Ilusão ou reencontro?

Ele a enxergava como uma menina que estava se entregando a um homem e estava decidido a agir como um. Esperaria até que ela estivesse pronta para se tornar mulher em seus braços.

— Vai ser uma honra para mim

Uma honra que Nick não alcançou, mas ainda sonhava com o dia em que a teria de volta e pudessem simplesmente recomeçar como se o tempo não tivesse passado, porque para ele, nada, absolutamente nada tinha mudado desde o último beijo.

— Quero conhecer sua mãe, dizer a ela que quero namorar a filha dela e prometer que vou cuidar de vocês duas para sempre.

Decisões certas surtem efeitos contrários com pessoas erradas e foi exatamente assim que Nick viu sua paz ser roubada.

Quando chegaram à casa de Helena, a mulher os observou com um interesse nada inocente para uma sogra.

— Olívia! Que saudade!

A mulher de pouco mais de trinta e cinco anos exclamou, fingindo entusiasmo e abraçando a filha.

Viu pela janela a forma como Nick tratava Olívia. Ele abriu a porta do carro esportivo escandalosamente caro, ajudou a menina a descer como se cortejasse uma princesa.

Helena era a mulher que Olívia chamava de mãe, mas o passado escondia uma história de rancor e ódio que a menina desconhecia. E por isso, não desconfiou quando ela serviu o café. A mente ingênua de Olívia jamais conceberia a ideia de algo tão perverso quanto o que aconteceu a seguir.

O passado realmente tem o poder de marcar pessoas, e Nick foi marcado de muitas formas, pela beleza gentil de uma adolescente e pela crueldade de uma mulher que se achava injustiçada pelo ex-companheiro.

Apagou o cigarro na palma da própria mão, quando a onda de dor percorreu o braço o rapaz fechou o punho fazendo as cinzas impregnarem na carne. As lágrimas que caíram não foram pela queimadura, eram por ela, a sua ratinha, pela menina de quem nem mesmo teve a chance de se despedir.

Pegou o celular e olhou a última foto que tinha da namorada, nela Olivia estava usando apenas uma calcina branca a menina abraçava o próprio corpo protegendo os seios, o lábio inferior tinha um corte profundo, a única peça de roupa estava suja de terra e a pele antes branca e macia como a neve, tinham hematomas e cortes que provavam que ele estava certo.

Ollie tinha conhecido o monstro que habita todos os homens, havia lutado, perdido e era cativa do mal, enquanto ele estava ali, cercado por um mundo que desprezava em busca de qualquer coisa que pudesse ser uma pista.

Guardou o celular e olhou para o palco, estava acostumado a assistir aqueles shows, mas o que viu fez o coração disparar ao ponto da dor.  Uma mulher mascarada que se insinuava vestida com um corselete de renda vermelha e uma cinta-liga da mesma cor. Os cabelos loiros caiam em uma cascata delicada e perfeita até a cintura, a máscara que cobria seu rosto era negra como a noite estrelada que testemunhava o desespero que Nick jamais deixou de sentir.

E a sensação de urgência surgiu tão potente quanto um raio, ficou paralisado, sem reação, como se até mesmo respirar fosse um desafio maior do que as forças que possuía.

Passeou os olhos pelo corpo que se movia com uma graciosidade calculada girando em torno de uma barra de aço. As vezes ela se abaixava para que os espectadores colocassem no elástico de suas meias as notas que pagariam pelo show.

O salto alto foi para o ombro de um homem alto que estava debruçado no palco de madeira e ela abaixou deixando o acesso ao seu corpo completamente livre.

Nick observava tudo como se estivesse congelado, assistiu o homem deslizar a mão pela perna da dançarina até quase alcançar a intimidade que estava à venda.

A música ditava os passos, mas cada movimento parecia calculado para atrair.

Também se aproximou do palco, não ao ponto de participar daquela festa de toques e carícias, mas o suficiente para que um detalhe chamasse a sua atenção. A dançarina estava usando uma joia diferente, uma espécie de coleira com uma inscrição que fez Nick sentir o estômago gelar.

THOR

Quatro letras e uma lembrança invadiu a mente do rapaz formando em sua garganta um nó tão forte que foi incapaz de reagir até que o show acabasse e os homens explodissem em palmas, gritos e elogios nada honrosos.

O som o tirou do transe que aquelas lembranças traziam, Thor, era assim que Olivia o chamava.

Nickolas se levantou e foi ao gerente do lugar, se conheciam, ele frequentou cada uma daquelas casas muitas e muitas vezes desde que começou aquela busca. Precisava conquistar a confiança daquelas pessoas se quisesse encontrar a namorada.

— Aquela, quero aquela mulher do palco!

— Sem chance loirão! Ela só serve a quem ela escolhe. Um acordo com o dono da casa e essa noite ela escolheu o negão ali. Todos esses caras vêm aqui esperando pela chance de estar entre os sortudos, mas mesmo quando acontece, o preço ultrapassa o bolso da maioria.

— EU PAGO! O que quiser, chama o dono!

Trueker gerenciava aquele lugar há anos, estava acostumado a ver homens se encantarem pelas garotas, alguns deixavam tudo o que tinham, outros tentavam tirar as meninas do trabalho, sem exceção todos se davam muito mal nas tentativas, mas não estava ali para fazer caridade e sim para ganhar dinheiro, chamou o patrão.

— Omar, aquele garoto que sempre se senta na mesa dos fundos, quer a Jane.

— O fortão?

— Esse mesmo.

— Achei que ele gostava de homens, nunca se interessou por nenhuma menina.

— Disse que paga o que pedir, qualquer coisa.

Omar concordou em conversar com Nick, bem mais pela curiosidade do que por acreditar que o rapaz realmente pudesse pagar o preço.

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