Ela é uma universitária certinha que tem toda a sua vida planejada desde sempre. Ele é um rebelde que está cansado de viver dentro das regras. Juntos, vão viver uma aventura louca na cidade do prazer em uma viagem que vai mudar o rumo de suas vidas.
Ler maisA noite em Las Vegas tem sua própria magia, um espetáculo deslumbrante de luzes cintilantes que parecem dançar contra o pano de fundo do deserto escuro. A grandiosidade dos cassinos na Strip, com seus shows luminosos e arquitetura imponente, atraem os olhares de todos que passam. Por um instante, enquanto caminhava pelas calçadas movimentadas, eu me deixava hipnotizar pela beleza das fontes do Bellagio e pela imponente réplica da Torre Eiffel no Paris Las Vegas. Era fácil se perder nesse transe de luzes e esquecer do mundo ao redor.No entanto, a realidade logo se impunha, lembrando-me de que estávamos em uma situação desafiadora. A cidade brilhante e fervilhante à minha volta parecia um contraste cruel com nossa atual condição – sem um lugar para ficar, sob o calor abrasador de quarenta graus no meio da noite. Por um momento, me perguntei se aquilo era algum tipo de purgatório, uma seção do inferno feita para testar minha sanidade.Uma garota normal talvez estivesse aproveitando as f
Parecia uma brincadeira de mau gosto. Eu estava lá, em uma situação quase inacreditável, e agora descobria que só havia um quarto disponível na Pousada da tia Mae - um quarto de funcionários, não menos. A explicação era um congresso de caminhoneiros que ocupava metade dos quartos do que carinhosamente chamavam de pensão. Tia Mae, que mais parecia ter idade para ser minha avó do que tia de alguém, circulava pelo local com sua pele curtida pelo tempo e um sorriso amarelado. A cada dois minutos, ela aparecia, inquirindo se Jesse precisava de algo, o que me deixava incrivelmente irritada.A única vantagem era que o jantar estava incluído no preço da estadia, que me custou apenas 70 dólares. Diante da nossa situação financeira, essa notícia era um alívio. Além disso, o aroma da comida, embora gorduroso e longe de ser saudável, era inegavelmente tentador. Eu estava ansiosa para saciar minha fome, apesar da atmosfera estranha e um tanto sufocante da pensão.Enquanto me sentava para jantar, n
Nossa fuga frenética nos levou por uma rua lateral, e viramos na primeira esquina. A dor lancinante em meus pés, ainda aprisionados nos saltos altos, era quase insuportável. Correr com aqueles sapatos era um desafio, especialmente sem o suporte adequado para o arco do pé.Finalmente, paramos em uma área mais isolada, longe das luzes cintilantes dos cassinos e boates. Ofegante, comecei a rir incontrolavelmente, uma risada espontânea e libertadora. Jesse, por outro lado, me observava com uma expressão carrancuda. Ele colocou seu paletó sobre meus ombros novamente, como se só então percebesse minha indumentária de stripper.— O que há de errado com você? — perguntou ele, limpando o suor da testa com o dorso da mão.Encostei-me na parede, vestindo o paletó azul de Jesse e abotoando-o. Vegas realmente era a cidade do pecado, e eu definitivamente não queria ser confundida com uma stripper novamente. A noite estava quente, e eu só conseguia pensar em um banho refrescante e numa cama para des
Tudo bem. Talvez eu estivesse mesmo um pouco fora de mim. Na verdade, provavelmente gritei com Jesse por ter desperdiçado todo o nosso dinheiro, e também com os seguranças do cassino que, ironicamente, gritavam para que eu parasse de gritar. Os efeitos dos Dry Martinis que consumi não eram exatamente propícios para a lucidez, e eu sabia disso. E sim, talvez, em um momento de pura loucura, tenha apontado o dedo na cara do chefe de segurança. A última imagem que tenho do Cassino é a dura realidade do chão frio da calçada, sentindo minha dignidade tão destroçada quanto meu traseiro após sermos expulsos de forma humilhante. — Eu te disse que era uma péssima ideia! — resmunguei, sacudindo a poeira do meu short com um misto de raiva e frustração. — Mas claro, você tinha que ser tão teimoso. Jesse me ignorou completamente, continuando a caminhar pela calçada com passos firmes e apressados. — “Eu sei o que estou fazendo, Jane” — imitei sua voz com sarcasmo, balançando as mãos no ar. — E
