Ally nunca está no quarto as três da manhã, eu sinceramente não entendo o que ela faz para se manter de pé, já que parece nunca dormir. Ela faz muito isso, some quando eu mais preciso dela. Ai meu deus Ally, eu vou matar você.
— Oi Ally, sou eu de novo. Se ouvir essa mensagem por favor atenda a droga do telefone ou vou ligar para a polícia.
Enfio a cabeça debaixo do travesseiro e grito apertando o telefone contra a orelha. Rolo cama sentindo os caroços do colchão mais do que gasto, olho para o teto encarando as rachaduras escuras na tinta branca. Quando está quente sempre caem lascas de tinta gasta no meu cabelo, o que é péssimo, porque parece mais que eu tenho um sério problema com caspa.
Na maior parte das vezes, este alojamento velho e apertado me irrita, eu não sei bem o porquê, talvez seja somente a terrível saudade de casa que me assola todas as noites solitárias. Não há uma só manhã que eu não acorde com as costas tortas e me encaro no espelho, questionando a mim mesma se eu fiz a escolha certa. Apenas repito para mim que um dia irá valer a pena, espero acreditar nisso em algum momento. Espero mesmo.
— Ally, estou falando sério — deixo outra mensagem correio de voz da minha melhor amiga — Vou começar a espalhar panfletos de desaparecidos por todo o campus se você não aparecer em vinte minutos. Vou colocar a droga da polícia na sua cola.
Será que estou sendo dramática demais? Talvez, é difícil saber a linha do dramática ou sensatamente cuidadosa com a sua única melhor amiga, especialmente quando ela desaparece nas madrugadas e deixa você de cabelo em pé, e eu não estou falando dos cabelos da cabeça.
Certo, isso soa perturbador. Aperto mais o telefone nos dedos e disco outra vez o número do celular de Alessia pela centésima vez nos últimos trinta minutos.
— Os cães farejadores já estão cheirando as suas coisas, daqui a pouco encontram a sua gaveta de calcinhas, você não vai querer os policiais descobrindo os seus brinquedinhos, vai? Estou falando sério Ally, apareça ou eu mesmo vou mostrar à sua mãe.
Jogo o celular na cama e me sento na beirada do colchão. Ally vai estar numa fria se no final do semestre não tiver créditos o suficiente, ela não vai conseguir se manter na faculdade. Seus pais vão definitivamente surtar. Os meus também, porque afinal, eles dividem o aluguel do dormitório, que por acaso é o mais caro do prédio de todo o campus.
O alojamento feminino fica bem no final da rua, há vinte minutos do prédio onde tenho a maior parte das minhas aulas. As oito tenho uma entediante prova de semiótica, espero que Ally não chegue de ressaca outra vez e eu tenha de segurar o seu cabelo enquanto ela vomita até amanhecer. Sempre que isso acontece, não consigo pregar os olhos em genuína preocupação, somos amigas desde o primário, e se tratando de Alessia, sempre tenho de me preocupar um pouco mais.
Não consigo deixar de resmungar, como minha melhor amiga pode ser assim tão irresponsável? Ela certamente deveria estar levando toda essa situação à sério. Quero dizer, eu não posso ser a única sempre se preocupando com nosso futuro como se fossemos uma unidade, não é justo. Mas simplesmente também não posso estudar enquanto não ter minha querida melhor amiga sem juízo dormindo na cama ao lado.
Me levanto e calço meus tênis de corrida jogados ao lado da cama. Não estou nem aí se não combinam com um pijama de flanela, estou torcendo para que todos estejam dormindo lá fora em todo o campus. Jogo meu moletom por cima da camiseta e pego as chaves do dormitório e a do carro. Está relativamente frio, sinto minhas mãos congelarem instantaneamente assim que piso no corredor.
Todas as portas estão trancadas e o silêncio reina, pelo menos até o primeiro andar, onde uma garota tenta tirar uma barra de chocolate da máquina quebrada. Estou preocupada demais para avisar que a máquina sequer funciona há mais de dois meses ou para reparar de verdade se era mesmo uma garota. Ela tem braços mais grossos do que os do meu pai e usa uma bandana na cabeça raspada.
