos lá... eu quero voltar para a casa do papai.— Quer que eu te conte um segred
Priscila Barcella Hoje seria o primeiro dia do babá e espero que ele consiga cuidar bem das crianças, pois preciso voltar à minha rotina normal. Não posso perder essa oportunidade de promoção na história da FOS, onde uma mulher nunca foi tão longe, provando que nós podemos. Mas para isso, é essencial que alguém cuide das crianças.Falando em crianças, a noite passada foi longa. Nina não saiu do meu seio por nada, estou exausta. Já passei tantas noites em claro, mas nunca me senti tão cansada. Ela parecia sugar a minha alma, e ainda tenho uma reunião marcada para as 07:30h com Max e o dono da padaria "Hora Pães", em uma de suas cafeterias.Estava com tanta pressa que mal olhei para o babá. A verdade é que nunca olho direito, a maioria dos meus funcionários trabalha comigo há anos, então sempre fiz questão de conhecê-los. Mas as babás, cansei de perder meu tempo. Na segunda, já sabia que não duraria muito, mas algo nele me intrigou. Quando entreguei Nina, ela não chorou. Pode ser egoís
Priscila Barcella O restante do caminho foi tranquilo, ouvindo música. Estacionei o carro perto da cafeteria e, ao sair com minha bolsa e pasta, percebi que ela estava toda grudenta. Peguei um lenço umedecido para limpar e entrei na cafeteria, onde logo avistei Max olhando para o relógio e para mim com um sorriso no rosto.— Desculpe pelo atraso de 5 minutos, foi por causa do trânsito — me justifiquei.— Não se preocupe, Priscila. Pensei que algo tivesse acontecido, já que você sempre chega antes do horário — respondeu ele com bom humor.— Desculpe, não vai se repetir... — comecei a me desculpar, e ele começou a rir.— Não estou reclamando, isso acontece. Eu também costumo me atrasar — admitiu Max, e eu achei estranho, mas era verdade que ele sempre se atrasava. — Onde está a pequenina?— Minha filha? — perguntei naturalmente, percebendo que tinha chamado Nina de filha.— Sim — respondeu ele com um sorriso encantador, levantando-se. — Já estou com saudades daquela fofura.— Nem me fa