Olívia era uma menina doce, gentil e cheia de sonhos, até que foi vendida pela própria mãe a um traficante humano. Arrancada do universo de fantasia em que vivia levada para um mundo de dor e escuridão, ela se vê obrigada a sobreviver no submundo da noite. Enquanto luta para manter vivo ao menos um fragmento de quem já foi, Olívia descobre que até mesmo os sonhos podem se tornar armas na luta pela sobrevivência da alma. Na parte iluminada daquela história está Nickolas Bianchi, o filho da máfia que jamais conseguiu esquecer a menina que aprendeu a amar. Um ano após testemunhar a namorada ser arrancada dos seus braços, Nick embarca numa busca desesperada por sua Ratinha. Entre luzes sem cor, cheiro de cigarros e os corredores dos bordéis perigosos na Índia, ele procura pela menina com quem tinha trocado alguns beijos e muitas promessas. O amor entre eles é inegável, mas afinal, Nick ama a lembrança de um anjo ou será capaz de amar a Dama da noite que carrega no corpo a coleira que representa os grilhões que prendem seu coração ao dele? Nick terá que enfrentar o inferno para tentar resgatar o amor e a si mesmo.
Ler maisSombra deixou Nick sozinho porque sentia que aquela ação os levaria a uma guerra, precisava estar pronto, tinha pessoas a quem queria proteger, não podia perder mais ninguém, principalmente depois do que viu na boate.Organizou tudo o que pode, no começo pensou que saírem da índia fosse o melhor caminho, por fim, terminou sendo convencido a ficar.— Teimosa como uma mula!Falou sozinho enquanto pensava sobre Lara, a mulher era um verdadeiro furacão e dos mais perigosos. As filhas da máfia, diferente do que o mundo acreditava, costumam ser doces e gentis, na maioria das vezes, mulheres que frequentavam a alta sociedade com uma elegância que despertava a inveja de muitos, mas Lara não, ela era diferente.Incontrolável, a palavra que mais se encaixava aquela mulher, não foi a primeira vez que Lara enfrentou Sombra e ele sabia, não seria a última. Principalmente se a ordem dada fosse para que se afastasse de Muralha. O marido não era apenas um homem de confiança, as habilidades dele seria
O estrondo trouxe Nick de volta para a realidade, mas os pensamentos se misturaram e ele chamou por Olívia. Lembrou do dia em que a conheceu.Ela havia caído das escadas, uma queda boba, mas o barulho o acordou, estava dormindo do sofá da casa da irmã quando a garota tropeçou.O barulho, o mesmo barulho que o apresentou a sua ratinha, o fez chamar por ela.— Olíe!Bode entrou e quando Nick o olhou não conseguiu nem mesmo me mover antes do chute que o jogou no chão.— Parece que gosta mesmo de apanhar. Vou levar a sua cabeça para o chefe!O rapaz tentou se levantar, mas Bode usou todo o peso do corpo ao se ajoelhar sobre o peito de Nick.— Quietinho, valentão! O chefe quer você inteiro.O americano não conseguiu responder, sentia o pulmão ser esmagado, mas o que realmente o impediu de falar era uma dor muito maior. Estava cansado, um ano procurando por alguém que parecia ter se desintegrado, não eram homens comuns, não deveria ser difícil daquela forma, mas estava impossível!Pensou em
O rapaz saiu do banho ainda zonzo, desde que Olívia foi levada, Nick nunca mais tomou os remédios, nem se preocupou com a alimentação ou qualquer outra coisa que não fosse a culpa que sentia. Estava fraco, sabia disso!Parou em frente ao espelho, a dor o lembrava do que encontraria ali, no banho, a cada vez que tentava se limpar, mais a água se tingia de um vermelho vivo.Olhou, mas não se reconheceu, nada naquele reflexo se parecia com ele, os olhos estavam escondidos o inchaço o fazia parecer outra pessoa.Colocou a mão no canto da boca, tentou abrir, mexer o maxilar para os lados, mas a dor o fez parar e quando franziu o rosto, tudo latejou.Pensou que a sua Ratinha teria ouvido, se fosse ela naquele palco ela teria ido, Olívia nunca o deixaria sozinho, sabia disso, mesmo antes de se conhecerem direito, ela havia o salvado.Dia após dia, por meses, ela o visitou.Nick conhecia as regras da máfia, mas se deixou vencer pelo ódio, cometeu um erro e foi punido com a morte. Não uma ex
Nick estava sentado no banco do passageiro, não sentia doer, ao menos não os cortes e hematomas. A incerteza é muito mais dolorida do que qualquer surra.Entrou na hospedagem sem olhar para os lados, sem se incomodar com nada. Passou na frente de Sombra, olhou para o lugar precário, tudo naquele país parecia ser um encontro bizarro de extremos, os pobres não tinham nada e os ricos tinham muito mais do que precisavam.Uns, tomavam banho com água suja que escoava dos telhados, outros em banheiras de hidromassagem e usavam tantas joias que chegava a ser difícil erguer os braços.Nick foi até um móvel de madeira entalhada, pegou uma garrafa de destilado e virou na boca.Gargarejou, jogou o líquido de um lado para o outro sentindo o álcool queimar os cortes. Cuspiu no chão como se já fizesse parte daquele universo sem alma. Virou a garrafa de novo e dessa vez engoliu o líquido que se misturou ao sangue.Se sentou no pequeno sofá ainda segurando a garrada, justamente ele que nunca poderia te