— Belo pijama. — Ela diz encarando o meu traseiro de uma forma preocupante.
Ainda não sei se é mesmo uma garota, mas eu não posso ser grosseira e dizer que as regras do dormitório proíbem a entrada de garotos. Ele tem uma daquelas luvas de couro, estou com medo. Não quero ser inconveniente ou cometer uma gafe, seria ofensivo demais até para mim. Dizer qualquer coisa desnecessária seria extremamente preconceituoso.
— Ah, obrigada. — Forço um sorriso amarelo em sua direção.
Sigo em frente depressa. Na minha mente fértil, começando a considerar que algum maluco sequestrou Ally, e que provavelmente eu vou terminar a noite em um necrotério reconhecendo seu corpo. “Acalme se, Jane, por favor mantenha a calma e continue andando”, digo para mim mesma ao apressar o passo.
Ela está assim desde o verão passado quando terminou com Ross, sei que ela está triste, mas Alessia não é exatamente alguém que sabe mostrar os sentimentos aos outros. Desde o fim de seu namoro — o que talvez tenha sido o namoro mais longo de toda a sua vida — Ally vem enchendo a cara e frequentando bares de motoqueiros barra pesada que me fazem mijar de medo.
Tudo bem, estou calma, nenhum deles enterrou ela no quintal, repita comigo Jane, nenhum deles a enterrou no quintal.
Ross, ex-namorado de Alessia, continuou na cidade e trabalha consertando carros na oficina do seu tio, meus pais ainda acham que ele não é uma boa influência. Os pais de Ally desistiram de opinar.
Sinceramente, penso que eu devia começar a fazer o mesmo. Principalmente porque todos dizem que esse não é um emprego que ele deveria ter se os dois pretendiam algum dia ter uma família. Eu não acho que ela queira realmente ter filhos ou ligue para droga da faculdade, e talvez os pais dela estão sendo demasiadamente elitistas em minha opinião. Ross parecia gostar dela de verdade, Ally não se importava se ele não tinha dinheiro para faculdade ou se simplesmente fossem se mudar para um trailer hora ou outra, ela também gostava dele e não estava muito interessada em saber os dígitos de sua conta bancária.
O que de fato não parecia ser a mesma opinião dos pais dela, um juiz federal e uma advogada renomada do escritório da promotoria da cidade, que sempre esperaram mais do que a filha pudesse oferecê-los. Os pais endinheirados e a pressão para que Alessia se tornasse igualmente bem-sucedida parece ter causado tensão o bastante no relacionamento dela e de Ross, e bem, todo o resto pareceu ser demais para eles.
Ally odeia pressão, e por alguma razão, também parece odiar melancolia pós términos. E agora estou à sua procura no campus mal iluminado às três da manhã.
Chego ao meu carro na vaga de estacionamento atrás do prédio do dormitório e abro a porta pensando seriamente que estou tendo um ataque nervoso, e é quando escuto aquele grito.
— Ai meu deus! — Cobri os olhos.
Ally levanta a cabeça com o seu recém pintado cabelo Vermelho-fogo alisado, e o cara sobre ela apenas me direciona um olhar zangado.
— Jane, péssima hora — Resmungou ela.
Continuo com os olhos fechados, criando uma nota mental sobre levar o carro a um lava-jato para higienizarem os bancos traseiros o mais breve possível, mesmo que isso cause um furo no meu orçamento negativo do momento.
— Calma, gatinha — O motoqueiro barbudo murmurou.
Não vou olhar. Socorro. Eu preferia ter tido um ataque do coração a tempo.
— O que você está fazendo? É tão difícil me deixar ter um pouco de privacidade? — Ally revirou os olhos furiosa.
— No meu carro?
— Você preferia que fosse no dormitório? Ao seu lado?
— Sim, mas precisava mesmo ser no meu carro?
