Priscila Barcella
Natália teve que ir para casa às cinco da manhã para uma reunião em Campinas. A Nina chorou quase o tempo todo. Com um conta-gotas, conseguimos que ela comesse um pouco, mas era muito complicado. De acordo com Natália, ela estava com sono. Como não sabia o que fazer, a Nina tentava a todo custo pegar meu seio e desistia. Ela só dormiu no meu peito. Eu dei para ela ver que não havia nada lá, mas não imaginei que ela usaria isso como chupeta. Era uma sensação tão estranha e dolorosa. Tive que escolher entre a dor de cabeça causada pelo choro incessante ou a dor física, e o simples fato de ela ter parado de chorar já era um avanço. Eu acabei não dormindo, mas como não podia faltar a reunião de hoje, fui me arrumar para ir à empresa. Coloquei a Nina na cama mesmo ela choramingando. Desci com a bebê no colo e a Josefa estava na cozinha. Pelo som do forró, sabia que ela estava cozinhando. Justamente hoje era o dia de folga da moça da limpeza, e a minha cozinheira já tinha avisado que só teria uma consulta pela manhã, e a ajudante dela também não viria hoje. — Senhora, pelo visto você trouxe os seus sobrinhos — comentou Josefa, que não parecia ter jeito com crianças, mas com certeza seria melhor do que eu. — Sim, e já preciso ir, as crianças estão no quarto de hóspedes. Por favor, mantenha a casa em perfeito estado. A bebê tem uma consulta no pediatra, e achei que poderia levar também a outra pequena. A Joyce lhe avisará o horário e o motorista as levará até mim. Por favor, quero as coisas impecáveis. Se for preciso, pode usar o cartão para despesas. — Sim senhora, mais alguma coisa? — ela perguntou, e entreguei a Nina, que começou a chorar. — Senhora, acho que ela não gostou de mim. Peguei-a de volta e comecei a ninar, tentando acalmá-la. Josefa foi preparar o leite e expliquei que ela não estava usando a mamadeira. Então, ela colocou o leite em um copo pequeno e me ajudou a posicioná-la no colo para ver se assim ela comia. Ela tomou o copo todo, mas recusou o segundo. — Pequena, você vai ficar com a Josefa. Eu preciso ir trabalhar, meu anjinho, já estou atrasada, e você se comporta que eu volto rapidinho — falei, entregando-a para Josefa, que estava com uma cara de choque, e só então percebi como chamei a menina. Foi tão espontâneo que sinceramente não me importei. Mesmo que eu não tenha dormido e esteja muito cansada e irritada, há algo nela que quando olho me faz sentir uma certa paz. O fato de ela gostar de mim e me querer facilita, afinal está ali chorando só para ficar comigo. Ou estou tentando ver o copo meio cheio ou estou virando uma idiota. Decidi ir logo antes que piorasse. Peguei a bolsa e desci. Estava tão exausta, mas tinha que dirigir. Ao entrar no carro, coloquei meus óculos de sol. Precisava focar no trabalho. Não perderia esta promoção. Cheguei na empresa, Joyce estava à minha espera com um café forte em uma das mãos, pois eu já estava atrasada. — Bom dia, quer repassar a sua agenda? — ela perguntou, e disse que sim, entrando no elevador. — Às 8:40h, tem a reunião com a equipe de marketing sobre o novo projeto. Às 9:50, a conferência com os italianos para apresentar o projeto com o Max. Às 10:30, você tem uma vídeo conferência com os portugueses sobre a campanha da agência de turismo. — Eu tenho uma consulta no pediatra às 13:30. Tem algo neste horário? — perguntei ao entrar na minha sala. — Não, você só tem uma reunião com o senhor Max às 16:00. Ele quer ver o andamento da campanha das duas novas empresas e o levantamento do setor. — Certo, se eu precisar de alguma coisa, te aviso — falei, e ela saiu. Comecei a organizar algumas coisas antes de ir para a reunião. Meu dia hoje estava tranquilo, seria fácil levar as meninas para o pediatra. Meu celular começou a tocar, era de casa. Achava estranho, pois