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Um Drink no inferno: O resgate do amor
Um Drink no inferno: O resgate do amor
Por: Catherine Hécate
As luzes que surgem na escuridão

Luzes! Há quem diga que as luzes mostram o caminho, no último ano Nick tinha visto muitas, coloridas, brilhantes, desfocadas. A vida noturna esconde beleza e dor, para Nickolas Bianchi nenhuma daquelas luzes o levou para onde queria estar.

O abraço doce e delicado da menina que ele carinhosamente chamava de Ratinha.

Estava mais uma vez em uma casa noturna, olhou em volta e em seguida para o copo de whisky a sua frente.

— Almas perdidas, todas almas sem rumo, assim como eu.

Pensou enquanto retirava o último cigarro do maço, acionou o isqueiro, olhou por alguns instantes para a chama e acendeu a brasa dando um trago forte.

A dor que trazia no peito o dilacerava a cada dia, uma dor com nome de mulher, rosto de menina e a voz mais doce que já tinha ouvido.

Na antiga capital indiana de Deli, há em média cem bordeis de vários andares destinados à diversão masculina. Alguns como a casa 64 eram visitados inclusive por turistas. Nick conhecia cada um deles como a palma da própria mão.

Desde que assistiu impotente a namorada ser arrastada para fora da casa da própria mãe por um indiano, o único nome que ecoava em sua mente era aquele.

— VIKRAM!

O grito de Helena chamando pelo cúmplice a quem tinha vendido a filha de apenas quinze anos ainda estava nítido em sua mente.

Deveria ser apenas um passeio, Nick planejou tudo para que fosse leve e delicado como a namorada. O problema é que os filhos do submundo não podem apenas existir, mas ele cometeu o erro de se esquecer dessa penosa realidade.

O dia em que perdeu Olívia, também foi o começo do seu pior pesadelo. Trezentos e sessenta oito dias depois, ainda sentia doer exatamente como foi enquanto lutava pela consciência depois de ser dopado pela sogra que havia acabado de conhecer.

— Também tem um filme que me faz lembrar de você, Olie.

A menina costumava dizer que Nick se parecia com Thor, o Deus do trovão que foi inspirado na mitologia Nórdica e conquistou os corações dos admiradores da Marvel.

Assistiram A forma da água, um filme diferente que fala sobre uma mulher que se apaixona por uma criatura meio homem, meio peixe.

Um filme e um sorvete, nada além disso, deveria ser apenas um passeio comum e sem consequências, no entanto, foi o começo da dor mais contundente e dilacerante que sentiu.

Passaram horas na praça de alimentação enquanto Olívia compartilhava as suas teorias sobre o filme que tinham acabado de assistir.

— Eles eram iguais, Thor! Ela não se apaixonou por um monstro, enxergou além da aparência e se viu no espelho daquela alma.

Nick associava a própria existência a daquele Monstro, filho de um ex-chefe da máfia, a história dele se misturava à guerra e ao sangue, mas Ollie surgiu e o fez acreditar que poderia haver redenção no inferno.

— Você é especial, sabia?

— Eu?

Olívia deu risada como se estivesse ouvindo uma piada. Ela não se achava especial. Pelo contrário, acreditava ser comum e invisível como um rato. Por isso não se importava com o apelido.

— Acho que amo tudo em você

Nick confessou apesar do pouco tempo em que se conheciam e das circunstâncias em que viviam.

— O que mais me fascina é que você é pura como um anjo.

Enquanto estavam sentados perto da fonte, Olívia aproveitou para contar histórias. Adorava pensar na vida pela ótica da arte, achava que os filmes eram escritos por almas transbordantes e que carregavam mensagens divinas.

— Jane Foster não morreu, ela se tornou eterna, entende? Thor jamais vai esquecer o amor que viveram.

Falou sobre a namorada do herói dos cinemas como se falasse de uma amiga. E ele respondeu com a mesma leveza apesar de não ser um homem comum.

— Eu também nunca vou te esquecer, minha ratinha.

— Você acabou de dizer que ama tudo em mim, senhor Deus do trovão! Acho que posso me considerar a mais nova Jane Foster.

— Ainda vou te fazer Olivia Bianchi.

Olivia ficou paralisada, ele era intenso, tinham saltado de conversas despretensiosas para um quase pedido de casamento, mas estava adorando cada detalhe.

Nick segurou a nuca da menina e se inclinou, os lábios estavam quase se tocando quando ele falou com a voz grossa e sussurrada.

— Eu amo você, ratinha!

Ouvir aquelas palavras fizeram com que Olie fosse tomada por um tipo de emoção desconhecida, o coração parecia querer saltar do peito e dançar com o coração daquele homem que a olhava com aquele brilho tão azul que a hipnotizava.

O sorriso se desfez no beijo e no desejo que nem mesmo sabia existir. O abraço forte e os lábios experientes faziam com que cada movimento parecesse um convite para um universo de descobertas.

Nunca imaginou que as coisas com Nick aconteceriam tão rápido. Na verdade, achava que nunca aconteceria nada. Ele era bonito como um Deus nórdico, guerreiro e perfeito demais para notar alguém tão invisível como ela.

— Sim

Ela respondeu baixinho assim que os lábios se separaram.

— Siiiim? O quê?

Apesar da confusão ele perguntou sorrindo, com aquela menina tudo parecia perfeito e a vida cheia de dores, inseguranças e frustrações, um passado que não lhe pertencia mais.

— Você disse no bilhete que, se eu dissesse sim, queria beijar só a minha boca pelo resto da vida. Então sim!

Dois dias! Foi o tempo que tiveram entre o primeiro beijo e o último. E ainda assim, olhando para aquele copo de Whisky enquanto dava seu último trago no cigarro já consumido pela brasa ardente. Nick ainda se lembrava daquele SIM.

Ela dormiu na cama do rapaz, acompanhada apenas de um bilhete escrito com a caligrafia perfeita e recheado de promessas não cumpridas.

Boa noite, minha ratinha. Vou sonhar com você, amanhã tomamos café juntos e se você disser sim, quero beijar só a sua boca, tipo para o resto da vida. Obrigado por não desistir de mim.

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