Cinco anos. Cinco longos anos com Damon, e eu ainda não havia conseguido entender o que nos mantinha unidos. O casamento era vazio. Ele era frio, distante, e, se não fosse por meu tio, Jones, talvez eu já tivesse deixado esse pesadelo. Mas o poder que Jones exercia sobre minha vida, sobre minha alcatéia, me manteve ali, suportando a dor, a solidão e a humilhação.
Eu estava no corredor do castelo, as mãos firmes na madeira da porta do escritório de Damon. Algo não estava certo, e uma sensação de inquietação me dominou. Eu não sabia ao certo o que me fazia querer abrir aquela porta, mas algo em meu instinto me dizia que eu não estava mais segura naquele casamento. A porta rangeu quando a empurrei, e, ao entrar, vi uma cena que jamais imaginei presenciar: Damon estava no fundo do escritório, seus dedos entrelaçados com os de Elena, minha irmã. O choque congelou meu corpo, mas o grito foi inevitável. "O quê...?" Eu mal consegui completar a frase. Meus olhos se arregalaram, tentando entender o que meus olhos estavam vendo. Eu queria gritar, atacar, mas minhas pernas não me obedeciam. Como podiam fazer isso? Minha própria irmã... com meu marido? Damon se levantou rapidamente, mas não parecia surpreso. Ele olhou para mim com uma expressão que era mais de tédio do que de culpa. "Você... você está aqui?", disse ele, sua voz vazia. "Não sabia que estava dando uma volta no castelo." "Está dando uma volta no castelo?", minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia, e, antes que eu pudesse controlar, fui até ele, apontando para minha irmã. "Elena, o que está acontecendo?" Elena parecia envergonhada, mas não ao ponto de se afastar de Damon. Ela olhou para o chão, e eu soube na hora. A traição estava ali, bem diante de mim. E o pior: não era uma traição qualquer. Era algo que vinha se construindo bem diante dos meus olhos, e eu nunca vi. "Eu nunca te amei, Lyara. Nunca fui seu esposo, meu coração nunca sentiu nada por sua existência insignificante.", Damon falou, dessa vez com um tom mais frio. "Nunca fui seu de verdade, sempre estive com sua irmã, desde o início, desde antes desse casamento. Só estava preso ao que você representava, por ser a herdeira dos líderes Alfas, por ser a princesa que governaria nossa nação. Achei que se eu tivesse um filho com você, ao menos poderia mata-la para que Elena assumisse seu lugar... Mas você é seca, é infértil. Você não pode me dar o que preciso.", Ele toca a barriga da minha irmã com delicadeza e sorri. "Diferente de sua irmã que agora carrega meu herdeiro." Grávida? Sinto o mundo girar ao meu redor. "Você não pode estar falando sério... Não pode.", Murmurei negando com a cabeça, recuando um passo. "Ele está, minha irmã. Eu irei gerar o herdeiro dessa nação, agora que sabe de tudo não preciso mais fingir.", Elena sorriu cínica. "Podemos dizer a população que o filho é de vocês. Podem manter o casamento de fachada, mas agora o Damon será meu." Eu congelei, sem palavras. Como assim? O que eles estavam dizendo? Como eu não percebi isso? Era óbvio agora, claro como o dia. O desprezo que ele sempre teve por mim, o afastamento. Ele nunca quis me tocar, nunca quis ser meu marido de verdade. E agora isso... ele estava com minha irmã. "Você sabia?" Perguntei a Jones, que entrou no escritório logo em seguida, como se já esperasse por isso. Ele olhou para Damon e depois para mim, com uma calma que só me fez sentir ainda mais desesperada. "Sim, eu sabia", Jones respondeu, como se estivesse discutindo algo trivial. "Sempre soube, querida." Meu coração parecia querer explodir no meu peito, a dor era insuportável. "Você sabia e nunca me disse? Nunca me protegeu? Sou