Acredito que ela não entendeu muito bem o meu ponto. Ela me olha como se eu tivesse enlouquecido de vez, o que não é nem um pouco justo de sua parte.
— Pelo amor de deus — eu respiro fundo — Eu te liguei umas cem vezes!
Ela ajeita o seu short e sai pela porta traseira penteando seu cabelo com os dedos.
— Eu estava com as mãos ocupadas — Seus olhos borrados me olham como se fosse a coisa mais normal o possível de se dizer. Há detalhes demais faltando nessa descrição para que eu possa levar a sério, mas eu prefiro não perguntar. Estou perturbada para uma vida inteira.
— Sua amiga vai participar da festinha? — Perguntou o homem desconhecido em meu carro.
Nós duas olhamos para o cara barbudo, estreitei meus olhos incapaz de saber se ele está brincando ou falando realmente sério.
— Cale a boca — Ally diz com um suspiro exasperado.
— Já chega. — Dou de ombros e começo a fazer o caminho de volta para o quarto. Ally não vem atrás de mim, estou começando a me arrepender de ter dado a chave reserva para ela. Eu devia ter desconfiado que esse tipo de coisa fosse acontecer, afinal de contas, é de Alessia que estamos falando.
Passo pela entrada do prédio e a garota (ou garoto) ainda está chutando a máquina de doces insistentemente. Puxo o meu moletom contra o corpo enquanto o pescoço da desconhecida gira na minha direção, apenas apresso o passo mais uma vez e subo rápido as escadas até o terceiro andar.
Giro a maçaneta da porta, mas nada acontece. Emperrou. Outra vez.
Isso não pode estar acontecendo, só pode ser algum tipo de brincadeira de mal gosto. É a terceira vez que essa maçaneta emperra em um mês e sou obrigada a ficar do lado de fora. Empurro a porta com força, só que nada acontece. Deslizo contra a porta e sento ao chão com certo desespero.
Tenho vinte e dois anos e sou um completo fracasso.
Ally aparece do outro lado do corredor usando o seu coturno e calças de couro, ela coloca as mãos nos quadris e revira os olhos uma outra vez. Sem dizer nada, ela se aproxima e chuta a maçaneta. Com um estalo, a maçaneta de metal rola pelo chão do corredor e a porta se abre. Fuzilo um olhar na direção de Ally. Isso não é nada bom.
— O que foi? — ela pergunta inocentemente, batendo os seus cílios pesados de rímel.
Legal. Agora eu vou ter de comprar outra fechadura também. Só quero gritar.
Quero dizer, não posso simplesmente atirar minha melhor amiga da janela, apesar de que essa ideia soe um tanto tentadora em minha mente. Não é como se eu tivesse algo contra seus meios questionáveis de diversão, na verdade, penso que ela pode fazer mesmo o que estiver com vontade, contanto que não me enfie em suas confusões. É como se Ally se recusasse a crescer, e bem, ela já tem mais de vinte e três e ainda age como se estivéssemos no ensino médio. Não faz qualquer sentido.
Enquanto boa parte das garotas de nossa idade estão dando início em suas carreiras profissionais ou criando suas famílias, me sinto como uma babá de uma mulher adulta que se recusa a crescer. Sei que eu deveria não me importar e que o que faço é minha escolha, mas poxa, não posso simplesmente deixar de lado a única pessoa que esteve ao meu lado por todos esses anos.
Continuo repetindo para mim mesma que tudo isso é só uma fase. Volto a encarar o teto, sem perspectiva alguma. Mas o que eu estou fazendo da minha vida?