Josefa nunca ligava para mim. Ignorei a primeira ligação, mas ela voltou a me chamar, e lembrei que estava sozinha com as crianças, então tive que atender. — Espero que seja importante — falei, podendo ouvir o choro desesperado da Nina e outros choro. — Socorro, eu não consigo, a bebê não para de chorar, o Ítalo não quis saber do mingau e jogou tudo no chão, e a Isabela acordou e não come nada. Ela está chorando querendo a mãe, eu não posso mais, não consigo, eles são uns monstrinhos, não sei o que fazer... — Eu tenho uma reunião agora, não posso fazer nada. No momento, eu preciso trabalhar... — Eu vou pedir demissão se você não fizer nada. — Eu não posso sair agora. Esta situação é temporária. Vou procurar uma babá, não se preocupe. Apenas deixe as menores arrumadas até as 12:00h. Eu passarei para pegá-las e, por favor, deixe a casa inteira. — Sim, senhora. Mas se você não conseguir uma babá até amanhã, acho melhor não esperar por mim... — Não me ameace, Josefa. Eu te coloco na rua sem pensar duas vezes. Lembre-se que você não é mais nenhuma menina. Eu preciso de você do mesmo jeito que você precisa do salário e da moradia. E quem não pensou em trocar o dia de folga dos funcionários foi você, pois este é o seu trabalho. Mas irei tentar encontrar uma babá o quanto antes, porque não quero explorar ninguém e sei que não te contratei para isso — falei, desligando. Era só o que me faltava, Josefa me ameaçando. Chamei Joyce na minha sala, eu precisava focar na reunião. A conta da Master-Cacau estava em jogo e não podia perder. Precisava que Joyce contratasse uma agência de babás. — Eu preciso de uma babá para ontem, ela precisa ser rígida e conseguir lidar com as feras que estão na minha casa — falei assim que ela entrou. — Eles não são tão ruins, são só crianças — ela falou, com algumas pastas na mão. — Diga isso para Josefa e verá o desespero. Eu não dormi por causa daquele bebê. Então, arranje logo uma babá. Se for necessário, contrate até quatro para fazer um rodízio. Acho que será a melhor escolha. — Certo, vou procurar agora. O senhor Max mandou estes papéis. Ele cancelou a reunião — ela falou, entregando as pastas. — O que aconteceu com vocês? — ela perguntou, e olhei séria para ela. Ela, mais do que qualquer outra pessoa, sabe que eu odeio quando se metem na minha vida. — Por favor, providencie a babá e pode se retirar. Fiquei sozinha em minha sala, tentando focar no trabalho, mas estava preocupada com a situação em casa. Eu sabia que precisava resolver aquilo o mais rápido possível, mas também não podia descuidar do meu trabalho. Concentrei-me exclusivamente no negócio que precisava finalizar na reunião, a qual foi muito produtiva. Acredito que conseguirei fechar a campanha. Josefa me ligou várias vezes, mas não atendi, pois já sabia que era para reclamar das crianças. Estava ocupada finalizando algumas questões do contrato da Master-Cacau quando Felipe abriu a porta da minha sala. — Não sabe bater na porta? — perguntei a ele, que sorriu com aquela cara de deboche. Odeio tanto esse cara. — Sei sim. Só queria dizer que fechei o contrato com a Music Som. Acho que ser o CEO está cada vez mais fácil. — Então você veio se gabar, não é infantil para um homem da sua idade. — falei e meu celular voltou a tocar, mas apenas desliguei. — Se você não tem o que fazer, eu tenho. — Claro, você não quer perder o contrato com a Master-cacau, mas duvido muito que você consiga, eles rejeitaram cinco empresas de publicidade, por não terem achado o que procuram, e você não tem nada de especial, sinceramente não sei o que o senhor Fos vê em você. Com certeza você já deu para o chefe, não é, Priscila? — Se retire da minha sala imediatamente. Você não tem o direito de invadir e vir com falsas acusações. Ou você quer um processo? — Se ofendeu foi, me