sua sobrinha, Jones!" "Você é uma fraqueza, Lyara. Você é dramática.", Jones respondeu, a voz agora mais firme. "Não pode dar herdeiros, e isso é o que importa. Você não pode ser a Alfa, então..." Ele fez uma pausa e olhou para Damon, que sorria de uma maneira arrogante. "E, honestamente, ninguém nunca gostou de você." "Você sabia que eu não podia ter filhos, mas me obrigou a casar com ele! Por quê? Para que isso acontecesse?" Eu estava quase em lágrimas, mas me esforcei para manter a compostura. "Eu sou a filha do Alfa, e você... você nunca quis que eu fosse a Alfa!" Jones deu de ombros, como se não fosse nada demais. "Você não tem mais valor para a alcatéia. E como você se recusa a aceitar que Elena vai ser a mãe do próximo Alfa, então... será melhor que aceite o que está acontecendo." "Não! Não vou aceitar isso. Não vou ser substituída por ela, por sua filha! Eu não vou ser humilhada assim." Jones suspirou, como se tivesse paciência para uma criança birrenta. "Eu sabia que não aceitaria. Mas você não tem escolha. Ou fica calada e aceita que Elena gerará o herdeiro ou..." Ele fez uma pausa, e a sensação de que algo muito pior estava por vir me envolveu como uma sombra. "Ou você morre." As palavras caíram como uma sentença de morte. Não era só a vergonha de ser traída, mas agora havia algo mais. Minha vida estava em risco. Eu olhei para Damon, mas ele não parecia surpreso. Ele estava calmo, quase satisfeito. Ele já sabia o que Jones faria. Ele já havia decidido. "Não vai ser assim", eu sussurrei. Eu não podia deixar isso acontecer. Eu não podia ser calada. Não depois de tudo o que eu havia passado. Jones virou-se para Elena. "Ela será executada amanhã. Na praça pública. E você, Elena, se casará com Damon para gerar um herdeiro legítimo. Faremos o casamento como manda a tradição, após um mês de luto." Elena olhou para o chão, a vergonha estampada em seu rosto, mas não disse nada. Ela era cúmplice, e não havia volta. "Tio, você não pode me executar só por me odiar.", A rouquidão na minha voz ecoou o quarto. "Nunca deixarei que vocês três tomem conta da minha alcatéia, da minha nação!" Eu corri. Corri sem rumo, sem pensar em mais nada, exceto na dor que me consumia. A verdade se arrastava atrás de mim como uma sombra, me perseguindo, me sufocando. Eu mal podia acreditar no que acabara de acontecer, nas palavras de Damon, nas palavras de Elena, na indiferença de Jones. Meu coração parecia uma pedra fria, mas, ainda assim, as lágrimas insistiam em cair. Eu estava perdida. Não havia mais nada. Nada além de uma mentira nojenta, uma traição grotesca. Meu corpo se estremeceu com a força das minhas emoções, e eu não sabia mais onde eu estava, ou sequer o que fazia ali, deitada no chão do meu quarto. Quando a porta se abriu com um estrondo, nem tive tempo de reagir. Dois guardas entraram sem cerimônia, seus rostos impassíveis e mãos fortes, e me agarraram com brutalidade. Eu me debatei, tentando me livrar, mas fui incapaz de fazer mais do que arranhar suas armaduras de ferro. Eles não se importavam com meus gritos ou tentativas de fuga. Só me arrastavam, como se eu fosse um animal a ser levado para o abatedouro. "Lyara, você está presa", a voz do meu tio Jones cortou o ar, implacável e gelada. "Acusada de tentativa de homicídio contra o príncipe Damon e a princesa Elena, além de adultério com o líder dos guardas, Luker." As palavras dele caíram sobre mim como uma sentença, como um peso que esmagou o ar de meus pulmões. Tentava processar aquilo, mas o que ele dizia era uma mentira. Uma conspiração para me calar, para me destruir. Não podia ser real. Não podia! "Isso é uma mentira!" Eu