Traída pelo marido e expulsa de sua própria alcatéia, Lyara perdeu tudo; seu título, sua honra e seu futuro. Mas em vez de se curvar ao destino, ela se ergue das cinzas, determinada a recuperar o que lhe foi tirado. Anos depois, uma oportunidade inesperada a leva ao castelo do temido Rei Alfa Kael, um líder implacável, cuja simples presença faz seu lobo estremecer. Desde o primeiro olhar, Kael a deseja e a reivindica como sua Luna. Nele, Lyara encontra tudo o que jamais teve: força, respeito e um desejo tão intenso quanto perigoso. Mas quando descobre que Kael é o pai biológico de seu ex-marido, a verdade ameaça destruí-la. Presa entre um amor proibido e a sede de vingança, Lyara precisa decidir se seguirá seu coração ou esmagará aqueles que a traíram.
Ler maisA tempestade que se formava dentro de mim não passava. Meu peito estava apertado, minha mente uma confusão de pensamentos que eu não conseguia organizar. Kael não entendia. E como poderia? Como ele poderia saber que eu não era apenas uma plebeia acolhida por sua bondade? Como poderia saber que eu carregava um passado que, se revelado, mudaria tudo?Depois de nossa discussão nos jardins, eu não o vi mais. Evitei qualquer caminho que pudesse nos colocar no mesmo ambiente. Mas, no fundo, sabia que isso não duraria muito tempo. Ele era o Rei. E eu... eu era apenas uma serviçal em seu castelo. Um erro que nunca deveria ter acontecido.Na manhã seguinte, fui surpreendida pelo burburinho nos corredores. Criadas corriam de um lado para o outro, ajustando detalhes da decoração do grande salão. A movimentação era intensa, e os olhares estavam cheios de ansiedade e reverência."O que está acontecendo?" perguntei a uma das criadas, que carregava um tecido fino nas mãos.Ela me olhou com empolgaçã
Os dias passaram em um turbilhão de acontecimentos, mas eu... eu estava em um estado constante de fuga. Fugia de tudo, fugia de mim mesma, fugia dele. De Kael.A recuperação dele foi impressionante. A cada dia que passava, ele se tornava mais forte, mais imponente. Era como se o Rei estivesse renascendo diante dos meus olhos, e, com isso, sua presença aumentava ainda mais, envolvendo o castelo e todos ao seu redor. Ele estava pronto para reassumir o controle, e sua voz, antes tão fraca, agora soava poderosa e cheia de autoridade.Mas... eu não podia lidar com isso. Eu não conseguia mais olhar para ele sem me lembrar de tudo o que eu estava escondendo. De tudo o que ele ainda não sabia.Enquanto ele se reerguia, eu me afundava em uma espiral de culpa e medo. Cada vez que ele me chamava, eu me esquivava. Cada vez que ele tentava conversar comigo, eu fugia. Eu estava me tornando especialista em evitar qualquer tipo de encontro, qualquer situação que nos colocasse a sós. Porque isso nunca
A noite estava calma, e eu estava ao lado da cama de Kael, colocando um ramo de flores frescas em um vaso. A luz suave das velas lançava sombras suaves nas paredes do quarto, criando uma atmosfera tranquila, mas algo em mim estava inquieto, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar.Era difícil de acreditar que ele ainda estivesse ali, ainda em coma. Sua pele pálida, seus olhos fechados, sua respiração suave, tudo isso me fazia sentir como se ele fosse apenas uma sombra de quem realmente era.De repente, um movimento quase imperceptível. Kael se mexeu, e antes que eu pudesse reagir, seus olhos dourados se abriram lentamente. Ele me olhou com uma confusão palpável, e sua voz saiu rouca, fraca, mas cheia de uma ternura que me fez congelar.“Lyara?”Eu traguei a respiração, meu coração disparando. O som da minha própria respiração se misturou ao ritmo acelerado do meu peito. Não, não poderia ser ele... Ele estava... ele estava em coma! Não podia ser.Com a mente turvada, murmure
Os dias no castelo passaram lentamente, como se o tempo tivesse congelado. E, no entanto, meu corpo continuava a se mover mecanicamente. O mesmo ar abafado daquelas paredes opressivas parecia sufocar minhas próprias emoções. O quarto em que eu me encontrava, escondida da vista de todos, estava imerso em uma calma desconcertante. O silêncio me consumia, a ansiedade, o medo, e as memórias que voltavam como sombras à noite. Eu não podia, não queria, lidar com a realidade que me aguardava quando Kael finalmente despertasse.Eu me sentia presa, como se estivesse aguardando o pior. O homem que eu amava, e ao mesmo tempo temia, ainda estava inconsciente. Kael... Eu não sabia mais o que sentir. Parte de mim desejava que ele ficasse daquele jeito, sem acordar, porque uma vez que ele abrisse os olhos, a minha vida — e todos os segredos que guardava tão profundamente dentro de mim — estariam expostos. Eu não sabia mais o que fazer com esse amor proibido, essa dor que me consumia a cada pensament