Com o fim do semestre, as férias de verão se tornam uma realidade cada vez mais próxima. Estou ansiosa, por vezes, quase me esqueço que toda a minha vida não é resumida a este campus e a um punhado de tarefas chatas. Sim, eu tenho uma vida lá fora, e é surreal imaginar que tudo parece em pausa enquanto sigo minha vida acadêmica pouco turbulenta e sem muitas surpresas.Em alguns dias, entrarei em meu carro e não vou parar até que esteja em casa. Algumas horas de estrada serão o suficientes para fazer com que eu deixe toda a tensão da faculdade para trás por uns bons dias e finalmente possa ver os meus pais. Sinto tanta falta de tudo, sinto falta de toda aquela gente e da minha estranha cidade pequena onde tudo parecia definitivamente mais simples.— Céus — Alessia resmungou tirando sua franja ruiva do rosto — Você não está brava comigo ainda, está?Olho para ela com o canto do olho e arrumo minha última mala. Sexta retornamos para casa, sei que ainda tenho algum tempo para me preparar,
Ótimo.Certamente fiquei mais perdida do que os esquilos que Alessia chutou pela janela quando fizeram ninho debaixo da minha cama.— Não acredito — Alessia jogou-se contra a cama e colocou as mãos nas laterais do rosto — Eu não acredito, eu...Olho para Jesse, de pé, ao lado da porta, com os pés cruzados me perguntando se ficariam bravos por quebrarmos as regras do dormitório. Certamente, aquele nem era o nosso maior problema no momento.Quero dizer, meu namorado simplesmente aparece do nada e não cogita nem sequer me avisar? Eu não sei mais que tipo de relação estamos mesmo vivendo, nem mesmo uma ligação, SMS ou sinal de fumaça. Silêncio absoluto por algum tempo e de súbito Jesse brota na porta do meu prédio pedindo para ver Alessia? Como supostamente eu devo me sentir?A resposta é simples: nada feliz.— O que está havendo? — eu perguntei sacudindo os braços meio furiosa porque ninguém me ousou me explicar o que estava acontecendo.— Ross foi preso noite passada — Jesse falou.— Aq
Às duas da manhã, eu já estava completamente desperta. Mais alerta do que deveria estar, considerando que a noite anterior fora passada em claro por culpa de Ally . Agora, minha vigília noturna era motivada por um turbilhão de pensamentos sobre as coisas que estavam fora do lugar na minha vida. Não que minha vida estivesse irremediavelmente ruim, claro que não. A questão era que eu esperava um pouco mais de mim mesma após o término do ensino médio. Talvez esse fosse o cerne do problema: expectativas elevadas em relação a aspectos que eu, na verdade, não podia controlar.Casamento, filhos, todas essas aspirações típicas das garotas. No entanto, agora tudo isso parecia fora de cogitação. Primeiro motivo: qual seria a chance de meus pais permitirem que eu me casasse com o cara que abandonou a faculdade para formar uma banda? Obviamente, meu pai não está interessado em descobrir por quanto tempo fui apaixonada por esse cara na adolescência.Não tenho mais dezessete anos; não deveria viver
Acordei por volta das onze horas. Não sei como me permiti esse luxo, minha mãe concordou que eu merecia dormir, considerando que dirigi o dia inteiro ontem e estava verdadeiramente exausta. Pelo menos, foi isso que ela acreditou. Meu rosto estava inchado como um balão de festa. Acho que chorei até dormir, não tenho muita certeza, não sei exatamente que horas eram quando finalmente peguei no sono, mas o sol já começava a despontar no horizonte.Senti como se estivesse entrando de bolsos vazios em uma nova fase da vida. Agora era completamente diferente de se afastar por um tempo da pessoa que você gosta para focar na construção do futuro. Não era uma nova vida; era simplesmente a minha antiga mudando. Olha, Eddie, se isso ainda é um sinal, não estou gostando nada de como está soando para mim.No almoço, minha mãe preparou macarrão com queijo, e enquanto ajudava com os pratos, fiz o anúncio. Era isso. Eu ia voltar para Darwin. Havia terminado definitivamente com Jesse, e isso definitiva
