Traída pelo marido e expulsa de sua própria alcatéia, Lyara perdeu tudo; seu título, sua honra e seu futuro. Mas em vez de se curvar ao destino, ela se ergue das cinzas, determinada a recuperar o que lhe foi tirado. Anos depois, uma oportunidade inesperada a leva ao castelo do temido Rei Alfa Kael, um líder implacável, cuja simples presença faz seu lobo estremecer. Desde o primeiro olhar, Kael a deseja e a reivindica como sua Luna. Nele, Lyara encontra tudo o que jamais teve: força, respeito e um desejo tão intenso quanto perigoso. Mas quando descobre que Kael é o pai biológico de seu ex-marido, a verdade ameaça destruí-la. Presa entre um amor proibido e a sede de vingança, Lyara precisa decidir se seguirá seu coração ou esmagará aqueles que a traíram.
Ler maisO silêncio do castelo era inquietante.Os corredores, normalmente repletos de servos apressados e guardas em patrulha, agora pareciam vazios, como se o próprio ambiente estivesse contido em uma espera sufocante.Eu não conseguia dormir.A fotografia de Zaira ainda dançava em minha mente, como um espectro do passado que se recusava a ser ignorado.O que ela estava fazendo entre as coisas de Kael?Por mais que eu tentasse racionalizar, cada resposta me levava a mais perguntas.E eu odiava perguntas sem respostas.Os pés me guiaram quase automaticamente de volta ao quarto do Rei.Talvez eu estivesse cruzando um limite ao mexer nas coisas dele. Mas como confiar cegamente em alguém que claramente escondia segredos?A porta rangeu levemente quando a empurrei, e a penumbra do aposento me envolveu como um manto pesado.Kael continuava imóvel na cama, a respiração lenta e profunda.“Desculpe, Majestade,” murmurei, mais para mim mesma do que para ele. “Mas eu preciso saber.”Aproximei-me da esc
O silêncio do quarto do Rei era quase sufocante. As cortinas pesadas estavam entreabertas, deixando a luz do final da tarde se filtrar em feixes dourados sobre o chão de pedra polida. O cheiro discreto de ervas medicinais pairava no ar, vindo dos incensos deixados pelo curandeiro.Eu não deveria estar ali.Não naquele cômodo tão íntimo, tão carregado pela presença de um homem que, mesmo inconsciente, parecia dominar cada centímetro do espaço.Mas algo me atraía para aquele lugar.Talvez fosse a inquietação causada pelas palavras do sacerdote Félix. Ou, quem sabe, o simples fato de que, longe do olhar atento dos criados e conselheiros, eu pudesse finalmente pensar com clareza.Deslizei os dedos pela superfície escura da escrivaninha próxima à janela. O móvel era impecável, organizado com precisão militar: papéis empilhados, tinteiros alinhados, um pequeno selo real repousando sobre um pergaminho incompleto.Meu olhar caiu sobre uma gaveta entreaberta.Hesitei por um instante.Mas a cur
A presença do sacerdote Félix continuava a pairar sobre mim, como uma sombra persistente. Desde nosso encontro no corredor, eu não conseguia afastar a inquietação que suas palavras haviam despertado.“Você pode estar gestando o herdeiro do Rei.”Essa frase ecoava na minha mente repetidamente, como o bater de tambores em um campo de guerra.Mas era impossível. Meu útero era seco. Eu sabia disso há anos.Sacudi a cabeça, tentando me concentrar nas tarefas do dia. O castelo estava mais silencioso do que o normal. Os servos falavam em sussurros, seus olhares desviando sempre que passavam pelas portas da ala onde o Rei Kael descansava.Eu também evitava aquela área.“Lyara.” A voz suave de Mara, uma das cozinheiras, me chamou. “Pode levar essas ervas para o curandeiro? Ele pediu frescas para os tônicos do Rei.”Assenti, pegando o pequeno cesto de vime.“Claro, Mara. Onde ele está?”“Na sala de preparos, perto da biblioteca.”Caminhei pelos corredores largos, o eco dos meus passos preenchen
Caminhava pelos corredores do castelo, a mente agitada, tentando organizar meus pensamentos. O sacerdote Félix era realmente um homem digno da confiança do Rei? Ou a criada estava certa ao me alertar sobre ele? Eu precisava ser cautelosa, agir com naturalidade. Não poderia dar nenhum indício de que estava desconfiada.Perdida nessas reflexões, virei uma esquina apressada demais e me choquei contra alguém.Recuei um passo, o coração disparando com a surpresa, e ergui o olhar.O sacerdote Félix estava ali, me encarando com um sorriso calmo.“Perdoe-me, minha filha. Espero não tê-la assustado.”Endireitei minha postura imediatamente, forçando um sorriso discreto.“A culpa foi minha, sacerdote. Estava distraída.”Ele me observou por um instante, os olhos analíticos demais para meu gosto.“Parece preocupada.”Dei de ombros, tentando parecer desinteressada.“Não é nada, apenas... cansaço.”Félix sorriu de forma indulgente.“Imagino que os últimos dias tenham sido difíceis para você.” Ele su