gritei, me debatendo, tentando escapar das garras implacáveis dos guardas. "Vocês estão mentindo! Isso é uma conspiração, uma conspiração para me calar!" Mas minhas palavras eram apenas ecos de desespero. Eles não me ouviam. Me arrastaram pelo corredor frio, com seus passos pesados e impessoais, enquanto minha mente girava, tentando desesperadamente encontrar uma saída, uma solução. Mas não havia escape. Quando chegamos à masmorra, o frio era ainda mais intenso. As paredes de pedra e o cheiro de umidade invadiam minhas narinas, e eu me senti como um animal encurralado. Eu não queria acreditar no que estava acontecendo, mas a verdade se impunha sobre mim. Eu estava prestes a ser destruída por aqueles que deveriam me proteger. A dor, o desprezo, tudo se misturava em uma corrente que me puxava para baixo. Jones se aproximou de mim, seu olhar indiferente e quase divertido. "Deveria ter aceitado o romance de sua irmã, Lyara. Agora, será tarde demais. Você será executada por sua burrice." O som de sua risada me cortou como lâminas. Eu estava atordoada demais para reagir de imediato, mas a raiva cresceu em mim como uma chama indomável. E, então, sem mais nem menos, cuspi em seu rosto. Eu o odiei, eu o desprezava. Ele olhou para mim com uma expressão de total desdém, limpando o rosto lentamente. Seus olhos brilharam com uma crueldade inumana. "Você lembra muito a sua mãe", ele disse, quase com uma nostalgia cruel. Minha respiração falhou. A sensação de frio tomou conta de mim novamente, mas agora era uma frieza ainda mais penetrante. Eu sabia onde isso estava indo. Eu sentia na pele o peso da verdade, mas era impossível acreditar no que ele acabava de insinuar. Jones sorriu de um jeito que fez meu estômago revirar. Ele se aproximou ainda mais, e sua voz soou baixinho, quase um sussurro. "Foi fácil matar seus pais, Lyara. Foi até divertido, na verdade." O mundo ao meu redor desabou. Minha visão turvou-se, e uma onda de choque percorreu meu corpo, como um relâmpago cortando a escuridão. Eu sabia. Eu sabia o que ele estava dizendo, mas não queria acreditar. Eu não podia acreditar. Gael... meu tio... foi ele. O peso das suas palavras caiu sobre mim como uma avalanche. Eu mal conseguia respirar, mal conseguia processar. Aquele homem, aquele monstro que sempre se disfarçou de tio protetor, foi responsável pela morte dos meus pais. Ele os matou. Ele matou aqueles que me deram a vida, que me ensinaram a lutar. E agora estava prestes a me destruir também. A dor era insuportável, um vazio profundo que me consumia. Eu me senti flutuar, como se minha alma estivesse sendo arrancada do meu corpo. Eu olhei para Gael, e pela primeira vez vi claramente quem ele realmente era: um assassino. Um usurpador. Meu tio, o homem que eu pensava ser meu protetor, era, na verdade, o algoz. "Você vai pagar por isso", eu disse, a voz rouca, com o ódio queimando em meu peito. "Você vai pagar por tudo." Mas ele apenas sorriu, aquele sorriso cruel que jamais me deixaria esquecer.Eu não sabia o que fazer. O frio das correntes e o peso do destino já haviam se instalado no fundo da minha alma, e, ainda assim, eu não sabia se estava viva ou já havia morrido. Meu corpo tremia de frio, mas o que mais me queimava era a vergonha, a dor e o medo. Medo de perder tudo o que me restava, de ser calada para sempre, de ver a minha vida ser destruída pelas mãos daqueles que diziam ser minha família.As correntes que me prendiam na cela da masmorra batiam nas pedras com um som monótono e gelado, mas nem isso conseguia abafar o som do meu coração partido, que batia com uma força insuportável. Eu sabia que não teria mais um futuro aqui. A minha alma já estava quebrada, e, ainda assim, havia uma faísca de esperança, uma pequena luz que se recusava a desaparecer.Foi então que a porta se abriu, e os passos de Wendy ecoaram pela sala escura. Ela apareceu diante de mim, como um anjo enviado para me salvar. A irmã de Damon, a minha melhor amiga, a única pessoa que ainda acreditava e