processe. Quem vai ser sua testemunha. — ele falou, pegando no meu braço com força, e eu o puxei rapidamente, empurrando-o. — Esteja ciente de que eu não tenho medo de você, Felipe. Isso pode funcionar com sua mulher, que não tem força para te denunciar, mas comigo você não toca. Saiba que antes que você pense, eu acabo com você. Meu celular voltou a tocar. Eu não estava afim de conversar com nenhum dos dois, mas tive que escolher. — Eu sei que você só veio me diminuir e tentar me fazer ter medo de você. Eu não sou conhecida por ser um dragão a toa, Felipe. Se coloque no meu caminho outra vez para ver se eu não acabo com você. — Pode atender, eu espero. — Eu não misturo minha vida pessoal com o meu trabalho. Pelo visto, você já fez tudo que veio fazer aqui. — Até parece que você tem uma vida fora destas paredes. Claro que você não daria conta de ter uma família e trabalhar. Eu nem entendo por que vocês mulheres tentam. Afinal, nós sabemos que a qualquer momento você pode querer ser mãe, e seu empenho vai lá para o chão. Mas não se preocupe, quando eu for o CEO, não vou colocar tanto peso nos ombros das mulheres. — Você é um machista desprezível, mas eu não vou cair no seu joguinho. Sim, eu sou uma mulher, e daí se tenho filhos ou não? Não é da sua conta. Você tem seis e isso é uma loucura, e ninguém te faz perguntas. Agora me deixe em paz e se retire da minha sala. Ou você prefere que eu use as câmeras para te denunciar por assédio, difamação e calúnia? — pedi, e minha chamada já tinha caído. Eu estava com muita raiva e cansaço. Fui até a porta e a abri. Ele olhou para a câmera sem acreditar. A maioria dos escritórios não tinha, mas eu sempre fiz questão de ter uma. E o Max se assegurou de ter todos os ângulos possíveis. Meu celular voltou a chamar, e eu atendi mesmo com ele ainda ali. — Espero que seja caso de vida ou morte. — falei ao atender. — Tia, a senhora Josefa desmaiou. Eu não sei o que fazer — a Iris falou, aflita. — Já estou indo. — falei, pegando minha bolsa, ainda no celular. — Tem muito tempo? — perguntei, andando, e a Joyce estava conversando com alguém no corredor. Logo que me viu passar, veio correndo atrás de mim. — O Ítalo estava brincando com as bolinhas de gude, ela escorregou nelas e caiu, e não acordou até agora — ela falou, e pude ouvir os choros das crianças. — Eu vou pedir uma ambulância, já estou indo. — desliguei o celular. Comecei a andar mais rápido, e a Joyce entrou junto comigo no carro. — O que aconteceu? — ela perguntou ao ver o meu desespero, ligando para o SAMU. — O que aconteceu foi com estas crianças. Você acredita que a Josefa pode estar morta por causa de uma brincadeira? Eu estava tentando ser boazinha, mas depois desta, acabou. Estas crianças vão aprender a ter limites. — Calma, eles só são crianças. Deve ter sido um acidente. — Eles precisam de limites. Espero que tenha encontrado uma babá. — falei com a mãe meio trêmula, tentando ligar para a urgência. — A agência vai mandar uma amanhã. — ela falou, pegando o celular da minha mão para resolver isso. Cheguei no meu apartamento junto com eles, e o local estava uma bagunça. Tinha comida no chão e bolinhas para todo lado. Eu estava em choque com tudo aquilo. A Nina estava chorando no braço da Iris, o Ítalo estava debaixo da mesa, tremendo e se balançando enquanto chorava, a Isabela, quando me viu, correu e agarrou minhas pernas, toda melada de farinha. — Ela morreu? — ela perguntou, assustada. ©©©©©©©©©©©©© Continua...Priscila Barcella Não consegui falar nada, nem consegui tirá-la de perto de mim. Eu estava assustada, o bebê chorava ainda mais alto e eu a peguei no colo com medo de ela também ter se machucado. Os paramédicos fizeram os primeiros socorros, colocaram-na na maca e eu estava em choque ao vê-la naquele estado. A bebê parou de chorar e quando