A noite se arrastava lenta, sufocante. O castelo estava mergulhado no silêncio, interrompido apenas pelo ocasional uivo do vento contra as janelas. Eu não conseguia me afastar do quarto de Kael. Algo dentro de mim me impedia de deixá-lo sozinho.Os curandeiros vinham e iam, carregando ervas, poções e compressas. Nenhum deles parecia otimista. A febre persistia, os ferimentos estavam infectados, e ele sequer acordava.Fiquei de pé ao lado da cama, observando-o. Seu rosto, sempre marcado por uma imponência inquebrantável, agora parecia frágil. A cada respiração pesada, meu peito apertava mais."Você precisa lutar, Kael", sussurrei, minha voz embargada. "Não pode morrer assim."Ele não reagiu.Minha garganta ficou seca, e meus olhos começaram a arder.Por que isso estava me afetando tanto?Eu deveria me importar? Esse homem era apenas o meio para minha sobrevivência, minha proteção… minha vingança. E ainda assim, a mera ideia de perdê-lo fazia algo dentro de mim desmoronar.Fechei os olh
O castelo estava inquieto naquela noite. Desde o momento em que os primeiros mensageiros chegaram anunciando que o Rei havia sido atacado no meio do trajeto de volta, um clima pesado tomou conta dos corredores. Servos corriam de um lado para o outro, os curandeiros foram convocados às pressas, e os guardas mantinham uma vigilância reforçada nos portões.Eu não deveria me importar. Não deveria sentir o nó apertado no peito enquanto caminhava de um lado para o outro no salão principal, esperando qualquer notícia. Mas era impossível ignorar a ansiedade que me consumia.Então, finalmente, o barulho dos portões se abrindo me fez girar nos calcanhares. O cheiro de sangue veio antes da visão do Rei.Kael estava sobre um cavalo, segurando-se na sela com dificuldade. Sua armadura estava suja de terra e sangue, e seus olhos, normalmente tão intensos, pareciam opacos. Assim que ele desmontou, seu corpo vacilou, e dois guardas correram para segurá-lo."Chamem os curandeiros! Agora!" ordenou um do
Sete dias se passaram desde que vi Kael pela última vez, e sua ausência, ao invés de aliviar, parece aumentar a presença dele em minha mente. Eu não consigo escapar dele — não apenas fisicamente, mas na minha mente, em cada pensamento que tento bloquear. Ao longo desses dias, ele não apareceu no castelo, mas sua presença se fez sentir de maneiras inesperadas.A cada amanhecer, um novo buquê de flores perfumadas aparecia em meu quarto. Rosas vermelhas, lírios brancos, orquídeas exóticas. Cada uma acompanhada de uma carta. As flores sempre eram novas, sempre cuidadosas, escolhidas com algo mais do que simples intenção. Eu sabia que não eram apenas presentes, mas mensagens silenciosas, um jeito de ele me cercar sem estar fisicamente presente.“Para a mulher que ilumina meu dia, mesmo nas sombras. Com todo o meu carinho, Kael.”Eu li as palavras, sentindo um nó apertado no meu peito. A cada carta, a cada flor, ele me fazia questionar o que eu realmente sentia. Eu sabia o que queria dizer
O castelo estava quieto demais. O som das minhas botas ecoava pelos corredores vazios enquanto eu andava, quase sem rumo, tentando entender o que havia acontecido comigo. Uma parte de mim queria gritar, correr até a casa dos Kinsley e pedir para voltar. Mas outra parte—uma parte que eu mal reconhecia—estava... diferente. Eu não sabia o que Kael tinha feito comigo. O que ele tinha... me feito sentir.Quando entrei no meu quarto, ele estava lá. De pé, com os ombros largos, a postura impassível, como sempre. Olhei para ele, sentindo meu coração disparar. Ele parecia saber exatamente o que estava acontecendo dentro de mim, o que me aterrorizava ainda mais."Você está fugindo de mim, Lyara?", ele perguntou, sua voz grave quebrando o silêncio.Eu dei um passo atrás, encarando-o com raiva. "Eu não sou sua prisioneira, Kael", falei, tentando manter a voz firme, embora minhas mãos tremessem. "Eu não quero ficar aqui, e você não pode me forçar."Kael sorriu de forma divertida, mas havia algo em
Eu sabia que não podia mais viver naquele castelo. Cada corredor me parecia um labirinto de armadilhas, onde o rei era o monstro à espreita, sempre observando, esperando, pronto para me devorar. Naquela noite, o castelo estava em silêncio, uma calma que mais parecia uma ilusão, um respiro momentâneo antes da tempestade. Quando a última criada passou por mim e as luzes começaram a se apagar, eu sabia que era a minha chance.Escorreguei pela porta lateral do meu quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível. O ar frio da noite acariciou minha pele nua, a lua iluminando o caminho diante de mim. A sensação de liberdade foi como um sopro de ar fresco nos meus pulmões, mas eu sabia que não tinha muito tempo.Antes que eu pudesse dar mais do que dois passos, uma presença familiar se fez sentir nas sombras.“Você está tentando fugir de novo, Lyara?” A voz de Kael cortou a noite como uma lâmina afiada.Congelei, o coração batendo tão rápido que mal consegui ouvir meus próprios pensamento