Eu passei os últimos quatro anos longe da minha antiga vida, vivendo nas sombras de um passado que parecia distante, mas cujas cicatrizes ainda doíam. Depois de ser expulsa da alcatéia e forçada a viver longe dos que um dia foram minha família, encontrei abrigo em uma cidade distante. A cidade de Meridia, longe de tudo o que eu conhecia. Aqui, servi uma boa família. Embora eu fosse apenas uma serva, a casa me tratava com gentileza, e isso, de certa forma, me permitia encontrar alguma paz. Hoje, estava com minha senhora no mercado da cidade, escolhendo legumes frescos para o grande jantar que ela prepararia naquela noite. O cheiro da comida misturado ao grito dos vendedores me dava uma sensação de normalidade, algo raro nos últimos anos."Lyara, você prefere as cenouras maiores ou as mais finas?" minha senhora, a Senhora Alma, perguntou, enquanto ajustava sua capa de lã. Ela era uma mulher gentil, com cabelos dourados e olhos azuis que sempre pareciam atentos a tudo ao seu redor.“Eu.
A faca deslizava sobre a cenoura, cortando fatias finas e uniformes. O cheiro das ervas frescas se misturava ao aroma da carne cozinhando lentamente, preenchendo a cozinha com um calor confortável. O vapor subia da panela, nublando minha visão por um instante, e eu fechei os olhos, respirando fundo.Por um breve momento, esqueci tudo. O encontro com o Rei. O medo que me corroía por dentro. A vontade de sumir. Aqui, entre as panelas e os temperos, eu ainda era apenas uma serviçal. Apenas Lyara."Você tem mãos habilidosas."A voz suave de Alma me fez sobressaltar.Me virei depressa, a faca ainda na mão, e encontrei sua figura delicada parada à porta. Sua expressão era serena, mas os olhos carregavam algo mais profundo. Preocupação? Curiosidade?Engoli em seco e abaixei a faca."Senhora… Não ouvi a senhora entrar.""Você estava concentrada." Alma se aproximou, sua postura elegante e gentil como sempre. "E pensando. Consigo ver isso no seu rosto."Ela parou ao meu lado, observando meu tra
O tecido do vestido me incomodava. Não era ruim, na verdade, era até bonito—um tom discreto de azul escuro, simples, mas elegante. Mas não era meu. Não fazia parte de mim.Puxei a manga levemente, ajeitando-a enquanto me encarava no espelho do pequeno quarto. Meu reflexo parecia o de outra pessoa. Eu não estava acostumada a ver minha pele tão limpa, meu cabelo tão bem preso, sem as marcas do dia de trabalho.Suspirei.A ideia de me sentar à mesa como uma convidada me dava nos nervos. Eu deveria estar na cozinha, supervisionando o jantar, limpando pratos, servindo vinho. Era ali que eu pertencia. Mas Alma havia insistido tanto, e sua bondade comigo sempre fora tão genuína que dizer não parecia errado.O jantar seria tranquilo, eu me convenci. Os convidados eram do General Kinsley, amigos dele. Eu só precisava sorrir, comer algo e depois me retirar discretamente.Respirei fundo antes de sair do quarto. O corredor estava silencioso, apenas o eco distante das conversas no salão indicava q