Sentada no meio-fio, abracei meus joelhos, me sentindo completamente perdida e desorientada.— O que nós vamos fazer agora? — minha voz soou fraca, quase um sussurro.Jesse, com uma expressão desesperada, andava de um lado para o outro na calçada, as mãos enterradas nos cabelos, como se estivesse à beira de um colapso.— Vamos ter que esperar até amanhã — disse ele, a voz embargada pela frustração.— Esperar não vai adiantar nada! Eu não tenho 400 dólares para pagar a multa, e, adivinha — gritei, a raiva transbordando nas palavras zangadas — Você jogou a merda do meu celular pela janela!Revistei meus bolsos freneticamente, encontrando apenas um papel de bala e uma nota de 20 dólares amassada. Tirei a nota, sacudindo-a na direção de Jesse, que tinha olhos cor de mel cheios de angústia.Ele revirou os bolsos e puxou a carteira.— Só tenho 50 dólares.— Isso não cobre nem uma noite num hotel. Estamos em apuros.A realidade da situação me atingiu como um soco no estômago. Jesse me arrast
— Eu não acredito que você me trouxe a Las Vegas — Eu disse, cruzando os braços. — Eu quero voltar, agora!Carros buzinavam ao nosso redor, enquanto Jesse estacionava meu carro em frente a um hotel menor. Ele desceu sem dizer nada, as luzes do letreiro piscando no meu rosto, me deixando nauseada e tonta. De repente, Jesse abriu a porta e me puxou para fora pelo braço, de forma brusca.— Ei, amor, você é sempre tão gentil! — exclamei, irônica.Ele me lançou um olhar vazio e trancou o carro, escondendo a chave em algum lugar incomum em sua roupa. Não era no bolso, era literalmente dentro da roupa, em um lugar onde eu definitivamente não colocaria a mão em público.— Vem — ele disse, subindo as escadas. — Estou atrasado por sua culpa.Minha culpa? Ele que me arrastou à força para essa cidade, no MEU CARRO, para uma cidade no meio do deserto.— Você não vai deixar meu carro aqui, vai? — perguntei.— Vai ser só por um momento. Mexa-se e vamos logo — respondeu ele, com impaciência.Encarei
Era incrível o empenho de Jesse em fazer qualquer outra coisa absurda só para que não tivéssemos uma conversa. Sério. Era irritante.Era mais irritante ainda pensar que eu estava a mercê dele.Então, ninguém sentiria minha falta, pois tecnicamente eu já havia retornado a Darwin e me despedido de todos. Ninguém presenciou quando Jesse entrou no carro e partiu comigo, tampouco notaram quando ele arremessou meu celular pela janela. Ninguém se importaria se eu não ligasse; afinal, não faço ideia de para onde Jesse está nos conduzindo, trajando aquele terno ridículo em um dia escaldante. Quero dizer, em um momento você pensa que conhece alguém, e no seguinte, essa pessoa te sequestra, levando para um possível covil secreto, onde retém garotas contra a sua vontade.Certo, essa última parte talvez fosse invenção minha. Mas tudo era possível, dado ao fato de que ele não tinha me dado nenhuma informação útil sobre o que pretendia fazer até aquele momento.— Isso é ridículo — eu disse pela milé
Acordei por volta das onze horas. Não sei como me permiti esse luxo, minha mãe concordou que eu merecia dormir, considerando que dirigi o dia inteiro ontem e estava verdadeiramente exausta. Pelo menos, foi isso que ela acreditou. Meu rosto estava inchado como um balão de festa. Acho que chorei até dormir, não tenho muita certeza, não sei exatamente que horas eram quando finalmente peguei no sono, mas o sol já começava a despontar no horizonte.Senti como se estivesse entrando de bolsos vazios em uma nova fase da vida. Agora era completamente diferente de se afastar por um tempo da pessoa que você gosta para focar na construção do futuro. Não era uma nova vida; era simplesmente a minha antiga mudando. Olha, Eddie, se isso ainda é um sinal, não estou gostando nada de como está soando para mim.No almoço, minha mãe preparou macarrão com queijo, e enquanto ajudava com os pratos, fiz o anúncio. Era isso. Eu ia voltar para Darwin. Havia terminado definitivamente com Jesse, e isso definitiva
Às duas da manhã, eu já estava completamente desperta. Mais alerta do que deveria estar, considerando que a noite anterior fora passada em claro por culpa de Ally . Agora, minha vigília noturna era motivada por um turbilhão de pensamentos sobre as coisas que estavam fora do lugar na minha vida. Não que minha vida estivesse irremediavelmente ruim, claro que não. A questão era que eu esperava um pouco mais de mim mesma após o término do ensino médio. Talvez esse fosse o cerne do problema: expectativas elevadas em relação a aspectos que eu, na verdade, não podia controlar.Casamento, filhos, todas essas aspirações típicas das garotas. No entanto, agora tudo isso parecia fora de cogitação. Primeiro motivo: qual seria a chance de meus pais permitirem que eu me casasse com o cara que abandonou a faculdade para formar uma banda? Obviamente, meu pai não está interessado em descobrir por quanto tempo fui apaixonada por esse cara na adolescência.Não tenho mais dezessete anos; não deveria viver