Era incrível o empenho de Jesse em fazer qualquer outra coisa absurda só para que não tivéssemos uma conversa. Sério. Era irritante.Era mais irritante ainda pensar que eu estava a mercê dele.Então, ninguém sentiria minha falta, pois tecnicamente eu já havia retornado a Darwin e me despedido de todos. Ninguém presenciou quando Jesse entrou no carro e partiu comigo, tampouco notaram quando ele arremessou meu celular pela janela. Ninguém se importaria se eu não ligasse; afinal, não faço ideia de para onde Jesse está nos conduzindo, trajando aquele terno ridículo em um dia escaldante. Quero dizer, em um momento você pensa que conhece alguém, e no seguinte, essa pessoa te sequestra, levando para um possível covil secreto, onde retém garotas contra a sua vontade.Certo, essa última parte talvez fosse invenção minha. Mas tudo era possível, dado ao fato de que ele não tinha me dado nenhuma informação útil sobre o que pretendia fazer até aquele momento.— Isso é ridículo — eu disse pela milé
— Eu não acredito que você me trouxe a Las Vegas — Eu disse, cruzando os braços. — Eu quero voltar, agora!Carros buzinavam ao nosso redor, enquanto Jesse estacionava meu carro em frente a um hotel menor. Ele desceu sem dizer nada, as luzes do letreiro piscando no meu rosto, me deixando nauseada e tonta. De repente, Jesse abriu a porta e me puxou para fora pelo braço, de forma brusca.— Ei, amor, você é sempre tão gentil! — exclamei, irônica.Ele me lançou um olhar vazio e trancou o carro, escondendo a chave em algum lugar incomum em sua roupa. Não era no bolso, era literalmente dentro da roupa, em um lugar onde eu definitivamente não colocaria a mão em público.— Vem — ele disse, subindo as escadas. — Estou atrasado por sua culpa.Minha culpa? Ele que me arrastou à força para essa cidade, no MEU CARRO, para uma cidade no meio do deserto.— Você não vai deixar meu carro aqui, vai? — perguntei.— Vai ser só por um momento. Mexa-se e vamos logo — respondeu ele, com impaciência.Encarei
Sentada no meio-fio, abracei meus joelhos, me sentindo completamente perdida e desorientada.— O que nós vamos fazer agora? — minha voz soou fraca, quase um sussurro.Jesse, com uma expressão desesperada, andava de um lado para o outro na calçada, as mãos enterradas nos cabelos, como se estivesse à beira de um colapso.— Vamos ter que esperar até amanhã — disse ele, a voz embargada pela frustração.— Esperar não vai adiantar nada! Eu não tenho 400 dólares para pagar a multa, e, adivinha — gritei, a raiva transbordando nas palavras zangadas — Você jogou a merda do meu celular pela janela!Revistei meus bolsos freneticamente, encontrando apenas um papel de bala e uma nota de 20 dólares amassada. Tirei a nota, sacudindo-a na direção de Jesse, que tinha olhos cor de mel cheios de angústia.Ele revirou os bolsos e puxou a carteira.— Só tenho 50 dólares.— Isso não cobre nem uma noite num hotel. Estamos em apuros.A realidade da situação me atingiu como um soco no estômago. Jesse me arrast
Tudo bem. Talvez eu estivesse mesmo um pouco fora de mim. Na verdade, provavelmente gritei com Jesse por ter desperdiçado todo o nosso dinheiro, e também com os seguranças do cassino que, ironicamente, gritavam para que eu parasse de gritar. Os efeitos dos Dry Martinis que consumi não eram exatamente propícios para a lucidez, e eu sabia disso. E sim, talvez, em um momento de pura loucura, tenha apontado o dedo na cara do chefe de segurança. A última imagem que tenho do Cassino é a dura realidade do chão frio da calçada, sentindo minha dignidade tão destroçada quanto meu traseiro após sermos expulsos de forma humilhante. — Eu te disse que era uma péssima ideia! — resmunguei, sacudindo a poeira do meu short com um misto de raiva e frustração. — Mas claro, você tinha que ser tão teimoso. Jesse me ignorou completamente, continuando a caminhar pela calçada com passos firmes e apressados. — “Eu sei o que estou fazendo, Jane” — imitei sua voz com sarcasmo, balançando as mãos no ar. — E