O ar estava pesado, sufocante. Desde que o jantar terminara e Kael proferira aquelas palavras como uma sentença, minha mente trabalhava freneticamente. Eu não podia aceitar. Não podia simplesmente ser levada como um objeto, arrancada da única casa que conheci nos últimos anos.Meus dedos tremiam enquanto eu terminava de amarrar as botas gastas. Meus pensamentos giravam, a respiração curta, rápida. O coração martelava no peito."Eu preciso sair daqui."Alma dormia no quarto ao lado, e eu sabia que o General Kinsley ainda estava acordado, conversando com os outros convidados. O tempo era curto, mas eu tinha uma chance. Com os pés descalços para não fazer barulho, deslizei pela pequena passagem que dava para os fundos da casa. A noite estava escura, a lua escondida atrás de densas nuvens. O vento gelado cortava minha pele, mas a adrenalina me impedia de sentir qualquer desconforto."Corra."E eu corri.As ruas de pedra pareciam intermináveis sob meus pés ligeiros. Passei pelas casas sile
O silêncio dentro da carruagem era opressor. O único som audível era o trote ritmado dos cavalos no chão de pedra e a batida apressada do meu coração. Minhas mãos estavam cerradas sobre o tecido amarrotado do meu vestido, e minha respiração vinha rasa, pesada, enquanto meu olhar saltava para a janela, observando a cidade se distanciar.Eu ainda sentia o toque de Kael em meu pulso, o aperto firme que me impediu de fugir. Ainda ouvia a sua voz — um misto de diversão e autoridade — me dizendo que eu não poderia escapar dele.Eu odiava isso.Odiava o jeito como ele me olhava, como se já me possuísse. Odiava o modo como seu cheiro invadia minha mente, como se fosse uma droga viciante. Mas acima de tudo, odiava a impotência queimando dentro de mim.A carruagem sacolejou levemente quando cruzamos os portões da fortaleza, e eu me forcei a erguer o queixo, recusando-me a parecer assustada. Mas quando minha visão captou o castelo imponente à nossa frente, um frio cortante percorreu minha espinh
O castelo era sufocante. Eu já estava ali há três dias, e cada canto daquele lugar parecia mais apertado do que o último. O silêncio era absoluto nos corredores de pedra escura, e o aroma amadeirado dos móveis misturava-se com o cheiro de velas queimando. As criadas evitavam cruzar olhares comigo, apenas sussurravam entre si antes de desaparecerem por portas escondidas. Eu as invejava. Elas podiam ir e vir como quisessem. Eu não. Kael havia me trancado ali como um animal enjaulado, e, mesmo sem correntes visíveis, eu sabia que estava presa. Sempre havia guardas vigiando os corredores. Sempre havia olhares atentos ao menor movimento que eu fizesse. Eu estava sendo observada. E ele estava por perto. Eu não o via desde a noite em que chegamos, mas sentia sua presença como uma sombra persistente. Kael gostava de jogar. Gostava de me provocar sem precisar dizer uma única palavra. Então, eu fazia o mesmo. Se ele queria me desafiar, eu resistiria. Passei os últimos dias evitando qua
Eu sabia que não podia mais viver naquele castelo. Cada corredor me parecia um labirinto de armadilhas, onde o rei era o monstro à espreita, sempre observando, esperando, pronto para me devorar. Naquela noite, o castelo estava em silêncio, uma calma que mais parecia uma ilusão, um respiro momentâneo antes da tempestade. Quando a última criada passou por mim e as luzes começaram a se apagar, eu sabia que era a minha chance.Escorreguei pela porta lateral do meu quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível. O ar frio da noite acariciou minha pele nua, a lua iluminando o caminho diante de mim. A sensação de liberdade foi como um sopro de ar fresco nos meus pulmões, mas eu sabia que não tinha muito tempo.Antes que eu pudesse dar mais do que dois passos, uma presença familiar se fez sentir nas sombras.“Você está tentando fugir de novo, Lyara?” A voz de Kael cortou a noite como uma lâmina afiada.Congelei, o coração batendo tão rápido que mal consegui ouvir meus próprios pensamento