Havia um homem, alguém que entre todos, Nick confiaria a sua vida, alguém que esteve com ele nos momentos mais dolorosos da sua vida, e como tal, também não o abandonou naquela noite.— Que você fez moleque?Sombra não era apenas o padrinho de Nick, ele era o início, a raiz da máfia americana. O homem que traiu o primeiro capô e se aliou a um desconhecido para criar uma era, onde o código realmente fosse seguido e eles pudessem esquecer o tempo em que o medo gritava antes da lealdade.O senhor de meia idade chegou até a casa 64 procurando pela menina que Nick chamava de ratinha, uma pista o levou até aquele lugar, não imaginou que o rapaz que foi treinado pelos melhores, agiria como uma criança.Os passos relaxados de Sombra não geraram desconfiança, mas a tentativa de entrar em um bordel, sim.— O que você quer aqui?— Não é conversar com você!O segurança da casa 64 avaliou cada um dos detalhes do homem que se aproximou, o conhecia! No submundo, todos se conhecem, mas ninguém fala so
Omar abraçou a garota e a levou de volta para o quarto, precisaria se justificar com o cliente que estava esperando, mas apesar disso, Jane tinha o dom de deixá-lo encantado, em alguns momentos ela era forte como Durga e em outros tão frágil e assustada que dono da casa 64 sentia vontade de protegê-la.— O que aconteceu, Jane? Preciso saber ou não posso te ajudar.Ela estava com a mão no pingente que ganhou, segurou com tanta força que a argola se desprendeu da coleira e Jane ficou com aquela pequena marreta na mão. As lágrimas caíram sobre o metal deixando um brilho diferente.Jane fechou a mão e segurou a única coisa que a lembrava da sensação de ser humana, de ter uma vida, do sonho que viveu e que foi tão lindo que, às vezes, ela sentia como se realmente tivesse sido beijada por um Deus.Os soluços da garota eram tão desesperados que Omar se assustou, Jane era forte, tão forte que ela cuidava das meninas que chegavam, as fazia entender que não era uma escolha e que lutar seria pior
Sentiu, sentiu muitas coisas, mas o que mais a feriu foi se deixar morrer. Demorou muito até entender que a morte de Olívia podia dar vida a outra pessoa, assim como a morte de Jane, trouxe a poderosa Thor.Assumiu esse nome e aceitou o destino exatamente como Jane aceitou o câncer, porque na verdade, tanto uma quanto a outra estavam condenadas a uma doença sem esperança de cura.Foram várias casas, vários homens, muitos corpos. Durante a noite era a Guerreira, durante o dia a faxineira. Era acordada com chutes para que pudesse lavar o chão e trocar os lençóis muitas vezes sujos de sangue, fezes e outras imundices humanas.Ainda assim, todas as manhãs olhava o sol e se enchia de esperança, a primeira vez que recebeu a visita de um médico foi quando bolhas estranhas se espalharam justamente na parte do corpo que era comercializada por aquelas casas. Já estava suportando a dor e a febre há meses quando um dos clientes apareceu para reclamar que tinha sido contaminado por ela.Foi espanca
E mulheres como elas nunca seriam vistas com amor, ainda tinha nítido em sua mente as palavras de Nick sobre Olívia, a menina que não existia mais.— Acho que amo tudo em você, mas entre todas as coisas o que mais me fascina é que pura como um anjo.E Olívia realmente era pura, mas Jane não! Tinha se tornado mulher no chão, sentindo as costas serem cortadas pelas agulhas deixadas por usuários de heroína. Aquela foi a sua primeira vez, mas houve outras, tão dolorosas e desesperadoras quanto a primeira.Lembrava dos detalhes, do barulho da cama de ferro que rangia com o movimento do outro homem que usufruía do corpo de outra garota. No mesmo quarto sujo de dois por dois, três garotas foram oferecidas como pagamento de uma dívida de Ibrahim.O indiano estava negociando várias toneladas de haxixe e precisava pagar pelo transporte.Muitas rotas secundárias podiam ser usadas, contudo Dawood Ibrahim nunca foi conhecido por sua paciência, gostava de manter suas casas de diversão abastecidas c
Já nem se lembrava quantas vezes precisou tomar antibióticos para as mais diversas doenças que adquiriu servindo aqueles homens. Nada importava, nada mesmo.— Está aqui o seu dinheiro, agora some volta para o salão e escolhe outra menina.O homem saiu satisfeito, tinha provado a joia da casa e teria dinheiro para usufruir de pelo menos outras quatro garotas, se quisesse.— Com ciúme, Visão?Jane perguntou sorrindo para Omar, não imaginava o que estava por trás daquela reação exagerada do seu benfeitor.Ela era a única que tinha um quarto no último andar, a cama de casal enfeitada, banho quente e comida fresca. O dono da atual casa em que estava trabalhando representava proteção e ela fazia questão de pagar por isso.Beijou o pescoço de Omar e colocou uma das pernas na cintura masculina.— Quer brincar com a sua Priya?Era assim que ele a chamava quando estava tomado pela lascívia.— Tem um cliente novo, vai gostar dele.— Não quero atender seus amigos, Omar. Temos um acordo.Jane se r