olhei, ela estava sugando o meu seio, mas não tinha chegado no bico do peito porque estava vestida. Apenas começou a me babar e acho que ouviu o meu coração. Neste mesmo minuto, Josefa abriu os olhos e estava com uma expressão de dor. — Meu braço está doendo — ela falou com a voz rouca. — Vamos levá-la para o hospital — um dos socorristas falou, olhando para mim. — Você não deveria ter deixado sua mãe sozinha com seus filhos — ela continuou, e pude ver o julgamento em seu olhar. E quem ela pensa que é para se meter na minha vida? — Eu trabalho aqui — Josefa tentou se explicar como se quisesse me defender. — Não fale, Josefa, sei que você está
Priscila Barcella Semanas depois Já tem cinco semanas que os meus sobrinhos estão aqui, a minha vida está um caos, literalmente um inferno.Comecei a seguir o tratamento recomendado pela médica, mas a primeira vez foi assustadora e a sensação de medo persiste. A Nina rejeita a mamadeira e a chupeta, fazendo um escândalo quando não é o seio. Com a responsabilidade de cuidar dos meus outros três, especialmente Iris e Italo, juntamente com o trabalho, acabo cedendo e amamentando a Nina para acalmá-la, já que não tenho ajuda durante a noite. Após mamar, a Nina se acalma e se torna um bebê tranquilo. Às vezes, fico com ela no escritório de madrugada, onde ela dorme no meu colo ou me observa trabalhar. Mesmo quando chora, emite apenas um chorinho suave. Inicialmente, a Nina sofria com cólicas, mas graças aos conselhos da Natália, aprendi a lidar melhor com a situação. Preocupada em evitar o retorno do choro, iniciei um tratamento para aumentar a produção de leite, mas até o momento não
Priscila Barcella Quando Nina terminou de mamar, ajeitei as coisas com ela no colo e me sentei novamente, sentindo as lágrimas escorrerem. Ultimamente, minhas emoções estão descontroladas, devido aos hormônios que tomo para amamentar Nina. — Me desculpa, pequenininha. Eu não sou como ela. Você é meu amorzinho. Me promete que não vai me odiar, como seus irmãos, porque você é a única criança que gosta de mim — falei, beijando Nina e logo sentindo um cheiro forte. — Ai, meu amor, você fez o número dois. Isso eu nunca vou entender. Como uma coisinha dessas pode fazer um estrago tão grande?Ela ia começar a choramingar, mas comecei a beijar sua barriguinha depois de limpá-la. — Você quer ouvir uma música? Sua vovó cantava para mim, sabia? — falei, arrumando a roupinha dela. — Meu anjinho, meu anjinho — comecei a cantar calmamente. E não sei por que Nina é a única pessoa que consegue me trazer paz. Estava cantando com um sorriso no rosto, pois ela sorria para mim, quando alguém bateu
Priscila Barcella Depois de apresentar a campanha das fraldas BABYPOM, Max fez questão de me levar para conhecer o colégio. É uma instituição conceituada e muito bonita, com uma grade curricular que era o meu sonho na época da escola. No entanto, quando vi o valor que ficaria para os três, quase caí para trás. Mesmo assim, aceitei porque Max conseguiu uma bolsa de 50%, o que me permitiu matricular os três na mesma escola. Trata-se de um colégio tradicional britânico, e espero que um ambiente assim proporcione os limites e a educação de que eles precisam. Logo após sairmos da escola, Max se ofereceu para me ajudar, o que achei muito estranho.Ele estava muito solícito e passava bastante tempo olhando para a Nina, mas não vou julgar, afinal, ela é muito linda, parecendo até uma boneca de tão perfeita. Às vezes, até eu fico admirando.— Então, quer me entregar a Nina? Eu posso ficar com a menininha mais linda do mundo — ele falou de forma boba — E você pode ir comprar os materiais escol