O silêncio do castelo era inquietante.Os corredores, normalmente repletos de servos apressados e guardas em patrulha, agora pareciam vazios, como se o próprio ambiente estivesse contido em uma espera sufocante.Eu não conseguia dormir.A fotografia de Zaira ainda dançava em minha mente, como um espectro do passado que se recusava a ser ignorado.O que ela estava fazendo entre as coisas de Kael?Por mais que eu tentasse racionalizar, cada resposta me levava a mais perguntas.E eu odiava perguntas sem respostas.Os pés me guiaram quase automaticamente de volta ao quarto do Rei.Talvez eu estivesse cruzando um limite ao mexer nas coisas dele. Mas como confiar cegamente em alguém que claramente escondia segredos?A porta rangeu levemente quando a empurrei, e a penumbra do aposento me envolveu como um manto pesado.Kael continuava imóvel na cama, a respiração lenta e profunda.“Desculpe, Majestade,” murmurei, mais para mim mesma do que para ele. “Mas eu preciso saber.”Aproximei-me da esc
O silêncio do quarto do Rei era quase sufocante. As cortinas pesadas estavam entreabertas, deixando a luz do final da tarde se filtrar em feixes dourados sobre o chão de pedra polida. O cheiro discreto de ervas medicinais pairava no ar, vindo dos incensos deixados pelo curandeiro.Eu não deveria estar ali.Não naquele cômodo tão íntimo, tão carregado pela presença de um homem que, mesmo inconsciente, parecia dominar cada centímetro do espaço.Mas algo me atraía para aquele lugar.Talvez fosse a inquietação causada pelas palavras do sacerdote Félix. Ou, quem sabe, o simples fato de que, longe do olhar atento dos criados e conselheiros, eu pudesse finalmente pensar com clareza.Deslizei os dedos pela superfície escura da escrivaninha próxima à janela. O móvel era impecável, organizado com precisão militar: papéis empilhados, tinteiros alinhados, um pequeno selo real repousando sobre um pergaminho incompleto.Meu olhar caiu sobre uma gaveta entreaberta.Hesitei por um instante.Mas a cur
A presença do sacerdote Félix continuava a pairar sobre mim, como uma sombra persistente. Desde nosso encontro no corredor, eu não conseguia afastar a inquietação que suas palavras haviam despertado.“Você pode estar gestando o herdeiro do Rei.”Essa frase ecoava na minha mente repetidamente, como o bater de tambores em um campo de guerra.Mas era impossível. Meu útero era seco. Eu sabia disso há anos.Sacudi a cabeça, tentando me concentrar nas tarefas do dia. O castelo estava mais silencioso do que o normal. Os servos falavam em sussurros, seus olhares desviando sempre que passavam pelas portas da ala onde o Rei Kael descansava.Eu também evitava aquela área.“Lyara.” A voz suave de Mara, uma das cozinheiras, me chamou. “Pode levar essas ervas para o curandeiro? Ele pediu frescas para os tônicos do Rei.”Assenti, pegando o pequeno cesto de vime.“Claro, Mara. Onde ele está?”“Na sala de preparos, perto da biblioteca.”Caminhei pelos corredores largos, o eco dos meus passos preenchen
Caminhava pelos corredores do castelo, a mente agitada, tentando organizar meus pensamentos. O sacerdote Félix era realmente um homem digno da confiança do Rei? Ou a criada estava certa ao me alertar sobre ele? Eu precisava ser cautelosa, agir com naturalidade. Não poderia dar nenhum indício de que estava desconfiada.Perdida nessas reflexões, virei uma esquina apressada demais e me choquei contra alguém.Recuei um passo, o coração disparando com a surpresa, e ergui o olhar.O sacerdote Félix estava ali, me encarando com um sorriso calmo.“Perdoe-me, minha filha. Espero não tê-la assustado.”Endireitei minha postura imediatamente, forçando um sorriso discreto.“A culpa foi minha, sacerdote. Estava distraída.”Ele me observou por um instante, os olhos analíticos demais para meu gosto.“Parece preocupada.”Dei de ombros, tentando parecer desinteressada.“Não é nada, apenas... cansaço.”Félix sorriu de forma indulgente.“Imagino que os últimos dias tenham sido difíceis para você.” Ele su
A noite se arrastava lenta, sufocante. O castelo estava mergulhado no silêncio, interrompido apenas pelo ocasional uivo do vento contra as janelas. Eu não conseguia me afastar do quarto de Kael. Algo dentro de mim me impedia de deixá-lo sozinho.Os curandeiros vinham e iam, carregando ervas, poções e compressas. Nenhum deles parecia otimista. A febre persistia, os ferimentos estavam infectados, e ele sequer acordava.Fiquei de pé ao lado da cama, observando-o. Seu rosto, sempre marcado por uma imponência inquebrantável, agora parecia frágil. A cada respiração pesada, meu peito apertava mais."Você precisa lutar, Kael", sussurrei, minha voz embargada. "Não pode morrer assim."Ele não reagiu.Minha garganta ficou seca, e meus olhos começaram a arder.Por que isso estava me afetando tanto?Eu deveria me importar? Esse homem era apenas o meio para minha sobrevivência, minha proteção… minha vingança. E ainda assim, a mera ideia de perdê-lo fazia algo dentro de mim desmoronar.Fechei os olh