William RodriguesMais um dia de luta como sempre. Acordo às três da manhã, me arrumo e tomo um copo de café. Moro em uma pensão e divido o quarto com Manuel, meu amigo do orfanato. Viemos juntos do Ceará para cá há seis meses e até agora não encontrei emprego. Manuel trabalha em um mercadinho e paga o aluguel do quarto, mas não posso depender dele. Coloco meu currículo em vários locais todos os dias, às vezes arrumo bicos temporários, mas nada dura mais do que dois dias. Às vezes me arrependo de ter vindo para cá, mas meu maior sonho é trabalhar na FOS, a maior empresa de publicidade do país. Entrar lá é um desafio, mas no momento, só quero um emprego, qualquer um.Hoje tenho duas entrevistas e estou torcendo para desta vez conseguir um emprego.— Bom dia, Liam — a dona Marta me cumprimenta quando me vê. Sempre a ajudo com o carrinho de salgados em uma escola de ricos.— Bom dia, vovó Marta, vamos?— O que seria de mim sem um anjo como você — ela diz, empurrando o carrinho, e conver
William RodriguesAcordei cedo e me arrumei, não podia chegar atrasado no meu novo emprego. Saí de casa às três e meia da manhã, a casa dela fica longe, então tive que ir a pé por alguns quilômetros, depois peguei o metrô e, em seguida, o ônibus. Andei cerca de mais dois quilômetros e finalmente cheguei no condomínio chique onde a senhorita Priscila mora. — Bom dia — falei para o porteiro. E ele me respondeu até com um bom ânimo para as seis da manhã. — Sou William Rodrigues... — ele olhou um papel e sorriu. — O novo babá da cobertura? — Sim — falei e ele sorriu. — O elevador de serviço fica à esquerda — ele falou e fui para lá. Eram exatamente 6:20h da manhã. Peguei o elevador de serviço, estava um pouco nervoso para conhecer essa criança, só espero que ela seja calma. Assim que toquei a campainha, uma senhora com o braço quebrado abriu a porta, me dando espaço para entrar. — Como vai? Meu nome é Josefa — ela me cumprimentou estendendo a mão. — Tudo bem, eu sou o William, ma
William RodriguesDepois de me arrumar com uma roupa estilo chofe de madame, que ficou no tamanho certo, fui até o quarto dos santos diabinhos. Não posso desistir assim tão facilmente.Assim que cheguei no quarto, vi a Isabela chorando e me aproximei dela, que agarrava uma boneca de pano.— Por que você está chorando, princesa? — perguntei ao me aproximar.— Eu quero a minha mãe — ela falou chorando, e eu passei a mão em seu cabelo.— Você quer que eu ligue para sua mãe? — perguntei, mas ela apenas chorou mais — Não precisa chorar, princesa, a mamãe foi trabalhar. Você quer ir para a escolinha, brincar com os amiguinhos?— Eu não tenho amigos. Eu quero a mamãe e o papai — ela disse chorando, e entendi a dor de querer alguém que nunca mais veremos, ou que nem sequer conhecemos.— Se você não for, não vai fazer amigos...— E se eles nunca quiserem ser meus amigos? Eu gostava da minha outra casa, eu tinha amigos lá... eu quero voltar para a casa do papai.— Quer que eu te conte um segred
Priscila Barcella Hoje seria o primeiro dia do babá e espero que ele consiga cuidar bem das crianças, pois preciso voltar à minha rotina normal. Não posso perder essa oportunidade de promoção na história da FOS, onde uma mulher nunca foi tão longe, provando que nós podemos. Mas para isso, é essencial que alguém cuide das crianças.Falando em crianças, a noite passada foi longa. Nina não saiu do meu seio por nada, estou exausta. Já passei tantas noites em claro, mas nunca me senti tão cansada. Ela parecia sugar a minha alma, e ainda tenho uma reunião marcada para as 07:30h com Max e o dono da padaria "Hora Pães", em uma de suas cafeterias.Estava com tanta pressa que mal olhei para o babá. A verdade é que nunca olho direito, a maioria dos meus funcionários trabalha comigo há anos, então sempre fiz questão de conhecê-los. Mas as babás, cansei de perder meu tempo. Na segunda, já sabia que não duraria muito, mas algo nele me intrigou. Quando entreguei Nina, ela não chorou. Pode ser egoís